Sleeping Smile escrita por larygou


Capítulo 6
Last song




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. Agora .

Storybrooke- Maine

Meus olhos se perdem naqueles tristonhos nevoeiros de confusão que ela chamava de olhos, porém algo neles me faziam querer me reconfortar em seu colo, falar para não ir mais embora... Querer falar que senti sua falta. Isso faz minha cabeça revirar. Como poderia sentir falta de algo que nunca fora meu? Como podia sentir falta de algo que nunca tive?

–Obrigada- Caminho para perto da entrada da pensão. Finalmente poderia me enfurnar debaixo de um grosso cobertor... E talvez nunca mais despertar.

– Meu nome é Mary Margaret Blanchard... Sabe me disseram uma vez que Blanchard deriva do francês ” Branco”. Eu gosto de branco e você? – Ela deixa de olhar pensativa para a torre do relógio e torna o olhar de forma doce para mim. Com um olhar que perfurava-me e chegava minha alma me faz arrepiar e querer sair dali o mais rápido possível. O que diabos estava acontecendo comigo? O que diabos tem essa cidade?

“Ela vai acabar fazendo um buraco em minha cabeça se continuar a me olhar assim.”, penso demoradamente, sabendo que a mulher ansiava pela resposta por um motivo que eu desconhecia por completo,

–Não- Minto. Eu sou apaixonada por branco, não é minha cor favorita, mas está mais uma obsessão. A cor branca me lembrava de algum modo a esperança e a força que eu sempre precisei e nunca tive.

Estava tremendo até a ponta dos meus pés tentando entender aonde aquela mulher queria chegar. Me afasto entrando no Granny´s.- Boa noite Srtª Blanchard.- A porta se fecha atrás de mim, fazendo um único e barulhento som. O Silêncio se forma novamente e suspiro vitoriosa . Sorrio

– Você vai fazer seu cadastro ou vai ficar namorando com a porta?

Oh meu Deus! Dou um pulo com meu coração palpitando com o susto. Meus olhos procuram em desespero um sinal de vida em meio as sombras que tomava o local, mas sabia que era a Sr.ª Lucas, a voz lhe entregara.

Lucas acende seu abajur que ficava acima do balcão de recepção. A luz que toma o local chega em meus olhos e o faz arder. Ela usava uma larga camisola e um numero excessivo de bobes na cabeça.

– Vamos lá criança, preciso dormir- Apresso meus passos até o balcão que já estava cheio de papeis preciso para a minha estadia . Arregalo os olhos- Quanto tempo pretende ficar?

– Um ou dois dias no máximo Sr.ª Lucas.

– Ora criança, me chame de vovó, todos me chamam assim- Ela da um sorriso largo e doce me fazendo retribuir aquele sorriso. Jurava que aquela menina que ela brigava pela manhã era a neta dela, mas podia imaginar do porque de seu apelido, ela transmitia proteção e carinho.

– Ei! Agora me conta essa sua intensa relação com a porta. Eu “shippei”- A voz de Ruby se sobressai no canto não iluminado, eu podia ver somente seu esbouço sendo tomado pela penumbra. Elas estava me esperando ou era impressão minha?- Quero todos os detalhes picantes, mas aconselho a partir pra outra. Só Deus sabe a última vez que essa porta foi limpada.

Rio de seu comentário- Obrigada Ruby, vou te convidar para o casamento.

A menina vem em pulinhos rindo com um jeito doce.- Fique mais tempo na cidade loira, saberá que tem mais homens interessantes que essa porta, mas fique tranquila que também irei te convidar para o meu casamento.

–Oh e quem é sortudo?

– Killian Jones!

– E Bill, Phill... Graham...- Vovó diz em tom de implicância fingindo ler os papeis.- A cidade toda.

– Ei! Nunca tive nada com o Graham e o Killian é um deus grego... Ele é maravilhoso.

– E um cretino também. – Com suas enrugadas mãos, Sr.ª Lucas bate com força na mesa demostrando irritação.- Ele está te usando sua tola.

– Killian o pirata?- Falo arregalando os olhos- Vovó tem razão Ruby, ele é um cretino.

– Mas é um cretino barra pirata muito gostoso...

Precisava de uma cama. Meu corpo parecia que ia desabar a qualquer momento, porem não ia deixar a vida de uma menina acabar com aquele traste.

– Já que existe piratas aqui nessa cidade você deveria saber que eles não valem nada.

–Não existem piratas aqui. Killian é o único- Ela sorri- Fique numa boa Emma, estava brincando com o lance de casar. Killian é gostoso, só isso. Se quiser experimentar a viagem ao navio, é todo seu.

– Dispenso- A ideia de beijar Killian faz meu estomago revirar.- Bom, deixa terminar com isso logo para vocês descansarem- Pego os papeis apressada sem ler as cláusulas com a atenção devida. Meus olhos lutam para se manter abertos e meu cansaço estava começando a me vencer. Assino na raia da folha, em letra curvilínea e tremula, meu nome Emma Swan

Vovó que olhava ansiosa para mim em um sorriso calorento assisto-me a traçar o meu nome na linha fina da página branca vira para Ruby e diz para a menina.- Vá dormir criança, agora que a Srtª Swan já voltou podemos descansar tranquilas...

Sobreolho pasma através do lápis as duas figuras em minha frente, não entendia o porque delas se preocuparem comigo e nem estava acostumada a isso.- Vocês me esperaram?

– Sim estávamos preocupadas com o que poderia ter ocorrido- Ruby se pronuncia já subindo as escadas- Com quem você estava conversando lá fora?- Diz ela com um sorriso de canto. Ela ia aprontar.- Aposto que era o Killian!

– Aquele traste?- diz vovó de forma rabugenta- Ainda bem que ele não entrou, minha espingarda espera por ele.

Rio. Nem morta sairia com uma pessoa como ele.- Não, não era o Killian. Eu o conhecia na toca do coelho para nunca mais.- Coloco a mão no queixo pensativa, qual era o nome dela mesmo? Mary Mar...Margaret.- Era com uma tal de Mary Margaret.

Ambas viram para mim em espanto. Suas bocas entreabertas permitiram-me decifrar que não tinha sido uma boa eu conversar o mínimo possível com aquela mulher.

–Santo Deus! Ela é pior que Killian! O que essa mulher maluca faz perto de minha pensão?- Diz vovó incrédula- Ela não era para estar no hospício?

– Não seja rude vovó! Mary Margaret já saiu do hospício a séculos, mas o que me assusta é ela procurar justamente você.

– Mas o que tem eu ?

– Seu nome- Ruby da um alto e lento suspiro- A anos atrás ela entrou em surto dizendo que precisava ir atrás da filha dela chamada Emma.

“Emma” Não as vozes não! O que há com essa cidade?

***

Precisava sair daquela cidade o quanto antes.

Devo admitir que o quarto era reconfortante, mesmo tendo uma tonalidade e acabamento rústico, as paredes floridas e a vitrola empoeirada no canto me faziam sentir como uma viajante do tempo.

Com um suspiro aliviado, deitada na enorme cama de casal, consigo sentir todo o peso colocado sobre mim nesse dia sair como uma faca de minhas costas. Acaricio assim Cocky que entrara espertamente pela janela entreaberta.

– Finalmente a sós.- Digo para mim e o tempo. Havia esquecido o quão bom era a solidão.

A noite estava incrivelmente fresca fazendo ventos curiosos saltarem para meu quarto, meus olhos estão cansados e se fecham relutantes e tudo fica escuro. Sinto melodias penetrarem em meus ouvidos e fazer-me flutuar em meu quase profundo sono.

Your lights are on, but you're not home

Your mind is not your own

Your heart sweats, your body shakes

Another kiss is what it takes

O sono se prolongava assim como o resto da música que tocava em minha cabeça. “Nossa música penso”. A música continuava enquanto minha cabeça voltava para nossa ultima noite no terraço. Aquela música dominava o local sombroso de Boston ,no terraço que um dia nos pertencera, dançávamos como nada pudesse nos parar. Eu estava sonhando com tempos felizes. Eu estava sonhando com Killian.

You can't sleep, you can't eat

There's no doubt, you're in deep

Your throat is tight, you can't breathe

Another kiss is all you need

A música continuava e meu pensamento voa para realidade. Eu não estava dormindo... Mas o que será que... Merda! Me levanto em alerta e o vejo analisando a vitrola sorrindo em me ver assustada.

Ohh oohh

You like to think that you're immune to the stuff

It's closer to the truth to say you can't get enough

You know you're gonna have to face it

You're addicted to love

You see the signs, but you can't read

You're runnin' at a different speed

You heart beats in double time

Another kiss and you'll be mine, a one track mind

You can't be saved

Oblivion is all you crave

If there's some left for you

You don't mind if you do

Finalmente a sós.- Ele repete o que eu disse com a sobrancelha arqueada e um sorriso estampado no rosto. Diz ele em tom sarcástico- Quando quiser ter essas práticas noturnas agradáveis não precisa ser tímida, pode ser bem direta love– Seu rosto chega perto do meu sobreolhando através das sua grossas sobrancelhas- Sabe, não me importo de acabar preso numa cama.

– Se eu prender você nessa cama, não será de um jeito bom pirata.- Ele ri e meu semblante de clamo passa para irritado.- Você vem me investigando a quanto tempo? Essa música... Como você sabe que eu a amo?- Estava a cara que ele vem e seguindo em Nova York, não duvidava muito ser ele o cara encapuzado que derrubou meu chocolate quente.

– Eu não adivinhei. Essa música é minha predileta, parece que temos muito em comum né Milady?- “Milady”. Sinto uma nostalgia que faz apertar meu coração. Só havia uma pessoa que me chamava assim...Não, estou sonhando de mais.- De qualquer forma, eu passei aqui para ver se você esta bem, eu sei como é sentir perdida em um local desconhecido.- Você parecia mal no bar e bom... Parece que você fez o milagre de fazer-me importar com alguém, então aproveite essa raridade

Aquilo estava suspeito de mais- Não seria mais fácil bater na porta e perguntar "Ola Emma, aqui é o Killian! Você esta bem?"

– Não teria graça... Um pirata tão irresistível como eu precisa de uma entrada a altura.- O quarto estava em silêncio, a música havia terminado e sol começava a dar seus primeiros sinais de vida.- E a vovó não gosta nada de mim.

– Okay capitão ego inflado! Que tal ir embora?

Aquilo já estava me irritando. Ele senta ao meu lado na cama e tira de seu bolso um sextante folhado a ouro que me fez ficar maravilhada com seus detalhes.

– Meu irmão me deu a centenas de anos atrás e eu nunca o utilizei pois eu nunca consegui superar a dor de vê-lo partir.- Oh meus Deus! Ele estava bêbado e eu que pagaria o preço do rum em seus estomago. Talvez se eu jogar ele da janela não fique com tanto remorso.-Eu me prometi que iria dar para uma amiga que eu abandonei, ela era órfã como você. Eu nunca mais a encontrei, então quero que fique por ela.

–Como você sabe que eu sou órfã?- falo estreitando os olhos

– Você é como um livro aberto.- Ele sorri- Assim como ela.

Se eu falasse que a resposta não me pegou de surpresa estaria mentindo. “Você é como um livro aberto”, parecia que hoje era o dia da nostalgia não é mesmo? Eu sabia onde estava me metendo, mas não poderia não recusar aquele presente. De certa ele no dia seguinte quando estivesse em sã consciência iria pedir o presente de volta e tudo voltaria ao normal.

– Então... Centenas de anos velhote?- brinco- Sempre soube que era um Edward Cullen.

– Edward quem?

– Ah você sabe... Aquele que brilha no sol e é inimigo dos lobisomens.

Ele olha para mim confuso e desnorteado- Ele é algum tipo de duende?

Sorrio- Esquece capitão

O silencio toma o local de forma constrangedora. Meu corpo em êxtase pedia ansiosamente para arrancar a roupa daquele pirata, que estava ao meu lado. Suspiro tentando me controlar. “Emma você não é assim”. Para meu pior desastre, Killian sorri percebendo meu desconforto para um maior aproveitamento da situação. Ele chega perto e mais cada vez mais perto até que nossos rostos estejam a centenas de milímetros de distancia um do outro. Meu coração queria pular para fora do corpo, o que estava acontecendo? Respiro com dificuldade conseguindo inalar o odor misturado de Rum e perfume barato que ele usara.

– Nós dos sabíamos onde isso ia parar né loira?- Sua voz sai de forma rouca e sedutora fazendo minha pele se arrepiar.

–Sim- Com um sorriso, levo minhas mãos ao seu rosto fechando os olhos. Perfeito! Dou uma “leve” e “inocente” levantada de perna causando um desconforto no Sr. Pirata do ego inflado em sua área intima. – E no fim sabíamos que isso nunca ia acontecer.

Em um ato “descuidado” de cruzar as pernas no momento em que Killian tentava andar com a dor insuportável que eu causara, ele vai ao chão gemendo.

– Eu não cai em sua lábia, isso é para aprender a não se meter comigo ou com a Ruby- Dou passos pesados até o sextante que eu iria devolver quando sou estagnada por um barulho seguido de gritos

– Emmaaa. Não! Deixe-me aqui com minha filha!!.

– Mary Margaret pare de ser ridícula, não tem nenhuma Emma

Desço as escadas correndo como se conhecesse Mary a séculos. Não sabia o porque mas qualquer coisa que se referisse a ela meu coração já se comprimia e me sentia com medo de algo que não sei descrever.

Abro a porta em desespero, completamente ofegante e sem chão. Com a aparência que podemos dizer estar mais para um Zumbi que para um humano, caminho correndo até o local em que eles estavam. Uma mulher de nariz empinado que usava um terno, um homem de rosto mal intencionado d de pele morena, com um gravador a mão e Mary Margaret ao chão chorando. Será que ela ficara ali por toda a noite?

– Mary?- Me agacho com os olhos cheios de lagrimas vendo que suas olheiras estavam acabadas. Ela não dormia nunca.

Viro para a mulher que nos encarava por trás de mim.- O que aconteceu?

– Quem é essa ai?- diz a mulher em tom de desprezo.

– Emma Swan, agora me responde- Meu sangue fervia em minha veias fazendo meu temperamento aumentar.

– Oh... Emma. Bem estávamos tentando por a Mary novamente na clínica já que ela não tem tomado os remédios indicados e nem mesmo convive com alguém. É uma solitária.

É uma solitária , tudo isso já estava começando a me assustar- Ela não vai para lugar nenhum! Eu cuidarei dela!- Olho de relance para a janela do quarto e vejo Killian sorrindo. De uma forma de outra acabei o satisfazendo, mas não poderia deixar Mary naquele estado. Temos uma ligação e por mais que eu tente, não consigo não me importar, assim como de um modo me importava com aquele Zè-Goiaba que estava naquele momento sorrindo para mim da janela. Eu não conseguirei salvar a cidade, mas eu salvarei Mary dela mesma


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Notas finais do capítulo

A música presente no capítulo é a Addicted to love do Robert Palmer, é uma música dos anos 80 e que se vocês procurarem a letra verão que tem muita coisa haver com a Emma



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