Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Boa noite | Bom dia | Boa tarde
Aceitem as saudações de acordo com o horário em que estão lendo. Espero que gostem bastante do capítulo, Ana e eu trabalhamos bastante nele para que ficasse maior. Estamos nos esforçando para trazer capítulos maiores no intento de cobri mais espaço da história. Todo e qualquer erro, por favor, sintam-se livres para nos avisar. Estou postando do celular então não consigo visualizar de forma melhor como em um computador. Ana manda um grande beijo e abraço para vocês, o capítulo inteiro foi praticamente ela quem escreveu, então ela é nossa salvadora ♡
Leiam com saúde e bem felizes.
Se você que está lendo ainda não teve o seu comentário do capítulo 17 respondido, não se preocupe, irei responder o mais rápido possível.
Um grande beijo!
Jaci ❤



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Isabella ficou o tempo que pôde conversando com Emmett e tentando ganhar a confiança de Zoe. A menina era adorável, o olhar tão parecido com o do pai, principalmente antes de fazer uma pergunta ou dar uma resposta espirituosa. Foi bom rever seu amigo, apesar das circunstâncias.
— Você parece ter se divertido.
Ela levantou a cabeça, encontrando o sorriso zombeteiro de Jasper. Faziam algumas horas desde que tinham se visto, as coisas no escritório andavam tão caóticas... Ele estava encostado no batente da porta, uma das mãos no bolso e a outro perto do rosto. O polegar passando devagar pelo lábio inferior.
— O marido de uma das pessoas voluntárias é um velho conhecido — ela murmurou, substituindo o jaleco pelo blazer preto com que tinha vindo trabalhar. — Você parece estar se divertindo.
Ele gargalhou, entrando na sala, se sentando na cadeira em frente à mesa dela.
— Quando um amigo está feliz, eu estou.
— Claro que sim, mas diga logo o que quer — ela se sentou também, apoiando os cotovelos no vidro e o queixo sobre as mãos.
— A entrevista com minha irmã.
— Você quer que eu a contrate?
— Isabella, sabe que eu mesmo poderia ter autorizado a contratação dela — ele suspirou. — Mas se fizesse isso, acabaria tendo minha irmã como inimiga e, apesar de gostar de competir, Rosalie é uma adversária formidável que acabaria raspando minhas sobrancelhas enquanto durmo. Não ria — ele reclamou, apertando os olhos na direção dela.
— E para quando marcaremos? Pedi para Sue ver o melhor dia disponível com você, mas já que está aqui.
— Quero que ela se acostume um pouco com a cidade antes de começar a trabalhar de novo, então que tal deixarmos para semana que vem?
— Tem tanta certeza de que vou aceitá-la? — ela sorriu torto.
— Rosalie é bastante competente no que faz. Sim, tenho certeza de que vai aceitá-la.
— Veremos. Sinto muito, mas terei que deixá-lo para trás. Minha cama me aguarda.
A última coisa que ouviu enquanto saía do escritório foi a risada dele.
Dirigir de volta para casa foi tranquilo, alguns caminhões da prefeitura tiravam o acúmulo de neve das ruas, as pessoas andavam rapidamente encolhidas dentro de seus casacos e o sol tentava a qualquer custo burlar a cobertura das nuvens.
Isabella gostava do inverno, era sua estação preferida na verdade. Por isso, enquanto entrava com o carro na garagem, abriu a janela para sentir o ar frio tocar o rosto. Não lembrava de uma época que tivesse se sentindo mais cansada do que os últimos dias.
Depois de estacionar, ficou alguns minutos apenas sentada, com as mãos apoiadas no volante, olhando para a parede de tijolos, com placas temáticas diferentes penduradas nelas, lembrando de como tinha se divertido ao planejar cada pedacinho da casa.
Suspirando, Isabella pegou a bolsa no banco do passageiro e retirou a chave da ignição. Desceu e fechou os olhos quando o barulho da porta batendo soou muito alto para seus ouvidos.
Agradeceu mentalmente por não dar de cara com ninguém enquanto ia até seu quarto. Tudo que queria agora era se enfiar embaixo das cobertas e dormir a maior quantidade de horas possível.

***


Renée abriu com cautela a porta do quarto para ver se Isabella já estava dormindo, fazia algum tempo desde que vira a filha em um momento tão relaxado, tão vulnerável. Ao lado de Isabella, na grande cama de casal, tinha uma forma estranha. Ela arregalou os olhos, surpresa, ao notar que era um cachorro. Com a cabeça apoiada em um travesseiro e o edredom o cobrindo como se fosse uma pessoa.
Olhando melhor, ela conhecia o cachorro de algum lugar. O mendigo! Franziu o cenho, intrigada. Não achava que Isabella voltaria a gostar, ou sequer permitir um cachorro tão perto de si depois do susto que tinha levado quando criança. Renée se aproximou da cama com cuidado, para não acordar a filha.
Deixou seus dedos deslizarem com cuidado pelo cabelo sedoso de Isabella, se inclinando para depositar um beijo leve na testa da mulher dormindo. Ouviu o rosnado baixo do cachorro, mas depois de se encararem por alguns segundos e ela colocar o indicador sobre os lábios pedindo silêncio, ele suspirou e apoiou a cabeça nas patas. Renée sorriu e voltou a analisar os traços delicados do rosto da filha.
O tempo tinha passado tão rápido, quantas coisas Renée perdeu ao longo do caminho, tantos momentos que deveriam ter sido bonitos entre as duas foram desperdiçados com brigas e respostas frias. Ah, como o arrependimento doía. Queria tê-la abraçado, ter sorrido e a elogiado mais vezes.
O cachorro estava olhando-a com interesse. Ela sorriu, limpando algumas lágrimas que tinham começado a correr por suas bochechas. Respirou fundo e endireitou o corpo. Isabella estava dormindo profundamente, o que era bom, as linhas de preocupação entre as sobrancelhas quase inexistentes. Renée se afastou da cama, dando dois toques de leve na própria coxa para ver se o animal a seguia.
Ele se levantou e pulou para o chão, ainda desconfiado.
— Você deve estar com fome, não é? — ela perguntou indo para a porta. O latido dele a assustou, fazendo a virar rapidamente. — Silêncio! Se ela acordar e me pegar aqui, vamos ter problemas.
Já fora do quarto, começaram a andar pelo corredor. Ele parecia ser um animal inteligente, seguindo-a em um trote suave, com o rabo abanando de leve e os olhos curiosos passeando pelas paredes. Renée sorriu, tentando imaginar o que levou Isabella a trazer ele para dentro de casa, logo ela que gostava de manter tudo limpo. De qualquer forma, não fazia mal.
Quando chegou na cozinha, começou a procurar nos armários por alguma coisa que pudesse dar para o cachorro comer. Ele não era tão ruim quanto lhe pareceu a primeira vez que o viu. Ela riu baixo, amargurada. Tinha sido fria com Isabella naquele dia. A relação entre as duas era assim há alguns anos, algo do qual Renée não se orgulhava. Mas mesmo que fosse apenas uma troca de palavras rudes ou comentários desnecessários, ainda assim era uma forma de interagir com sua filha.
— Como você veio parar aqui de novo? — perguntou para o cachorro o olhando de relance.
Finalmente tinha encontrado o pacote de ração e os potes que devem ter sido usados da última vez. Os encheu com água e comida e deixou no chão. Quase que instantaneamente ele começou a comer. Ela cruzou os braços, o observando abocanhar a comida com pressa. Quando terminou sua refeição, ele apoiou as patas dianteiras nas pernas dela e latiu.
— Você está arruinando meu vestido — ela reclamou, fazendo uma careta enquanto passava acariciava a cabeça dele. Jake latiu em resposta. — Mas não deixa de ser adorável. Temos que ser bem discretos, então faça silêncio, certo? Isabella não pode saber que fui até o quarto dela ou que você desceu.
Ela o levou de volta, abrindo e fechando a porta depois que ele entrou. Se sentia tão cansada subitamente, os ombros estavam pesados e os olhos ardiam. Há quantas noites não dormia direito? Deus, não conseguia lembrar da última vez que sonhou com alguma coisa. As pílulas para dormir certamente eram eficientes quando deviam ser, mas ela evitava toma-las.
Não gostava da forma como a filha a tratava. Queria que as coisas mudassem, queria mudar, mas Isabella era teimosa e simplesmente não cooperava. Apesar de tudo, continuaria se esforçando para agradá-la. Tais preocupações faziam sua cabeça doer. Um copo de gim cairia tremendamente bem, no entanto estava cedo demais para isso.
Os primeiros raios de sol corajosos a atravessarem as nuvens, banhavam carinhosamente o jardim coberto de neve lá fora. Por algum milagre, a decoração e a árvore de natal não haviam sido desfeitas ainda, deixando a sala de estar encantadora. Renée desceu as escadas a passos lentos, passando as mãos nos braços para espantar o frio que começava a sentir. Alguns presentes estavam cuidadosamente empilhados aos pés da árvore.
Ela sentou no tapete, o mais perto possível, e pegou uma das sacolas pequenas. Isabella estava escrito em uma letra cheia de floreios dourados em uma etiqueta presa a uma das alças. Talvez aquela fosse a joia mais preciosa que Renée já teve — e Charlie, seu amado marido, nunca havia poupado na hora de lhe dar alguns mimos. Um de seus bens mais preciosos era abraçado pelo veludo negro como o céu noturno. Deixou os dedos tocarem com sutileza a fina corrente de ouro branco, parando no relicário cheio de desenhos florais.
O abriu com cuidado, arquejando ao ver a foto. Há quantos anos não via aquele rosto? Em uma pequena foto três por quatro, três pessoas sorriam. Ela mesma, só que mais nova, com um bebê extremamente adorável em seus braços e uma senhora, sua mãe. Todas elas sorriam, um segundo de sorte. Renée fechou os olhos, deixando as lágrimas correrem e as lembranças invadirem seus pensamentos.

— Ma puce, queria tanto ter de dado uma vida melhor — a voz macia não parecia pertencer a senhora frágil que tocava com brandura seu rosto. — Me perdoe, não foi por mal.
— Fez mais do que pensa, mãe. A senhora me deu educação, carinho, amor... — Renée respondeu, fechando os olhos, sentindo o calor aconchegante da carícia.
— Não, ma puce. Devia ter feito mais... Você tem seus próprios problemas, mas sempre largou tudo para cuidar de mim.
— Para, mãe — ela deu aperto leve em sua mão, a pele clara coberta com pequenas manchas e sorriu. — A senhora é mais importante para mim que meus problemas.
Renée forçou um sorriso quando ouviu a risada baixa que a mãe deixou escapar. Sem se importar se levaria bronca dos médicos ou não, subiu na cama para deitar ao lado dela. Tirou alguns dos fios brancos da frente dos olhos verdes e deu um beijo demorado em sua testa.
— Onde estão Charlie e Bella? — ela perguntou depois de uma crise de tosse.
Renée a ajudou a levantar a cabeça para que não engasgasse. O nó que tinha na garganta desde o momento em que conversou com o médico pareceu ficar maior. Queria se encolher em um canto e chorar até não poder mais. Pegou na mesa de cabeceira o copo com água e o colocou nos lábios machucados, mas ela não bebeu muito. Sua mãe estava ficando cada vez mais fraca e não havia nada que pudesse fazer. Era um sentimento tão desesperador.
— Charlie a levou para comer alguma coisa — respondeu, arrumando o lençol depois que ela tornou a se deitar. A respiração estava ofegante, mesmo com o oxigênio. — A senhora quer que eu a busque?
— Não, não. Deixe-a comer. Aqui... Este quarto não é um bom lugar para uma criança ficar. Agora, quero que me prometa uma coisa.
— Mamãe, eu-
— Sempre me interrompendo — ela fez cara de brava e Renée sentiu o coração doer. — Sei que você é forte, mas quero que se torne ainda mais.
— Mãe, não é hora de falar sobre isso — começou a reclamar, mas se calou.
— Você é o meu começo, meio e fim, Renée — ela falou com ternura, gesticulando para que a filha apoiasse a cabeça em seu ombro. — Mas eu não posso ser seu fim.
— Não sou tão forte como a senhora acha, dona Anne-Marie. Preciso tanto de você ao meu lado.
A mulher sorriu, envolvendo a filha da melhor forma que conseguia com os braços cansados. Sentiu o corpo da mais nova balançar com os soluços, sentiu seu coração se quebrar com saudade e dor prematura. E desejou, pela primeira vez na vida, ter um pouco mais de tempo.
Renée suspirou, na tentativa de controlar as emoções.
— Je t’aime, ma puce. Plus que ma prope vie — o sotaque francês era forte e reconfortante, familiar.
— Je t’aime, maman — ela respondeu, colocando a mão esquerda sobre o coração da mãe.
Não foi o alarme disparando que a alertou que seu mundo estava se despedaçando. Ela sentiu o exato momento em que os batimentos cessaram.

Renée apertou o medalhão contra o peito. Parecia estar presa em uma vastidão sem fim desde então, incapaz de encontrar apoio ou saída. Como se só tivesse restado uma casca fria e vazia do que costumava ser. Talvez tenha sido isso que afetou tanto seu relacionamento com Bella... Sua pequena Isabella, que agora odiava sequer vê-la, era tão criança quando tudo aconteceu.
Teria que dar tudo de si para conquistar a filha novamente e não seia fácil. Ela era

Washington DC
O cansaço tomou conta de seu corpo, o prendendo contra o colchão. Apesar de ter tido uma boa noite de sono, aquele corte o fazia se sentir cansado e com o corpo pesado. Estava em seu quarto na casa dos pais, haviam tantos detalhes interessantes sobre como tinha sido sua adolescência. Edward se perguntou se algum dia iria recobrar todas as lembranças perdidas, era estranho saber de como tinha crescido pelo que as outras pessoas o contavam.
Suspirou, ficando de lado na cama. Uma das mãos por baixo do travesseiro e a outra descansando em cima. Fechou os olhos, tentando aquietar os pensamentos. Alguns minutos depois, com o corpo relaxado, o mundo dos sonhos lhe abriu as portas. 

— Querido, Pepe não pode dormir aqui — Esme estava sentada na beirada da cama.
Os olhos castanhos, que ele tanto gostou quando a conheceu, brilhavam na luz do abajur. Um garotinho a encarava, mostrando alguma coisa escondida embaixo do cobertor cheio de robôs coloridos. Edward estava ao lado da porta, mas ao piscar, foi parar ao lado da cama.
— Mas mamãe, olha só, ele tá com frio — a criança indicou o que, agora ele sabia, ser um papagaio que de fato tremia um pouco. — Tem dó dele e deixa ele dormir aqui comigo.
— Não pode, meu amor. Vamos leva-lo para a gaiola, lá vai ser mais confortável — ela bagunçou o cabelo dele, sorrindo.
— Tudo bem, mamãe — ele respondeu fazendo bico e ficando de pé.
Esme o pegou no colo, dando um pequeno beijo em sua bochecha. O menino segurava o papagaio com tanto cuidado e de forma tão encantadora, que Edward sentiu vontade de ser a pessoa que carregava a criança no colo. Ele os seguiu, passando por diversos cômodos da casa até o jardim de inverno.
— Mamãe, se a minha vovó mudar de casa um dia, ela vai levar o Pepe junto?
— Sim, mas apenas se ela se mudar.
O menino ficou calado por alguns até abrir um sorriso grande e banguela, levantando o mão, com o indicado para cima.
— Então tive uma ideia, vou morar com ela, o vovô e o Pepe — sua voz estava tão animada que Edward quis rir.
— Vai abandonar a mamãe? — Esme murmurou, fazendo uma expressão triste.
— Não fica assim não, prometo que venho visitar você, o papai e a Alice.
Esme analisava bem os olhos azuis da criança, cheios de inocência, e suspirou antes de gargalhar. Ele ainda era tão pequeno, mas tão cheio de atitude.
— Você prometeu, Edward, virá me visitar — ela brincou, apertando a bochecha dele de leve.

***


Quando abriu os olhos novamente foi por causa de uma faixa de luz incômoda em seu rosto. Piscou algumas vezes, tendo que forçar o sono para longe. Onde... estava? Virou a cabeça de um lado para o outro, analisando as paredes azuis do quarto com desconfiança. E então as lembranças dos últimos dias retornaram. Três batidas leves na porta o fizeram ajeitar melhor o lençol, a voz de Esme do outro lado afastando de vez a letargia.
— Edward? Está acordado?
— Sim — ele respondeu com a voz rouca, esfregando as mãos no rosto. — Estou.
— Bom dia, querido.
O rosto sorridente da Esme parada na porta tinha pouca diferença do da Esme de seu sonho. Era mais bonito, com as linhas de expressão e as pequenas sardas espalhadas pelas bochechas. Ele tentou sorrir de volta, sentindo o rosto inchado. Dormiu mais do que pensava.
— Alice já está chegando.
— Alice...?
— Sim, vocês combinaram de sair juntos hoje, está lembrado? — ela caminhou até a janela e abriu a cortina. Ele piscou várias vezes por causa da luz. — Pode ir tomar banho, vou preparar algo para você comer. Alice vai te deixar exausto.
Ele assentiu, vendo-a sair do quarto sempre com um sorriso nos lábios. Jogou as pernas para fora da cama e ficou sentado alguns segundos antes de levantar.
Fez o que Esme disse, tomou banho, vestiu um moletom e desceu até a cozinha. Comeu sozinho, sob o olhar cuidadoso da mãe. Seu pai estava no escritório, resolvendo umas papelada s última hora antes de ficar livre para o ano novo. Alice chegou quando ele estava ajudando a limpar a mesa, mas ela o fez largar as coisas e o puxou pelo mesmo caminho que tinha acabado de vir.

***


Edward deslizou os dedos pelo cabelo, explorando as laterais raspadas até o fios mais longos. A cor de louro médio acinzentado era aprofundada pelo gel que o mantinha em um penteado estiloso. A barba, antes enorme e suja, deu lugar a um queixo limpo e macio. A sensação de limpeza é maior do que ele imaginava que seria. Seu pai tinha razão quando disse que um corte de cabelo e um bom barbeiro faziam toda a diferença.
Ele sorriu para o próprio reflexo no espelho antes de agradecer ao responsável pela mudança. Alice o esperava sentada, com as pernas cruzadas elegantemente, em uma das cadeiras. O cabelo longo castanho mel iluminava o rosto dela delicadamente e brilhava por causa das luzes. Suas bochechas tinham um tom leve de bronze e os lábios bem avermelhados.
A lembrança que teve de Esme segurando um bebê nos braços passou rapidamente por sua mente, fazendo seu sorriso crescer.
— Alice... — Ela desviou os olhos do celular quando ele chamou seu nome com a voz um pouco trêmula, e concentrou a atenção nele. — Como estou?
— Ah Edward! — ela se levantou e veio até ele. — Está lindo. Eu amei o corte. Só assim para você deixar eu te acompanhar até o salão.
— Barbearia — ele franziu a testa, apertando os lábios para esconder o sorriso.
— O quê?
— Estamos em uma barbearia, não em um salão — a confusão desapareceu do rosto pequeno ao mesmo tempo em que ela deu um tapa no seu ombro.
— Espertinho! Me espera na porta enquanto eu pago.
— Certo. Alice, dê uma gorjeta para ele — Edward inclinou a cabeça na direção do barbeiro.
Ela assentiu, indo praticamente saltitando, até o caixa. Estava sendo um dia bom, divertido. Com cuidado, ele passou as mãos pelo rosto, sentindo a maciez da pele lisa. Quando a irmã voltou e emplacou o braço no dele, Edward ficou um pouco surpreso, mas não se afastou.
— Onde vamos agora? — A curiosidade transparente fez com que Alice se animasse.
— Fazer compras!
Ele não conseguiu evitar a gargalhada enquanto a acompanhava. As ruas e os prédios lhe transmitiam um pouco de familiaridade, coisa que só sentiu em Forks depois de estar lá por três meses.
— Essa é a sua loja preferida da cidade — Alice o puxou para a entrada.
— Sério? — Ele perguntou, seus olhos percorrendo as araras cheias de roupas e os dedos acariciando os tecidos. Um casaco azul escuro chamou sua atenção.
— A cor combina com você... — ela comentou, pegando uma blusa preta de gola alta, o casaco e entregando os dois para uma das atendentes. — Já temos um par.
— Posso experimentar?
— Claro que sim, por que não poderia?
— Sr. Cullen, Srta. Culkin. Quanto tempo! — uma mulher com cabelos pretos presos em um rabo de cavalo alto os cumprimentou com um largo sorriso. — E em que posso ajudá-los?
Tinha impressão de que já a conhecia, mas não conseguia se lembra. Olhou de relance o crachá para saber seu nome. Candice estava escrito em letra cursiva.
— É um prazer te ver novamente — ele respondeu, sorrindo. Por mais estranho que achasse, se sentia confortável e confiante. — Gostaria de provar essas.
— Essas aqui também — Edward não tinha notado quando Alice se afastou, no entanto, ela estava do outro lado entregando um cabide atrás do outro para as atendentes que a seguiam.
— Me acompanhe, por favor, Sr. Cullen. Vou levá-lo até o provador.
Alice o observou seguir Candice. Estava orgulhosa do irmão e feliz. Mais feliz do que conseguiria expressar.


Forks – Washington
Ela tinha acordado cedo naquela manhã, hábito adquirido que achava difícil de se livrar. Passou a mão sobre os lençol macio de algodão egípcio, franzindo o cenho quando não sentiu a presença de Jake. Onde raios será que o cachorro tinha ido? Isabella não se lembrava de ter deixado a porta do quarto aberta ao ir dormir. Se levantou com certa urgência, colocando o roupão por cima da camisola de seda e saindo do quarto à procura do pequeno encrenqueiro.
Procurou praticamente em todos os lugares da casa, inclusive no quarto que foi do mendigo pelos breves dias que ele ficou ali, e não viu nem um pelo dourado do pequeno encrenqueiro. Menos... Não seria possível que... Antes mesmo de completar o pensamento, já tinha começado a se mexer. Quando ouviu os rosnados e latidos leves saindo do quarto dos pais, podia jurar que seu coração parou por alguns segundos.
A porta estava entreaberta, que nem a de seu próprio quarto estava, e quando seus olhos encontraram a origem de sua preocupação, sua expressão facial mudou.
— Merda — ela suspirou, apertando os punhos com raiva. — Ah, droga!
Jake estava na cama de sua mãe, mordendo com vontade alguma coisa pequena.
— Por favor, me diz que não estou vendo isso — murmurou para si mesma, duas vezes, em desespero. Ela se aproximou para começar a tentar tirá-lo dali antes que Renée saísse de surpresa de algum lugar do quarto. — Sai daí, meu filho, esse quarto não te pertence!
Isabella reclamou entredentes. Jake latiu e abanou o rabo para ela.
— Calado! — ela ordenou. O som de água caindo chegou aos ouvidos dela, fazendo a urgência de tirar o cachorro dali aumentar ainda mais. O silêncio invadiu o quarto, a maçaneta fez barulho e seu coração parou de novo. O bendito Jake não respondia aos seus comandos então ela o pegou no colo, só para vê-lo pular de seus braços segundos depois. — Isso não pode estar acontecendo!
— Isabe... — a voz curiosa de Renée a fez virar.
— Mãe, eu posso explicar... — Isabella viu as sobrancelhas da mãe se erguerem quando começou a falar.
— Explique.
— Ele estava perdido, ou m-melhor, ele veio até mim — Isabella passou a mão pelo cabelo, inquieta, tentando se concentrar. Achava estranha a expressão tranquila no rosto da mãe. — Tentei mandá-lo embora, mas ele não ia. Então tive que trazê-lo para dentro senão os vizinhos reclamariam. A senhora sabe como vizinhos podem ser, não é? Reclamam de tudo.
Talvez fosse a primeira vez em anos que Renée se sentia à vontade para rir, a gargalhada escapando antes mesmo que ela notasse. Jake latiu algumas vezes e abanou o rabo, deitando na cama e as olhando.
— Do quê... Do quê está rindo?
— Bella, querida, mentir não é seu forte. Quando tenta, se enrola na própria mentira.
Isabella deu um passo para trás, chocada. Nunca tinha visto a mãe agir daquela forma e não tinha nem noção de que ela prestava tanta atenção que sabia até mesmo quando estava mentindo. Renée sempre lhe pareceu tão... distante. Pelo visto, Jake não ia encontrar nenhum problema ficando ali, então não havia motivos para ela estar naquele quarto.
— E-eu... — ela balbuciou. — Eu vou me trocar.
Não deu tempo para Renée dizer que estava tudo bem, não deu tempo nem para recuperar o fôlego depois das risadas.


***


Após tomar um relaxante banho quente e se deliciar com uma caneca de cappuccino sentada em sua poltrona preferida da biblioteca, Isabella girava o celular entre os dedos em uma tentativa de decidir se devia ou não ligar para Jacob. Fazia um tempo desde a última vez que foi ao cinema, mas não queria ir sozinha. Não tinha nem ideia de quais filmes estavam em cartaz. Procurou o número do amigo nos contatos e discou.
— Bella? — Ele atendeu no terceiro toque.
— Oi, Black — ela saudou, o ouvindo prender o riso. — Tudo bem?
— Tudo ótimo e com você?
— Entediada — respondeu, inconscientemente esticando a mão para fazer carinho atrás da orelha de Jake, que tinha decidido subir na poltrona com ela. — Você está ocupado hoje? Queria saber se está afim de sair e me fazer companhia.
— Hoje? — Ele suspirou. Isabella conseguia imaginá-lo coçando a nuca enquanto pensava. — Não chegaria aí a tempo...
— Por que? Você não ficou bêbado e saiu aprontando por aí não, né?
— Não, sou um tira, esqueceu?— ele gargalhou do outro lado da linha, fazendo-a sorrir. — Estou longe de Forks agora.
Isabella se levantou, despertando Jake de seu cochilo e começou a andar pelo cômodo. Começava a ficar com raiva, sua respiração um pouco alterada.
— Mais uma vez foi embora sem se despedir. Isso é frustrante, Jacob.
— Desculpa, Bella! Bella?
— Estou aqui.
— Foi uma emergência, tive que sair com pressa...
— O que aconteceu? — ela perguntou preocupada, esquecendo que devia estar irritada com ele por alguns segundos.
— É complicado e antes que me pergunte, é uma história muito longa pra ser contada por telefone — ela ouviu o barulho de uma porta abrindo e fechando no fundo, mas se conteve. Então ele continuou. — Quando eu voltar, marcamos de almoçar juntos.
— Quando você volta? — Ela se sentou novamente, afastando a cabeça de Jake de cima de sua perna. Ele latiu reclamando.
— Bella, isso foi um cachorro? Desde quando você tem um?
— É uma história muito longa para contar por telefone — ela revidou. — Não mude de assunto, Jacob.
— Daqui alguns dias. E eu ligo pra te avisar quando estiver indo.
— Espero que realmente volte, que não seja como antes...
— Quando nos encontramos, vou fazer você se distrair. Se cuida, viu? — ela ganhou em resposta. — Até mais.
— Até...

 

Próximo capítulo...

Jasper se aproximou sorrateiramente da cama em que Rosalie dormia. Como um menino travesso, olhou para a colher de madeira com um sorriso e acertou na panela que segurava com a outra mão. O barulho ecoou pelo quarto todo, enquanto ele batia.
— Rosie! Acorda! — gritou, começando a se afastar. Tomar uma distância segura era a melhor estratégia no momento.
Os olhos dela se entreabriram, as pálpebras pesadas caindo várias vezes. O azul escuro intensificado pela fúria de ter sido acordada e ainda mais daquela maneira. Com a expressão fechada, ela focou o olhar no irmão.
— Jasper, seu filho da mãe. Sai daqui! — Ela atirou um de seus travesseiros nele, mas o safado desviou.
Rosalie tinha uma excelente pontaria e o teria acertado mesmo sonolenta. No entanto, ele ganhou experiência com o tempo.
— Vamos lá, Rosie, é hora de acordar — ele sentou na beirada da cama, largando o despertador improvisado sobre o colchão. Riu quando tentou tirar uma mecha de cabelo da frente do rosto dela e levou um tapa na mão.
— Você não cresce, não é mesmo? — ela murmurou, arrastando o corpo até ficar mais ou menos sentada.
— Sua capacidade de observação, querida irmã, me surpreende a cada dia — sua voz estava laçada de ironia, fazendo Rosalie rir.
— O que você quer? — ela perguntou.
— Pensei em convidar Isabella e os pais dela para almoçarem com a gente. O que acha?
— Parece uma boa ideia, mas você os conhece? — ele apenas assentiu, empurrando a irmã para o lado e se acomodando na cama junto com ela. — Espero que sejam agradáveis como ela.


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Notas finais do capítulo

Para esclarecer algumas dúvidas possíveis de surgirem.
Ma puce é um termo carinhoso utilizado por mamães lindas para chamarem suas filhas na França. Significa "querida". Lembrando que essas informações foram adquiridas através do maravilhoso Google. Não sou fluente em francês, infelizmente. Mas arrisco um pouquinho no coreano ♡ (que não tem nada a ver com o assunto, então ignorem).
Espero que tenham gostado de ler, se quiserem, nos deixem comentários ♡ amamos interagir com vocês e sabem que mesmo que sejam pequenos, são um grande incentivo. Beijocas e abraços de panda.
^_^



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