Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 4
O passado molda o futuro




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Após descobrir um pouco mais do passado dessas famílias decido ver o presente, saiu do meu quarto, desço as escadas e me jogo no sofá da sala, Ramon e Victory estão se arrumando para o aniversário de 17 anos de Leticia, eu não vou, prefiro ficar na solidão de casa e espiar o aniversário pelos olhos dos outros do que ir lá, me atrapalhar toda e ficar esbarrando em tudo ou atrapalhar a diversão de alguém que tenha que me amparar. Enfim, ontem foi a última lua cheia desse mês, os Wolf vão vir aqui buscar Hayley para o aniversário, Ramon foi pela última vez desamarra-la

– Me diga uma coisa Ramon você vem toda manhã aqui e não sente nada, sei lá, um instinto que lhe diz algo – disse Hayley se aproximando dele

Ele recuou

– Maya – disse o vampiro fechando os olhos

– Quem?

– Eu jurei a ela que nunca mais teria alguém, até encontra-la no céu, já foram 17 anos falta o tempo de Davina crescer e não precisar mais de mim

­­– Deixa eu ver se eu entendi, você, um vampiro acreditar em céu e que vai nele cometendo suicídio?

– Pouco me importa para onde eu vou, muito menos a você, só preciso que tenha Maya e por enquanto ir a festa

Alguém bate à porta, todos saem logo após se despedirem de mim, são a família de Hayley, Leandro e seu pai estão com roupas reais da época medieval, com ouro e prata contornando tudo, príncipe e rei esperam na carruagem branca e dourada, puxada por lindos e fortes cavalos brancos, o escravo ruivo de olhos azuis volta ao seu posto na carruagem, comandar os cavalos, nesse instante, Leandro desce e leva até a irmã seu vestido, longo, com várias camadas de tecidos e seu colar dos mais belos diamantes da ilha, eles começam a viagem e apesar de toda a beleza do veículo, são rapidamente ultrapassados pelo zenvo st1 de meus pais, Ramon acena rindo enquanto Vic dirige também rindo. Eles passam a fronteira e ao entrar em território Maikle, vem um menino de oito anos brincando de tiro ao alvo com um revólver e garrafas de vidro, mais a frente veem uma fazenda com dois seguranças armados “até os dentes”, da janela consegue-se notar três espingardas penduradas na parede, logo após em uma pracinha cinco escravos são chicoteados pelo dono, finalmente chegam a residência dos Maikles, uma casa de três andares altamente bonita e bem arquitetada, chegam ao mesmo tempo que a família Mystic, Sânia é a primeira a descer do maybach landaulet, Vic então grita:

– Tanto tempo sem nos ver e você vai entrar sem antes me dar um abraço criatura?

Sânia então retira seus lisos cabelos pretos da frente de seus olhos e vai em direção a Vic sorrindo, Jacques parece ficar com medo de se afastar da irmã e a segue, todos entram na casa, lá quem os espera é uma menina saltitante de pele morena e olhos tão verdes quantos os de Sânia, ela cumprimenta cada convidado com um enorme sorriso e recebe os presentes. Vic a encara, até hoje a vampira culpa parcialmente Leticia pela morte de sua melhor amiga Maya, “se ela não existisse Maya ainda estaria viva”, pensava. Aurora pede a atenção de todos, chama Jackson e Leticia, todos acham que já era hora de contar a verdade à garota, antes que a maldição começasse, antes que quebrasse seus elos. Logo após Jackson e os Maikle contarem a ela, a garota chora, pela morte da mãe, de Maya, que aliás ela nem conhecera, mas sabia que não estaria viva se não fosse por ela. Ela também chora de emoção ao conhecer seu pai e meios-irmãos biológicos, Jacques tenta se apresentar, mas é interrompido.

– Esse ai não é meu – disse Jack alto e claro – minha mulher diz que adotou.

O garoto sai correndo e Leticia vai atrás, deixam eles conversarem sozinhos, apesar de Jackson, não querer.

– Você teve sorte, não foi abandonada em uma cesta – disse Jacques

– Pessoas não morreram por sua culpa, não sabe como eu me sinto – respondeu Leticia

– Queria saber, pessoas morreram por você, Jackson te ama como se tivesse sido seu pai todos esses anos, teve uma família linda, não sabe o monstro que esse seu pai biológico é. Não te culpo, mas no ano em que nasceu, por você ser filha dele e de Lavine, eu fui criado só por minha mãe, com Sânia e Daniel por cinco anos, e esses foram os melhores anos que tive, pois no momento em que aquele homem entrou pela porta de casa minha vida se arruinou.

– O que Jackson te fez de tão mal?

– Fez querida? Ele faz! Tudo porque o idiota achou que eu era filho de Carolyne, e apesar dela contar a verdade, aquele bruxo nunca acreditou e sempre me trata como uma aberração, só por achar que sou bastardo, eu não aguento mais Leticia, leve ele com você, é seu pai não meu, eu não tenho pais, os meus biológicos me abandonaram quando bebê, minha mãe Carolyne não acredita mais em mim, porque o queridinho Daniel defende o pai, ele não sabe de nada, Jack manipula eles, Sânia é a única pessoa que se importa comigo, sem nenhuma ligação de sangue ela é minha irmã e a única pessoa que eu tenho na vida.

– Se quiser você também pode ter eu – disse Leticia tentando abraça-lo

– Não sou um de seus bichinhos de pelúcia para você abraçar princesa. A minha vida não é esse arco-íris em que você vive

Ele se vira e sai, a garota tenta ir atrás, mas seus meios-irmãos apareceram. Um garoto de olhos verdes e cabelos castanhos se aproxima a abraça e diz:

– Desculpe-me pelo meu irmão, eu sou Daniel e essa gótica com cabelo na cara é a minha irmã Sânia.

– Desculpe-nos pelo nosso pai – disse a bruxa

– Tá... quebrando esse clima, quantos anos irmãzinha? 15? Não importa, venha comigo para aquele espaço que as pessoas estão se mexendo, meu nome é Hayley e aquele ali parado que nem uma estátua é nosso irmão Leandro – Hayley puxa Leticia pelo braço e as duas correm que nem loucas para a pista de dança.

Todos vão para lá, Hayley se mexe desajeitadamente tentando entender como se dança música eletrônica, Leandro olha fixamente para a caixa de som e se assusta quando a cor muda. Jacques está sentado em um canto do salão, Leticia logo percebe e corre até ele.

– Porque não se levanta e vem dançar com a gente? – ela diz com um enorme sorriso em sua boca

– Nem se eu quisesse, Jackson disse para me comportar

– Por favor!!! – ela olha diretamente para os olhos do garoto, coloca sua mão no rosto dele e o acaricia – é meu aniversário!

– Tá – disse ele com um sorriso de 0,3 segundos em seu rosto

Raiane, a herdeira dos Maikle, vê Leandro olhando as bebidas da era 21 e resolve ajuda-lo.

– Isso é Whisky – diz a ela

– Uis...? o que é isso?

– Deixa eu pensar como explicar para alguém que vive na idade média. É tipo vinho só que com outro gosto.

Ele toma o copo inteiro de uma só vez

– É bom! E o que é esse outro?

– É champagne e o ao lado dele é vodka.

– Tudo vinho com outro gosto? – os dois riem – o que acontece se eu beber todos hoje?

– Quero ver. Eu te ajudo

Eles pegam algumas garrafas e vão para o jardim da casa.

­– Quer dançar? – diz Tyler Maikle a Sânia

Ela vê Jacques se divertindo com Leticia

– Quero

Hayley vai até Ramon

– Dançar pode?

– Só uma música – responde ele

– Se você me ensinar...

O vampiro e a lobisomem dançam e a cada giro e minuto Hayley lembra a Ramon Maya, elas não se parecem em quase nada fisicamente, eram quase que o oposto, mas dançavam e falavam da mesma maneira, ela aproxima seu corpo do dele e tenta beija-lo, ele recua.

– Já lhe disse princesa Wolf, nunca trairei Maya.

Ele deixa-a e anda até o jardim da casa, Vic que estava rindo e dançando com Daniel Mystic o segue. Jackson então desliga a música e convida a todos para irem ao jardim a luz do luar nomearem Leticia uma bruxa Mystic. Raiane e Leandro já estavam lá, só que deitados sobre o gramado bêbados, o lobisomem ouve passos e chama a garota para sair de lá, ambos cambaleiam até uma dispensa de alimentos, Raiane retira um revólver de sua calça e um Colt de sua jaqueta e tira-lhes as balas.

– Nunca deixe armas com uma bêbada, minha vó sempre disse isso – diz a Maikle

– O que é isso? – perguntou o Wolf

– Essa aqui é a Beltane, uma revólver e esse é... esqueci o nome dele mas era algo com M. São meus filhotinhos, servem para matar.

– Já matou alguém?

– Sim e você?

– Também. E já beijou?

– Temos 19 anos Leandro, que pergunta é essa claro que já beijei

Ele a puxa pelo pescoço e a beija meio sem jeito

– Quantas garrafas bebemos? – pergunta ela

– Não sei e nunca saberemos, provavelmente não lembrarei do que fizer hoje.

Ela o beijou...

Todos estavam chegando ao jardim, quando Jack pega Jacques pelo braço e grita ao menino:

– Esqueça Leticia você não serve para ela, segundo minha esposa não tem sangue Mystic, é só um simples órfão.

– Minha mãe nunca disse isso, meus pais estão vivos!

– Como sabe? Nunca os viu, podem ter sido devorados por cães enquanto tentavam assaltar uma casa, ninguém sabe que tipo de sangue corre em suas veias, isso se não for um bastardo de minha mulher, por isso não merece ela.

Jacques se solta e chega ao jardim, já era a terceira vez que ele via um ritual de nomeação de um bruxo Mystic, durava pouco, mas era bonito de se ver, ele desejava ser um bruxo, talvez assim Jackson não o veria como um fraco. A festa acaba e todos começam a ir embora, Sânia se despede de Tyler com um beijo em sua bochecha deixando uma marca de batom azul, ela se vira e ao dar dois passos ele sem dizer nada puxa-a pela mão e a beija na boca, a garota fica avermelhada, sorri e desaparece. Hayley sai a procura do irmão e ao abrir a dispensa o encontra com marcas de batom vermelho, dormindo.

– Irmão acorda! O que aconteceu aqui? – fala ela tentando segurar a risada

– Não lembro – eles riem e vão para casa

Depois do aniversário de Letícia, no castelo Mystic, lindo e tecnológico, rodeado de prédios e hotéis de luxo. Todos foram para seus quartos, mas Jacques não dormira, sabe que a qualquer momento Jack entrará em seu quarto e o dará uma surra por falar com sua filha de sangue, dito e feito, o senhor Mystic abre a porta trancada facilmente com magia, Jacques grita por socorro, Jackson ri dizendo que as paredes de todos os cômodos são a prova de sons. Sânia está inquieta em seu quarto, tinha certeza que seu pai bateria em cles quando viu eles discutindo na festa, ela chama Jaques assim, sem o Jac de Jackson. Então a garota resolve ir até o quarto de Jacques, ao entrar lá vê Jackson batendo no rosto de seu irmão e gritando algo, ela se vira, mas antes que corresse e pedisse ajuda Jack a vê, faz, sem sequer se mover, com que os pés da garota grudem no piso e suas mãos serem amarradas para trás, impossibilitando a novata de executar um feitiço, o contrário dos pais, Sânia precisava dos movimentos das mãos para tal, ela é obrigada a ver cada tapa, chute e agressões verbais sem sentido, não consegue ajudar, Jacques é apenas um garoto magro, fraco e sem poderes, contra um homem forte, grande e bruxo, era injusto. Depois Jack ainda diz a Sânia:

– Só te deixo ver filha para que saiba que se contar a Carolyne ou a Daniel sobre isso, faço pior com esse bastardo.

Ele bate a porta e sai, a bruxa finalmente pode se mover e abraça o irmão:

– eu não sou bastardo Nia!

– eu sei Cles, se acalme tem que lavar seu rosto e costas e...

– Tudo. Tenho uma pergunta irmã, porque ele deixa você saber, mas Daniel não.

– Jack só machuca os mais fracos que ele e Daniel tem seu poder de sugar a magia de seres sobrenaturais, sem magia Jackson não é nada

– Qualquer dia eu descubro que também tenho poderes e acabo com teu pai

Ele sorri, ela o leva para a pia e lava seus ferimentos

– Tome um banho e depois durma, amanhã poderá encontrar Letícia as escondidas

– Não gosto dela!

– Isso só confirma que gosta, ela é mimada e você é carente, ambos ainda não tem 17 mentalmente e apesar de eu ter achado ela um pouco sonsa e sorridente demais, seria legal se meu irmãozinho caçula se distraísse um pouco

– É rir para não chorar

– Essa é definitivamente a nossa frase Cles.

Eles se abraçam e a Mystic volta para o seu quarto sorrindo, mas ao trancar a porta começa a bater em sua cabeça fortemente com as mãos a ponto de ficar zonza e cair ao chão, sua cabeça lateja, ela olha para o espelho e grita com ele:

– Sua fraca! Não consegue nem proteger um irmão, nem convencer o outro a acreditar na verdade, nem contar a mãe, NEM FAZER UM SIMPLES FEITIÇO SEM AS MÃOS BURRA!

Ela começa a arranhar seu braço com suas grandes unhas enquanto chora

– Você riu e se divertiu demais hoje - disse ao próprio reflexo - Depois da bonança vem a tempestade.


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