Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 10
My Family




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Todos ainda estavam pasmos, por minutos se manteve um estrondoso silêncio, até Hayley quebra-lo:

– Davina, como assim Matou sua irmã logo após ela ter matado Sarah, quem era Sarah?

– Minha outra irmã

– Por que ela fez isso?

– Porque Kirians nascem assassinos... quando um de minha espécie nasce – parei por um momento para me acalmar – sete horas depois uma pessoa qualquer que esteja próxima do recém-nascido morre

– Nunca te perguntei nada pois achava que era uma criança indefesa, mas agora quero que conte Davina – Ramon me encarava com um olhar que jamais tinha visto nele – de que tipo de família você veio?

Entrei em pânico, todos estavam me encarando com uma decepção estampada em seus rostos, principalmente meus pais vampiros, achavam que eu era uma criança pura, diferente de todos eles, que jamais tivesse matado, que fosse inocente de tudo. Respirei fundo e comecei:

– Do pior tipo que possa ter, pobres e sem amor. Minha família carrega com si o fardo do sobrenome Deverrom. Antes mesmo de vocês terem chamado um Mystic para contar sobre minha espécie, antes de terem me adotado, da janela do quartinho meu e de meus irmãos toda noite via bruxas e após todos dormirem ou se ocuparem fugia com elas para a floresta, elas me contavam histórias que explicavam muitas coisas da minha vida, mas eu nunca poderia dizer nada daquilo a minha família, elas me contaram que a mais de um milênio um homem com os mesmos poderes que eu, teve uma filha chamada Deverrom, ela e seu pai Rafagh eram os últimos da espécie, porém descobriram como criar mais, transformaram oito casais de humanos em kirians, Rafagh para homenagear a filha fez com que todos que deles descendessem teriam o sobrenome Deverrom, algum tempo depois o ancestral dos Mystic, Ernesto amaldiçoou toda essa linhagem a metade não poder amar e a outra a destruir a quem ama.

– E o que isso tem a ver com sua família criatura?

– Meus pais estavam na metade que não poderia amar, eles eram primos, se casaram pois queriam reverter o vazio que sentiam dentro deles, porém não eram o suficiente, decidiram então ter um filho, a criança nascida foi chamada de Sophia, a sabedoria que precisavam para conseguirem amar e conseguiram, apesar de morarem no único bairro extremamente pobre do estado Vicely e serem jovens demais para terem filhos, os dois adolescentes de dezessete anos quebraram a maldição com o amor verdadeiro para eles, o amor que os pais sentem pelos filhos, eles foram muito felizes, completos e conseguiram sentir amor por um ano inteiro, só que desse amor nasceu outra criança e essa não era humana, quando a menina nasceu ela não tinha o brilho no olhar da primeira que fizera eles poderem amar, pelo contrário, só o que havia em seus olhos era uma tremenda escuridão, dizem que os olhos são o espelho da alma e os de Sofi torturavam quem os olhava, mesmo assim não deixaram um bebê para morte e após sete horas do nascimento da irmã, Sophia morreu engasgada com o próprio sangue nos braços de sua mãe, isso fez com que o casal voltassem ao ponto inicial de sentir um vazio extremo por não amar e agora ainda tinham a tristeza e o luto a os assombrarem. Anos se passaram e nunca conseguiram demostrar qualquer sentimento pela filha nova, ela tampouco, nascera do mesmo modo que eles.

– E se estavam em luto como tiveram mais oito filhos? – pergunta Ramon

– Eles tiveram sete anos de luto, até decidirem ter mais uma criança, acreditavam que se tivessem outra menina com o brilho no olhar da primeira sentiriam o mesmo. E realmente nasceu uma criança humana, com o mesmo brilho no olhar, mas era um menino e eles estavam tão focados em ter uma “outra Sophia” que não deram importância para o recém-nascido, assim deixaram a tarefa de cuidar de Ferdinando para a menina Sofi que só tinha sete anos e como os pais pouco se importava com ele, foi quando os vizinhos, um casal mais velho, percebendo o descaso que faziam com as crianças, desnutridas e quase sempre doentes começou a cuidar deles como uma verdadeira família, viram os primeiros passos do menino, o amavam muito e cuidavam de Sofi, a qual apesar de todo o carinho que lhe forneciam ela sempre estava revoltada, odiava aquele lugar, odiava seus pais, odiava o irmão e até mesmo o casal. Pouco tempo depois a mãe deles engravidou, desesperada queria tanto uma menina como a primeira que prometeu a tudo que podia, se ela tivesse uma menina daria o mesmo nome da que a fez preencher o vazio que voltara. Nove messes se passaram, nascera uma menina, a segunda Sophia, mesmo nome, mesmo sobrenome, tudo perfeito exceto por um pequeno detalhe, não era humana e a escuridão em seu olhar era mais profunda e inebriantemente dolorosa do que a de Sofi, o casal de idosos que já cuidava de duas crianças foram ver a terceira, o homem humano ao olhar nos olhos de Sophia no primeiro instante sentiu como se sua pupila explodisse espalhando os cacos pela ires e esclerótica, depois notou que nada havia acontecido, porém sentia como se insetos e vermes rastejassem internamente por seu corpo, começou a gritar, mas ninguém o intendia, até ter um infarto fulminante e morrer no exato segundo em que a kirian completava 7 horas de vida. A mulher dele se desesperou, poucos dias depois ela já tinha se mudado do bairro virando empregada em uma casa em troca de abrigo, deixando para trás a menina de nove e Ferdinando de dois anos ela acabou se dando bem, os donos da casa contaram sobre ela aos líderes desse estado e como é um lugar comunista deu direitos iguais a ela, que ganhou casa própria, mas não contou da existência do lugar em que morava, tinha medo da minha família. Onze meses depois do nascimento de Sophia nasceu Naomi, uma garota idêntica a irmã, só que dessa vez quem estava perto demais ao passar das sete horas foi o próprio irmão Ferdinando, que se assustou com a menina, caiu para trás e morreu ao bater a cabeça no chão.

– Quantos irmãos você tem mesmo? – pergunta Tayler meio assustado

– Nove – respondo – depois de três anos do nascimento de Naomi tiveram Silon, um menino humano, o qual poderia salva-los se não esperassem até agora pela “outra Sophia”, a esse alcance Sofi já tinha 13 anos e ao ver o pequeno sentiu algo que nunca antes teve, felicidade, ela via em Silon a oportunidade de se completar, uma chance de sair daquele lixo, sair da pobreza e da miséria, via nele uma maneira de ganhar dinheiro, a garota sabia que não muito longe daquele bairro existia um casal em que o marido era estéril e eles queriam muito ter um filho, uma vez quando passeavam por perto da casa dela vendo sua barriga enxada por doença acharam que estava grávida e perguntaram por quanto ela venderia a criança a eles, ela mentiu que a trocaria pelo suficiente para ir a outro estado, agora com Silon era a hora de mostrar que no fundo falou a verdade. Sofi levou Silon até o endereço que o casal tinha entregue a ela quando os conhecera e vendeu o próprio irmão, ao abrir a porta ela ouviu os pensamentos do casal, foi a primeira vez que usou seus poderes e mesmo sem sequer saber o que estava acontecendo ela usufruiu disso, quando perguntaram a ela o quanto queria em troca ela pediu o carro deles, mas não o padrão que o governo oferece para todas as famílias serem iguais e sim a BMW que eles tinham comprado ilegalmente no estado Maya, com o dinheiro que ganhavam do contrabando, caso contrário todos saberiam que possuíam algo ilegal e seriam presos, a garota ficou aceitando o próprio acordo mentalmente, como todos fazem, torcendo para que desse certo, sem saber que daquela forma ela estava mexendo nos pensamentos deles. Sofi conseguiu o que queria, mas não sabia como dirigir aos 13 anos, ainda mais ultrapassar as fronteiras, só que uma voz a guiava, a voz da lembrança que estava na cabeça da mulher do marido a ensinando a dirigir, por um instante passou em sua mente que vendera o irmão, porém ao contrário do esperado não lhe dera remorso e sim uma imensa satisfação. Justamente na noite em que isso acontecera, meus pais decidiram parar de tentar ter uma igual a primeira e tentar amar o único filho vivo que os olhos brilhavam, Silon. Eles passaram dez anos procurando e esperando por ele, nunca mais o viram, foi quando minha mãe teve trigêmeos, Eu, Sarah e Jônatas, nessa época Sophia e Naomi estavam mais amigas do que nunca, se criaram sozinhas, eram mais do que irmãs, só que ao passar as setes horas de nosso nascimento, de meu nascimento teve uma tempestade, uma árvore caíra encima de Sophia e esmagara seu crânio, depois a lama encobriu seu corpo, muitos kirians demoram para descobrir seus poderes, ela morreu sem nem saber que tinha poderes, Naomi ficou furiosa, culpou os trigêmeos de sua mãe pelo que meu nascimento causou, Sarah era a “outra Sophia” que tanto esperavam, eles estavam voltando a conseguir quebrar a maldição mesmo depois de tanto tempo, Naomi estava pouco se importando para eles, a kirian queria vê-los sofrer tanto quanto ela estava, então esperou cinco anos, tempo suficiente para eles se apegarem a nós três, ou pelo menos aos dois não kirians, estavam felizes, completos, foi quando Naomi decidiu matar-nos, meus pais estavam fora de casa, primeiro ela matou com uma faca de cozinha a Sarah e enquanto o fazia, Sofi tinha voltado, ela descobrira seus poderes e agora aos 28 anos era uma milionária casada, Sofi se encontrou com seu verdadeiro amor, que a fez quebrar a maldição, o dinheiro, e tudo que ele poderia a proporcionar, luxo, prazer, riqueza, Sofi morava em uma mansão no rico estado Maya com o marido e seu irmão Silon, o qual esteve para adoção depois que o casal foi preso por contrabando de carros entre os estados. A kirian salvou meu irmão gêmeo Jônatas e procurou por mais, encontrou o corpo de Sarah na mata e mais afrente uma mulher de 18 anos tentando matar uma de 5, eu fugia de Naomi até ela me dar a primeira facada, senti muita dor e me assustei, então por um célere momento pensei em como ela se sentiria no meu lugar, Naomi então começou a se esfaquear, ela pensava que estava me ferindo e eu não consegui que parasse até ter se matado sem saber, Sofi viu e me abraçou disse que levaria eu e Jônatas para um lugar seguro, mas quis ficar para tentar explicar tudo que aconteceu aos meus pais, minha irmã mais velha se despediu disse que se precisa-se de alguém era só pensar alto o nome Sofi e ela me ajudaria. O resto vocês sabem, meus pais me expulsaram de casa com um pouco de comida e eu conheci a melhor família que poderia ter. Hoje em dia eles vivem com a tão esperada filha perfeita chamada Talia e eu com os pais que sempre quis.

Fiquei muito tempo falando, depois Ramon me abraçou, seguido por Vic, Tayler e Hayley, por fim os convidados foram embora e eu subi para meu quarto.

Uma coisa que não me esqueço é que enquanto falava descobri muitas histórias na mente de Tayler, em uma delas havia o símbolo que vi na moça, o ouroboros de dragão cortado ao meio, ele simboliza um pacto de amor eterno que Rafagh fez com Isabel e... descobri! Descobri quem a moça é.


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