Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 23
Olhos




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  Penso em ajuda-los, Silon é meu irmão e Gabriel o amor dele, mas minha conexão com suas mentes é quebrada com o som da porta sendo aberta por Sofi.

  Na sala, mais especificamente no sofá, Victory para sua conversa com Tyler, o qual está envolvendo-a nos braços. A alguns minutos estavam aos beijos, risadas e provocações, agora ambos estão assustados com quem entrara pela porta, porém a expressão nos olhos de Vic é muito maior do que a de seu ficante.

  – Voltei mon amour. Espera – diz ironicamente, alguém que não consigo ver, ouço-o e sei onde ele se encontra, porém por algum motivo, não o vejo – não deveria de estar com o humano por qual me largou? Ah é! Ele não quis nada com alguém no seu estado.

  – O que você está fazendo aqui? – Vic olha para Sofi, a qual sorri maliciosamente.

    Não consigo enxerga-lo pelos olhos de Vic, nem de Tyler, tento então pelos de Sofi e finalmente obtenho sucesso, é como se precisa-se dos poderes de minha irmã somados aos meus para podê-lo ver por outros olhos, seus cabelos morenos escuros, olhos castanhos e pele clara como a de um Maikle – se só para enxerga-lo preciso de mais do que meus próprios poderes, entrar em sua mente deve ser quase impossível, porém, eu amo desafios.

 

  Incrivelmente entrar em sua mente não foi difícil, pelo contrário, fui quase que sugada para ela. Mas não é como a de qualquer um, não é como a de um humano, nem vampiro, nem kirian, nem nada que já tenha visto. Parece com a de Natacha, só que com um vermelho brilhante substituindo o branco total, começo a andar, o chão aqui não é solido, são como pequenas pedrinhas sobe meus pés descalços, agacho-me para toca-las. Não são simples pedrinhas, são rubis, alguns brutos outros extremamente lapidados, mas todos de uma impressionante vermelhidão e quebrados ao tamanho de abelhas. Continuo caminhando pelo que parecem horas, grito várias vezes o nome de Konor, nada acontece, estou quase desistindo de procurar algo, quando ao horizonte de meu ponto de vista, uma garota, que lembra a Clarisse, corre de um lado para o outro, com Alinpç e Konor, parecem brincar, se divertindo bestialmente, mas alegres e sorrindo, sorriso que nunca havia visto em Alinpç, um sorriso verdadeiramente divertido e inocente, quase como os de Leticia, só que nos lindos lábios do kirian.

  – Cansou Deverron? – Konor pergunta a garota, de vinte e um anos

  – E desde quando um kirian se cansa querido? – Deverron se aproximou dele e tocou em seus musculosos braços, um arrepio percorreu a espinha de Konor, ele sentia algo muito forte por ela e assim a deixava fazer o que quisesse com ele, inclusive o que estava prestes a fazer.

  Ela sugou sua força vital, o deixando fraco e cansado, como alguém que acabara de percorrer um longo trajeto. Ela não o machucou, apenas ganhou vantagem na brincadeira.

  – Sua vez, boa sorte – ela sorriu ingenuamente

  Rafagh ria do que acabara de presenciar

  – Assim mesmo tenhas de fazer filha. – ele então se virou para Konor – velho amigo, vez de tu.

  Saio da mente do garoto de vinte anos. Todas aquelas horas, se passaram em apenas dois segundo no mundo real, a conversa na sala continua.

 

 Tyler parece perdido “como um cego em tiroteio”, olhando para Vic e Konor alternadamente presumindo toda a história.

  ­– Não é obvio o que estou fazendo nessa mansão, me disseram que isso ainda a de virar uma hospedaria, vim ser um dos primeiros hospedes... e matar as saudades de você – Konor pisca para Vic, a qual revira os olhos

  – Quem é ele morceguinha? – pergunta Tyler

  Konor e Sofi riem

  – Bom, deve de ser a tal Sôfi – o amigo de Alinpç se vira para ela

  – Sim, a do telefone – ela fala quase que encenando – quem te chamou, venha, lhe mostrarei seu quarto.

 

      Sinto um aperto em meu coração, não por nada que tenha visto, mas por algo que perdi... meu irmão!

  Procuro-o entre todas as mentes da cidade, acho-o, está vivo, mas não posso dizer o mesmo de Gabriel.

  Meu irmão olha para o corpo sem vida do ruivo, o qual se acinzenta, desnutrido, por completo.

  O que aconteceu?

  Se não tivesse me distraído poderia tê-lo salvo, poderiam estar felizes juntos, poderiam dar um lar para as duas crianças, poderia não estar sentindo as lágrimas de meu irmão escorrerem por seu rosto.

  Em busca de saciar minha curiosidade e entender a situação entro na mente de Silon e volto pelas memorias em alguns minutos.

***

  Gabriel já está deitado em sua cama, mesmo a lua não tendo surgido ainda, descansando do dia cansativo que tiveram, Silon entra no quarto, apaga a luz e se deita ao lado de seu companheiro, num ultimo relance de olhar, o vampiro vislumbra na parede do quarto uma figura aterrorizante, uma mulher de tamanho médio, a qual a escuridão do quarto encobre totalmente seus cabelos e vestimentas, destacando ainda mais seus olhos cor de gelo.

  – Não se mova – diz a sombra em voz baixa

  Por algum motivo, meu irmão não consegue se mexer para acordar Gabriel, então ele grita. O ruivo acorda assustado, ao abrir dos olhos apenas pôde ver o rosto de Yasmim, sendo iluminado pela pouca luz que saía da fresta da porta para o corredor.

  – Venha – sussurrou os olhos, que estavam na cor de mel

  Mas Gabriel, diferente de Silon, não obedece, ele corre até o interruptor e acende a luz, a caçadora se encosta na parede, rindo, como se dois vampiros com poderes sobre-humanos não fossem nenhuma ameaça para a sua existência. O vampiro de cabelos cor de fogo tenta tirar meu irmão da cama, mas ele não se move

  – O que está fazendo Silon? Quer nos matar?

  – Eu não consigo me mover – em seu olhar qualquer um percebe o desespero

  – O que você fez? – Gabriel pergunta a Yasmim

  A garota sorri de lado, se deliciando com a situação

  – Só mandei ele ficar parado, dois contra um não é muito justo... e pelo que vejo, você deve ser mais difícil de caçar, por algum motivo seu medo não é suficiente para me obedecer

  – Não é medo que faz meu louro ficar assim, conheço-o, ele não teme a morte.

  – E o que mais seria? Diferente de vocês não sou uma aberração – a garota retira uma espada de seu cinto e a transpassa pela testa de Gabriel

  O vampiro tem sua cabeça empurrada para trás, depois, ao voltar, deixa a mostra suas enormes presas e olhos vermelhos 

  – Assim está melhor, vamos começar. – a garota é empurrada contra a parede, quebrando-a.

  Silon grita por socorro e o ruivo a leva em velocidade sobre-humana para fora do quarto. A boca de Yasmim sangra, assim como seu nariz, enquanto Gabriel a segura consigo, levando-a para fora da casa. A caçadora consegue forças para retirar uma estaca de seu cinto e afunda-la próxima ao coração do vampiro, caindo ambos no chão da cozinha do primeiro andar.

  Desse momento em diante, meu irmão só consegue escuta-los com sua audição de vampiro

  – Você errou – diz Gabriel, retirando a estaca de seu peito

  – Quem disse que eu mataria sem antes brincar – ouve-se o barulho do ruivo quase arrancando o pescoço de Yamim com os dentes, porém ele cospe e se afasta

  – Credo, seu sangue não é humano.

  – É claro que é – grita a caçadora, se irritando

  – Acha mesmo que um humano faria tudo que já fez – Gabriel, em velocidade sobre-humana, vai até ela e a empurra fortemente contra a parede, a qual se quebra, abrindo um buraco em que a caçadora cai no quintal

  Yasmim se levanta rapidamente, pegando outra estaca e se posicionando em sentido de ataque. Gabriel ri como um espirro.

  – Olhe para você, acabou de atravessar uma parede, deveria ter morrido de traumatismo ucraniano ou pelo mínimo ter um de seus membros quebrados, ao invés disso você, você.... – o vampiro a olha fixamente, incrédulo do que presencia

  – Eu o quê?  Fale logo para eu poder te matar

  – Seus olhos, estão negros como petróleo

  – Eles são castanhos querido

  – Não, eram azuis

  – E o que isso prova? Que tenho sorte e meus olhos parecem mudar de cor? Me poupe aberração

  – Tem certeza que eu sou a aberração?

  Por fim, Silon ouve passos e um estrondo, logo em seguida a porta do quarto se abre

  – Por favor meu amor, diga que foi só um pesadelo

  Mas quem abre a porta é Yasmim, com um coração e um olho na mão

  – O que você fez! Deixa eu me mover! – Silon berrava, desesperado enquanto suas presas apareciam e sua voz mudava

  – Que fofo, “meu amor”, adoro casais gays, Gabriel até me parecia uma pessoa legal, pena que era uma aberração. Assim como você, fazendo voz de demônio agora, como se fosse mudar alguma coisa.

  – Diz isso enquanto carrega um coração batendo e um olho ensanguentado nas mãos

  – Ah é! A propósito, eu sempre guardo uma lembrancinha de minhas caçadas, só achei que você também ia querer uma, já que o amava tanto

  Yasmim joga o coração na cama, ao lado de meu irmão

  – Para com isso – implora Silon, chorando.

  – Tudo bem – diz a caçadora como uma criança feliz – conte até dez e poderá se mover novamente.

  Nesses dez segundos, a caçadora conseguiu se manter a uma distância segura de Silon

***

  Agora, meu irmão está em frente ao corpo de seu amado, o qual no lugar do coração está a ponta de uma cadeira de madeira. Maneira quase impossível de matar um vampiro, já que a ponta é redonda e o coração dele foi pressionado contra ela até sair de seu corpo, um humano não teria tanta força, ainda mais no estado de Yasmim.

  – Gabriel, eu... eu... – Silon fechou o olho que restou ao corpo de Gabriel, seus cabelos ruivos caiam na medida em que o loiro passava a mão por eles, assim era a morte de um vampiro, pela primeira vez o Deverron presenciava-a.

  Silon levanta o olhar, direcionando-o para, a cima do muro de sua casa, os olhos da caçadora, olhos azuis florescentes.

  – Eu irei vingar-te.  


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