Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, Ana aqui {♥}

Eu e Jaci só temos a agradecer vocês por nos acompanhar até aqui, e espero que continue apreciando está história que tem dado o que falar.
Quero deixar um aviso, que teremos dois especias. Natal e Ano novo, que passaram nos dias atuais.
Foi com muito carinho, que eu e a Jaci nos empenhamos nesses próximos capítulos.
Quando lerem, se sintam na pele dos personagens, e não deixe de apreciar sem moderação.
Será que receberemos várias recomendações de natal? Seria um presente e tanto, mais só se for de coração!
E esperamos que todas as leitoras voltem!
Beijos, Ana e Jaci :3



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— Da mesma forma que vocês entraram, apesar de que o fizeram sem minha permissão.

— Isabella! — Renée arfou, colocando a mão no peito, como se a resposta da filha a tivesse machucado fisicamente.

— Não fale assim com sua mãe — a voz de seu pai era suave, calma até, mas ela sabia melhor, o conhecia melhor. Ele estava irritado, provavelmente tinha dor de cabeça por ter ficado acordado até tarde trabalhando, como Isabella costumava fazer também. — Ela lhe fez uma pergunta, responda.

— Muito bem. O deixei entrar porque eu quis. É minha casa afinal de contas — começava a ficar irritada, mas tentou manter isso longe de sua voz e fixou os olhos nos de seu pai. — Já pedi diversas vezes para me avisarem quando quiserem vir até aqui. Como não conseguem fazer ao menos uma coisa que eu peço?

Renée trocou a emoção em seu rosto, deixando um sorriso superior tomar conta de seus lábios. Deu alguns passos até chegar próximo de Isabella.

— Querida, mude essa expressão, sim? — quando sua mãe acariciou o lado esquerdo de sua face, por mais que sentisse vontade naquele momento, ela não se afastou. — Vai ficar com rugas e você não quer ter que fazer uma plástica, quer? Imagine só como serão as notícias...

— Isso é tudo que te preocupa? Rugas? Plástica? — Isabella contornou a mãe e foi até o sofá.

Jake abanou o rabo, contente, quando a viu se aproximando. Anotou no seu pequeno caderninho mental de mandar lavarem o sofá depois se de fato estivesse sujo, mas isso era impossível já que na noite anterior o cachorro tinha tomado banho e estava limpo. Rápida e discretamente ela olhou para onde as patas douradas pousavam embaixo da cabeça dele.

Não havia nada para se preocupar. O sofá continuava com a mesma cor e limpo. Renée ainda a iria enlouquecer.

— Bom saber que apenas minha aparência interessa — murmurou.

— Isabella, sabe que não é isso que sua mãe quis dizer — seu pai murmurou, pedindo-a com o olhar para que encerrasse o assunto.

— Ela não devia ter chamado meus hóspedes — frisou bem a palavra, cruzando os braços —, de imundos.

— Estava me referindo apenas ao animal, Isabella — Renée se defendeu, fazendo um gesto de descaso com a mão ainda sem se virar. — Se bem que ele está melhor que... Desculpe, acho que não nos disse seu nome.

O mendigo, com a postura completamente ereta e tensa, levantou a cabeça, ao notar o silêncio e sentir os olhares sobre si.

— Ele, na verdade, não precisa dizer nada já que vocês estão indo embora, não é mesmo? — Isabella interviu, limpando a garganta discretamente.

— Nós não a ensinamos a ser tão rude assim, filha — sua mãe reclamou, pegando a bolsa de marca de cima da poltrona e apoiando-a no braço.

— É, você está certa — respondeu, sorrindo de canto. — Foram os internatos onde você me deixou, mãe.

Isabella notou o quanto o que falou magoou a mulher mais velha, não que no rosto da outra a expressão de calma e superioridade tivesse mudado, mas os olhos verdes perderam um pouco de seu brilho e pareciam doloridos. Renée sempre tinha sido boa em mascarar seus sentimentos e era tão profissional nessa arte quanto a filha era na medicina e o marido nos negócios, pelo visto ela estava perdendo o jeito.

— Não queremos te impedir de fazer o que quer, Isabella — Charlie interveio, andando até a esposa e colocando as mãos nos ombros pequenos dela. — Faça o que tiver que fazer e — voltou os olhos para o homem e o cachorro ainda no sofá e quietos como se fizessem parte da mobília —, traga quem quiser para dentro de sua casa. Vamos ficar no quarto de hóspedes da ala leste.

Sem sequer esperar pelas palavras de indignação que ela tinha na ponta da língua, seu pai levou Renée para fora da sala. Isabella permaneceu parada no mesmo lugar, respirando fundo e tentando controlar o grito que borbulhava em sua garganta. Se o deixasse sair estaria se comportando como a criança mimada que Renée certamente queria que ela fosse.

Sacudiu a cabeça e respirou fundo novamente.

— Você e Jake são meus convidados nessa casa, ela não tem o direito de trata-los assim — murmurou entredentes.

— S-Sinto muit... — os lábios apertados em uma linha fina e os punhos apertados foram uma indicação para que o mendigo nem mesmo terminasse de falar. Seus olhos azuis, ainda tristes, se desviaram para o retângulo negro que era a televisão contra a imensidão branca da decoração.

Queria dizer para doutora tantas coisas e ao mesmo tempo nada. Não falou. Mal respirava.

Ela suspirou depois de alguns segundos e saiu da sala. Ele ouviu os passos pesados subindo a escada e se perguntaria depois como tinha conseguido, já que seu coração tamborilava no peito.

A sala, que antes parecera pequena demais, agora parecia grande e vazia e solitária. Jake soltou um pequeno gemido incomodado para empurrar seu braço com focinho.

— Desça, amigão — acariciou de leve o pelo dourado e macio. — Não queremos complicar ainda mais a vida dela, não é mesmo?

Colocando a língua para fora e saltando para o chão, o cachorro abanou o rabo, fazendo um pequeno sorriso surgir no rosto do homem.

No andar de cima, dentro do banheiro da suíte máster, Isabella retirava do corpo o vestido enquanto lutava para não pensar nos problemas que definitivamente surgiriam nos próximos dias. Estava preocupada, não havia como não estar. E também irritada e ansiosa. Seus pais não deveriam ter vindo sem avisá-la. Odiava quando faziam isso.

Colocou a roupa suja dentro do cesto de vime branco ao lado da bancada da pia e rumou ao box. Abriu o chuveiro e deixou a água quente relaxar os músculos tensos de suas costas pela postura rígida que tinha mantido o dia inteiro. Queria que a água pudesse levar também o que a incomodava, ralo abaixo, mas sabia que isso não iria acontecer.

Enquanto lavava o cabelo, novamente o pensamento de que se nunca tivesse trago o mendigo e seu cachorro para dentro de sua casa, nada disso estaria acontecendo. Mas ignorou. Era verdade que algumas de suas preocupações estavam relacionadas a ele, porém, Jacob não tinha nada a ver e muito menos seus pais. Mesmo que não existisse o mendigo e o cachorro, ainda assim a mera presença do Sr. e Sra. Swan a incomodava um pouco.

Pare, Isabella. Ela comandou a si mesma. Seu foco no momento era ficar pronta para o jantar com Jasper. Resolveria o resto quando tivesse tempo.

Não se demorou tanto no banho quanto gostaria. Estava secando o cabelo em frente à penteadeira, aquecida pelo roupão de algodão vermelho, quando o celular vibrou alertando que tinham lhe mandado mensagem. Era Jasper, dizendo que ia até em casa para poder se trocar também, mas que devia estar de volta em menos de uma hora.

Isabella sorriu, respondendo rapidamente que não tinha problema algum e voltou a secar o cabelo.

Dentro do quarto que lhe havia sido disponibilizado pela doutora, o mendigo estava sentado na cama. Seus olhos azuis nublados por nuvens de pensamentos confusos e tristes.

Quando a mulher, mãe da Srta. Swan, havia chamado Jake de imundo e olhado com novo para seu companheiro, ele não tinha ligado tanto. Compreendia que algumas pessoas não gostassem de animais, isso era normal em qualquer situação. Tinha tentado tranquilizar, o agora tapete dourado de pelos, da melhor forma que pode sem chamar a atenção para si.

Notou como as palavras e a presença dos pais da doutora a deixaram aborrecida e como quando a mulher mais velha havia se dirigido a ele, seu anjo ficou muito incomodada. Estava dando trabalho demais para alguém que já tinha muito em sua bandeja.

Talvez, se ele fosse embora, as coisas melhorariam. Sim, deveria fazer isso. Deixar que ela se tornasse o anjo de outra pessoa que estivesse precisando e que seguisse sua vida sem ter que se preocupar com um homem que nem sequer lembrava o próprio nome.

Jasper em silêncio subia as escadas para o seu quarto, com seus passos tranquilos e assobiando uma melodia qualquer, como se o tempo fosse seu subordinado. Era um espaço enorme, aconchegante, com uma luxuosa cama de casal coberta por lençóis de algodão egípcio em um dourado opaco. Um couro de urso repousava bem no centro do cômodo, o pelo marrom parecendo negro na ausência de luz, sendo contornado por dois sofás de frente para a televisão de tela plana.

A parede oposta a qual a cama estava encostada era feita completamente de um vidro que, para quem estava do lado de fora, seria impossível ver os acontecimentos dentro da suíte. E além de lhe proporcionar uma visão espetacular da cidade, ainda lhe dava acesso a piscina aquecida e coberta que ele gostava de utilizar vez ou outra, acompanhado de uma boa taça de vinho branco.

Ele olhou de relance para a pilha de papéis em cima da mesa, onde geralmente costumava trabalhar ao invés do escritório e sorriu levemente. Teria tempo para lidar com aquilo mais tarde.

Tirou os sapatos ao pé da cama, alinhando–os um com o outro logo em seguida. Começou a desabotoar o paletó, tirando com cuidado cada botão de seu lugar. Gostava de manter suas coisas bem cuidadas e intactas, mesmo que tivesse recursos o suficiente para conseguir mais dez iguais caso quebrasse. O colocou em cima da cama e depois deu início aos da camisa social de algodão. A calça foi a última, junto com a roupa íntima.

Fez seu caminho em direção ao banheiro, que ficava logo depois do closet, retirando o relógio do pulso e o anel que tinha desde sua formatura e os colocando em cima da bancada de madeira com vidro que servia como expositor de suas gravatas.

O piso do banheiro, apesar ser aquecido, ainda assim lhe trouxe arrepios pelo corpo.

Fez um agradecimento mental a Nina, sua empregada, por já ter deixado seu banho preparado, ao avistar a banheira cheia e pronta para ser usada. Com cuidado entrou, deixando seu corpo descer e a água quente tocar sua pele. Foi como se todos os seus músculos relaxassem de só uma vez o tornando incapaz de conter um gemido de escapar por seus lábios entreabertos.

O dia tinha sido produtivo, como geralmente costumavam ser, então ele podia se dar o luxo de arranjar uma tarefa especial. Encontrar Isabella caída no chão daquela forma O deixou preocupado e ele sabia que não conseguiria apenas ignorar e deixá-la com aquele humor. Teria que ser mais ousado dessa vez, fazer algo mais do que apenas observar a beldade de belos cabelos cor de mogno de longe. Esse jantar, o primeiro passo dado, seria bom para ambos e, tudo que Jasper queria era que Isabella melhorasse.

Fechou os olhos azuis por alguns segundos, respirando fundo, sentindo as ondas gentis e suaves da água tocarem seu peito enquanto respirava. Não podia demorar muito, então começou a ensaboar o corpo malhado que adorava exercitar. Outro sorriso, esse malicioso, brotou enquanto ele terminava e se levantava, enrolando uma toalha cinza claro ao redor da cintura e pegando outra para secar o cabelo.

Sabia que Nina já tinha passado por ali quando não viu o relógio e o anel no lugar onde os tinha deixado, então apenas colocou uma boxer azul marinho, com uma faixa em um tom mais claro, por baixo da toalha e deixou o closet para trás. A porta do quarto estava aberta e meio curvada sobre o fim da cama estava Nina, terminando de deitar um conjunto de roupas limpas para ele usar.

— Boa noite, Sr. Hale — ela falou, com um sorriso em seus lábios finos. — Tomei a liberdade de escolher um terno novo para o senhor.

Jasper meneou a cabeça, retribuindo o sorriso.

— Fez uma ótima escolha, como sempre, Nina.

A mulher, mais velha que ele próprio alguns anos, de cabelos louro escuro e olhos castanho mel, deixou seus ombros relaxarem um pouco e se dirigiu até a porta.

— Qualquer coisa me chame, senhor — comunicou antes de sair.

Jasper deixou a tolha cair no chão, esticou a mão e pegou a camisa social branca como neve. Vestiu os braços e quando se preparava para fechar os botões o celular tocou, enchendo o quarto com o som de Uptown Funk. Ele sorriu ao pegar o aparelho e ver o nome na tela.

— Botão de Rosa — saudou ao atender.

— Sabe o quanto odeio esse apelido — a voz feminina cheia de irritação do outro lado da linha era boa de ouvir.

— Uma pena ser a mais nova, não pode reclamar.

— Idiota — ela resmungou. — Estou ligando para que peça à Nina que troque os lençóis do quarto de hóspedes. Estou voltando para Forks.

— Sério?! — ele falou surpreso.

Vestiu a calça rapidamente e depois sentou na cama para colocar os sapatos marrom de bico fino, o celular apoiado no ombro coberto pela camisa.

— Não, estou falando isso só porque não tinha nada melhor pra fazer essa noite do que perder minha paciência com você.

— Se acalme, irmãzinha — ele riu, enquanto abotoava a camisa, fazendo-a grudar em seu corpo como se fosse uma segunda pele. Delineando os músculos dos ombros, do peito e do abdômen trincado. — Quando chega?

— Assim que o avião pousar.

Acostumado ao humor instável de sua irmã gêmea, Jasper não ficou incomodado quando a mesma desligou em sua cara. Apenas riu. E vestiu o terno azul marinho da The Ultimate Bespoke que foi feito especialmente para ele.

Colocou o relógio de volta no pulso e o anel no dedo, caminhou até o banheiro novamente para poder fazer sua higiene bucal. Arrumou o cabelo, o penteando para trás e finalizou o no da gravata. O perfume, Clive Christian, foi borrifado em lugares estratégicos E então Jasper Hale estava oficialmente pronto para levar Isabella Swan para jantar.

Deu uma última olhada no seu reflexo no espelho, um sorriso satisfeito conquistando seu caminho até os lábios que mantinham seu tom natural rosados, apenas com um pouco de brilho. Pegou a bolsa e o celular e, então, saiu do quarto. Enquanto caminhava pelo corredor vazio, ouviu o eco do barulho que seus saltos faziam contra o piso.

Particularmente, a coisa que mais gostava quando usava sapatos de saltos altos era justamente isso: o som que eles faziam. Algo estranho, mas ela gostava.

Não havia ninguém por perto quando ela desceu as escadas e se dirigiu até a porta. Estava uma bela noite. A chuva que tinha aparecido mais cedo, não caía mais e as estralas brilhavam suavemente.

Enquanto se arrumava, ela tinha ligado para o chefe da segurança da casa e informado que Jasper retornaria e que lhe fosse permitida a entrada pelo portão novamente. Então agora, ele estava com o carro estacionado no exato lugar em que tinha estado mais cedo e encostado na lateral com um de seus costumeiros sorrisos brincalhões.

— Não conseguiu esperar, não é? — ela falou, apreciando a vista por alguns segundos.

Como sempre, Jasper estava impecavelmente bem arrumado. O cabelo louro penteado para trás, os olhos azuis brilhantes combinando com o terno azul marinho de forma tão eficaz. E o perfume! Ah, o perfume fez com que Isabella fechasse os olhos e inspirasse fundo. Sim, ela entendia o efeito que aquele homem tinha nas mulheres, entendia e sentia na pele.

— Mas estou te esperando no mesmo lugar — a resposta foi acompanhada de uma risada baixa. Ele abriu a porta do passageiro para ela e fez menção para que entrasse.

O caminho até o restaurante, apesar de silencioso, passou bem longe de ser desconfortável. Ela gostava de pensar que esse era o efeito que ele tinha sobre seu humor. Jasper geralmente conseguia interpretar todas as emoções que Isabella sentia, o que era um dom bem apreciado pela morena.

Apesar de pequeno, o restaurante era um dos mais requintados de Forks e um dos mais caros também. A atmosfera confortável e descontraída, os funcionários atenciosos e prestativos e a comida excelente. Com alguns olhos sobre eles, Isabella e Jasper foram levados até uma mesa para dois e o louro puxou a cadeira para que ela se sentasse antes que o garçom tivesse a oportunidade.

— Normalmente eu a deixaria começar a conversa, como um bom cavalheiro, mas não é o caso. Pretendo mudar isso hoje.

— Oh, não será mais um cavalheiro então? Aposentará sua armadura reluzente e o cavalo branco? — Isabella escondeu o sorriso atrás do cardápio que o garçom acabara de colocar na mesa. — Suas donzelas em perigo irão sofrer se fizer isso.

— Elas sobreviverão alguns dias sem mim — ele responde, sua voz laçada com uma ironia leve e brincalhona. A carta de vinhos é entregue em suas mãos e ele escolhe um branco, o seu preferido, o mais caro da casa. — Quero que se abra comigo, sem se preocupar com o que vai falar. Sou mais que seu sócio, Isabella. Gosto de considera-la como uma amiga e gostaria que fizesse o mesmo — ele inclinou a cabeça para o lado, apoiando o queixo nas mãos e os cotovelos na mesa.

— Um amigo? — ela murmurou, colocando o cardápio de volta no lugar e imitando a posição dele. — Está preparado para saber o lado “obscuro” da minha vida, amigo?

— Todos os lados, Isabella — o sorriso sincero dele estava livre de qualquer malícia e ela praguejou baixinho na cabeça. Como Jasper conseguia falar algo com um duplo sentido e ainda assim manter a expressão de um anjo? — Quero saber de tudo.

— Hnm... certo. Por onde começar?

— Como foi sua infância? — o garçom apareceu novamente, servindo o vinho para ambos e anotando rapidamente os pratos que foram escolhidos. Isabella sorveu um pouco do líquido delicioso antes de encontrar os olhos azuis do homem à sua frente.

— Com quatro anos, meu avó, pai de minha mãe, costumava ler contos de fadas para que eu dormisse durante a noite — ela sussurra. — Ele sempre foi muito carinhoso comigo, me mimando e contrabandeando doces para mim já que minha mãe não permitia que os tivéssemos dentro de casa.

— Pela forma que fala, o ama muito — Jasper comentou, observando como o castanho dos olhos dela parecia derreter enquanto lembranças invadiam seus pensamentos.

— Faz seis anos que ele morreu — ela limpou a garganta tomando outro gole do vinho. — Contos de fada perderam o encanto desde então.

— Deve ter sido horrível.

— E foi. Mas aprendi como superar esses momentos duros sozinha. Os internatos ajudaram bastante.

Seus pratos chegaram e por alguns segundos, nenhum dos dois falou nada, deliciando-se com a explosão de sabores da comida.

— Qual a razão de ter ficado em internatos? — Jasper perguntou curioso. Colocando um pouco mais de sua pasta na boca.

— Acreditará em mim se eu disser que não faço ideia? — fez uma pausa, arrastando o garfo de um lado para o outro pelo prato. — Renée, minha mãe, não soube lidar direito com a morte de meu avô. Talvez tenha sido uma forma dela se livrar das lembranças que tinha dele visitando a casa apenas para me ver, de extravasar um pouco da frustração. Não sei o real motivo. São apenas suposições.

— Parece um pouco... frio.

— Um iceberg seria uma comparação adequada — ela riu, limpando o canto da boa com o guardanapo.

— Qual sua cor preferida?

— Mudança súbita de assunto — o comentário o fez sorrir e ela o acompanhou. — Verde, e a sua?

— Depois de vê-la nesse vestido rosa, estou pensando seriamente em mudar meu gosto.

— Azul não me parece mais uma escolha tão sem graça, também.

Mais vinho foi tomado e eles continuaram a comer.

— Obrigada pelo jantar — Isabella diz, sorrindo, enquanto se levantam da mesa uma hora depois. — Eu me diverti muito.

Jasper, com a mão respeitosamente na base de suas costas, conduziu Isabella até o carro. A música suave que tocava dentro do restaurante conseguia chegar até eles, mesmo que já tivessem saído do mesmo. Por mais que estivesse acostumado a ficar perto dela, ele não conseguia evitar se sentir um bobo.

— Eu também. Será que podemos repetir a dose qualquer dia desses?

— Claro!

Isabella era considerada por muitos como uma mulher fria e geralmente as pessoas se sentiam desconfortáveis perto dela, mas não ele, não depois de ter tido uma noite tão agradável. Oferecendo-lhe um sorriso charmoso, abriu a porta para que ela pudesse entrar.

Isabella naquele momento agiu por impulso. Assim que estava o suficientemente próximo a ele, colou seus lábios. Jasper correspondeu a apertando mais em seus braços, colando seus corpos. Uma de suas mãos se levantou, trilhando um caminho lento até estar posicionada na nuca dela, seus dedos entrelaçados aos fios do cabelo castanho. O perfume doce fez um arrepio cruzar seu corpo quando ambos se separaram por alguns centésimos, na tentativa de recuperar a respiração.

Estavam tão próximos, que Isabella conseguia sentir os batimentos do coração dele contra a palma de sua mão, que parecia queimar pelo contato com o peito forte. Ela envolveu o pescoço dele com seus braços quando retomaram o beijo, que tomava mais velocidade.

— Isabella... — Jasper sussurrou ofegante, sentindo o pequeno sorriso nos lábios doces que tinha acabado de provar.

— Espero que não se arrependa — ela murmura de volta, sua voz laçada com malícia.

Em segundos Jasper a tem contra a lateral do Lykan Hypersport branco, suas mãos em um aperto firme nos quadris curvilíneos. A agilidade com que ele realizou o movimento a surpreendeu, ele pode notar isso no pequeno arfar que ela deu, com seus lábios deliciosamente vermelhos entreabertos.

— Porque eu não pretendo parar agora— ela sussurra, a malícia de sua voz para os olhos que tinham as pupilas dilatadas.

Ele exibe um de seus sorrisos sedutores, que Isabella vira tantas vezes ser distribuído para as outras mulheres e que sempre achara bonito. O aperto no quadril dela se torna um pouco mais forte e então a mão direita retorna para a nuca dela, os dedos se prendendo em seu cabelo novamente. Lentamente, Jasper deixa sua boca deslizar suavemente pela bochecha dela até chegar próximo a orelha. Isabella sente arrepios atravessarem seu corpo quando a respiração dele toca sua pele.

— Não irei permitir que pare — ele sussurra e sorri ao ouvir ela ofegar. Desce os lábios até o pescoço e beija a área com uma demora deliberada.

Isabella, presa na sensação prazerosa que o homem a proporcionava, sentia-se inebriada com o perfume gostoso, sentia-se quase livre nos presa entre o carro esportivo e o corpo quente de Jasper.

O momento perfeito e o clima, para a infelicidade dos dois, foi interrompido pelo primeiro som incômodo de buzina. Isabella foi quem praguejou baixinho, encostando a testa no ombro dele e respirando fundo.


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Notas finais do capítulo

Então meninas, como estão o coração de vocês depois deste capítulo?
Nos conte, não nos deixem curiosas, comentem o que acharam!