– Hello

Ouço a voz de Tayler, parece vir de casa, tento segui-la, não vejo nada, me movo cega perante uma enorme escuridão, sinto-me vagando como uma alma penada, porém é diferente, estou sempre conectada a mente de alguém, ouvindo seus pensamentos enquanto continuo andando, de repente sinto um enorme impacto, entrei em algo, continua escuro, mas agora sinto meus membros, finalmente estou em meu corpo.

Levanto da cama, Tayler está na sala conversando com Ramon, ambos concordam que ter apagado Vic foi o melhor a fazer naquela situação, desço as escadas.

– É ela? – diz Tayler me olhando tão fascinado que por um instante achei que iria desmaiar

– Oi – digo

– Uma descendente de Rafagh na minha frente falando comigo?! – ele surta – qual o seu nome garotinha?

– Davina

– Que nome lindo, forte, Ramon estou fascinado com essa garota, mas por que ela é branca assim?

– Tenho baixa melanina

– Ah! Conhece mais kirians???

– Vivos só um

Conseguia ver o ponto de interrogação em sua testa sem nem mesmo ler sua mente, Vic interrompeu o interrogatório.

– Quando é que vai começar a contar as historinhas criatura?

Tayler bufou, Ramon olhava tudo com a maior calma

– Não são historinhas Vic! – ele se acalmou – o quanto você sabe Davina?

Lembrei de tudo que a moça bipolar disse sobre Rafagh

– Eu sei até onde Rafagh e Ernesto conhecem uma vampira chamada Isabel

– Tá... para ambos foi amor à primeira vista, os amigos nunca tinham visto uma mulher como aquela, amor platônico de dois garotos doze anos por uma garota de 17, porém Rafagh tinha uma vantagem, podia entrar na mente dela e saber como conquista-la. Durante anos toda a ilha ficou sobre o comando de dois moleques, Rafagh conseguiu “domar” o monstro que era Isabel a distância, apenas entrando em sua mente, até que puderam todos conviver em paz, ela se alimentando apenas de quem era contra o governo dos garotos, matando assim os indesejáveis a eles e deixando vivo seu povo. O problema é que crianças crescem, ao passar dos anos Isabel continuava a ter 17, mas Rafagh 13, 14, 15... ele só parou de envelhecer aos 20 ficando mais velho que ela e para Ernesto foi pior, bruxos não param de envelhecer, ele então tinha pressa para conquistar Isabel, já ela preferia os olhos azuis acinzentados de Rafagh aos verdes brilhantes de Ernesto, os cabelos poucos compridos do kirian aos curtos do bruxo, os lábios macios do jovem aos secos do que já passara dos 20. Rafagh poderia ter qualquer mulher que quisesse apenas controlando-as, mas seu amor por Isabel era tão grande que o faria abrir mão de qualquer coisa se ela pedisse, até mesmo de todo seu poder, ao lado dela o homem descrente de sentimentos, deuses, morte, se tornava outro completamente diferente e ao contrário de Isabel ele nunca teve outro alguém, seu único problema era a enorme necessidade de controle. Ernesto de pouco em pouco passou a odiá-lo e a tentar de todas as maneiras que conhecia rouba-la contra sua vontade.

A campainha toca interrompendo a Tayler, ele mesmo vai atender como se a casa fosse dele, Hayley cochicha no ouvido dele:

– Nossos estados estão com problemas

– Que tipo de problemas e por que cochichar?

– Tem uma caçadora profissional à solta na ilha – diz ela novamente no ouvido dele, só que dessa vez olhando para Ramon

– Esqueceu que sou vampiro Hayley? Estou ouvindo do mesmo jeito – Ramon fala sem sair do sofá de costas para ela

– Mas é para vocês ouvirem dentinho – ele se vira erguendo uma sobrancelha

– Do que você...

– Fica quieto irmão, deixa a criatura falar o motivo de interromper-nos

– Uma garota humana matou um lobisomem adulto no estado Wolf, um humano normal não teria força nem técnica para isso, ela foi treinada, muito bem, aponto de poder ser uma profissional em matar seres sobrenaturais. – diz a loba

– E... – a vampira levanta as sobrancelhas

– O que temos haver com isso Hayley, ou só veio aqui para me ver – o vampiro sorri

– Talvez... – Hayley balança a cabeça tentando afastar algum pensamento indevido – Gente! Presta atenção, uma caçadora à solta pela ilha! O irmão do lobo, o qual eu tinha falado, testemunhou o assassinato, a caçadora o viu e não fez nada apenas saiu do local, horas depois uma bruxa foi assassinada no estado Maya – ela se virou para Tayler – as câmeras de segurança registraram uma garota exatamente da maneira que a testemunha “sapiens canina” disse, uma mulher jovem de 16 anos, incrivelmente linda de uma maneira não convencional, cabelos longos e pretos, olhos azuis acinzentados, descendência indígena, ela é suspeita de mais sete mortes nessa semana, muitas vezes usa da sensualidade para atrair vítimas e mata apenas quem foi encomendado.

– Como assim encomendado? Uma assassina de aluguel?

– Exatamente Tayler, por isso a preocupação de meu pai, ela pode matar qualquer sobrenatural da ilha, independentemente de seu poder sobre os estados. Um cara foi interrogado, ele confessou que a contratou para matar um Wendigo no estado Wolf, pois ele assustava seu filho com a aparência, a bruxa morta foi encomendada pelo seu filho, o qual queria a herança, sobre o lobisomem e os outros casos ninguém sabe. Essa garota não é uma justiceira que mata os monstros quais causam problemas, simplesmente qualquer um que quem tiver dinheiro queira.

– E o que se sabe sobre ela? – Ramon pergunta

– Que mora com o pai no seu estado, ele a ensinou o que sempre fez só que em menor frequência, meu pai mandou Leandro para falar com os Maikle, eles procuraram sobre o rosto que as câmeras capturaram, em documentos e na internet da ilha ela simplesmente não existe, nunca antes alguém havia visto seu rosto e ninguém os conhecem.

– Então por que não a procuramos como se quiséssemos encomendar uma morte?

– Ela não é nada burra Tayler, já tentamos, ela só negocia com humanos e os Maikle não estão nem ai para isso.

– Poderíamos então hipnotizar um humano e manda-lo para essa tarefa – Victory olha para o irmão

– Não – Ramon rói as unhas pensativo – não daria certo, lembra do último assassino de aluguel assim, ele sabia quando alguém estava hipnotizado

– Quem? – a vampira olha para ele

– Aquele que apareceu logo após o que aconteceu com May... – ele para por um instante – logo após a morte de Maya você se mandou e virou essa... coisa fria e bêbada. Tolice a minha, óbvio que não se lembra, não estava aqui

– Óbvio é eu não estar aqui, olhando para a bruxa que matou ela, a criança que causou isso e o pior você que não a segurou e impediu! Se você não fosse tão Fraco, minha melhor amiga estaria viva! – ela começou a gritar o que dizia

– Acha que EU não a queria viva também Victory Deathless? – ele gritou

– Acho que se realmente a amasse teria colocado sua vida antes de sua liberdade pelo menos por alguns segundos

Ramon agarrou Vic com as duas mãos envolvendo seu pescoço e bateu contra a parede que se quebrou

– Não duvide o quanto eu a amava NUNCA!

– PAREM! – gritei

Sem me mexer fiz com que Ramon soltasse Vic e se afastasse até o outro lado da sala

– Só um kirian que esteja pelo menos no estágio dois pode fazer isso – Tayler estava assustado

– Isso o que? – perguntou Hayley enquanto os vampiros se acalmavam

– Colocar pensamentos em alguma mente e conseguir transforma-los em realidade – respondi

– Mas isso é impossível, ela só tem 7 anos, para passar de um estágio ao próximo um kirian tem que matar outro, a não ser que a Davina seja especial... talvez ela tenha uma mutação no DNA que a faça mais única e...

– Não – interrompi Tayley que buscava desesperadamente outra resposta que não fosse a verdadeira, todos me olhavam – Me desculpem, mas eu não sou um herói das histórias que nasce mais especial que algo já assim por um motivo e consegue superar a todos apenas pelo bem, o motivo de eu ser assim não é nada único, tampouco incrível.

– O que está dizendo filha? – Ramon me olhava incrédulo de aceitar que sou um monstro

– Não sou sua filha e nunca se perguntou por que meus pais me abandonaram? Eu matei minha irmã Naomi, logo após ela ter matado Sarah. Tenho sangue de um kirian em minha mão e poder de três.

– Eu só sei o que acontece até o estágio 2, o que pode fazer um kirian no estágio 3? – perguntou Tayler

– Eu não sei