Sleeping Smile escrita por larygou


Capítulo 7
Birthday




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_______ Antes ______

Boston- 2000


Acordo com minha cabeça em chamas. O que está acontecendo?

Gotas. Gotas caiam em minha pele e evaporavam com rapidez, juntamente com meu suor, para se misturar com o ar rarefeito de Boston. O suor salgado que ainda relutava em escorrer por meu corpo, se misturava com o ácido sabor da morte.

Sinto finalmente (ou infelizmente) suas mãos entrarem contato com minha pele de um jeito afetuoso. Elas estavam gélidas e úmidas, fazendo com que um choque térmico ocorresse em meu corpo.

– O que? O que está acontecendo?- Minha voz gutural e fraca como se algo a pressionasse, precisei fazer uma força absurda contra minhas cordas vocais para que minha voz chegasse até os ouvidos de Killian. A dor a seguir foi iminente.

Reclamo de dor.

–Hey! Shhh... Fique quieta minha Milady- A voz calma de Killian ressoava em meio o ambiente silencioso.

Depois de um ano que passamos juntos cuidando um do outro¹, Killian persistia em me chamar de Milady. Tinha virado um apelido carinhoso, um código nosso, assim como eu o chamava de Pirata, ele na maioria da vezes não gostava, mas, bem... Essa é a graça.

Por hora aquele vulgo mais parecia uma forma doce em me dizer “ Hey, você esta ferrada, fique quieta”.

Olho para ele e percebo que está com panos molhados na mão. Seu semblante não mudava, estava preocupado... Ou aterrorizado... Ou os dois, em fim. Ele se aproxima de mim tentando manter de forma falha um sorriso no rosto.

– Você quando pega um resfriado, pega com vontade né?

– T-Talvez- Forço-me a falar- Precisamos pedir ajuda Pir-pirata

– Você é teimosa! Já disse para ficar quieta.- Ele leva suas mãos ao meu rosto e fica me encarando. Como eu amava aquele garoto.- Bem parece que a “coisa” que eu preparava para mais tarde deverá ser adiada. Eu vou procurar um médico na cidade e você nem pense em sair daqui. Me ouviu cabeça dura?

E eu ri, e dessa vez não foi um riso forçado ou tampouco irônico. Nem mesmo o limite de minha dor agoniante me fez parar, pelo menos não de imediato, mesmo com a dor mexendo com minha cabeça eu não parava de rir . Ria feito uma idiota. Ria conforme alguém nunca fui.

– E porque eu te desobedeceria meu Pirata?- falo em meio a dor que surgiu após meu ataque de risada.

– Porque conheço você Emma..- E agora foi a vez dele rir.

***

__________ Storybrooke, Maine _________

2000

Dizem que o fogo... O calor aquece as moléculas, mas isso não é química. É magia.

A panela se movia agitada sendo tomada pela chama verde que havia formado abaixo dela. Oh, a magia não era algo incrível? Satisfazia os prazeres mais macabros e sombrios. Em breve não precisaria me preocupar com aquela criança mimada.

Pelo espelho da cozinha (um dos milhares) analiso a mulher que destruíra minha vida. Estava amarrada a um banco assistindo o espetáculo. Como eu odiava essa mulher. Com aquilo feito, teria minha vingança.

– Mary, não? Sempre esqueço seu nome darling– Dou um riso estrondoso capaz de fazer as taças por perto se estilhaçarem pelo chão.- Está pronta para a morte de sua querida filha?

– Ela vai vencer Regina!- Diz a mulher cerrando os dentes.- Não importa o que você faça ela nos achará.

– Nos achará?- Um dia talvez eu começa a entender o otimismo exacerbado de Branca, mas por hora eu prefiro rir de suas tolices. Branca de Neve precisava sofrer.- Não está sendo otimista de mais minha cara Branca? Sua filha está prestes a saborear um dos venenos mágicos mais poderoso que existe e seu doce Encantado morto em alguma parte dessa cidade... É certo que você não aprendeu nada com sua encantadora madrasta.

– Se eu aprendesse algo com você, certamente você já estaria morta... Darling.

–Que menina malcriada!- Digo irônica voltando a atenção para meu trabalho. Era delicado e não podia me estressar.

Finalmente levo o chocolate ao centro e o coloco dentro da grande panela. Era morte na certa da salvadora. Que pena, nem mesmo salvaria ela mesma do “sabor” da morte.

Branca em prantos via-me tirando o chocolate da gosma verde que se formava na panela. O cheiro das trevas deixado pelo feitiço penetra em meu nariz fazendo que me sinta vitoriosa.

Com um sorriso malicioso viro-me para a mulher que me irritava até mesmo com sua respiração.

– Emma...Minha filha, venha até a mim querida- Em meio aos soluços Mary Margaret clamava.

– Querida, eu estou preocupada com você! Persiste em chamar essa Emma e dizer que ela é sua filha...Ela não existe.- Sussurro para mim mesma- Ou pelo menos não por muito tempo- Terei que voltar a interna-la no hospício pelo seu bem.- Finalizo a olhando com um olhar maldoso que a fez engolir seco. Eu podia sentir seu medo e seu desespero. Eu ganhei e sempre ganharei. Eu era a Rainha.

***

____ Boston _____

2000

Era meu aniversário, mas quem liga?

Quando eu era pequena sempre via de longe as festinhas que os pais faziam para os filhos comemorando mais um ano de vida e de amor. A primeira vez que eu presenciei isso foi também a primeira vez que me aventurei a fugir de um orfanato, eu tinha lá pros meus 4 anos, eu era uma verdadeira imitação fiel aos anões (uma versão feminina dos mesmos) da Branca de neve: Estrutura mais baixa que o normal de olhos verdes esbugalhados e cabelos loiros carregado por uma maria-chiquinha mal feita .

Estava ventando muito o que fazia meus óculos, que eram maiores que meu rosto, ficar em uma constante dança entre meu nariz e meus olhos. Escondia no topo de uma arvore via as brincadeiras entre as crianças e o amor incondicional dos pais com o filho, que o levantavam para os céus em brincadeira e depois o faziam caricias- Eu tinha ficado maravilhada com tudo isso a ponto de me encher de esperança- Mas foi somente na parte do bolo, onde todos cantavam para o menino sorridente, que a anãzinha de Boston, eu, ficara encantada e obcecada por aniversario.

– Quando eu encontrar mamãe ela me receberá bem assim Sr. Tuck- Dizia para o urso de pelúcia que quando era menor, era meu único e verdadeiro amigo.- Não seja tão pessimista, ela ira me achar.

A partir daquele dia passei a comemorar meu próprio aniversário. Eu ia até uma loja de venda em qualquer esquina e comprava o cupcake mais barato de todos, depois acendia uma vela na rua mesmo e repetia a música que escutara na festa. Para mim aquilo era tudo, e ainda é.

Um barulho surge e leva para longe a nostalgia que tomava conta de meus pensamentos. Fico alerta.

– Calma Milady sou só eu- Killian sobe nas escadas e provavelmente escondia algo, mas eu estava imóvel no chão. A dor imobilizava qualquer movimento curioso de minha parte.

–Você me assustou- Sorrio- E ai capitão? Achou algum médico ou um remédio mágico?

Seus olhos azuis passam a se esconder e suas sobrancelhas que vivem arqueadas se abaixam. Eu já sabia a resposta.- Parece que estamos sozinhos nessa Milady, ninguém quer nos ajudar. Sinto muito.

– Tudo bem, não é culpa sua! São esses idiotas de meia tigela.

Ele estava estranho e eu não estava gostando disso. Suas mãos vão até as minhas e por um momento me sinto desconfortável, até eu sentir um objeto cair sobre elas. Ele estava chorando enquanto eu me perguntara o porque.

–Fique com isso. Ele tem me protegido por toda a minha vida e agora ira te proteger. Se eu não estiver por perto alguma vez, eu quero que isso te proteja.

O objeto reluzia em minha face fazendo eu fechar os olhos. Era um colar com dois pingentes: Um de caveira e uma de espada.

– O que está acontecendo Killian?

– Só aceite okay?- Um sorriso toma conta de seu rosto- Me promete?

– Tudo bem.

Não sei se minha palavra foi tão equivocada quanto meu olhar que não parava de olhar aqueles olhos azuis. Em uns estantes estávamos tão próximos que eu podia sentir a respiração quente e pesada do Pirata. Esse pirata havia feito algo que muitos nem se quer conseguem tentar, ele havia roubado meu coração e o pior é que eu não queria que ele devolvesse.

Sinto de leve os nossos lábios se tocarem de maneira tímida e demorada. Estava na cara que os dois tinham experiência nenhuma nessa prática, mas foi bom. O beijo se torna mais intenso e sinto minha boca sendo explorada a cada centímetro da mesma. Levo minhas mãos a seu rosto segurando carinhosamente suas bochechas. Sorrio. Sorrio porque estava feliz. Sorrio pela áspera barba entrar em contato com minha pele. Sorrio de prazer. Killian havia deixado de se deliciar com minha boca e levado seus lábios até meu pescoço, o que faz-me arrepiar e soltar grunhidos que até eu desconhecia.

Eu sabia onde isso ia parar. Nós sabíamos. Porém o que você estão pensando não aconteceu. De repente uma luz surge em meio a nossos corpos fazendo sendo tomado por toda cidade. Minha visão fica desfocada com a força da luz.

–Killian? Eu estou me sentido bem agora! O que foi isso? Killian? Aonde está você?

A dor havia sumido inexplicavelmente, eu tinha voltado a falar direito. Isso era mágica? Se era eu não sei, mas com toda certeza não era mais forte com o que Killian fizera. Por defesa eu ergo barreiras em torna de meu coração impenetráveis, eu desisti de acreditar nas pessoas, pois elas usavam-me e assim como copo descartável, me jogavam fora quando não tinha valor algum. Por esse modo, eu sou um cofre vivo de sentimentos onde me sufoco os guardando dentro de mim sem expressar nada, porém isso não funciona com Killian. Ele me vê como um livro aberto, não adiantava tentar esconder nada dele, ele vai descobrir. Ele quebrou minhas barreiras. Todas elas.

***

Meus olhos estavam maravilhados com aquilo. Parecia que tinha 4 anos novamente, só que a diferença era que dessa vez, aquilo tudo era para mim.

A vela do bolo iluminava o ambiente enquanto meu sorriso de orelha a orelha não parecia querer sair desse modo. Parecia mágica, por mais que demorássemos a vela se mantia acesa e incessante.

Oh nossa música predileta começa a tocar e deixamos de lado o Monopolly . Estávamos dançando ao som de Addicted to love e o vento soprava forte, levando meus cabelos a dançarem conforme seu ritmo. De forma desastrada tropeço e caio em cima de Killian que começa a rir da situação.

Estávamos cantando sem nada se preocupar, sem se importar com nada.- A música parecia ser infinita e meu corpo queria dançar. Estava chovendo forte agora, como se os deuses quisessem me levar por aquelas águas que desciam o prédio, eu simplesmente abro os braços como se fosse abraçar a lua. Killian me envolve nos seu braços em seguida.

You see the signs, but you can't read. You're runnin' at a different speed– Fecho os olhos cantando, em esperança de o tempo se congelar.

Os Punk’s Candy jogado de qualquer maneira em uma mesa de centro, uma caixa vazia de Wonder Ball jogada perto do jogo Monopoly, que havíamos conseguido no lixo... Faltava algumas peças mas nem nos importávamos. Estávamos felizes e a vela começara a perder a sua força. Não sei se isso era um sinal, porém os acontecimentos a seguir são bastante confusos.

Com milhares de Punk’s Candy na boca, Killian começa a cantar algo nostálgico que nunca sai da minha cabeça até os dias de hoje.

Happy Birthday to you

Happy Birthday to you...

Happy Birthday to Emma!

Happy Birthday to youu!

Killian me da um beijo carinhoso na testa e eu fecho os meus olhos sorrindo e assopro o quase incessante fogo que havia sobre a vela. Agora não havia mais nada. Eu faço meu pedido: “ Eu quero ajudar Killian com seus problemas, não importa o que haver eu quero ajudar.”

E killian desaparece tão rápido quanto a vela assoprada. E assim como ela, também ele nunca mais voltou.


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Notas finais do capítulo

Rodapé
1-Em parte, geralmente Killian estava sempre comigo, porém muitas das vezes ele sumia em meio do nada e ressurgia no momento mais importuno.



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