Étreser escrita por LittlePercy, Rosalie Potter


Capítulo 4
4. Sobre garrafas e mármore


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tia Rose falando.
Eu sei, eu sei, podem me matar. Tio Percy prometeu que o quarto capítulo não ia demorar porque já estava escrito e tudo-o-mais
Ele tinha razão gente, mas a minha internet deu muito ruim e voltou apenas recentemente de forma que eu só pude postar agora.
Espero que me perdoem, sem pedradas :V
Aproveitem o capítulo amores, a gente se vê lá embaixo.



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IV                                                                             Tyrion

Eu estava começando a me acostumar com esse negócio de teletransportar, afinal, já haviam sido pelo menos três em um único dia. Apesar de tudo, estava confuso. Minha cabeça doía por causa da luz que nos levara até lá e a tontura fazia tudo rodopiar. Por um momento pensei que ouvira alguma voz sussurrando comigo, mas, depois de um tempo, passei a achar que era coisa da minha cabeça.

Alice se apoiou em mim, a mão esquerda trêmula enquanto se agarrava ao meu ombro, demonstrando que não era o único afetado. Ela gemia um pouco e parecia estar com o coração acelerado.

— Está tudo bem? — perguntei com certo nível de preocupação.

— Eu acho… — tentou sorrir, entretanto sua feição não obedeceu ao comando. —É só que… Poxa, não dá pra andar? Chega dessa porcaria de luz e… — Suspirou e interrompeu-se. Ela parecia ter visto algo, embora estivesse muito escuro.

Estávamos todos em uma área aberta, sem muitos declives. Havia cinco caminhos de mármore, apesar de um mostrar-se fragmentado. Eles conectavam-se em um enorme disco que, em seu meio, tinha um grande pilar com quatro pontos de luz, um para cada trilha, exceto a quebrada.

Os  murmúrios dos demais adolescentes parecia ter ficado mais alto, como se estivessem todos sussurando ao mesmo tempo. Estávamos inquietos, o que era compreensível.

Por um momento, a luz virada para nós intensificou-se. Era de um verde forte e intenso. No mesmo instante, uma figura masculina pousou violentamente na elevação do disco central. Ele próprio reluzia, suas mãos, braços e pescoço  apresentavam rajas em um padrão característico. Por fim, fitou-nos com seus olhos radiantes e pulou, chocando-se com o chão em um estrondo.

Formou-se, então, uma onda de choque que abalou tudo, até parar atrás de nós. O solo havia balançado de uma maneira estranha e, por fim, naquele lugar, surgiram novos pilares, entretanto de um material diferente. Eram de cristal. Cristais multicoloridos ergueram-se, aliviando um pouco da penumbra.

Após, aquele homem desapareceu e, na mesma hora, outro surgira em seu lugar. Ele também reluzia, mas tinha um padrão de desenhos diferentes. A sua coloração característica era carmesim e em suas mãos projetavam-se duas enormes chamas. A figura lançou-as para cima, explodindo assim que alcançaram determinada altura. O show de pirotecnia fragmentou-se em centenas de partes, algumas permaneceram no céu, circundando o local, enquanto que outras desceram e fundiram-se aos pilares de cristal e aos caminhos, iluminando-os.

Assim, o homem consumiu-se em chamas, dando lugar a uma mulher com desenhos azuis escuro e cintilantes  em seu corpo. Ela balançou as mãos rapidamente, descrevendo movimentos circulares. Logo fomos capazes de visualizar a grande massa de água que formava-se acima de sua cabeça, rodopiando como um redemoinho. A Lady bateu as mãos e o líquido deslocou-se em direção às trilhas de mármore, encostando no topo dos cristais. A mulher então manipulou os dedos, dando forma ao seu trabalho. Por fim, suas mãos tomaram forma de garra e a água se converteu em gelo, lançando um pouco de neve no céu. Estavam, acima de nós, arcos e arabescos, que fundiam-se em uma cúpula acima do disco central.

Ao final, outra mulher surgiu, agora do ar. Tinha marcas prateadas no corpo e parecia assoviar. O som emanado por ela ia, cada vez mais, elevando-se. Era uma música doce e aconchegante, excelente para uma dança lenta. A Senhora dos Ares soprou e a melodia foi continuada por uma leve brisa que passou a penetrar a arquitetura feita por Arya. Então estendeu dois dedos para o alto, sussurrando algo. De imediato seu brilho tornou-se mais intenso e o ar mostrou-se mais pesado. Logo viu-se um raio despencando e atingindo seus dedos, eletrizando tudo a sua volta. O vestido da Lady arqueou-se e ela sorriu pelo canto da boca.

— Que a Cerimônia de Abertura… — Fez dois anéis com os dedo, sobrepondo as mãos. A eletricidade que percorria seu corpo externou-se e atingiu o gelo e os pilares de cristal. Tudo começou a reluzir de modo glorioso, arrancando alguns guinchos de surpresa dos jovens. — Comece! — Assim que terminou, os demais Lordes se juntaram a ela em outra entrada triunfal. Todos uniram as mãos e os seus respectivos brasões resplandeceram  no grande pilar do disco onde estavam.

Fui surpreendido por uma Lunna inquieta, que dava certos pulinhos de animação, parecendo uma criança agitada com um doce, uma inquietação adoravelmente suave.

—E então? Não vamos aproveitar? A música está ótima! — disse a garota arrastando Draegon e Scott, ao mesmo tempo que sinalizava para o resto do grupo com a cabeça. Scott deu um gritinho ao ser empurrado pelo caminho de mármore, porém logo aceitou sua condição.

— Pelo menos um pouco de diversão — comentou Alice, que parecia revigorada. — Anda, Ty! — continuou, segurando-me pela mão.

Dava para ouvir, mesmo de longe, o som animado de adolescentes em uma festa. A música que era lenta e doce tinha se tornado algo mais animado, mais típico para nossa idade. Percebi a inquietação de certa ruivinha, que parecia incerta do que fazer. E isso era perceptível pela maneira como ela abraçava os braços parcialmente nus visto que o vestido creme não o cobria inteiro, apenas a parte dos ombros.

Pensei, por um segundo, em fazer como Lunna e puxá-la para se juntar a nós. Mas isso não aconteceu por dois motivos. Motivo número um: Eu perderia a mão. Motivo número dois: Draegon fez mais rápido, soltando Lunna por um instante e então puxando a pequena garota para o meio deles. A loira deu um sorriso suave para Athena que acabou por retribuir.

—Vocês dois vão ficar de casalzinho mesmo? —Draegon resmungou, virando a cabeça para trás. Apenas cinco segundos depois eu fui perceber que ele estava se referindo a mim e a minha amiga.

—O que? Quem está de casalzinho aqui? Eu certamente não estou, eu...—Embolei-me levemente com as palavras enquanto andava e quase bati na minha própria testa. É claro que com a minha dificuldade de articulação eles iriam acabar desconfiando de algo que não tinha o que desconfiar!

—Nada mais justo visto que você também está. —Alice veio em meu socorro, já acostumada com certa timidez minha quando insinuavam coisas sobre mim, apontando com o olhar para o rapaz e a ruiva, visto que as mãos dos dois ainda estavam juntas.

E então aconteceu algo que me deixou realmente surpreso e era, apenas um pouquinho, fofo. Athena corou. Algo que eu nunca tinha visto acontecer. Ao invés de responder, visto que para Athena Mercer uma boa defensiva é uma ofensiva mais forte, ela simplesmente corou. Fiquei chocado.

—Justo. —Draegon cedeu rindo e então soltou a mão da menina para puxar a minha, me fazendo quase engasgar com a surpresa. —Agora sim! Essa é a panelinha de casal ideal!

O moreno piscou para mim e por mais que eu soubesse que era brincadeira foi a minha vez de corar e servir de alívio cômico para todo mundo do grupo. As risadas invadiram a todos, até mesmo a mim, embora um pouco atrasado porque estava esperando o meu constrangimento passar.

Talvez fosse isso o que faltava para quebrar completamente o gelo entre as pessoas do nosso grupo. Porque a partir daí as coisas correram mais facilmente. Entramos em conjunto no meio do ambiente circular lotado de adolescentes e… Hormônios.

Havia uma parte das pessoas que dançavam na parte central do local ao som da música que ainda era guiada pela Lady Ravenna. Nem todos dançavam no ritmo, mas ao menos estavam se divertindo ou aparentavam estar. Nas partes periféricas existiam bancos de mármore acolchoados com veludos de diferentes cores que pareciam ser realmente confortáveis. Nesses bancos, vários grupos conversavam e riam, em tom de vozes que em geral eram altas e até um pouco estridentes.  E um pouco mais de fundo os quatro Lordes se encontravam sentados. Arya estava com a cabeça deitada no ombro do marido, as mãos dos dois entrelaçados sobre o colo dela e sussurravam um para o outro. Achava até irônico justo Pyro estar servindo de vela. Ravenna parecia confortável naquela situação, como se já estivesse acostumada enquanto o Lorde do Fogo parecia querer revirar os olhos perante a demonstração de carinho.

—Eu quero dançar! —Alice me tirou do torpor que eu tinha entrado a observar os “adultos” do local. —Ty!

—Alice… Eu não danço. Você sabe disso!

Olhei para os nossos recentes amigos como quem implora ajuda pelo olhar. Felizmente Lunna pareceu notar o meu desespero e sorriu toda gentil.

—Alice, por favor, não. Eu tive uma ideia para todos nós. Para que possamos nos conhecer melhor e tudo o mais.

—Eu gostei da segurança da sua voz. Continue. — Draegon falou com um sorriso de canto para a loira. —O que você sugere?

—Bom… Eu pensei em algo como verdade ou consequência.

Arregalei os olhos, Athena quase engasgou enquanto os demais simplesmente sorriram! Por que eles estavam sorrindo? Esse tipo de jogo sempre dá algum tipo de inconveniente. Ou constrangimento. Ou um constrangimento inconveniente.

—Topo. — Draegon, claro.

—Não vejo nenhum mal. —Scott deu de ombros.

—Estou com os meninos. —Alice dessa vez.

Qual era o problema com o bom senso dos meus colegas de quarto?!

—Tyrion? Athena?

Nós nos entreolhamos e, pela primeira vez, parecíamos concordar em algo. Que aquele tipo de jogo com certeza não iria dar coisa boa. Mas todos eles tinham concordado. Não iríamos ser nós os estraga prazeres. Iria conviver com eles por um tempo considerável, não queria ser conhecido assim. Então eu cedi.

—Se algo der errado, a culpa não é minha. —Ergui minhas mãos em forma de rendição.

—Tudo bem! Vamos fazer isso. —Athena suavizou as feições com um sorriso que eu até classificaria como doce.

Lunna deu mais pulinhos, com uma animação incrível. Será que ela era assim de manhã também? Porque de manhã meu humor é terrível e tudo que eu menos quero é ver alguém saltitante entre as camas gritando bom dia. Juro que me sufoco com o travesseiro.

Ela tomou a frente, seguindo para um daqueles banco enormes desocupados, na lateral do ambiente circular. Distante da maioria das coisas e pessoas, longe dos olhares curiosos. Draegon não se sentou, pelo contrário, seguiu para uma mesa enorme que havia ali.

Mesa que eu não sei como não havia percebido antes porque deveria ter tomado toda minha atenção. Porque era a mesa de comidas. Uma gigantesca mesa com comidas, de todos os tipos. Doces, salgadas, um monte de bebidas, alcóolicas e sem álcool. Meus olhos se perderam na imensidão de coisas que poderiam ser escolhidas ali, minha boca começando a salivar. Felizmente Draegon além de pegar uma garrafa d’água para que pudesse ser usada como nosso instrumento, trouxe também alguns petiscos. Salgadinhos para todo o grupo e um doce para Athena. Os olhos acinzentados dela brilharam.

—Vamos torcer para adoçar sua língua. —Não resisti a comentar. Alguns hábitos não mudam nunca.

—Por que? Está com medo que eu a use para azedar você? —A ruiva rebateu rapidamente, voltando a ser a Athena que eu conhecia, com respostas rápidas e nada de bochechas vermelhas ou constrangimento.

—Vamos voltar a panelinha de casal agora? —O comentário veio, claro, de Draegon que nos olhava com um brilho de divertimento. A menina pareceu morder a língua, mas já era costume sermos confundidos com casal mesmo, desde os tempos da escola.

Risadas curtas invadiram o ambiente com a fala enquanto eu sacudia a cabeça, acabando por rir também.

—Então, vamos fazer isso ou não? —Alice foi quem falou, perguntando para a Lunna que tinha passado a garrafa para que todos bebessem um pouco da água objetivando esvaziá-la.

—Claro. —A loira retomou a palavra e apontou o chão. —Vamos precisar abrir mão das almofadas, crianças.

Fiz uma careta junto com Scott, mas todos fizemos o que ela falou, sentando em roda no chão. Aquilo parecia cada vez mais com os tempos de escola e eu tinha ainda mais medo do que poderia acontecer ali. Éramos cinco adolescentes e uma garrafa. Tudo para dar errado.

—Então vai funcionar assim. Tampa responde, fundo pergunta. Verdade ou consequência, não pode pedir duas verdades seguidas. Como consequência…

—Vale tudo! —Draegon interferiu, os olhos brilhando em excitação. —Menos algo que possa nos expulsar daqui. Claro.

—Todos de acordo? —Lunna retomou a palavra.

Não! Eu realmente não estava de acordo com aquilo! Isso iria dar muito ruim. E eu sabia que as consequências não seriam coisas bobas como comer grama ou algo assim. Mas não abri a boca, apenas assenti com a cabeça no momento em que a garota rodou o objeto.

Meu coração acelerou de leve enquanto eu observava a garrafa que felizmente não me selecionou de primeiro. A tampa parou apontando para Lunna e o fundo para Draegon. Achei justo visto que fora ela a idealizadora daquela brincadeira. Mas quase tive pena. O rapaz parecia ser o tipo de pessoa que pega pesado tanto em perguntas como em consequências.

—Verdade! —Ela falou logo de cara sem sequer dar chance a ele de perguntar.

—Assim você me ofende Luh, achando que eu vou pegar pesado com uma garota tão gentil.

—Você vai. —Scott falou arqueando a sobrancelha.

—Vou mesmo. —Ele riu gostosamente. —Lunna meu anjo, vamos começar com a pergunta que todos estamos querendo saber: Você é virgem?

Engasguei junto com ela. A loira ficou tão vermelha que eu pensei que ela estivesse passando mal. Draegon tinha um sorriso de canto que não era em nada arrependido. Alice estava rindo de de leve e eu estava chocado pela pergunta feita. Aparentemente era por aí que iríamos no tipo de perguntas.

—Você me paga! —Ela disse, mas não soou nada ameaçador devido a timidez estampada nela. —Sou!

—Jura?

—Draegon! —Ela exclamou com o rosto pegando fogo. —Juro, claro que juro!

—Só para garantir. —O rapaz piscou para ela rindo de forma folgada enquanto girava a garrafa a sua frente.

Torci para que a garrafa não me escolhesse e comecei a achar que estava com sorte naquele dia porque realmente não aconteceu. Tampa para Scott, fundo para Alice.

—E então Scott?

—Vamos de verdade já que a intenção é socializar.

—Você realmente tenta disfarçar quando olha para as pernas da Luh?

Engasguei de novo. Draegon caiu na gargalhada, ele ria que perdia o fôlego. Athena abafou a risada com a mão enquanto balançava a cabeça em negação. Lunna que tinha acabado de se recuperar da vermelhidão voltou a corar e o próprio Scott parecia sem graça, coçando a nuca.

—Aparentemente falhei.

Dessa vez até eu ri, não resisti. A cara de bichinho de estimação que foi achado comendo o sofá foi simplesmente impagável. A própria Lunna riu dessa vez, embora timidamente. Alice deixou um riso abafado sair e rodou a garrafa.

A garrafa girou calmamente e eu estava até tranquilo quando parou em mim. Mas foi realmente bom. Porque era o fundo e era muito melhor ser o algoz do que a vítima. E eu não pude acreditar na minha sorte a ver quem estava atrás da tampa. Athena Mercer me olhava com os olhos acinzentados arregalados.

—Verdade! —Ela sequer me deixou abrir a boca.

Pensei em fazer uma pergunta bem constrangedora, o que ela já estava esperando. Mas na verdade havia uma que martelava minha mente desde que eu a conhecia. E aquele era um bom momento? Não que fosse minha intenção lavar roupa suja na frente dos nossos colegas, não era isso. Eu só estava curioso mesmo.

—Por que você não gostou de mim quando nos conhecemos?

—E quem disse que eu não gostei?

Todo mundo ficou em silêncio sepulcral com a resposta dela. Eles olhavam para a gente, de repente, como se fôssemos um programa de extremo divertimento. E aparentemente estávamos sendo, tanto que Draegon soltou um “uou”.

—Você quer mesmo eu diga o que me levou a chegar a essa conclusão?

—Eu gostei de você Tyrion. Você parecia interessante. Mas… Você rivalizou comigo! Eu estava fazendo apenas o que eu gostava e então você ficou tão empenhado em me superar. E… A escola, ela era...—A voz dela falhou por um segundo, os olhos abaixaram e algo me disse que ela engoliu o término verdadeiro daquela frase. —...o que eu gostava de fazer. E você tentava tirar isso de mim competindo comigo em tudo.

—Você não está sendo justa nessa avaliação. Nós competimos, não apenas eu.

—Eu não ia deixar você me passar. —Um sorriso de canto ultrapassou os lábios rosados enquanto ela piscava para mim. —Tanto que não deixei.

—Você perdeu algumas vezes.

—E ganhei outras tantas.

—Gente, isso virou um bate papo? —Alice foi quem interferiu dessa vez.

Girei a garrafa rapidamente ainda pensando no que havia sido dito. Eu não via as coisas daquela forma. Eu não rivalizei com ela! Não de começo, pelo menos. Claro que havia sido inevitável… Mas não foi intencional.

Tampa para Lunna, fundo para Scott.

—Não posso mais verdade não é? —Ela respirou fundo. —Seja legal. Consequência.

Scott não parecia um cara que pegaria pesado. Além disso, vamos lá, ele estava devendo uma a ela por causa da coisa do olhar e pernas. Portanto eu esperava algo leve.

—Hum… Está vendo aquele grupo ali? —O rapaz indicou um grupo de amigos que estava sentado, os mais próximos da gente. Pareciam bem entretidos em si mesmos, nem notando a nossa existência. —Saia correndo por eles e grite “Ghaists são os melhores”.

—Você está puxando o saco do Pomey! —Lunna riu e se levantou do chão calmamente, ainda sorrindo. Parecia não sentir problema algum em fazer isso.

Ficamos observando ela que tomou impulso e começou a correr, os cabelos amarelos voando conforme ela aumentava a velocidade. O grupo em questão a notou antes mesmo que ela passasse ao lado deles, olhando para a nossa amiga com testas franzidas e olhos curiosos. E então ela gritou a frase escolhida e uma das meninas do outro grupo gritou “concordo”. A esse ponto nós estávamos rindo todos como colegiais no seu primeiro verdade ou consequência.

Lunna voltou ofegante e risonha, sentando no seu lugar.

—Espero ganhar pontinhos com o Pomey por isso. —Ela comentou. —Scott…

Girou a garrafa e então tampa para Draegon, fundo para Alice. Draegon apenas riu gostosamente, como se fosse algo divertido e antes que Alice pudesse falar algo ele mesmo falou:

—Consequência!

—Bom… Vamos realizar uma panelinha de casal. Eu quero um beijo na Athena.

Athena engasgou de leve e até Draegon nessa, mas logo ele estava com um sorriso de canto no rosto. O moreno se aproximou dela e os olhos acinzentados se arregalaram, enormemente. E então o rapaz pareceu… Suavizar. As mãos dele foram até as bochechas dela, acariciando com carinho. Ele sussurrou algo. Não sei o que foi, mas ela relaxou um pouco e fechou os olhos. Nesse momento os lábios dele se encostaram e eu… Parei de olhar.

Encarei um ponto qualquer ao meu lado, concentrando na barra da minha calça, que de repente parecia bem mais interessante do que tudo ao meu redor. Não durou muito, logo voltei o olhar a tempo de ver as bocas deles se separando. Ela continuou de olhos fechados, a respiração acelerada e ele acariciou novamente a bochecha dele, novamente sussurrando algo que fez ela corar e sorrir. De repente eu realmente queria saber o que ele falava que tinha um efeito tão imediato nela.

Pigarreei de leve e Alice entendeu, girando a garrafa  calmamente, um sorriso grudado em seu rosto. Athena ainda estava corada quando o objeto parou. Fundo Lunna, tampa para mim.

—Verdade!

—Huuum… Você tem sentimentos pela Alice?

Pisquei algumas vezes. Claro que sentimentos poderia significar um monte de coisas. Um monte mesmo. Minha melhor amiga desviou o olhar, encarando o próprio sapato porque é claro que Lunna estava falando de um sentimento específico.

—Já tive. —Confessei soltando o ar.

Já tinha sido apaixonado pela minha melhor amiga. Clichê. Absurdamente. Mas eu fui. Já fazia algum tempo desde que isso tinha saído da minha cabeça, claro. Balancei a cabeça de leve.

—Atualmente ela é minha irmãzinha.

Lunna sorriu toda doce e girou a garrafa calmamente. E quando eu disse que a sorte estava ao meu favor… Aparentemente a maré havia mudado porque novamente a tampa estava em mim. O fundo para Scott que me olhava como quem já sabia exatamente o que iria falar.

—Consequência, não é? Não tem outra opção.

—Dance a próxima música. —Quase morri. —Com Athena.

Morri.

Eu nunca fui muito bom nessa coisa de dançar. Alice tentou me ensinar e eu até aprendi. Mas não gostava da sensação de exposição. Detestava me sentir exposto. Tornava-me inseguro. Ainda mais com Athena!

—Ah, espera! —Lunna se levantou e saiu correndo.

E qual foi a minha surpresa a ver que ela se dirigia aos Lordes. Arregalei os olhos enquanto ela ia até Ravenna e disse alguma coisa, apontando para o nosso grupo. A Lady sorriu de forma altamente doce e assentiu com a cabeça. No mesmo instante ouvimos a música mudar para algo lento e meloso.

—Eu não acredito…—Sussurrei olhando para a loira que voltava com um sorriso satisfeito.

Scott arqueou as sobrancelhas para mim e eu grunhi, me levantando. Estendi a mão para a ruiva baixinha que aceitou, usando como apoio para se levantar. Os olhos dela encontraram os meus como se perguntasse se iríamos mesmo fazer isso. E então eu assenti. Iríamos mesmo fazer isso.

Trouxe seu corpo para mim colocando minha mão em sua cintura de forma incerta enquanto ela, igualmente insegura, pousou a mão pequena sobre o meu ombro.

—Apenas espere acabar. —Sussurrei para ela que ainda assim parecia nervosa, realmente tensa, especialmente quando nossas mãos restantes entrelaçaram os dedos.—O que Draegon disse para você para te acalmar? Antes de te beijar?

Queria saber para repetir e acalmá-la. Ela parecia ainda mais nervosa que eu, seus olhos pareciam um mar aflito e conflituoso e… Eu não queria que ela ficasse assim.

—Ele disse que não me machucaria.

—E você acha que eu vou?

Ela apenas negou com a cabeça duas vezes, as espirais de seus cabelos se movendo com ela. Sorri de forma um pouco mais segura enquanto nos movíamos. Não poderia dizer que estávamos exatamente no ritmo, mas já era alguma coisa. Não entendi porque ela acharia que eu ou ele poderíamos machucá-la, mas o importante era que ela estivesse ciente que eu… Não iria.

—Eu não sou tão mau dançarino assim.

—Não, você não é tão ruim. —Uma risada melodiosa saiu pelos lábios dela, um pouco abafada. —Mas eu diria que a música ajuda muito nisso. É uma boa música.

—Sim, é mesmo. —Rodopiei ela  levemente ouvindo outra risada leve. Era fácil guiá-la, talvez por ser tão pequena, talvez porque ela não estava mais tão tensa. —Você também não é de todo ruim, ruivinha.

—Eu sou ótima! —Athena falou falsamente convencida, rodopiando novamente, dessa vez para longe e voltando. O rosto dela estava vermelho, mas o sorriso estava lá. —Você também acha isso que eu sei, está só fazendo charminho.

—Ah, com certeza. —Falei. Com certeza ela entendeu como ironia, mas eu não estava sendo irônico. Estava olhando nos olhos acinzentados, no mar que tinha se acalmado, nas ondas que desceram e pareciam suaves. E aquilo era ótimo. Ótimo o suficiente para eu sorrir. E sorrir, verdadeiramente para Athena Mercer era uma grande novidade.

A música tão suavemente quanto começou, acabou. Ravenna voltou aos ritmos mais animados enquanto Pyro sussurrava algo em seu ouvido. Ela balançou a cabeça revirando os olhos, mas percebi que sorriu. Enquanto isso eu segui com Athena de volta para nossa rodinha que nos observava novamente como se fôssemos o programa de entretenimento deles. E só quando me sentei é que percebi que ainda mantinha minha mão entrelaçada na dela. Foi ela quem soltou quando o olhar indagador de Lunna recaiu ali.

—Vocês são fofos. —A loira disse por fim. —Scott, por favor?

O outro girou a garrafa que caiu com fundo para Draegon e tampa para Scott.

—Consequência, pode mandar.

—Bem… Nós já tivemos nossa panelinha de casal Athena e Draegon. Athena e Tyrion. Eu acho justo que a sugerida por você seja cumprida. Eu quero um beijo no Tyrion.

Arregalei os olhos enormemente engasgando. O resto do pessoal começou a rir de uma maneira que eu queria matar cada um dolorosamente. Draegon não parecia nada chocado, apenas comentou:

—Vocês só podem achar que eu sou promiscuo. Já é a segunda pessoa que eu vou beijar só hoje.

Espera. Isso vai acontecer mesmo! Isso não pode estar acontecendo! Eu já tinha dado um ou dois beijos em jogos como esse, mas nunca com um garoto… Draegon se aproximou e arqueou as sobrancelhas:

—Desculpa, não vou ser tão gentil quanto fui com nossa ruivinha. —Ele sussurrou só para mim em um tom convencido.

E segundos depois a boca dele já estava contra a mim. E como prometido não foi exatamente gentil. A língua dele não pediu permissão, apenas se infiltrou na minha boca. Era um jogo e eu tinha aceitado as consequências. Aliás, literalmente as consequências. Então deixei que ele se infiltrasse ali. Era estranho porque eu realmente não sentia atração por Draegon. Mas não foi ruim. Não, longe disso. O filho da mãe beijava bem e sabia disso. A língua dele me revirou e eu fui um pouco mais tímido, afinal, eu obviamente era mais inexperiente que ele naquele quesito.

Afastamo-nos de leve enquanto minha respiração tentava se normalizar, o que era difícil naquela situação. Draegon automaticamente desceu o olhar sobre Athena. Por um momento pensei que algo realmente estivesse acontecendo entre eles e ele quisesse se desculpar. Mas na verdade ele só queria dizer.

—Você beija melhor corujinha.

Grunhi empurrando ele de perto e rolando os olhos enquanto me ajeitava. Eu realmente não acreditava que isso tinha acontecido. E eu tolo achando que tinha tido sorte. Tão tolo. Claro que eu não previ que isso ia acontecer. Se Scott morresse sufocado com o travesseiro, não sei quem poderia ter sido.

O rapaz estava prestes a girar a garrafa quando um grito agudo e desesperado cortou nossa atenção. Nossos olhares voltaram para onde veio de maneira instintiva e eu desejei não ter olhado. Vermelho. Foi a primeira coisa que atingiu a minha visão. Mas não era qualquer vermelho. Era um vermelho vivo, pulsante que escorria do peito de uma garota. A garota que há minutos atrás gritara que concordava com Lunna jazia no chão. Não vimos quando foi atingida. Para mim foi assustador porque em um momento ela estava bem e quando eu pisquei ela estava daquele modo.

Os Lordes se levantaram de uma vez assim como todo o meu grupo. E foi assim que vimos. Duas criaturas. Uma era pequena, devia ter mais ou menos um metro. A cabeça era negra, de grandes olhos que pareciam exalar chamas bruxuleantes e azuladas. Queixo e orelhas eram demasiadamente pontudos. O corpo era peludo, pelos brancos e ele se postava sobre duas pernas. As mãos (ou patas) eram compostas por unhas compridas e aparentemente letais, que naquele momento pingavam em escarlate. O sangue da garota.

A outra criatura era maior, muito maior. Maior que nós. Era como uma serpente gigante, com a cabeça em forma de um triângulo invertido. Assim como no menor, os olhos eram enormes e ali estavam as chamas azul. A boca desse, no entanto, merecia atenção. Era enorme, de dentes pontiagudos. Diferente do pequeno, o corpo era todo negro, aparentemente formado por escamas.

Eu pisquei novamente. Foi o tempo de piscar e quando eu tornei a abrir os olhos Athena estava ao meu lado, empurrando Scott, Lunna e Alice para trás, sussurrando “correr, agora!”. Claramente eles tinham estado tão letárgicos quanto eu perante aquela cena e éramos o grupo mais perto. Ou seja, os próximos atingidos. Por isso ela tentava agir, os empurrando para longe.

A cauda mortal atingiu o nosso grupo, da criatura maior, exatamente onde o meu corpo estava. A ruiva me empurrou a tempo e caímos no chão, o estrondo do mármore se quebrando ao nosso lado onde eu deveria estar. Onde eu estaria, caso não tivesse sido empurrado. O barulho me ensurdeceu, deixando-me zonzo por alguns segundos. Só conseguia captar parte de algo, parte de vários algos. Athena me puxando, segurando minha mão enquanto se levantava e empurrava Lunna para correr, que tinha caído também. Barulho, sujeira,  Meus pensamentos se embaraçavam uns nos outros enquanto eu me levantava, tentando me manter em pé. Minha mão estava fortemente agarrada a uma menor que eu sabia ser da ruiva ao meu lado. O resto do grupo tentava correr e já estavam mais afastados que nós, pelo que eu conseguia ver por detrás da poeira levantada com o chão que foi rachado. Meus pés se moveram na tentativa de correr quando vi novamente a cauda vindo em minha direção. Não daria tempo, não dessa vez.

Estava esperando ser rudemente amassado contra o chão quando uma forte rajada de vento literalmente me arremessou para o outro lado da extensão circular. Percebi que Athena também tinha sido arremessada e que o vento tinha vindo das mãos de Lady Ravenna que se postava junto aos irmãos na frente de ambas as criaturas.

Apesar de eu ter sido arremessado de um lado para o outro, o mesmo vento suavemente me colocou no chão ao lado de Athena a uma distância considerável de onde os Lordes e as criaturas pareciam travar uma batalha. Uma batalha que em algum dia seria classificada nos livros de História como interessante, mas que naquele momento não me interessava porque eu só queria sair dali. Apesar de estarmos consideravelmente distantes, era uma batalha com quatro Lordes. Isso significava que poderíamos ser atingidos por resquícios sem que eles sequer se dessem conta.

Eu queria levantar e correr, para onde todos os outros já tinham corrido, para fora da praça. Mas eu estava realmente zonzo, minhas noções de espaço estavam seriamente comprometidas. Eu fui arremessado pelo ar! Sem contar a queda que eu tinha sofrido antes quando a cauda ia me atingir e o barulho ensurdecedor de pedras se quebrando que tinha me deixado completamente tonto.

Aos poucos fui recuperando-me e a garota ao meu lado também. Ela levantou primeiro, voltando a fazer o que tinha feito antes, me puxando do chão, obrigando-me a reagir.

—Eu sei, sair daqui. —Gritei, mas ainda assim eu sabia que não seria escutado.

Havia uma litania de sons vindos da batalha que ocorria logo ali então nenhuma voz seria ouvida no meio de tudo aquilo. Portanto apenas agarrei a mão dela e saímos correndo para o caminho mais próximo de saída que encontramos, circundando a periferia da praça até encontrarmos uma abertura. Meu coração batia forte contra o peito, minha respiração estava acelerada e uma areia inconveniente das quebra irritava meus olhos e nariz impedindo que minha visão fosse perfeita.

Visão e audição comprometidos, isso resultou em algumas quedas e machucados tanto minhas quanto de Athena até que conseguíssemos sair de lá por um dos caminhos. Coincidentemente percebi que tinha sido o mesmo caminho que usamos para entrar.

O som ficava mais distante e eu já conseguia ouvir outras coisas, assim como meus olhos lacrimejavam limpando as impurezas e voltando a clarear minha visão. O suficiente para eu ver adolescentes reunidos no jardim, a maior parte deles. Choros, gritos e conversas altas e exasperadas invadiam os meus ouvidos enquanto nos aproximávamos.

—Onde você estava?!

A voz anasalada era de Alice quando ela se jogou em meus braços. Meus sentidos ainda estavam lentos então a abracei de volta um pouco atrasado, sentindo o quanto ela parecia tremer.

—Eu pensei… Eu pensei…

—Eu estou bem. —Garanti a minha melhor amiga tentando convencê-la, embora não parece ter sido exatamente animador.

—Vocês estão sangrando! —A voz veio de Draegon, percebi.

Quando Alice me soltou, vi ele tirando as ondas alaranjadas de Athena do rosto, olhando para ela com preocupação. Seu olhar se voltou para mim, também preocupado. Ao lado dele estava Scott.

—Onde está Lunna? —Perguntei a notar a ausência da loira em meio aos nossos amigos.

—Ela machucou a perna, não consegue andar.

Recordei-me vagamente de que ela havia caído quando a cauda atingiu o chão pela primeira vez. O estremecimento da terra deve tê-la feito desequilibrar e se machucar. Uma parte da minha memória me lembrou de algo que no momento eu não me atentei. Draegon voltando, mesmo em meio a aquela loucura, para pegá-la nos braços e voltar a correr. E eu admirei isso. Porque ele voltou para salvá-la, arriscando a própria pele.

Assim como Athena, que fez todos correrem antes de correr e escolheu me empurrar e ficar no meio de toda aquela bagunça para salvar a minha vida. E talvez fosse naquele momento que eu percebi que pessoas realmente muito boas estavam dividindo o quarto comigo. Muita corajosas.

—Onde ela está?

—Ali. —Draegon apontou.

Lunna estava em um dos bancos do jardim, deitada de mal jeito. Sua perna havia sido perfurada por um dos destroços e tinha bastante sangue ali. Mais vermelho invadiu meus olhos, lembrando-me da cena de minutos atrás. Daquela moça morrendo, com uma perfuração mais ou menos como aquela, mas em uma parte vital de seu corpo.

Athena foi a primeira a ir até ela, correndo como se sua vida dependesse disso. Ela rasgou parte do seu vestido, amarrando a perna da nossa amiga loira com força, murmurando que precisava estancar o sangue enquanto nada acontecia, enquanto ela não poderia ser atendida.

—Deveríamos ir para uma enfermaria. —A ruiva falou, tirando o tecido ensopado do ferimento e rasgando outra parte do vestido, amarrando novamente. Ela fazia com naturalidade, como se já tivesse cuidado de ferimentos milhares de vezes antes disso.—Ela está perdendo um monte de sangue, não pode esperar… Seja lá o que isso for terminar.

—Não podemos sair daqui! —Lunna falou, parecia sentir muita dor porque suas feições delicadas estavam contorcidas. —Eles estavam dentro da praça, podem estar dentro do castelo também.

—Mas não podemos arriscar você, Luh. —A voz veio de Draegon e, pela primeira vez desde que eu o conheci, ela era grave e séria. —Atena tem razão, você está perdendo sangue demais. Vamos ter que enfrentar o risco.

—Draegon tem razão Lunna. —Vi-me falando olhando para a garota. Uma amiga, minha amiga, machucada. —Vamos precisar enfrentar o risco. Você não pode ficar aí perdendo sangue enquanto a gente sequer sabe quando vamos saber o que é seguro de novo, onde é seguro de novo.

Houve uma troca de olhares uns com os outros e Draegon já estava dando um passo a frente para pegá-la no colo novamente quando todas as conversas cessaram. Olhamos para ver o motivo daquilo e então percebi os quatro Lordes pousados na frente de todos os adolescentes que ali estavam. Pareciam cansados, mas percebia-se que estavam vitoriosos sem muito esforço.

Entretanto a expressão deles era de pesar. Muito pesar. E é claro que tinha que ser. Uma vida tinha sido perdida dentro do castelo, um local que deveria ser o exemplo de segurança. Onde nós nos sentimos seguros. Não mais.

—Nós pedimos perdão. —Lady Ravenna falou, sua feição estava caída, os olhos cor de avelã completamente sem brilho. —O castelo deveria ser um local seguro e provou não ser. Iremos reforçar as seguranças de todo o castelo para que isso jamais volte a acontecer. Sei que falhamos com vocês. Confiaram sua estadia a nós e nós deixamos que isso acontecesse. Peço que perdoem a nossa falha. E eu prometo que vamos cuidar de vocês, da forma correta dessa vez. Vamos guiar os feridos a enfermaria. O castelo já passou por uma vistoria e está seguro. Aqueles que não se encontram feridos serão guiados de volta aos seus dormitórios. Mais uma vez, nós pedimos desculpas pelo ocorrido.

A voz dela soava quase devastada. E eu imagino como é que eles iriam explicar ao povo que uma jovem morreu por um ataque dentro do castelo. Sobre a proteção deles. Balancei a cabeça de leve quando Lady Arya literalmente brotou ao nosso lado e pegou Lunna nos braços com tanta delicadeza que eu tive que parar para observar.

—Vou levá-la para a enfermaria. Vocês dois devem me seguir, por favor.

Percebi que ela estava falando comigo e com Athena. E só aí, quando a adrenalina abaixou do meu sistema, é que comecei a sentir. Havia escoriações na minha canela que passaram a arder de uma maneira realmente ruim. Meus braços também tinham alguns cortes e havia um na minha testa. Fora os hematomas que se formavam tornando meu corpo uma grande massa dolorida. É, realmente eu precisava da enfermaria agora.

Assenti com a cabeça no momento em que Pomey chamava Alice, Draegon e Scott para voltarem aos dormitórios. Despedi-me de Alice com um abraço e gritei para Draegon que não, ele não ganhava abraço. Os três abraçaram Athena. E então eu os vi se afastar enquanto eu e minha colega ruiva seguíamos Arya para dentro do castelo.

—Você está péssima.

Ela realmente estava. O vestido creme tinha sido destruído nas barras para estancar o sangue de Lunna. Ela estava com as pernas sem proteção então tinha ganhado mais cortes e escoriações. O meu braço e o dela não tinham muita diferença quanto ao número de cortes e machucados. Ela também tinha um corte no rosto, mas era na bochecha. Ainda sangrava um pouco.

—Ah, desculpa, você está um perfeito príncipe agora.

Dei uma risada gostosa do que ela falou sacudindo a cabeça e segurei sua mão pequena contra a minha enquanto virávamos o corredor.

 


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Notas finais do capítulo

Então... EU AMEI ESCREVER ESSE CAPÍTULO. Foi divertidissmo. Eu e tio Percy passamos a tarde escrevendo e eu dei boas risadas e foi super gostoso de escrever.
Espero que tenham gostado disso tanto quanto eu gostei.

You know you love me
Xoxo



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