Étreser escrita por LittlePercy, Rosalie Potter


Capítulo 3
3. Quadros explodem e seguimos uma bola falante


Notas iniciais do capítulo

~Percy~
* ressuscitando das fics mortas *
Ahá, se não sou eu de novo. Sentiram saudade? Acho que não :v. Depois de quase dois anos sem postar eu fico muito feliz em poder atualizar a história. É um enredo que me cativou e eu realmente sou apaixonado, então mesmo que demore, não vamos abandonar. Eu e a tia Rose estamos no terceiro ano e, no momento, de férias. É uma rotina meio apertada, mas tentaremos avançar o máximo possível. Obrigado e bom capítulo.
~Abraços azuis



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648729/chapter/3

III                                                                             Tyrion

 

Certo. Minha sorte não era a melhor, definitivamente.

Enquanto passava pelos corredores gélidos e sombrios do castelo, repensava cada possível desastre que poderia acontecer, algo nada bom para a moral.

Nossos passos reverberavam pelo que parecia um caminho infinito. O silêncio me incomodava de certa forma e até Alice, que não conseguia ficar quieta por cinco segundos em circunstâncias normais, estava toda encolhida e alerta.

Após andar mais um pouco, finalmente encontramos o que seria nossa casa pelos próximos dias. A porta estava cerrada e, aparentemente, ninguém ousou tocá-la em primeiro momento. Cheguei a dar um suspiro quando a encontramos, realmente não pretendia ficar nos corredores por mais nenhum minuto. Talvez fosse apenas impressão, mas ouvi alguns sussurros entre um passo e outro. Nada bom.

— Vamos lá, gente! — O silêncio foi quebrado por Draegon, que tentava se mostrar cômico — Até parece que algum monstro de duas cabeças vai pular do dormitório. — Soltou uma risada — Permitam-me…

Draegon tocou a maçaneta e a torceu. Nesse momento, até o último pelo de meu corpo se eriçou e, aparentemente, não era o único.

A porta rangeu um pouco e se abriu em uma visão que eu realmente não esperava. Pela reação de silêncio, ninguém esperava. Minha ideia de dormitório eram algumas beliches, armários, nada muito grandioso. Mas acho que os Lordes e Ladys não poderiam perderiam a oportunidade de uma boa surpresa, porque aquilo com certeza não entrava na minha definição de dormitório.

O local, só pra começo de conversa, tinha dois andares. Eu não sabia o que tinha no segundo, provavelmente o lugar onde realmente iríamos dormir. Porque naquele ali, no térreo, tinha absolutamente todo o resto. O cômodo era enorme e não haviam reais portas ou paredes separando os ambientes, mas ainda assim podíamos ver uma sala de estar composta por um enorme sofá de cor pastel, vasos caliciformes transparentes que continham uma flor arroxeada de formas exuberantes e provavelmente era a responsável pelo odor agradável que sentíamos. À frente do sofá havia um painel de tons azuis e brancos, repleto de horários, provavelmente nossos horários diários.

Em um outro espaço havia o que eu chamaria de sala de lazer. Havia um largo e felpudo tapete o que indicava a mudança de ambiente. Pufes coloridos em cores quentes estavam distribuídos. Na parede tinha um redondo painel de dardos e os dardos propriamente ditos se encontravam presos em outro painel, que guardava também esferas de luz para outros tipos de jogos que pensássemos. Havia uma mesinha com um tabuleiro de squarck, um jogo de mesa jogado apenas por dois jogadores, o que explicava a razão de apenas duas cadeiras a acompanharem. Outra mesa, agora com cinco cadeiras, maior, de cor verde e circular, havia um baralho. Percebi que certa ruiva não tirava os olhos penetrantes dos dardos e temi que um viesse parar em minha cabeça, convenientemente. Mas os olhos dela se fixaram em algo que parecia muito mais interessante, então os segui. E entendi que sim, valia mais a pena que os dardos.

Em outro ambiente que era indicado pela mudança do piso (esse se transformara num tom areia) uma enorme estante tomava praticamente toda a parede e chegava quase ao teto. O que tinha nela para provocar tamanho interesse? Livros. Ela estava repleta de livros, cujas capas eram tantas e tão diversificadas que eu não sabia onde olhar primeiro. Uma escada de madeira estava apoiada ali porque poderíamos precisar. Cadeiras confortáveis com mesas a frente estavam por perto e ao lado da parede havia pequenos sofás com almofadas de diferentes tons de marrom. Chamaria aquele ali de ambiente de leitura. Luminárias grandes circundavam aquele ambiente também, no momento, apagadas.

— O.k. Eu não estava esperando exatamente isso daqui. — O rapaz de queixo quadrado comentou. Qual era mesmo o nome? Começar esquecendo o nome dos coleguinhas não pode Tyrion. Era… Scott. Isso mesmo. Scott.

— Isso é muito melhor do que eu estava esperando. –A loira que não era Alice era quem tomava a palavra. Lunna. Estou ficando melhor nessa onda de nomes. –Acho que eles querem realmente que a gente fique confortável.

— Iremos passar um tempo considerável aqui. Eles querem que a gente se sinta em casa. Que estejamos confortáveis para conversamos entre nós e… Não ficarmos entediados, dentro do possível. Eu gostei. — Athena abriu um sorriso bem pequeno. Ela desviou o olhar para os livros e percebi que a intenção dela não era exatamente ficar entediada com aquela grande quantidade de exemplares ali presentes e disponíveis.

Aparentemente aquele seria o lugar dos sonhos de qualquer adolescente, afinal todos estavam boquiabertos com a estrutura do local. Ouvira até um “uau” ou “nossa” vindos de um ou outro do grupo, além dos suspiros entusiasmados. Mas… O lugar não me agradava. Não me sentiria à vontade em nenhum momento, mesmo sabendo que teria a oportunidade de ganhar de Athena dezenas de vezes em qualquer jogo. Todo o castelo tinha uma aura estranha, esquisita até. Apesar de se juntarem, os elementos presentes pareciam estar em desacordo com a região, como se essa estivesse sendo suprimida, sufocada.

Apesar dos calafrios que sentira, sou retirado do transe por um Draegon inquieto, que no momento se ocupava em mexer em tudo. Parecia uma criança num parque de diversões, os olhos brilhavam com uma curiosidade que eu só vira até então em crianças de oito anos de idade.

—  Isso. É. Demais — falava como um garotinho. —  Imaginem ficar um mês sem obrigações, tarefas ou pais? — A maioria pareceu concordar, devido aos sorrisos — E vamos lá, isso não é exatamente a sala de tortura que imaginei.

— É… Mas não ficaremos aqui por muito tempo, infelizmente. Lembre-se que passaremos os dias em treinamentos, provavelmente só estaremos por aqui de manhã e à noite e aí estaremos cansados para aproveitar. — A voz era de Athena que já estava perto da estante de livros, tocando em uma das capas quase com reverência. A estante parecia imensamente maior que ela.

— Não seja estraga prazeres ruivinha. — Draegon foi para o lado dela e de forma extremamente invasiva bagunçou os cachos acobreados. Esperei um olhar congelante, o que era sempre direcionado a mim, mas ele não veio. Pelo contrário, ela sorriu pra ele. Apesar de  ter ficado pasmo porque se fosse eu provavelmente teria perdido a mão, foi um bom gesto, visto que quebrou o clima tenso dando um clima a mais de intimidade para todos nós.

— Poderemos arranjar um tempo. — Lunna intercedeu, com um sorriso sonhador. Ela estava com uma das esferas de luz entre as mãos. — Inclusive agora, que estamos todos juntos e não temos treinamento hoje.  

Lunna arremessava a esfera de um lado para o outro, preparada para iniciar um jogo ou pior, uma guerra de esferas de luz — acredite, elas doem — , quando, subitamente, foi interrompida por um brilho crescente no tal quadro de horários que chamou atenção de todos os presentes na sala, modificando o foco do nosso olhar.

A garota conteve-se, provavelmente imaginando o que estaria acontecendo. Sequencialmente fomos todos atraídos para o centro do dormitório, onde o brasão de Stornclace reluzia e piscava, com inscritos “Toque” abaixo.

—  Nem ferrando. — Scott deu um passo pra trás. — Ninguém toca nisso, pensem no que pode acontecer? Já nos transformaram em ar e nos obrigaram a tocar gemas superpoderosas ou sei lá o quê.

— Eu estou pensando no que pode não acontecer se ninguém fizer nada. — Draegon deu um passo à frente, sobre o olhar receoso de todos nós. Parecia extremamente tentado a tocar aquilo, seja lá o que fosse. Prendi a respiração. Confesso que o meu lado pendia mais para o de Scott.

A curiosidade havia vencido o garoto que, hesitando, visto que sua mão parou a centímetros, tocou o quadro.

Silêncio.

—  Tá certo… — Athena começou —  Acho que esse troço quebrou ou algo do tipo.

—  Ou pode ser uma pegadinha… — Lunna sorria pelo canto da boca enquanto olhava Scott encolhido com as mãos na cabeça.

— Talvez os lordes estejam só nos testando, quem sabe? — Estava levemente aliviado mas, ao mesmo tempo, ainda tinha os músculos de meu corpo contraídos.

 

Foi quando a luz aumentou e o quadro explodiu.

 

Ao contrário do que pensávamos, o retângulo não se estilhaçou e muito menos lançou destroços pelo chão ou nos machucou. Ele se desfez em poeira e sequencialmente a luz que tomava o ambiente e era, de certa forma, ofuscante, tornou-se cálida e azulada, convertendo o ambiente a estranhamente calmo e materializando-se em uma forma no centro daquilo  que era o antigo móvel.  

A forma, agora bem definida, era de lady Arya, que nos observava com um olhar cômico. A mulher aparentava fazer certo esforço para conter-se, como se este fosse o trote anual e nós éramos os calouros surpresos, ludibriados e levemente pasmos  que faziam a felicidade dela.

Após alguns segundos nos sentindo toscos, Arya fez uma reverência  e entoou:

— Bem vindos, jovens dominadores. Espero que as acomodações tenham lhes satisfeito. —  Sorriu —  Este será seu novo lar até que descubram sua devida afinidade, como devem saber. —  Arya fez uma pausa e a luz tornou-se rubra, deixando o lugar de certo modo aconchegante.

—  Toda Étreser se alegra em tê-los aqui, meus caros. — Soou uma voz masculina que, posteriormente, definiu-se como Pyro. —  Vocês são a nova geração de dominadores, o futuro de nosso mundo e de nossos reinos. — falou orgulhosamente. — Espero que não estejam se sentindo pressionados. — O homem gargalhou de uma forma levemente irônica e notei certa ruiva revirando discretamente os olhos acinzentados.

Logo após, a sala tornou-se amarronzada e uma aura de vida encheu o lugar. Era quase possível sentir as plantas do dormitório crescendo mais rápido e assumindo tons mais verdes e coloridos.

—  Hoje à noite teremos a cerimônia de boas vindas no jardim exterior, crianças. —  Um sujeito moreno e forte surgiu e colocou-se ao lado dos irmãos, falando com certa prepotência. — Mantenham-se civilizados,  afinal todos estarão lá e sabemos como vocês jovens podem ser… Enérgicos. Confusões não serão admitidas e as punições serão severas.

A cor amarronzada desapareceu dando lugar a um vento que parecia acariciar nossas peles como uma massagem ou carinho de um amante. Não resisti a relaxar os músculos que eu sequer percebi que estavam contraídos. Não precisava ser um gênio pra saber quem vinha. A única que faltava.

— Não seja tão duro com eles. Vocês podem arrumar confusões, só não nos deixem ver. E se forem apelar para a violência, sejam espertos e não deixem marcas. —  Lady Ravenna piscou para nós de forma cúmplice. — A ideia é que socializem e sintam-se em casa. Principalmente com seus companheiros de quarto. Serão seus principais parceiros nessa jornada.

—A partir de amanhã os treinamentos começarão. —Pyro tomou a linha da frase dela, olhando-nos dessa vez com seriedade. —Vocês estarão sendo preparados para aquilo que definirá o resto da vida de vocês. Sem pressão, claro. Então deem o seu melhor.

—E que a sorte esteja sempre aos seus favores. —Arya completou no que pareceu ser o fim daquela invasão do nosso dormitório.

Os quatro se entreolharam de maneira cúmplice e vi que eu não era o único que imaginava que aconteceria algo que iria nos impressionar. Estavam um ao lado do outro e só então percebi que estavam de mãos dadas. Sorriram para nós de forma meiga para então me fazerem dar um passo para trás com o que aconteceu. Provavelmente com um segundo de diferença para cada um, eles simplesmente desapareceram. E não, claro que eles não podiam simplesmente desaparecer, isso seria normal demais para Lordes e Ladys. Arya que era a primeira da fila se desfez em água evaporada, simplesmente se desfez. Oreon que estava ao seu lado se desfez em poeira. Mas não aquela poeira incômoda que suja a roupa e faz os olhos arderem e coçarem. Não. Poeira cadenciada e bonita, como as das praias. Pyro se desfez em fumaça um segundo depois, dando tempo suficiente somente para piscar e por fim Ravenna era ar.

Mas claro que não podia ser só isso. O ar, a poeira, a fumaça e o vapor se juntaram, formando de forma leve um enorme brasão que continha os quatro. O brasão ficou pairando a nossa frente pelo que me pareceram décadas, entretanto provavelmente foram só cinco segundos mesmo para depois desaparecer em um redemoinho.

—Eles são tão exibicionistas. —Draegon comentou com a voz cheia de sarcasmo. E não estava errado. Por que eles não podiam simplesmente usar a porta?

—Eles querem demonstrar poder. Mostrar o quanto somos pequenos perto deles. —Athena resmungou, encostando-se a estante de livros. Por um segundo torci para que caíssem em cima dela, contudo foi por apenas um mísero segundo, eu juro. —Como se já não soubéssemos.  

—Você é pequena perto de qualquer um. —Não resisti à piadinha infame.

—Tão engraçado Tyrion, quer os parabéns? —A ruivinha devolveu com aquela ironia que eu detestava. Ela me deixava no ápice de irritação simplesmente quando era irônica e me olhava com aqueles olhos de tempestade com ar de superioridade, as mãos na cintura. Era ela a anã, mas eu que me sentia pequeno.

Felizmente Draegon acalmou os ânimos soltando uma risada e mais uma vez bagunçando os cabelos ruivos fazendo com que ela parasse de me olhar daquela maneira. Os músculos da pequena relaxaram no mesmo momento.

—Não fique tão atacada baixinha. —Murmurou para ela de uma maneira até doce, como se fossem amigos de longa data.

—Bem… Acho melhor irmos ver o que tem lá em cima. E torcer para que sejam camas. —Alice finalmente falou. Com toda aquela exibição dos Lordes e Ladys a gente simplesmente ficou enevoado demais para lembrar que havia mais um andar a ser explorado.

—Tem razão. Vamos subir. —Scott concordou e já seguiu para as escadas que nos levavam para o outro plano.

Os degraus sumiram sobre os meus pés e então eu encarei o local circular. E para a minha surpresa, as camas não eram separadas. Não sei porque me iludi que seriam. Não tinham falado sobre socializar? Pelo visto iriam nos forçar a isso. Eram seis camas de solteiros um pouco maiores do que as desse modelo, com roupas de cama de um branco que doía meus olhos. Acima de cada cama havia uma espécie de pequeno armário acoplado à parede tom de areia onde supus estarem roupas e coisas das quais iríamos precisar. Ao lado direito de cada cama tinha um pequeno criado mudo, do esquerdo, porém,  havia uma porta que provavelmente levava a um banheiro. Nossa. Cada um teria seu próprio banheiro. Pelo menos teríamos essa pequena amostra de privacidade.

— Oh… Nenhuma parede nos separará. — Draegon riu do fato como se fosse algo cômico. — Espero de coração que nenhum de vocês ronque.

 

— Ou que falem durante a noite. — Lunna acrescentou em um tom de voz gentil, quase em um sopro.

Athena parecia claramente desconfortável com a exposição. Suas mãos passaram pelos braços lentamente enquanto ela se encolhia um pouco, o que a tornava aparentemente menor do que já era. De longe era ela a mais afetada pela falta de privacidade. Pelo menos, era quem mais demonstrou corporalmente. Draegon, por outro lado, parecia mais à vontade do que todos ali com aquele fato. Seu corpo estava todo relaxado. Prova disso foi a atitude que ele teve logo em seguida, de se jogar em cima de uma das camas como se a marcasse como sua. Os outros estavam mais ou menos como eu. Não exatamente felizes, mas era o que tínhamos, então o jeito era nos adaptarmos a aquela realidade temporária.

 

*********

Perto do horário da cerimônia todos já estavam devidamente arrumados e cada um se ocupava com algo. Lunna conversava calmamente com Scott, os dois jogados na cama dela de qualquer jeito. A loira conversava baixinho, como um sopro, então eu não conseguia ouvir o que estava sendo falado. Perto dali Athena lia um livro completamente concentrada, embora vez ou outra Draegon acertasse uma esfera de luz nas pernas dela de levinho. A ruiva apenas jogava de volta. Com certeza se fosse eu a fazer isso já teria perdido a mão.

— Você está muito calado. —Uma voz risonha ressoou em meus ouvidos. Alice estava com um vestido turquesa de inúmeras pedrinhas brilhantes. Havia um pouco de maquiagem em seu rosto, mas permanecia o mais natural possível. A garota estava realmente muito bonita, digo, ela era muito bela, mas estava estonteante.

—Eu só… — Dei um sorriso pelo canto da boca, interrompendo a fala — Estou distraído. É até cômico o quanto nossas vidas mudaram em apenas um dia.

Alice aproximou-se para um abraço de urso na tentativa de me consolar.

—Hey! — Pôs as mãos em meu rosto. — No final disso tudo vamos sapatear no túmulo daqueles lordes exibidos, certo? — Deu uma leve cotovelada nas minhas costelas, arrancando uma risada de mim.

—Certo — respondi.

Nesse momento, a porta se abriu. Até pensei que os senhores superpoderosos ou sei-lá-o-quê haviam escutado a leve afronta de Alice, mas não era exatamente isso.

A fresta deixada reluzia em um tom azulado e cálido. Scott percebera e logo cerrou os punhos, fazendo uma careta, dada a última experiência com móveis brilhantes.

Quase de modo imperceptível, um corpo transpôs a abertura. Era, ou pelo menos parecia, uma esfera. Tinha dois grandes olhos brilhantes e era envolta numa chama que parecia variar entre azul e púrpura.

— Bem vindos, jovens dominadores. Meu nome é Pomey. — Apenas pude perceber um grito abafado de relance. Aparentemente a ideia de bolas voadoras que falam não é muito aceita entre os jovens de 15 anos.

— Como assim ele fala? — Draegon gritou surpreso. — Ele não tem boca, nem nada parecido. Posso tocar?

Realmente, não parecia haver nada que imitasse uma voz em Pomey. Apesar disso, sua voz era capaz de ecoar em nossas cabeças.

— Ninguém toca ele! — Lunna punha uma das mãos na testa, balançando a cabeça em sinal de reprovação.

— Eu sou um ghaist — Pomey continuou. — Somos espíritos que servem ao Senhor do Fogo. Não há nada com que se preocupar. Exceto se quiser desobedecer as normas do palácio. — entoou a última parte mais baixo e com um ar de severidade. —Nesse caso teremos problemas. — seus grandes olhos brilhantes piscaram, como se tivesse dito a coisa mais amorosa do mundo.

— À propósito, Draegon, não precisamos de boca para falar. Essa sua estrutura facial é tão ultrapassada…  — piscou de novo, tornando sua luz em um rosa quase fluorescente. — Crianças, eis o motivo de minha vida: eu acompanharei vocês à cerimônia de boas vindas, por gentileza, sigam-me.

O ghaist tornou-se para a porta, flutuando para frente. Nós nos entreolhamos, cogitando qual das opções entre ficar ou seguir uma esfera de luz arrogante seria a menos pior. Pelo que pareceu, a segunda se destacou e, a contragosto, fomos andando atrás de nosso novo guia.

Passaram-se corredores e corredores e, no momento que parecíamos chegar, Pomey nos conduziu a uma sala sem saída.

— Eu tenho certeza que ele está tão perdido quanto nós. — Scott resmungou, tentando fazer com que seu murmúrio não fosse escutado. Apesar disso, nosso guia piscou novamente e tornou-se rubro.

— Os lordes pediram-nos para que levássemos os iniciandos por aqui. Dizem que andar a noite fora do palácio tende a ser… Como eles descreveram mesmo? Ah, sim. Mortal. — tornou-se  áureo, balançando pouquinho. — Deem as mãos crianças e coloquem-se sobre os símbolos no chão e repitam comigo “Ghaists são os melhores”.

Parecia estúpido, mas até agora não havia percebido os símbolos sobre nossos pés. Assemelhavam-se a uma linguagem muito antiga, daquelas que víamos nas aulas de História na escola. Havia um para cada pessoa de nosso grupo.

Ficamos de prontidão e, por fim, repetimos a frase. Por um momento, nada aconteceu. Apenas, Pomey, que parecia se divertir com a situação.

— Que filho da mãe! — Draegon comentou.

Enquanto isso, o espírito se colocara no meio de nós. Sua luz se tornou mais intensa e, por fim, exclamou:

— Proficiscentur aude!

Uma luz emergiu de cada símbolo, ofuscando-me. Ela parecia consumir-nos, tragar-nos. Até o momento em que tudo enegreceu e estávamos em outro lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

~Percy~
Sim, também adoro móveis que explodem em você. Esses são dá melhor qualidade, não? Espero que tenham gostado do Pomey, eu adorei essa fofura esférica. Pra mim, ele é o melhor, nem dá pra competir. Comentem o que acharam e podem aguardar que vai ter capítulo quatro sim! (#NãoVãoSerDoisAnosDeEspera). Nós já escrevemos e ele está bem divertido. Surpresas, guys, surpresas. >:)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Étreser" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.