Mesmos Nomes. Outras Histórias. escrita por Eduardo Marais


Capítulo 9
Bosque de Frenjalote




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– Vamos deixar o navio atracado aqui e seguiremos o restante pela floresta e pela estrada. – o pirata volta-se para Smee e segura seu rosto entre as mãos. – Cuide bem da nossa casa, meu amigo. Estaremos de volta em breve!

– Boa sorte, Capitão! Cuidado com as armadilhas da floresta e não se perca pelas jovens das tavernas!

Regina revira os olhos e começa a caminhada sem esperar pelo pirata. Ao seu lado, Adam segue calado, sempre protegido pela sua capa com capuz.

– Deixe-me levar nosso macaco cabeludo para conhecer os primos alados dele! – o pirata fala em alto brado, provocando risos nos comandados. A gargalhada dos piratas é assustadora.

– Todos têm um lado bonito, Capitão. Não seja cruel!

– Então, meu caro Smee, o nosso macaco cabeludo é um círculo!

Outra vez a risada vinda dos piratas causa arrepios em Regina. Ela se sente incomodada, olha-os por cima do ombro e sente que não eram homens bons ou mesmo heróis. Homens perigosos, como poderosos olhos de lobos famintos. Ela segura no braço de Adam e prepara-se para usar seus truques, caso se sentisse ameaçada.

Após um período de caminhada pela praia, o trio chega à entrada de uma mata com árvores altas e densas. Ali começaria a jornada para o encontro com a Sombria.

– Procurem ficar sempre na trilha. Nos próximos dois dias, evitem a aproximação à margem do rio. Quando a água acabar, poderemos pegar água nos cipós ou da chuva, mesmo de alguma piscina natural. As nereidas estarão parindo nos próximos dias e ficam perigosas com quem entra no rio ou se serve dele.

– Há alguém nesse lugar?

– Sim, Rainha. Há três aldeias e há os animais. Todos os seres vivos respeitam esses dois dias sagrados e perigosos. – o pirata indica o caminho. – Acreditem em mim: uma nereida parturiente não é uma visão agradável de ter. Caso vocês olhem pelo ângulo que estou apontando, poderão enxergar o palácio da Sombria.

Regina e Adam olham na direção indicada e localizam o ponto.

– Você seguirá na dianteira, macacão. A Rainha virá na intermediária e eu ficarei na retaguarda. Caminharemos em linha reta e acredito que em uma semana estaremos no pico da colina. Não nos perderemos porque conseguiremos ver a casa durante o dia e também durante a noite. A casa fica iluminada, porque a Sombria tem medo das sombras.

Regina olha para a casa lá longe. Um pequeno ponto visível no alto da colina.

– Passaremos por três aldeias e descansaremos nelas...talvez...

– Pensei que ninguém morasse na ilha. – diz a morena começando a apreciar a aventura.

– São pessoas que fogem de movimentos ou de reinos opressores. Na última aldeia da trilha, veremos um longo píer onde alguns pequenos barcos fundeiam. São barcos de pesca...

– Você vem aqui sempre, pirata?

Os olhos celestes do pirata levam-se lentos e sem interesse para Adam.

– Eu sou o elo entre essas pessoas e os centros comerciais. Levo e trago mercadorias. Mais alguma pergunta antes de começarmos nosso passeio?

– Quais são os perigos da trilha, além das nereidas?

O Capitão pirata fica pensativo com a pergunta de Regina.

– Os animais, plantas venenosas, algum aldeão mais embrutecido, macacos voadores, ogros...basta que passemos incógnitos. Mas temos os truques da Rainha, as flechas envenenadas do macacão e minha espada. Terão de confiar em mim.

– E temos outra opção? – ironiza Adam.

Mantendo os olhos na arrumação de suas luvas, o pirata mostra-se despreocupado com a opinião dos companheiros. Definitivamente era outro homem, menos festivo e mais sombrio.

– Sim, há! Eu posso desenhar as coordenadas gráficas em um mapa, vocês seguem sozinhos e eu permaneço no conforto de meu navio.

Regina sente-se enjoada daquela disputa imbecil. Afasta-se dos homens e começa a caminhada sozinha, deixando-os para trás. Imediatamente, os dois a seguem e durante quase uma hora, nenhuma palavra é dita. Adam emparelha-se com Regina e segura o braço dela, oferecendo e recebendo apoio.

– O que Rumpel fez para sua família? – ela pergunta.

– Ele nasceu.

– Não seja infantil! Essa resposta, eu ouviria do meu filho que está com dezessete anos. O que o ele fez para sua família?

– O pirata bandido é filho de uma nereida com o rei de Frenjalote. Ela não quis o bebê e o entregou. O rei George levou o menino híbrido para uma família de camponeses e o deixou para ser criado ali. Minha família. – Adam sorri e inspira profundamente. Olha por cima do ombro e observa o pirata caminhando a uma distância considerável. O olhar que vê naquele rosto, não o agrada.


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