Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 7
Minha amada irmã Sofi




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Aquela mulher parece mesmo vir de outra época, esqueço de responder a pergunta dela, me distraio com algo tipo uma tatuagem que ela tem em seu pescoço meia encoberta por seus cabelos, o símbolo do infinito cortado ao meio, entre onde deveria haver junção dos círculos há um risco, impedindo-os de se juntar, aperto os olhos, nunca tinha tentado enxergar melhor, porém como estou vendo com meus próprios olhos pela primeira vez na vida tentei e me assustei quando a “tatuagem” mudou, os simples riscos se transformaram em um dragão sem asas e sem patas, como em um ouroboros formando o símbolo do infinito, só que o risco ainda estava lá, rasgando a pele do dragão no mesmo lugar, sangue começa a escorrer da imagem, mas assim como tudo está junto a pele, nada sai apenas muda, ela me interrompe repetindo a pergunta e tudo que vi desaparece.

– Quer ouvir uma lenda? Quero te contar antes que Victory acorde e vá até Tyler para conseguir os livros que falam de nossa espécie.

– Sim – apenas concordo

– A mais de mil anos nessa ilha haviam tribos de humanos que nunca haviam tido contato nenhum com a vida além do oceano, apenas eles, um dia nasceu uma garota chamada Natacha, “Iknpa” na língua deles, ela foi a primeira Kirian, ao nascer o primeiro filho de seus pais morreu, mas em todas as histórias escondidas nenhuma fala dela, apenas de seu irmão, o segundo Kirian do mundo: “Alnpç”, Rafagh. Depois deles quase todos os bebês nasceram assim e nunca nascera tanta gente em tão poucos anos, como toda vez que um deles nascia um humano morria logo essa espécie dominou a ilha, sobrando poucos mortais, porém acontecera algo totalmente inusitado no aniversário de 12 anos de Alnpç, um barco atracou na ilha, nele estavam alguns bruxos, apenas um sobreviveu, Ernesto. Que foi acolhido pela tribo Maikle, a única em que nenhum integrante nascia Kirian. Outras tribos o descobriram, diferente de qualquer um, por ser de fora da ilha, sua mente “gritava” aos outros o que pensava e todos ouviam de qualquer canto da ilha, alguns sequestraram-no e o ergueram com seus braços, por onde passavam multidões os seguiam, o jovem bruxo pensou por alguns instantes em ser rei, eles então fizeram um trono e uma coroa para ele, tudo que Ernesto pensava os habitantes da ilha faziam e levavam para ele, o garoto que não era nem um pouco bobo, começou a aproveitar-se daquilo até que Rafagh desvendou o segredo, descobriu como ouviam a mente dele e como parar, ensinou aos demais tudo que ia desvendando de seus próprios poderes, controlava os mortais e comandava os kirians, a coroa e o trono agora eram dele, porém alguns ainda seguiam Ernesto, os dois prontos para uma guerra se encontraram, ainda tinham 12 anos e conversando na língua que Rafagh aprendeu na mente do bruxo acabaram se tornando melhores amigos e comandando a ilha juntos, até que ouviram boatos de demônios matando o povo, Ernesto tinha muito medo de demônios, coisa que antes de sua chegada os habitantes nem sabiam o que era, foram afundo nessa história e encontraram corpos de mortais e kirians com dois furos em seus pescoços, Rafagh então ouviu a mente do bruxo gritar “vampiros”, viram uma linda moça com aparência 17 anos, era ela quem fazia tudo aquilo, também esteve na embarcação e agora na ilha, os garotos ao invés de terem medo ficaram deslumbrados com a beleza da garota de cabelos castanhos e olhos vermelhos, Rafagh entrou na mente dela e descobriu que a vampira tinha nascido a 94 anos e seu nome, Isabel.

De repente eu acordo, já é de manhã, então foi tudo um sonho? Ou simplesmente enlouqueci? Lembro-me de que a moça tinha falado que Victoria procuraria Tayler Mystic para conseguir os livros hoje, se tudo foi real e ela leu mesmo a mente de Vic ela fará isso, tenho que confirmar, impossível de ter apenas sonhado, foi tão real.

***

Vic não está em casa, procuro por ela, então vejo com seus olhos, ela está na escola onde Tayler e Sânia estudam no terceiro do ensino médio, Vic hipnotiza a diretora a chamar o bruxo para sua sala, ao chegar Tayler logo pergunta:

– Tá é sobre eu ter pichado o muro ou sobre eu ter lançado um feitiço que deixou a Alison careca ou sobre ter explodido o armário do CDF do Liam? Não importa o que for meus pais pagam, vocês são apenas subalternos meus... diretora? – ele percebeu que ela estava paralisada todo o tempo, ao se aproximar Vic saltou de trás dela a derrubando no chão, jogou tudo que tinha na mesa e sentou sobre ela.

– Então criatura sei que adora lendas – ela pegou o boletim dele em uma das gavetas – vamos ver, 9 em ciências, 10 em história... então por que apronta tanto? Para ser popular, né, você é bonitinho, ridiculariza os excluídos para ganhar status... crianças

– Da para falar logo o que quer – ela passou a perna no braço dele – você é a Victory, não é?

– Esperto! Então conhece a história do Rafagh e sua espécie extinta?

Ele sorriu

– Histórias perdidas são minha favoritas

– Ótimo criatura! Então sabe se tem alguma chance de existirem kirians?

– Tem sim, quem sabe apenas o básico sobre essa história acha que simplesmente a gêmea matou Rafagh, só que ela acabou engravidando dele naquela noite e fugiu das bruxas para que não matassem sua filha, dizem que há descendentes até hoje com esse poder. Adoraria conhecer um, mas nunca vi.

– Então quer ver uma? Ela tem sete anos, leve os livros que estão com sua família e ajude-a como puder, aceita?

– Estou honrado com esse convite, obvio que aceito.

Vic coloca a diretora de volta na cadeira e a hipnotiza dizendo:

– Ele pixou o muro da escola, explodiu um armário e deixou uma menina careca, faça-o concertar tudo sozinho sem dó nem piedade

A diretora obedece, Tayler mostra o dedo do meio para Vic e saem da diretoria, ela rindo e ele bufando. Eles combinam de toda terça ele ir a mansão me ensinar algo que vou fingir que já não sei.

***

Me bate uma saudade do anjinho, porém me lembro da história do irmão dele com minha irmã, a curiosidade minha é maior do que qualquer coisa. Entro na mente de Tony, me relembro que ele aos 15 tinha uma paixão platônica pela minha irmã que na época, ano passado, tinha 29.

Ele a via todos os dias pela janela até que um dia decide ousar falar com ela, espera os pais saírem com Benjamim e o irmão esquizofrênico de casa, Tony então da janela de seu quarto grita a chamando de Linda, Sofi para de baixo dessa.

– Gosta de rosas? – ele pergunta

– Amo – responde ela sorrindo

Tony então joga pétalas de rosas para Sofi, ela sorri para ele

– Quer entrar? – pergunta ele

– Você não é muito jovem para convidar alguém para sua casa?

– Não, posso ter cara de adolescente mas já tenho 20 anos

– Vou fingir que acredito – ela piscou para ele e entrou na casa

Fizeram isso por dias, entravam e conversavam tomando café, até que um dia ele perguntou

– Por que vem quase todo dia para esse fim de mundo ver aquela casinha? Você com certeza é rica, não tem medo de, sei lá, te roubarem?

– Eu morava naquela casinha, éramos dez irmãos, Roberto, Sophia, eu, Naomi, outra Sophia, já que a primeira morreu logo após eu nascer, Silon, os trigêmeos Davina, Jônatas e Sarah e a amada Talia, tirando a última filha nossos pais pouco se importavam conosco, então quando fiz 18 anos fugi e levei Silon que tinha 5 comigo, ano passado tentei voltar e levar mais algum, mas era tarde demais, a casa estava abandonada, demorei muito, achei apenas o corpo de Sarah já em decomposição, a enterrei, ela merecia um enterro descente, dei o meu melhor, como já era rica dei a ela o mais caro túmulo do cemitério, mas o que adianta ser enterrada no luxo se viveu no lixo? – uma lagrima escorreu em seu rosto, ela rapidamente a tirou – tenho que ir.

Sofi saiu da casa e só apareceu mais uma vez

– Me desculpe Tony, mas nunca mais poderemos nos ver – ela o beijou na boca e foi até o porão da casa, ele a seguiu

– Por que?

– Eu só comecei a vir para sua casa para pôr meu plano em prática e saber o que aconteceria se eu fizesse isso

Max o irmão esquizofrênico de Tony morava no porão, o porão mais colorido, claro e lindo de todos, apesar disso servia para esconde-lo da sociedade, para que ninguém soubesse dele, Sofi deu uma Flor azul florescente para Max, me lembro daquela flor, ela havia achado duas na frente de nossa casa, na época ela disse para mim que aquilo poderia transformar qualquer um em algo mágico, não tinha entendido mas agora tudo faz sentido, Sofi sempre adorou questionar as coisas e testa-las, ao dar aquele tipo de flor mais que raríssima a um esquizofrênico, tudo que ele imaginava e achava verdade, agora entrava na mente dos outros e fazia o mesmo, foi assim que o pai de Tony morreu, quando chegou do trabalho e entrou no porão começou a alucinar junto a Max, o garoto achou que o pai morreria com aquilo e ele morreu, desde então Max acha que se alguém chegar perto dele, esse, morre, como se transformou em um kirian estágio 2 por causa da Flor ele realiza isso, os médicos que foram pegar o corpo também morreram, os policias que foram investigar as mortes também, até que Benjamim com uma jaqueta escondendo as asas desceu junto aos bombeiros e o pequeno “anjinho” bloqueia poder de kirian, foi assim que Tony descobriu tudo que ele sabe e Sofi observando pelas mentes deles concluiu seu teste e comprovou que a flor realmente funciona.


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