Mesmos Nomes. Outras Histórias. escrita por Eduardo Marais


Capítulo 8
Nereidas ou Família?




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Era a segunda noite a bordo do imenso navio Nereidas e aquilo estava deixando Adam totalmente irritado e difícil de controlar. Mesmo lutando consigo mesmo, ele percebe que a luta contra a fera estava quase perdida. A fera queira liberdade, queria correr pela mata, mergulhar nas águas frias e sentir o vento contra seu rosto, longe do balanço daquele navio.

Dentro da cabine, Adam ainda buscava as últimas reservas de forças para não rasgar o pescoço daqueles piratas barulhentos e seguir nadando até a ilha onde ficava o covil da Sombria. De repente, uma ideia passa por sua cabeça e ele se sente perdido em meio do nada: o pirata o estava levando como cativo para algum lugar longe da civilização e tinha Regina como sua cúmplice.

Furioso e alterado pelo vinho, ia saindo da cabine, quando esbarra em Regina, entrando no cômodo rapidamente. Ela lhe entrega uma pequena bola escura e macia.

– Coloque essa cera nos ouvidos! Estamos sendo atacados por nereidas e sabe o efeito que o canto delas causa nos homens!

Sem hesitar, Adam obedece e começa a proteger-se.

– Por que elas estão nos atacando?

– Estamos na mesma rota delas e muitas estão em período próximo ao parto.

– Por que o pirata não muda a rota? – ele protege os ouvidos e fixa os olhos nos lábios de Regina, para ler os movimentos deles.

– Porque estamos indo para o Santuário do Nascimento. É lá onde está atualmente a Sombria.

– Quero ver as nereidas de perto! – ele sai da cabine e em poucos minutos está no deque principal, observando as criaturas em torno do navio. Olha para os lados e percebe a tranquilidade de toda a tripulação.

As nereidas saltavam de dentro da água e não demonstrava agressividade. Algumas delas batiam a cauda contra o casco do navio e depois se afastavam, esperando alguma reação dos piratas. Mais longe, formando um cordão de isolamento, os tritões pareciam rir da situação. Queriam que o grupo fosse notado.

Depois de um tempo, o Capitão pirata deixa a roda do leme, debruça-se na lateral e olha lá para baixo. Regina e Adam fazem o mesmo, assumindo um espaço entre os tripulantes.

– Estão querendo afundar o meu navio, meninas?

As nereidas emitem sons agudos. Era a terrível risada delas.

– Estávamos com saudades, Capitão! – grita uma delas. – Por que não tira suas roupas e mergulha conosco?

– A água está fria demais! – ele grita sorrindo. – Eu ficaria encolhidinho e vocês não iriam apreciar a visão!

– Você é lindo de qualquer forma! Mergulhe conosco como sempre fez!– uma nereida ruiva destaca-se em meio às outras. – Você tem companhia diferente?

– Estou levando dois amigos para uma visita à nova casa da Sombria! Penso que na volta, depois que todas vocês parirem seus lindos bebês, poderemos nadar todos juntos outra vez! No momento, penso que seria arriscado desafiar seus tritões!

– A mulher é linda! – grita outra nereida. – Quem é o monstro?

O pirata acha graça e olha para Adam. Fica feliz que ele não tenha ouvido a provocação.

– É meu amigo! Ele vai ser curado pela Sombria!

As nereidas gargalham e afundam nas águas escuras. Depois emergem e saltam como golfinhos. Roliças como suas barrigas grandes, mas leves e graciosas.

– Elas são diferentes das sereias que conheço. – comenta Regina encostando a boca ao ouvido do pirata. Ela havia percebido que ele não usava a cera protetora. – Por quê?

– São filhas de Plistacon, irmão de Poseidon. E ele não é bonito de ver.

– Por que você não se protegeu? Elas poderiam enlouquecer você!

O belo pirata sorri e volta seus olhos para as criaturas saltitantes, lá embaixo.

– Elas não ferem seus iguais. – ele acena para elas. – Foi maravilhoso ver todas vocês! Espero que tenham saúde nos partos!

Regina mostra-se encantada com aquela situação e com a segurança que o pirata exalava em seus movimentos. Olha o mar escuro e observa o grupo desaparecer dentro das águas.

– Você é um tritão? – a ideia ocorre em Regina. – Por isso o rio regenerou o ferimento da flecha?

Os olhos pesados do pirata fixam-se no rosto de Regina. Eram olhos bonitos, enfeitados por longos cílios escuros, perfeitos demais para estarem num rosto masculino. Imediatamente, Regina entende porque ele era incomum.

– Não sou um tritão. Sou apenas um homem, simpático aos olhos das nereidas. Elas nos deram boas vindas, mas não poderemos vacilar com elas. – o pirata se volta para seus tripulantes. Gesticula para eles, ordenando para que não tirassem a proteção dos ouvidos.

Adam ainda permanece debruçado no gradil de madeira, olhando o mar noturno. A paz que vinha daquelas águas afugenta toda a inquietude de sua alma. A fera estava dominada e ninada pelo balanço do navio. E ali, ele fica até que os primeiros raios de sol surjam lá no horizonte.

Tudo silencioso no deque principal. Apenas a figura solitária do Imediato que havia se revezado no controle do navio.

– Às vezes, eu me esqueço da origem do pirata maldito. – ele fala ao Imediato, depois de tirar a proteção do ouvido.

– O Capitão é um bom homem.

– Eu sei quem ele é, Smee. Sei do que ele é capaz e o considero responsável por todas aquelas mortes, pela perda de Arcuri e pela maldição que me acompanha.

– A pessoa responsável pelas mortes pela Peste, é a Rainha Monstro. Foi ela quem trouxe o controlador da peste, do fundo das cavernas.

– Trouxe por causa da presença de Rumpel!

Smee sorri sem exibir os dentes.


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