Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oie, flores! ♥
Aqui é a Jaci. Vim entregar mais esse capítulo para vocês! Espero que gostem e se não gostarem, podem ser sinceras e falarem o que tem em mente, contanto, por favor, que seja algo construtivo.
Obrigada por todos os comentários, pelo apoio e pela paciência com essas duas autoras aqui. Amamos todas vocês, certo? ♥
Um beijão e até mais ver.



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Ele a ouviu antes mesmo de vê-la. Tinha ido até a cozinha pegar um copo d’água, sua garganta estava seca e doía um pouco devido a inflamação, e já voltava para o quarto quando a doutora começou a descer as escadas.

O som oco ritmado de cada passada que ela dava no piso de mármore ecoou não só pelo hall de entrada, mas também em seus ouvidos. Parado na porta da cozinha, utilizando-se da escuridão que a luz apagada propiciava, ele primeiro viu os sapatos de salto em um tom parecido com o da pele dela. Depois as pernas longas e então o vestido rosa de lã.

Era provável que naquele momento mais do que nunca, ele a comparasse com um anjo. Talvez, até mesmo se recordasse dos momentos de delírio que a febre lhe causou na noite anterior, mudaria de opinião. O cabelo castanho avermelhado caía liso, passando por seus ombros e parando um pouco acima da cintura. Seu rosto delicado não estava cheio de maquiagem, como muitas das mulheres que ele via na rua costumavam usar. Não que ela não estivesse usando, sua escolha tinha sido apenas mais clássica, refinada.

Por alguns segundos, enquanto a observava descer degrau por degrau, ele se esqueceu de que tinha uma coisa muito importante para falar, mas sua oportunidade passou e logo ela já havia saído.

Má sorte, azar, provavelmente ambos. Não sabia ao certo.

Voltou ao quarto e a sentar na ponta da cama, encarando o vaso de cristal que tinha ficado tão maravilhado assim que chegou ali.

Era tão, tão grato àquela mulher. Não só por tê-lo acolhido como havia feito, mas também ao seu cachorro e por defendê-los de seus próprios pais. Antes que percebesse, a decisão já estava formada em sua cabeça e ele olhou ao redor mais uma vez. Teria que esperar a doutora retornar e então, então a livraria de ter mais problemas.

Não quis ficar dentro da casa, estava se sentindo um tanto sufocado dentro do quarto e Jake andava de um lado para o outro inquieto, como se soubesse exatamente o que se passava na cabeça dele.

Terminava de contornar o jardim da frente quando a luz dos faróis iluminou os arbustos floridos e a grama verde orvalhada. Ficou parado, no mesmo lugar, observando a interação entre a Srta. Swan e um homem que ele não tinha visto por ali em sua breve estadia. Ele era bonito, pelo que pode notar à distância, alto e com uma boa postura. Não tinha intenção alguma de interrompê-los, esperou.

Esperou até que o homem entrou no carro e arrancou com o mesmo. Enquanto ela olhava o carro luxuoso sair de sua propriedade, ele se aproximou, fazendo barulho ao andar para que ela não se assustasse.

A frente da casa estava toda iluminada então ali ele ficou, por alguns segundos, surpreso em como ela realmente parecia com um dos anjos, ou então as deusas, que viu em pinturas pela televisão de uma lanchonete. Não conseguia lembrar direito quem era o pintor, mas as obras mostradas eram tão bonitas, belas.

— Boa noite — ela o cumprimentou antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.

— Boa noite — respondeu, colocando as mãos nas costas. A sacola com as roupas novas que ela lhe deu, segura firmemente entre seus dedos nervosos. Ele ficou em silêncio, tentando decidir como começar a falar.

— Você conhece alguma constelação? — a voz suave dela pergunta.

— Não.

— Talvez você as conhecesse antes de perder a memória — ela sorri, ainda olhando para o céu.

— Obrigado, doutora — começa. — Por tudo. Jake e eu somos imensamente gratos pelo que fez por nós. A senhora tem um bom coração. Poderia ter me deixado lá fora naquela noite fria somente com um cobertor, mas ao invés disso, me trouxe para dentro de sua casa. Um desconhecido, que não sabia de onde vinha e nem sabe o próprio nome — ele lhe dirigiu um olhar sério, firme. — Então tudo que eu tenho para dizer é obrigado. Espero que a senhora ganhe em dobro tudo que me deu.

— Você tem para onde ir? — ela, por fim, falou. Ele teria se oferecido para ajudá-la a se equilibrar enquanto tirava os sapatos, mas ela conseguiu se virar bem.

— Sim.

— Se é assim que quer — Isabella murmurou com um sorriso, abrindo a bolsa e tirando um de seus cartões pessoais de contato. — Mas, passe no hospital, certo? Você ainda tem que ser examinado, faça isso, ok?

— Já dei muito trabalho, doutora.

— Besteira! — ela sorriu novamente. — É só mostrar o cartão na recepção. Eu faço questão de que você receba os devidos cuidados.

Eles não dizem tchau um para o outro com as palavras, apenas meneiam a cabeça como reconhecimento. Isabella o segue com os olhos quando ele se vira e anda em direção ao portão. Uma sombra se aproxima dele e que logo é reconhecida como o cachorro, Jake.

De certa forma, sentia os ombros um pouco, mas apenas um pouco, mais leves. Coisa que sua mente insistia em gritar que era errado. Aquele homem não tinha recebido cuidados adequados, seu resfriado podia transformar-se em algo mais grave e o braço seria um incômodo a mais para quem já tinha muito em seu prato. Mas ela simplesmente não poderia mantê-lo em sua casa se ele não queria continuar ali. Estava segura de que, por mais que tentasse, não o faria mudar de ideia.

Tantas coisas acontecendo em um dia só, sua cabeça começava a doer. Respirou fundo assim que viu o portão ser fechado e a silhueta do mendigo desaparecer. Realmente esperava que ele aparecesse no hospital.

A casa estava silenciosa e sem o sapato nos pés, seus passos também eram silenciosos. O piso estava gelado, mas isso não a incomodou, na verdade ela apreciou o frio.

Depois de tomar um banho relaxante na banheira que simplesmente amava e ter colocado roupas confortáveis, Isabella foi para a cama, ligando a TV e dando início no episódio que faltava ver em uma de suas séries favoritas. Estava tão distraída que só notou o celular tocando depois que o mesmo a alertou três vezes. Ainda com o olhar fixo na tela atendeu a chamada.

— Alô?

— Pode pedir para abrirem o portão? — ela se sentou na cama imediatamente. O coração ligeiramente acelerado no peito.

Por mais ansiosa que se sentisse, ainda ficou alguns segundos com a mão na maçaneta antes de criar coragem para girar e abrir. Quando conseguiu, no entanto, o homem de costas, do outro lado de seu enorme jardim, foi a única coisa a atrair seu olhar. Seria mesmo ele? Ainda não conseguia acreditar que ele realmente estava de volta. Seis longos anos tinham se passado e durante todos eles, Isabella sempre se perguntou se tornaria a vê-lo.

Estar com as pernas bambas daquele jeito voltava a ser novidade, sentia-se como uma adolescente prestes a ir para o baile com seu elegante acompanhante. As emoções misturadas a estavam inundando. Havia caminhado em direção a ele sem nem ao menos notar e, agora a menos de três metros de distância, com o coração batendo alucinadamente ela tentou umedecer a garganta seca.

— Jacob — falou alto, para que ele ouvisse e se virasse.

O efeito foi quase instantâneo. Ele virou, rápido, ágil, como um lobo. Seus olhos castanhos escuro encontrando os dela, que por causa da luz do sol, estavam meio esverdeados, se arregalaram. Primeiro, maravilhado pela beleza que a maturidade e a vida adulta tinham dado a ela, depois por notar que ela diminuía a pouca distância entre eles e corria.

Seus braços se fecham ao redor de Isabella e a apertam junto ao corpo como se os seguranças de seis anos atrás estivessem prestes a separar os dois de novo.

— Bella — ele murmura, eufórico, mesmo que sua vontade fosse gritar.

— É você mesmo, não é? Não estou sonhando, estou? — ela fala, sua voz meio chorosa sendo abafada por causa de seu rosto enterrado no peito dele.

— Nós não estamos sonhando. Dessa vez é verdade, Bella. É verdade!

Jacob sente o sorriso dela, sente as lágrimas molharem sua camisa cinza e os braços dela apertarem ao redor de seu torso. Afastou-se apenas o suficiente para ver uma lágrima deslizar pela bochecha pálida dela. Com delicadeza, ele trás uma de suas mãos e com o polegar, arrasta a intrusa para longe. Um sorriso maroto toma seus lábios quando ela levanta a cabeça para olhá-lo.

— Algumas garotas ficam bonitas chorando, Bella, você não.

— Idiota! — ela diz, se soltando dos braços dele e dando um soco de leve em seu peito. Secando as lágrimas rapidamente, sua expressão se torna brava e ela vê com um pouco de satisfação quando ele treme. — Por quê me abandonou? Sabe o quanto eu sofri? Não tinha ninguém para brigar, para ouvir meus desabafos sobre as loucuras da Renée.

— Também senti sua falta. Não houve um dia em que eu não pensasse em fugir.

— E porque não fugiu? — ela perguntou, ficando ligeiramente presa no olhar intenso que ele lhe dava com os olhos do castanho claro mais bonito que Isabella já tinha visto.

— Não tive escolha — ele murmurou, suas bochechas bronzeadas não indicavam, mas ela sabia que ele estava envergonhado. — Não tinha como, não era forte o suficiente.

Instintivamente, Isabella o olhou de cima a baixo. Seu corpo havia mudado. Agora ele estava mais alto, tanto que ela tinha que inclinar a cabeça de leve para trás, para poder encará-lo. Estava musculoso também, quando estava abraçada a ele, ela conseguiu sentir a rigidez dos músculos. O rosto de menino que ela conhecia tinha desaparecido quase por completo, deixando em seu lugar o de um homem, com uma barba cerrada e fina começando a dar seus primeiros sinais de vida.

Isabella levantou uma de suas mãos e a descansou suavemente contra a bochecha dele, sentindo a pele tão macia quanto a sua. Jacob fechou os olhos e inclinou o rosto contra a palma dela.

— Mas eu não vim aqui para falar sobre o passado, Bella — sussurrou cautelosamente. — Queria te ver nem que fosse a última vez, nem que você fosse jogar um balde de água em mim — ela riu e ele também. Ambos sabiam que ela nunca faria isso. — Sempre guardei aquele momento e simplesmente não consegui, não podia aguentar mais.

Após olhar profundamente nos olhos de Jacob, conseguia enxerga aquele brilho que sempre carregava por onde fosse. Em silêncio, eles entraram no Jipe azul. Ele a observava, e ela não conseguia raciocinar direito. O quanto aquele momento parecia surreal.

— É a sua cara — murmura, olhando e mexendo no som do carro.

— Sério?! — fez uma pausa. — Só por curiosidade, conseguiu fazer sua própria coleção?

— Imagina, com todo o dinheiro que consegui, se eu não tivesse conseguido montar minha própria coleção de carros, nada teria valido a pena.

Isabella sorriu ao ver que Jacob se lembrava de seu sonho de ter uma coleção de carros clássicos e modernos.

— Não teria mesmo e, para todos os efeitos, seria uma idiota também! — murmurou, vendo de relance a careta indignada que ela fez. — Quais você já tem?

— Um Impala, como o do Dean e Sam Winchester... sabe?

— Mentira! — disse Jacob a interrompendo. — Igual o de Supernatural? Só pode estar de brincadeira, Bella!

— Eu não ousaria mentir, ainda mais falando sobre esse Impala — abriu um enorme sorriso e piscou para Jacob. — Parece que até não me conhece.

— Engraçadinha! — ele sussurrou, sacudindo a cabeça.— E quando eu poderei pegar ele emprestado.

— Nunca! Nele ninguém meche!

— Então — Jacob desviou os olhos do volante por um segundo e piscou para ela —, eu não sou ninguém. Apresento a você Jacob Black, mais conhecido como seu amigo.

— Já fui apresentada a esse amigo, que furou comigo durante seis anos — fez uma pausa, acompanhada de um bico. — Dispenso.

♦ Algumas Horas Antes ♦

As ruas de Forks estavam movimentadas, as pessoas andando por todos os lados, em busca de enfeites de natal e presentes que deixaram para comprar na última hora. Em um Jipe azul metálico, está Jacob Black.

Um homem que por trás dos óculos escuros de marca, observa atentamente o desenrolar do trânsito. Seria fora do comum se as pessoas parassem para admirar um monte de carros parados, mas para ele, era como se pudesse voltar no tempo. Como se pudesse reviver aquele dia, há seis anos atrás.

Em uma dessas mesmas ruas movimentadas, alguns meses antes do natal havia um garoto dentro de um carro prata. À sua esquerda, a sombra de um homem sério e corpulento, à direita, as luzes da cidade que começava a escurecer. Tinha sido forçado a entrar naquele carro horas antes. Jacob tinha lutado com toda a sua força para que os seguranças do internato onde Isabella estava o deixassem falar direito com ela, o deixassem vê-la.

— Eu sou amigo dela. Jacob Black. Podem perguntar, me deixem vê-la só por alguns minutos — ele tinha falado.

— Não importa quem você seja. Srta. Swan não pode receber visitas — um dos dois brutamontes respondeu, mantendo seu olhar fixo em algum ponto acima e além da cabeça de Jacob.

— Como assim?

— Sr. e Sra. Swan foram bem claros quanto a impedir qualquer tentativa de distúrbio aos estudos da senhorita.

Jacob se lembra de ver a testa homem franzir de leve e do rápido passar de um olhar de pena pelo seu rosto. Mas tudo foi muito rápido e não podia ter certeza.

— Deixe-me ao menos me despedir. É realmente importante, por favor! Serei rápido.

O segurança verdadeiramente sentia pena do garoto e gostaria de poder deixa-lo entrar e fazer o que queria fazer, mas suas ordens exigiam completo cumprimento e não queria arriscar perder o emprego pelo qual batalhara tanto. Endireitou os ombros largos e voltou seus olhos para o ponto em que estavam antes.

— Fechem o portão — bradou repentinamente.

— Bella! — Jacob tinha gritado, meio assustado e tentando passar pelos homens.

Ele a viu ao longe, o cabelo castanho balançando com o vento. Seus belos olhos, que assumiam um tom verde por causa da luz estavam contornados por lágrimas. Uma mulher a segurava pelos ombros

— Jacob! — ela gritou de volta, sua voz se quebrando no final e as lágrimas se libertando.

— Eu vou voltar, Bella — ele promete, tentando novamente e sem sucesso passar pelos seguranças. Os seus próprios vindo até ele e o puxando pelos braços na direção do carro. — Eu prometo que vou.

Tinha sido torturante toda a espera, mas ele agora cumpria sua promessa.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo. Beijos ♥