Dear Diary, escrita por LiKaHua


Capítulo 11
Capítulo 11 — Desfecho Trágico


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Primeiramente, obrigada novamente pelo acompanhamento e por todos os comentários divinos que eu tenho recebido, estou realmente muito feliz. Como eu disse, a história está acabando, decidi que ela terá 14 capítulos. Eu sei que muita gente queria que eu prolongasse mais, e juro, se eu pudesse eu escreveria até a terceira geração deles, mas infelizmente eu não posso, além de ter que voltar para o meu livro e meus outros projetos, há minhas obrigações com a faculdade. Posso pensar em escrever algo depois, quando eu estiver um pouco mais folgada, mas, por enquanto, ela vai terminar no capítulo 14. E eu agradeço de coração a vocês pela torcida, a animação e o apoio que me deram durante esse tempo, nunca imaginei que essa fic daria tão certo por ser um clichê e eu realmente me dediquei a ela para fazer o melhor que eu posso em cada capítulo, tentando dar a maior qualidade possível pra vocês, porque é isso que eu quero enquanto autora. Sei que ainda tenho muito que aprender e peço que perdoem minhas imperfeições. Bem, é isso.
BOA LEITURA!



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Querido diário,

Não importa o que você vista, para mim você sempre será e estará deslumbrante. Vejo você no baile, minha princesa.”

Isso era o que estava escrito no cartão que veio junto com o vestido e com um exemplar de I wrote this for you que foi aberto e estava marcado com um marcador de texto verde na seguinte frase: “Você é as melhores partes de todas as músicas que eu amo.” E no fim tinha a assinatura do Michael, quase não acreditei no que vi quando minha mãe me entregou a sacola de uma loja cara do shopping. Quase também não acreditei quando o vesti e vi que cobria todos os hematomas, era elegante e lindo. Minha mãe ficou eufórica quando contei a ela o que aquilo significava, ela chorou e ficou um pouco chateada por eu não ter dito sobre Michael antes, embora tenha entendido minhas razões, conversamos um pouco sobre como as coisas ficariam e sobre como eu faria para sair de casa no fim de semana sem meu pai ver, não queria contar a ele sobre Michael, tinha medo do que podia acontecer. “Seu pai está doente, filha... não o julgue tão mal.” Eu já não sei mais quem minha mãe quer enganar, a mim ou a ela mesma. Meu pai não está doente, acho que ele pegou gosto em ser cruel. Tornou-se sádico.

Enquanto eu estudava, vi no calendário que já fazia mais de duas semanas que Michael e eu estamos juntos, nenhum de nós disse eu te amo ao outro, e acho que já está na hora de dizer a ele, porque eu não tenho mais dúvidas dos meus sentimentos, não tenho mais dúvidas de que quero ficar com ele para o sempre que Deus me permitir. Meu pai chegou mais cedo em casa, mas não estava bêbado — o que é quase um milagre — minha mãe não falou muito com ele, ao que parece ele não estava com o melhor dos humores, quando me chamou para sala senti um frio na espinha, jantamos juntos, em silêncio, e eu ficava me perguntando por que minha mãe insistia tanto em colar uma família que já estava quebrada, eu não acho que tenhamos mais conserto, não acho que meu pai poderia voltar a ser o homem carinhoso, atencioso e dedicado de quando eu tinha cinco anos e ele me levava nos ombros mandando eu tocar o céu. Aquele homem havia morrido. Por um momento, fiquei feliz ao pensar que Michael nunca seria assim.

Quando voltei para o quarto ouvi meus pais conversando baixinho, eu não precisava escutar para saber que era o de sempre, ele via os hematomas da mamãe e pedia perdão, começava a chorar e dizia que era o pior homem do mundo, então ela chorava também e o perdoava, depois os dois iam juntos pro quarto. Eu não acredito mais nele, se ele realmente se arrepende, por que não para de beber? Por que continua machucando a mamãe dessa forma?

Michael acabou de responder minha mensagem. “Eu existo porque você é a razão do meu respirar; você me faz respirar.” É como se cada palavra que ele dissesse traduzisse como me sinto. Mal espero para vê-lo amanhã, não tenho como negar que estou contando os dias para o baile. Parece que, de repente, eu comecei a viver um conto de fadas, ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo comigo...

(...)

Meu pai veio ao meu quarto, fingi que estava dormindo, senti quando ele beijou minha cabeça e saiu do quarto com cuidado. É uma sensação estranha essa, por mais que ele me machuque eu não o odeio, ainda que fique muito frustrada e furiosa quando ele maltrata a mamãe, mas nem assim consigo odiá-lo, ele é meu pai. Será que isso faz de mim uma idiota?

Ellen.

***

Querido Diário,

Michael é um sonho. Nós nos encontramos na esquina da rua da minha casa para ir à escola, a primeira coisa que fiz hoje foi agradecer seus presentes, e quando ele me beijou o mundo ficou colorido de novo, e não importava mais se todo o resto estava desabando, naquele momento tudo parecia perfeito. “Sua mãe concordou em você ir ao baile comigo?” Perguntou ele, cheio de ansiedade. “Sim, já planejamos tudo, ela só não quer que o meu pai saiba, temos medo que ele chegue bêbado e... sabe, né?” “Entendo”, ele falou, um pouco triste. “Estou pensando em alguma coisa, Ellen, vou salvar você, eu prometo.” Naquele momento eu sorri, meu herói. Cogitamos denunciar os maus tratos à polícia, mas eu não deixei, fiquei com medo de as coisas piorarem, a justiça não é tão rápida quanto parece, poderia não dar em nada e ele acabar ficando mais sádico ainda quando bebesse, ultimamente eu notei que ele vinha chegando menos embriagado em casa, mas ainda assim, não queria arriscar. Pela minha mãe.

As aulas passaram mais depressa do que eu podia esperar, eu andava tão feliz apesar de tudo que nada parecia ser capaz de tirar o sorriso do meu rosto, não havia mais ninguém me enchendo na escola, embora todas as meninas ainda estivessem inconformadas de Michael saindo comigo, nós ajudamos nos últimos retoques da ornamentação, eu fiquei eufórica quando ele se inscreveu por minha causa, apenas para ficarmos perto um do outro. Apenas pessoas realmente voluntárias, em detenção ou que queriam ficar longe de casa — como era o meu caso — se inscreviam para o comitê do baile. Era quase um suicídio social na escola. Mas a gente não se importava, ele não se importava, estávamos juntos e isso era o bastante. Pela primeira vez eu estava ansiosa por um evento da escola, eu realmente participaria de alguma coisa com o garoto mais perfeito de todo o mundo. Ficamos um tempo na biblioteca passando as matérias das provas do semestre, logo viriam os vestibulares e queríamos estar preparados. Quando saímos, fomos para nossa lanchonete de sempre e comemos fritas e sorvete. “Nunca imaginei que estaríamos assim um dia.” Eu disse, olhando pra ele. “Nunca vou conseguir me perdoar por não ter me aproximado de você antes!” Ele deu um leve riso. “Eu te amo.” Disparei, e ele parou por um momento, nos olhamos pelo que pareceu um longo tempo, em um silêncio que não era desconfortável, era como se ambos estivéssemos sentindo aquela verdade, deixando que ela fluísse em nosso sangue. Ele sorriu, com os olhos cheios de água, e meu coração bateu impossivelmente mais rápido. “Ah, Ellen, você é tudo pra mim! Eu te amo!” E então ele me beijou ali, no meio de todas aquelas pessoas, e o mundo parou de girar, como sempre acontecia.

Cheguei em casa e minha mãe havia feito macarrão com queijo, um dos meus pratos favoritos. Meu pai não havia chegado, comemos juntas fazendo planos para o baile. Quando meu pai chegou parecia cansado e passou direto para o quarto sem nos cumprimentar. Mamãe suspirou e me senti um pouco triste, mas ela logo sorriu segurando minhas mãos e, sempre que ela fazia isso, eu tinha esperança que um dia as coisas iam melhorar, que ela finalmente faria algo para mudar a própria situação, porque eu percebi que eu não podia, a escolha tinha de ser dela. Estou cansada, diário. Em certas horas penso que o meu pai trai a minha mãe, ou que ele bebe porque não nos suporta mais, não sei... ainda assim, me sinto com raiva de mim mesma por não odiá-lo. Quando penso nessas coisas, olho a foto do Michael no meu celular, trocamos fotos para nos confortarmos quando estivéssemos longe, é muito tarde para eu mandar uma mensagem, acho que ele está dormindo. Mas só de olhá-lo na tela do meu celular já sinto a dor indo embora e o mundo se tornando um pouco melhor.

Ellen.

***

Querido diário,

Uma princesa. Foi assim que me senti hoje a noite. Michael me pegou na esquina de casa como todos os dias, mas, desta vez, em uma limusine que eu quase chorei ao ver. Ele ficou um tempo me olhando com admiração, um sorriso bobo surgiu em seus lábios quando ele disse “você é a garota mais linda que eu já vi” então beijou minha mão e abriu a porta do carro pra mim. “Permita-me, minha princesa.” Foi o que ele disse quando ajeitou meu vestido para dentro do carro e fechou a porta, dando a volta e entrando para o outro lado. Vestia um smoking que lhe caía como uma luva, estava parecendo um real príncipe de contos de fadas. “Eu cogitei a ideia de alugar uma fantasia de príncipe, mas aí teria que trocar seu vestido por algo mais volumoso, deixemos isso para o baile de inverno, o que acha?” E rimos juntos. Chegamos ao baile e, logo na entrada, senti todos os olhares sobre nós, especialmente sobre mim, eu não estava usando os óculos, minha mãe se empenhou em fazer uma maquiagem leve e natural, mas ainda assim delicada e arrumou o meu cabelo de modo que o decote das costas que não era muito grande, mas ainda deixava à mostra um hematoma, cobrisse o roxo. A ornamentação ficou ainda mais linda à noite, fiquei desapontada por não tirar aquelas fotos em casa que os pais tiram do primeiro namorado da filha, mas procurei não me importar muito com isso. As músicas ainda estavam agitadas quando entramos no salão, Michael perguntou se eu queria ponche — que com certeza foi batizado pelos jogadores — mas eu recusei, nos sentamos por um momento e ficamos observando os casais dançando, mas não com inveja, estávamos esperando nosso momento.

A primeira música lenta foi Sacred Heart do Civil Wars, e nós dançamos apenas nos movendo nas notas, como se os outros casais não existissem, e nos olhamos, e sorrimos um para o outro e tudo sumiu. Éramos apenas nós e a música, a luz baixa, a voz suave, os olhares presos que falavam tanto sem dizer nada. E nos beijamos devagar, com um amor que se leva a vida inteira para se compreender. Quando a música acabou e a realidade nos atingiu sorrimos um para o outro sem ligar que todos nos olhavam chocados, nada seria capaz de estragar aquela noite, o nosso momento, quando renascemos um para o outro. No meu primeiro baile, fomos nomeados rei e rainha, eu fiquei com medo de subir até o palco para receber a coroa e acontecer algo ruim como em Carrie: A Estranha, Michael riu disso e me persuadiu a ir com ele, garantindo que nada ruim ia acontecer, e que ele estava ali comigo porque me amava, não porque tinha combinado com a namorada — que era eu — portanto não fazia o menor sentido. “Então sou sua namorada?” Sorri, boba. “Minha namorada, minha princesa e, agora, minha rainha também.” Ele sorriu me puxando entre as pessoas para receber minha coroa e o cetro. As pessoas aplaudiram e por um momento eu não era mais a garota estranha que tirava notas boas e sofria bullying, eu era a namorada do Michael, uma garota comum, uma garota feliz.

Nossa valsa foi instrumental e eu cheguei realmente a acreditar que nada no mundo seria capaz de jogar uma nuvem negra no meu mundo perfeito. Mas aconteceu. Aconteceu quando ele insistiu em me acompanhar até a porta de casa. Assim que saímos da limusine ouvimos o grito da minha mãe e o som de coisas quebrando, eu olhei para Michael implorando que ele fosse embora, e corri para dentro de casa antes que ele partisse, esse foi o meu erro. Minha mãe tinha a boca cheia de sangue, pratos, vidros, móveis, revirados, quebrados, meu pai ergueu um taco de basebol na direção dela que tentava se proteger, sem forças de levantar. Eu gritei e ele virou-se para mim, minha mãe implorou que eu fosse embora, que saísse dali, mas eu não podia mais permitir aquilo, eu a olhei, machucada, sangrando, eu não aguentava mais, olhei para o meu pai cheia de amargor e decepção, ele me deu o primeiro golpe, foi um tapa forte que me fez cair no chão, cambaleava e mal conseguia falar com clareza os palavrões que soltava, me chamando de vadia e dizendo que eu era “igual a ela” referindo-se à minha mãe, e que eu deveria ter morrido quando nasci. No momento que ele ergueu a faca em minha direção eu ouvi a voz de Michael chamar o meu nome tudo pareceu acontecer em câmera lenta, quando dei por mim, meu namorado caiu em cima de mim suando frio e com a mão encharcada sobre uma lesão profunda no tórax. O som das sirenes ecoou com o meu grito de desespero. “Michael, fica comigo, por favor... fica comigo!” Ele abriu os olhos por um momento e forçou um sorriso como que para me tranquilizar, a ferida sangrava muito, eu comecei a entrar em pânico e tremer quando coloquei a mão sobre a dele, sentindo o calor do sangue nela. “Eu sempre vou estar com você... minha princesa.” E ele fechou os olhos, e meu coração parou por um momento. Meu pai parecia alheio à realidade, continuava berrando palavrões como se não tivesse noção do que estava fazendo.

E então a polícia apareceu.

E então eles o prenderam e eu não movi um dedo para impedir.

Estou no hospital. Michael está na sala de cirurgia há duas horas, disseram que a lesão pode ter afetado um órgão vital e que o estado é crítico. Minha mãe passou pela ala de curativos e logo em seguida foi até a delegacia finalmente dar queixa contra meu pai; eu fui sedada, por isso estou conseguindo escrever, meu vestido está sujo de sangue, e tudo parece ter sido um pesadelo. Eu penso que vou acordar e Michael e eu estaremos dançando no salão ao som de Sacred Heart, e tudo estará certo no mundo. A psicóloga disse que eu estava em “estado de choque”, não sei o que ela quis dizer com isso, ou talvez saiba e apenas não me importe. Só consigo olhar para o corredor e pensar na hora que o médico vai enfim dizer que Michael está bem, que nada de ruim aconteceu.

Avisaram aos pais dele, pensei no que ele já tinha me dito sobre a mãe e desejei com todas as forças que ela finalmente notasse como o filho precisava dela, como ele era um herói e sentisse orgulho dele e dissesse isso pra ele. As lágrimas continuam caindo, eu não paro de tremer, estou com medo diário, medo que o meu conto de fadas não tenha um final feliz.

Por que o desfecho da minha noite mágica não podia ter sido mais trágico.

Ellen.


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Notas finais do capítulo

Bem, exclusivamente nesse fim de semana acho que não vou poder escrever, estamos com os preparativos para a festinha de 50 anos da minha mãe e eu vou estar um pouco atarefada para arrumar tudo com a minha irmã, mas, caso eu não consiga postar nesses dois dias, não se preocupem, voltarei na segunda feira sem falta! E já peço desculpas por essa pausa.
Um beijo a vocês, lindos! Em especial as minhas lindas Mikaele e Alice