Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 5
As Fronteiras




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Na semana seguinte ao aniversário de Leticia, no estado Wolf, quatro amigos conversão e riem juntos, todos são lobisomens, porém um deles tem a pele mais clara por ser descendente de uma escrava, ele já pensou em sair do estado, mas sabe que se fosse para o estado Maikle sofreria preconceito por ter a pele mais escura e seria caçado por ser lobisomem, que não tem dinheiro suficiente para o Maya, governado pelos Mystic e que não se adaptaria as tecnologias do estado Vicely. Entre os amigos a um casal, que felizes se despedem e apostam uma corrida, se transformam em lobos e correm até a fronteira.

– Aposto que você não tem coragem de ultrapassar a fronteira – comunica ele a ela

– Tem certeza?

Ambos passam e entram em território Maikle, eles se transformam em humanos

– Tá vendo?

– Que está morrendo de medo gata?

– Até parece – ela mostra a língua para ele e ambos riem

Um menino de doze anos vê tudo, ele pega um revólver modificado em sua cintura e atira, o tiro passa pela cabeça dela jorrando sangue em sua blusa e acerta o mesmo ponto na testa dele, se alojando na nuca, ambos morrem, o menino se aproxima da muralha chorando e picha um recado:

“A cada um Maikle feito de comida, dois Wolfs são feitos de garrafas”

Ao saber do ocorrido o Rei Leonardo e o príncipe Leandro são convocados para uma reunião na casa Maikle com a governante Aurora e sua sucessora Raiane.

– O que aquele moleque quis dizer com “garrafas”? – perguntou Leo ao começar da reunião

– Você não soube do ocorrido de ontem? – disse Aurora cinicamente

– Eu sei de tudo o que acontece em meu reino, um humano de seu estado ultrapassou a fronteira e foi morto pelos lobisomens na lua cheia.

– Um humano? Uma criança de oito anos, que morava ao lado da fronteira, você o viu quando veio para o aniversário de Leticia. Esse a quem se referiu como “moleque” era o irmão dele, eles e os pais costumavam praticar tiro ao alvo com um revólver e garrafas de vidro, o menino tinha ganhado um arco e flecha, a flecha ultrapassou a fronteira, ele só foi buscar e seus lobisomens o fizeram de comida.

– As leis são claras dona Aurora, não se pode entrar em território Wolf em noite de lua cheia, qualquer acidente nessa situação não possui nenhuma pena.

– Então o que faremos Senhor Leonardo – disse ela irônica e empinando o nariz – pois em meu estado se é permitido que qualquer cidadão mate um ser sobrenatural que possa causar danos.

– Que danos eles poderiam causar? – diz Leo elevando a voz

– Eles se transformaram Leo, e ambos sabemos que nem todo lobisomem em forma de lobo pode se controlar, a regra é clara nesses casos “atire primeiro, pense depois” – diz ela como se fosse um lema decorado, mantendo sempre a calma na voz – eu só te chamei aqui pois não acho saudável que uma criança seja envolvida e tome tal atitude a respeito dessa diferença entre os estados.

– Então o que propõe Aurora?

– Posso opinar? – interrompe Leandro – por que não se deixa guardas na muralha para que ninguém passe?

– Seu pai não te contou? – diz Aurora – já tentamos isso... digamos que os dois guardas do estado Wolf se transformaram na lua cheia e os dois do estado Maikle se assustaram, como estavam armados

– Resumindo os quatro morreram – interrompe Raiane, ríspida e séria – tenho uma outra proposta – ela colocou sobre a mesa um mapa da região da muralha – existem apenas sete casas há cerca de até 700 metros da muralha, três do lado Maikle e quatro do lado Wolf, por uma razoável quantia poderemos remove-los de suas habitações, marcar essa área e deixar há 350 metros da delimitação dez guardas em cada território, assim impedirão que pessoas passem sem ter contato com os guardas do outro território.

– Minha filha tem razão, posso conseguir outras casas para eles e realoca-los

– Concordo com essa ideia, então é o que faremos

Aurora e Leo apertam as mãos selando o acordo, Raiane e Leandro fazem o mesmo, ele sorri para ela que retribui com seu rosto sério, os quatro saem da sala e Leandro a puxa para um dos quartos, ela ri

– Por que estava tão séria, tão ríspida, tão... diferente da festa – pergunta ele a ela

– Era uma reunião seu energúmeno ansioso, não é brincadeira, tenho que me manter concentrada um dia irei assumir o comando e governarei esse estado assim como você será rei

– Tanto faz. Você notou nossos pais – ele ri – eles já foram amantes?

– E eu lá sei – ela ri – ao invés de prestar atenção nos problemas de nossas fronteiras você nota isso?

– Que? Problemas? Por mim éramos um só, quer dizer nossos estados.

– Só por que te beijei bêbada no aniversário de Leticia não quer dizer que te quero, nem por ser lindo, nem por ter tanquinho, nem por... – ela balançou a cabeça – você é um Wolf, me desculpe mas tem que sair do meu quarto

– Esse quarto é seu? Bom saber um dia eu volto

Leandro e o pai saem da casa, Raiane vai até o quarto do irmão avisar que a reunião acabou

Quando entra Daniel não está, mas em seu notebook Raiane vê de relance as mensagens do irmão com Sânia

Eu te amo – digitou Daniel

Então me ensine o que é, porque acho que não amo nem a mim mesma – respondeu Sânia

Amar é aquilo que se sente no fundo do coração

Daniel ela riu o coração é apenas o órgão que bombeia sangue para o corpo, o “amor” está na cabeça, é a combinação de pensamentos e hormônios, você deseja alguém ou pelo menos algo nessa pessoa, fica pensando nela, diz para si mesmo que não pode viver mais sem e a mente humana é tão poderosa que se engana, convence a ela mesma de que isso é real, como se foi visto na mídia, e então chamam de “amor” ou “paixão”. É com a mente que se ama, não com o coração ou “algo maior”, tipo todas essas coisas inventadas pelas pessoas para se sentirem distinguidas dos animais, almas gêmeas ou signos. As únicas coisas controladas pela mente, porém concretas que sentimos são os 5 sentidos o resto está tudo na cabeça, aprendemos os nomes que a sociedade diz e achamos que é real, mas no fundo somos todos iguais aos animais, sentimos amor fraterno pela nossa família para que cuidemos e do outro tipo por tudo que eu disse.

Então acredita que o amor não existe?

Relativamente falando existe, você olha para o chão e enxerga a terra marrom porque o sistema de seus olhos em conjunto com o cérebro mostra-lhe essa cor, um daltônico pode ver outra cor, outros seres vêem outras cores, cada animal tem seu sistema. Dizemos que é marrom pois o lado “certo” da história diz quem conta. Tudo existe ao mesmo tempo que nada Daniel.

Então se sabe passo a passo como amar, porque perguntou a mim?

Não é necessário só ter os ingredientes para saber preparar

Daniel entra no quarto e Raiane sai pensando em tudo que leu de Sânia, tento ver agora pelos olhos de Daniel e ler o resto, mas um barulho me interrompe, algo cai e quebra a janela da sala, é alguém, tento entrar na mente de quem seja, mas não consigo, é impossível, então grito

– Para – diz uma voz que parece de criança, acho que da minha idade – me desculpa, eu tava voando e cai, ai o vidro me cortou... porque passaram farinha em você? – tenho certeza que é uma criança e com a mesma certeza sei que não é um kirian

– Quem é você? – minha voz é mais fina do que eu me lembrava

– Benjamim e você?

– Davina

– Você num enxerga

– Sim, eu Não enxergo e também Não passei farinha, essa é minha pele

– A cor parece a de minha asa

– Asa?

Ouço os passos dele se aproximando e sinto penas macias como a de pássaro roçarem por minha pele

– Você é um anjo?


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