Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Goodnight peoples ou devo dizer bom dia? Voltamos com mais um capítulo de tirar o folêgo. Muita emoção para esses coraçõezinhos de vocês, então preparem os lencinhos e vamos começar a leitura?! Demoramos muito tempo para escrever e está cheio de amor e carinho. Tudo que sempre colocamos quando vamos escrever, esperamos que aprecie a leitura. Vamos adorar ler os comentários, beijos. Ana e jaci.



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Capítulo 17

Carlisle tomou cuidado ao entrar com o carro na garagem, as consequências que enfrentaria se passasse por cima das margaridas seriam enormes. Desligou o carro e olhou para o lado.

— Chegamos na sua casa, filho — ele falou com calma.  

Tinha passado a noite e boa parte da manhã debatendo com Esme se trazê-lo até ali seria a melhor coisa a se fazer. Edward tinha acabado de voltar para eles, acabado de descobrir que tinha uma família que o amava. Por mais que estivesse aliviado e quisesse que tudo fosse como antes, não seria saudável força-lo a lembrar. As coisas tinham que acontecer naturalmente.   

— Minha casa? Eu tenho uma casa?  

Carlisle olhou para o homem sentado no banco do passageiro, tão diferente e ao mesmo tempo, o Edward de sempre. Sorriu ao notar o brilho misto de curiosidade e encanto que enchiam os olhos do filho ao contemplar a construção. Era realmente uma visão impressionante, e o jardim florido adicionava um brilho a mais. Ele sorriu, reconfortado por poder presenciar aquele momento. 

 — Sim. Você tem uma casa — falou com calma, abrindo a porta do carro e descendo —, mas não mora sozinho.  

— Senh- — começou a dizer, mas se lembrou o que havia sido pedido —, quero dizer, Carlisle. Tenho uma... uma esposa?  

Ao descer do carro, Edward tentou se imaginar casado, se a relação com sua esposa seria boa, quais os nomes que teria dado para seus filhos e com quem eles pareceriam mais... Era um pensamento mais tentador. Talvez eles tivessem a cumplicidade que Esme e Carlisle, seus pais, tinham. Seus pais... Ele sorriu. Ia demorar um pouco para se acostumar com a ideia.

— Ainda não — Carlisle riu. — Venha, vamos entrar que eu explico.  

Caminharam juntos pelo caminho de pedra, que cortava o jardim até a curta escada da varanda. A porta principal era bonita, branca com um detalhado vitral colorido no meio, Edward tentou ficar um tempo a mais decifrando a imagem, mas Carlisle a abriu e gesticulou para que ele entrasse. O sofá em forma de "L", com mantas de lã e cheio de almofadas, ficava em frente à lareira e em uma prateleira de madeira escura logo acima dela, diferentes porta-retratos estavam espalhados.  

Alguns dos rostos que viu nas fotografias eram familiares e, mesmo à distância, ele conseguiu identificar algumas, eram iguais as que lhe chamaram atenção na sala de Esme. Estava distraído então acabou não notando que outras pessoas tinham entrado na sala e agora, enquanto ele estudava as molduras de prata, se aproximavam dele.  

— Filho...  

Edward demorou um pouco para se dar conta que Carlisle na verdade o chamava. Quando se virou, um nó se formou em sua garganta. Tinha um casal o observando com olhos marejados. A senhora, de cabelos brancos feito algodão, exibia um sorriso choroso que ele conseguiu ver mesmo que a mão dela cobrisse parte de seus lábios. O olhos azuis brilhavam de emoção.   

— É mesmo ele? É nosso Edward? — a voz trêmula dela fez com que ele trocasse o peso do corpo de uma perna para outra. Ficou surpreso quando antes de conseguir piscar, ela já o tinha envolvido em seus braços. — Achei que ia morrer sem te ver de novo, meu neto!  

Ele olhou para o topo da cabeça da senhora, sentindo o cheiro suave de jasmim, sentindo o amor que transbordava dela. Com delicadeza ele retribuiu o abraço e ouvindo o choro abafado dela contra seu pescoço. Se pudesse aplacar ao menos um pouco da dor que ela estava sentindo, a abraçaria pelo tempo que fosse necessário.  

— Me desculpe, não foi minha intenção preocupar ninguém — ele levantou a cabeça, observando com cautela os ao redor, encontrando os olhares dos outros. — Sinto muito mesmo... Mas eu não a conheço.  

— Mas eu te conheço, meu menino. Não se preocupe, vai ter tempo suficiente para me conhecer de novo — ela murmurou sorrindo ao se afastar, segurando com pressa a mão dele entre as suas.  

O senhor, logo atrás dela, com os cabelos tão brancos quanto os dela, era alto como Carlisle. Olhos azuis contornado pelo vermelho das lágrimas. Ele parecia não saber o que fazer, ficou paralisado, com lágrimas deslizando por seu rosto e com o queixo tremendo. A vontade que ele tinha era de ir até seu neto e abraçá-lo, mas em vez disso, ficou apenas olhando Edward alguns passos à frente.  

— Edward — conseguiu murmurar depois de limpar a garganta algumas vezes. O rapaz o olhou um pouco confuso. — Sou John... Seu avó. Essa é a Mary, sua avó.  

— Olá...   

 — Meu menino, meu doce menino, quanto deve ter sofrido nas ruas... Está tão magro — Mary disse puxando-o para outro abraço, mais apertado que o anterior. — Sentimos tanto sua falta. Te amamos tanto, meu filho.  

— Sua vó, seus pais, sua irmã e eu, não conseguíamos parar de pensar onde você poderia estar... — disse John.  

— Fiz o possível e o impossível para te encontrarem, mas tudo que fazíamos parecia ser em vão — Carlisle passou os dedos pelo cabelo com uma expressão triste, cansada. — Fomos à polícia fazer uma ocorrência do seu desaparecimento. E dias depois o delegado comunicou que encontraram um homem, com a mesma altura, porte físico e parecido com você, morto. Seu celular e sua identidade estavam com ele.

Edward se deixou ser puxado até o sofá por Mary, deixou que ela o fizesse sentar e depois se acomodasse ao seu lado. Ela sorria, com os olhos brilhando cheios de lágrimas. Ele sorriu de volta sem qualquer esforço, inconscientemente fazendo círculos na pele fina das costas da mão dela.   

— O encontraram em um prédio onde teve um incêndio, então foi impossível fazer o reconhecimento. Todos nós sofremos pensando que... — Carlisle suspirou, sentando em uma poltrona, usando as coxas como apoio para os cotovelos e abaixando a cabeça. — Que aquele homem pudesse ser você. Mas Alice, nossa esperançosa Alice, não deixou que acreditássemos nisso. Ela sabia que você estava vivo, ela acreditava... — ele respirou fundo e continuou com a voz cansada de repente. — Pegamos sua escova de cabelo e pedimos para fazer um teste de DNA. Quando o resultado deu negativo, chorei tanto naquele dia.  Mesmo que você não estivesse conosco, ainda havia uma chance de estar vivo! Isso era mais que o suficiente.

— Mas agora ele está aqui, nosso Edward está de volta... — Mary sussurrou.

— Como você viveu esse tempo todo? — John perguntou, o analisando de cima a baixo. Tinha tirado um lenço xadrez do bolso da calça e secava as maças do rosto. Todos os quatro deram uma risada baixa quando ele assoou o nariz e fez barulho.

Era algo tão pequeno, mas foi o suficiente para melhorar um pouco os ânimos. Isso e o estômago de Edward roncar logo em seguida. Mary deu um pulo do sofá como se tivesse levado um choque, ficou indecisa por alguns segundos, tentando saber se devia soltar a mão do neto ou ir logo para a cozinha.

— Não precisa se preocupar. Estou bem — ele tentou assegurá-la, sorrindo.

— Esme deve ter ido dormir muito tarde ontem e vocês saíram cedo demais de casa — Mary comentou, decidindo que levar Edward com ela até a cozinha era o melhor a se fazer. — Se Carlisle tivesse avisado antes...

— Mãe...

— Sabe que não adianta discutir, filho — John se levantou, o joelho estalando no processo. — Sua mãe é impossível.

— Como está se sentindo, querido? — Mary falou, andando de um lado para o outro, pegando utensílios, abrindo e fechando a geladeira, todo o tempo lançando olhares para ele, como Esme tinha feito quando a encontrou.

— Eu... Jamais pensei que tivesse uma família preocupada comigo. Quando acordei no hospital, ninguém tinha ido procurar por mim — Edward coçou a cabeça, olhando com cuidado as linhas do mármore da bancada. — Quando me sentia sozinho, Jake estava lá para, dormia comigo e até quando chovia, ficava ao meu lado.

— Jake? — a curiosidade era evidente na voz de John.

— Meu melhor amigo, as vezes até esqueço que ele é um cachorro. Ele é muito inteligente.

— Deve ter sido horrível morar na rua — Carlisle falou pensativo. — E onde está esse seu amigo?

— Não sei. Depois que Jacob me levou ao hospital para tratar da facada — ele ouviu o arfar surpreso de Mary, mas resolveu continuar sem muitos detalhes —, não o vi mais. Por isso tenho que voltar lá para procurar ele. Deve estar perdido e se sentindo sozinho...

— Edward, uma facada? Foi profunda? O que os médicos disseram? — John tinha os olhos arregalados.

— Você devia estar descansando, meu menino, não andando por aí — Mary reclamou. Colocando um prato com panquecas e calda de chocolate na frente dele e na de Carlisle em cima da bancada. Ela deu uma piscadela, passando os dedos no cabelo dele, antes de sentar ao lado do marido. Eles começaram a comer, sujando os cantos das bocas. — Suas preferidas desde pequeno.

— Não precisam se preocupar muito, estou bem. O médico deu pontos e disse que só tenho que manter a área limpa — ele segurou a mão de seu avô, tentando tranquiliza-lo um pouco. — Carlis... Pai. Preciso voltar à Forks, Jake não pode ficar sozinho.

— Você... Você me chamou de pai — Carlisle estava com o braço parado, o garfo perto da boa. Ele o largou no prato e limpou a lágrima que escorria rapidamente. — Eu vou com você, acharemos seu amigo.

Ele se levantou e abraçou um Edward surpreso pela demonstração de afeto. Seu celular tocou naquele exato, o nome de Esme brilhando no visor. Sim, sua esposa devia estar preocupada.

— Pai, mãe, preciso levar ele para casa ou Esme vai me matar. Prometo que trago ele aqui de novo logo, logo.

— Obrigado pelas panquecas, estavam deliciosas — Edward agradeceu, sorrindo quando Mary e, finalmente, John o abraçaram.

**

Mais tarde, de volta à casa de seus pais, Edward tentava ajudar Esme a levar a louça do jantar para a cozinha, mas ela não deixou. Tinha dito que ele devia estar cansado, que o dia tinha sido longo e cheio de emoções, tinha bagunçado seu cabelo e sorrido. Sim, de fato ele estava cansado, no entanto a curta caminhada até o outro cômodo não acabaria com todas as suas forças.

Então decidiu por apenas ficar sentado no sofá, mas Carlisle o incentivou a se levantar para conhecer o resto da casa. Antes que fossem muito longe no corredor, no entanto, Esme o chamou para que ele pegasse alguma coisa e assim Edward foi deixado sozinho.

Não gostava da ideia de ficar sozinho ali, tudo ainda era tão estranho e se sentia um pouco desconfortável. Sua curiosidade foi atiçada quando notou que, no final do corredor, uma porta dupla francesa, com quadrados de vidro, estava aberta deixando a luz transbordar para fora do cômodo como se o próprio sol estivesse lá dentro. Conseguiu distinguir a silhueta de um piano.

Sem nem pensar começou a andar. As paredes estavam cheias de estantes, com as prateleiras preenchidas igualmente por livros, porta-retratos e troféus — alguns tinham o nome Edward Cullen, outros o de Carlisle. Uma escrivaninha ficava de costas para uma das estantes de mogno com objetos diversos espalhados em cima e uma cadeira de couro um pouco afastada. Sinal de que quando a pessoa que a pessoa sentada ali se levantou com pressa.

Seus pés o levaram até o piano, a mão calejada estendida em direção às teclas de marfim. Estavam geladas quando ele suavemente deslizou os dedos por elas. Se perguntou quem tocava... Esme? Carlisle? Lembrava de ter passado na frente de alguns restaurantes mais refinados em Forks e, sempre que alguém entrava ou saía dele, conseguia ouvir o som melodioso de um piano.

— Suas preferidas são de Chopin.

Ele se virou para encontrar uma mulher, um pouco mais baixa que Esme encostada no batente da porta. A bolsa dela caiu no chão quando ela começou a ir até ele. O cabelo longo cabelo castanho estava bagunçado, o cachecol quase arrastando no chão. Edward conseguia ver Esme e Carlisle distantes no corredor, Jacob ao lado deles, mas eles apenas sorriam.

O soco dela contra seu peito chegou primeiro que o som de seus soluços.

— Eu sabia... Sabia que você não tinha morrido — ela chorou, continuando a bater nele com os punhos fechados. — Seu idiota! Por que demorou tanto a voltar para casa?

— E-eu não sabia que tinha uma — ele balbuciou.

— Senti tanto a sua falta — ela parou de golpeá-lo para passar os braços ao seu redor, com força. — Nunca, nunca mais faça isso, Ed.

— Sinto muito...

O que podia falar ou sequer fazer em uma situação como aquela? Sem muitas opções, ele a abraçou de volta, aquela mulher estava encharcando sua camisa de lágrimas e era o mínimo de consolo que podia oferecer. Se passaram alguns minutos para que ela conseguisse se recompor um pouco, o suficiente para deixa-lo respirar sem dor.

— Desculpa... Arruinei sua cami... — os olhos da mesma cor dos de Esme, estavam vermelhos por causa do choro, mas passavam uma emoção completamente diferente: indignação. — O que você está usando? É do Jacob, não é? — Ela se virou para fuzilar o amigo com os olhos. — Só ele usaria algo tão feio assim. Edward, pensei ter te ensinado a se vestir bem.

O som de risadas no corredor o fez sorrir um pouco.

— Alice! Ai! — Jacob protestou, se preparando para tirar satisfações. Esme o puxou pela orelha de volta para a sala. Era possível o ouvir reclamando.

— O estilo do dele é legal, mas não fica bem em qualquer um — Edward passou as mãos pelo tecido macio, e um pouco molhado, da blusa. Lembrava de como Jacob tinha parecido maneiro quando o conheceu.

Alice tinha seus olhos cautelosamente fixos nos do irmão, enquanto tentava arrumar o cabelo bagunçado.

— Você gosta de se vestir bem – murmurou Alice —, assim como eu. Você é um dos homens mais elegantes que eu conheço, Ed.

— Sou? — Ele perguntou, inseguro.

Ela o fez sentar no banco do piano, apoiando as mãos em seus ombros com delicadeza, completamente diferente da força que usou antes. A maquiagem dela estava borrada e ela fungava a cada segundo. Por instinto, ele passou a mão na bochecha dela, na tentativa de limpar os traços das lágrimas.

— Não se lembra de nada mesmo, não é? — ela inclinou o rosto, agradecendo a Deus por poder sentir o calor do toque do irmão mais uma vez. — Sentimos tanto a sua falta. Eles disseram que... disseram que você estava...

— Morto? — Ele murmurou, virando o corpo para poder continuar olhando-a diretamente. Alice assentiu, respirando fundo.

— Mas eu nunca desisti, nunca acreditei. Sabia que você ia voltar — algumas lágrimas novas caíram e ela riu, chorosa —, você prometeu investir na minha loja.

E a risada dela foi contagiante. Ele riu junto, sentindo os próprios olhos arderem. Aquelas pessoas, sua... sua família, tinha sofrido tanto por causa dele.

**

Em Forks estava frio, não tanto quanto em São Petersburgo, mas o suficiente para que ele cobrisse sua pequena com uma manta felpuda verde. Ele sorriu, afastando alguns cachos rebeldes do rosto dela. Os olhos grandes brilhavam com curiosidade quando encontraram os seus. A viagem tinha sido realmente longa, mas apesar dela ter dormido durante a maior parte do voo, olheiras marcavam sua pele branca. Ele engoliu o nó que se formava na garganta. Não podia, não devia demostrar tanta fraqueza assim na frente dela, tinha que ser forte. As coisas iam ser ainda mais caóticas dali em diante. Respirando fundo, ele continuou a cruzar o saguão do aeroporto.  

Tinha passado no hotel para deixar as malas e tentar fazer Zoe comer alguma coisa além dos biscoitos de água e sal. Deu um banho quente nela, a vestiu com roupas limpas e grossas, para não correr o risco de ficar resfriada e depois foi para o banheiro, deixando-a assistindo desenho na televisão.  

Meia hora depois estavam entrando em um táxi e indo para o lugar onde sua última esperança ficava.  

Percorrer aqueles metros que o distanciavam do balcão da recepção não foi tão difícil quanto ele pensou que seria. Zoe estava novamente em seus braços, o ronco suave dela sendo uma fonte de conforto. Mesmo carregando no ombro a mochila infantil com dinossauros, sua presença era intimidadora e cativante ao mesmo tempo. Ele era alto, quase dois metros de altura, musculoso, ombros largos. O rosto emoldurado pelo cabelo volumoso, de um castanho tão escuro que parecia preto, estava penteado para trás. 

— Sr. Belikov?  

Uma voz feminina o chamou quando passava próximo aos elevadores. Zoe se remexeu e abraçou seu pescoço. Ele se virou para encontrar uma mulher parada como uma estátua, o cabelo ruivo preso em um coque bem elaborado. 

— Sim? — ele respondeu depois de soprar o cabelo de Zoe para longe de sua boca. 

— Sou Sue Lewis, nos falamos no telefone. Poderia me acompanhar, por gentileza? 

— Claro — ele assentiu, segurando o cobertor da Zoe antes que caísse no chão.  

Sue o observava do jeito mais discreto que conseguia. Notando o contraste forte que os olhos dele, em um tom de azul bem claro, fazia com o cabelo. Como um cavalheiro, ele deixou que ela entrasse primeiro e depois se acomodou no fundo enquanto ela aperta o botão do andar.  Quando as portas se abriram novamente, em um corredor longo bem iluminado, Zoe acordou. 

— A doutora encarregada do estudo já o aguarda — a voz dela se sobressaía ao som oco dos saltos contra o chão.  

Estavam andando em direção à uma sala com portas altas de vidro. Ele respirou fundo. Queria tanto que não tivesse cruzado o mundo em vão, seria desesperador se... Não, não devia pensar assim. Iria dar tudo certo.  Tinha que ser otimista. Pela sua família, tinha que ser forte.  

— Doutora? O responsável pela paciente russa está aqui — Sue anunciou assim que entraram na sala de reuniões.  

A mulher em questão estava de costas, provavelmente lendo algo de uma das dezenas de pastas espalhadas pela enorme mesa de mogno, mas se virou quando ouviu a outra.  

— Obrigada, Sue — disse.  

— Bella?  

Isabella ergueu a sobrancelha, surpresa. Como não percebeu antes? O sotaque russo dele estava tão evidente quanto tinha sido durante a faculdade, as lembranças trouxeram um sorriso para os lábios dela.  

— Emmett? Emmett McCarty?  

— Acho que perguntei primeiro, mas sim, sou eu — ele deu alguns passos a frente, animado por encontrá-la.  

— Você mudou... Está mais... — ela o olhou de cima a baixo, o fazendo rir.  

— Papa?   

A voz sonolenta o fez parar de prestar atenção em sua velha amiga e focar em sua pequena, que agora esfregava os olhos com as mãos. Não esperou por permissão, tirou a mochila do ombro da melhor forma que pôde e largou em cima da mesa. Sentou Zoe em uma das cadeiras de couro e se abaixou para ficar na mesma altura que ela.  

— Por um momento pensei que diria que fiquei mais gato, estou decepcionado — ele brincou com a amiga. — Boa tarde, dinossauro.  

Zoe abriu a boca em um bocejo e olhou ao redor, piscando, curiosa. 

— Quem é ela, papa? — ela perguntou, afastando o cabelo da frente do rosto com as mãos.  

— É uma velha amiga do papa, ela vai nos ajudar — ele acariciou a cabeça da menina e sorriu. — Bella, essa é Zoe, minha filha. Zoe, essa é a Dra. Isabella, que vai ajudar a acordar a mamãe.  

Isabella não sabia exatamente como deixar de ficar impressionada. Emmett sempre fora o mais brincalhão da turma quando estudaram juntos. Vê-lo tão maduro, tão crescido, era estranho. Enquanto ele dava um beijo na testa da criança, que tinha lindos cachos ruivos, Isabella notou como o tempo tinha passado.  

— Oi — ela imitou o amigo e se abaixou perto da menina. — Me chamo Isabella, mas pode me chamar de Isa.  

— Sou Zoe.  

Mesmo com a frase curta, ela notou o sotaque. Era simplesmente encantador. E os olhos azuis exatamente iguais aos do pai, davam um ar angelical ao seu rosto. Isabella estendeu a mão, para cumprimentá-la e com um pouco de desconfiança, Zoe aceitou. A mão pequena contra a sua a fez sorrir.  

— É um prazer conhecer você, Zoe.  

— Papa, temos que ligar para a mamãe e avisar que chegamos — ela murmurou, esfregando puxando a gola da camisa do Emmett para conseguir atenção, como se ele não estivesse completamente focado na filha.  

— É verdade. Assim que o papa e a doutora terminarem de conversar, vou ligar para a mamãe, tudo bem?  


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, meus amores!



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