Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 2
Davina




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Há alguns anos Ramon e Victory andavam de noite ao redor da capital do estado pertencente a ele, caminhando pelas perfeitas calçadas de pedra e grama ouviram um choro de criança, o qual parecia vir da mata ao lado, Ramon foi se aproximando do som enquanto Vic não deu um passo, para ela aquilo era uma armadilha. Porém o vampiro encontrou em meio a tantas arvores verdes uma glicínia extremamente rosa, encostada aos pés da arvore viu uma criança, logo percebeu que assim como a arvore japonesa rosa nascera em meio a tantos carvalhos verdes a menina também era diferente, ela era albina, sua pele era tão branca que se destacava em meio a escuridão da noite, seus olhos eram claros levemente avermelhados e seu cabelo era branco meio loiro, lagrimas escorriam pelo rosto da criança, Ramon se aproximou e calmamente perguntou a ela:

– Por que você está aqui chorando?

A menina então percebeu que havia alguém ao seu lado, com as costas das mãos retirou as lágrimas de sua pele e desabafou:

– Meus pais me deixaram aqui e disseram para esperar – ela olhou em volta e continuou – mas acho que eles não vão voltar, já faz dois dias, e a comida dessa cesta está acabando.

Ramon preocupado continuou a conversa:

– Quantos anos tem?

– cinco

Ele se assustou

– Qual seu nome e por que te deixaram aqui?

– Meu nome é Davina – respondeu – e me abandonaram porque sou especial.

Ele a abraçou

– Quer vir morar comigo – agora quem chorava era ele

– Você não entendeu – disse a criancinha – é outro tipo de especial

Davina subiu na arvore até que pudesse ficar do mesmo tamanho de Ramon, fixou seus olhos nos dele como se fosse entrar em sua alma, então o deixou cego, desesperado pensou em gritar com ela, mas lembrou que era apenas uma cirança, se acalmou e riu da situação, mas apesar de tudo estava assustado e queria voltar ao normal

– O que você fez? E como? – perguntou

– É fácil, eu só fiz você acreditar que não poderia enxergar, ai você não enxergou – disse ela com um estranho riso inocente

– Acha isso engraçado?

– Posso fazer mais que isso

Ela fez com que ele visse seus pais, Vic e Maya em um lugar branco sem nada além deles, Ramon deu um passo para frente e voltou a enxergar o mundo real, curioso o vampiro perguntou:

– Como você conhece eles?

– Não conheço –respondeu a menina – apenas achei eles na sua cabeça, me disseram que posso ler mentes, acho que é verdade.

– Sei que já fiz muitas perguntas, mas o que você é? E como sabe fazer isso já tão nova?

– Tive ajuda de Bruxas sem meus pais saberem, eles não conhecem nada de diferente além de mim.

– Acredita em vampiros? -perguntou Ramon

– Você é um –respondeu- e isso é só um teste para ter certeza que leio mentes

– O que mais descobriu na minha cabeça?

– Que lobisomens também existem e que você tem uma irmã vampira

– O seu poder é incrível e mais ainda conseguir tudo isso com apenas cinco anos.

– Meus pais achavam isso assustador, por isso me deixaram aqui... Sim!

– Mas eu nem perguntei- disse Ramon

– Na sua mente você já perguntou se eu queria ser adotada por você, minha resposta é sim – disse a menina entusiasmada – e eu juro que não vou te deixar cego ou vendo seus medos para conseguir o que eu quero – ela sorriu

Ramon estava assustado porém ao mesmo tempo feliz, essa menininha que falava muito rápido era a alegria que faltava na mansão

Os dois foram até Victory, a vampira perguntou quem era a menina e Ramon respondeu que a partir daquele dia a filha dele seria, mas além disso essa menina era eu.

Dois anos depois em uma noite de lua cheia, brincava com Ramon perto da mansão em uma extremidade da capital um pouco afastada da urbanização, Ramon sentiu cheiro de lobisomem, pegou-me no colo, gritou “lobo” ao vento para que a irmã ouvisse e saiu correndo em super velocidade para casa, onde estava Vic, mas a cada passo que dava mesmo a uma extrema rapidez algo o perseguia igualmente, antes de conseguir chegar uma loba apareceu, pulou em cima de Ramon, derrubou-o, ele tentava não ser mordido, sabia que uma mordida de um lobisomem seria fatal. Fiquei parada olhando para a loba, já tinha feito isso, deixar que vejam seus piores medos até não ter mais o controle de seu próprio corpo e assim frágil eu a controlar, mas a mente da loba estava vazia, era como se agisse apenas por instinto. Foi então que Vic apareceu:

– O que está fazendo Davina? – ela me afastou da briga – nunca tente controlar um lobisomem em noite de lua cheia, eles são imprevisíveis filha – disse olhando em meus olhos

Victory ajudou Ramon a vencer a loba sem serem mordidos e prenderam-na no porão, com correntes de aço que surgiam em meio ao nada, vindas de dentro da parede e com seus fins em uma coleira presa no pescoço do “animal” que uivava e se debatia numa tentativa fracassada de escapar, meus pais vampiros revezavam os turnos, enquanto um vigiava o outro dormia e vice versa. O Sol sobe as colinas e se instala no céu, o turno era de Ramon, mas ele assim como a irmã tinham dormido, quando olhou para frente no lugar da fera havia a bela, uma linda moça de cachos castanhos quase lisos, luminosos olhos cor de terra e pele negra, despida, vestida apenas com a luz amarelada da lâmpada e uma agora larga coleira de aço, grudada a quatro correntes do mesmo a parede do porão, o vampiro olhava a loba como a tempos não olhara uma mulher, se aproximou e com um lençol cobriu o corpo da moça, da princesa, a Loba era da família Wolf, a qual mantinha o estado congelado no tempo medieval, em monarquia, não em apenas reis, rainhas, príncipes e princesas, mas também em lordes, cavalheiros, nobres, sacerdotes, plebeus, as vestimentas, os objetos, nada evoluíra, não existiam carros ou armas de fogo, apenas cavalos e espadas, castelos e escravos, porém duas coisas eram diferentes do Medieval de fora da ilha, os nomes próprios foram as únicas coisas que evoluíram e ao contrário dos Maikles seus escravos eram de pele branca. Ramon chamou a mim e a Vic e pediu para que eu descobrisse na mente da moça quem era e por que estava fora do estado pertencente a sua família:

– Se chama Hayley Wolf – comecei – é filha do rei Leonardo e da falecida Rainha Lavine, irmã de Leandro, o herdeiro. Até a algumas horas atrás ela tinha um namorado, o amava muito e ele era do estado Mystic, apesar disso era humano, mas tinha algo que ela nunca tinha visto, um celular. Ele deu de presente a ela que usou escondida por meses até receber uma mensagem nesse para o encontrar na casa dele...

– Essa menina entra na minha cabeça? – me interrompeu Hayley em uma mistura de espanto e raiva

– Sim – respondi – e continuando, quando chegou lá ele estava aos beijos com a amante, ela perguntou gritando o que era aquilo e a moça respondeu com outra pergunta: “recebeu minha mensagem?”. Ela se descontrolou e com toda a força a atacou, a moça a cabeça bateu e então morreu.

– Quantos anos ela tem? – me interrompeu, agora Ramon

– Dezenove. Continuando a história – falei meio brava por ter sido interrompida novamente – ela se acalmou, porém o humano sabia que Hayley tinha descendência de lobisomem, então foi até a cozinha pegou uma faca de prata e foi em direção a loba, ela por sua vez pegou o celular e ligou para o irmão, que tinha pedido um em troca de não contar aos pais que a irmã gêmea tinha algo de fora. Leandro sentiu algo de diferente na voz de sua irmã e então foi correndo até aquela casa, quando chegou o humano estava com a faca quase no coração de Hayley, Leandro empurrou-o para longe e literalmente arrancou-lhe o coração após choca-lo contra a parede, os irmãos desesperados tentaram voltar para casa, mas estavam abalados demais e a lua cheia estava próxima, na medida em que a noite caía, eles iam se transformando, como sempre Leandro mesmo no corpo de um lobo soube exatamente para onde estava indo, com total controle de suas ações, mas Hayley simplesmente só se lembra de ter apagado e acordado aqui, nesse porão.

– Obrigada filha– disse Ramon – mas vai para sala brincar um pouco ou assistir TV.

Fui para sala, mas continuei prestando atenção, enxergando tudo aos olhos de Victory, que disse:

– Então resolvido, mate-a

O olhar da Loba encantava Ramon, a beleza também, Ramon não conseguiria machuca-la, arrancar nem um fio de cabelo, muito menos matá-la. Ele sempre foi o mais romântico e perfeito dos homens – pensava a irmã – e nunca gostou de matar, então perguntou tentando disfarçar o quanto gostou da moça:

– Por que eu?

Vic era esperta notou a troca de olhares e viu que o irmão estava caidinho pela loba, Hayley estava acorrentada não poderia se defender então Vic colocou seu braço esquerdo entorno do pescoço dela, apertou bem forte e ameaçou matá-la, a loba olhava para Ramon, um olhar que o encantava, derretia seu coração e pedia piedade. Ramon então gritou:

– Espera!

Vic perguntou “por que?” Ramon respondeu que poderiam deixa-la viver se toda tarde antes da lua cheia do mês trancassem-na no porão até que Leandro pudesse busca-la, então Victory perguntou o que ganharia em troca de deixar a “querida loba” viver. Hayley então levantou a cabeça e disse:

– A minha mãe sabia muito de magia, assim como meu pai ela tinha descendência de lobisomem, mas ela teve um caso com um Bruxo, dessa história vocês sabem melhor que eu, por isso a parte lobisomem do meu pai a matou. Mas ela me contava histórias e uma delas era da espécie dessa meninina que vocês chamam de filha.

Victory se interessou e resolveu perguntar:

– E o que ela falava?

– Me soltem – disse Hayley – deixe-me me vestir e cumpra seu acordo que eu conto

E assim foi feito, Ramon abriu a primeira corrente com uma chave, Hayley logo após quebrou as outras três, se levantou deixando o lençol ao chão e olhou para Vic, a qual entendeu que teria de buscar suas roupas para a loba:

– Esse vestido vai ter que servir, só tenho ele, hoje em dia muitas de nós usamos calças – disse a vampira

A lobisomem logo após vestir-se começou a contar tudo que sabia:

– Há mais de mil anos atrás nessa ilha existia apenas uma grande tribo, humanos que criaram sua própria sociedade e regras, sem nunca ter conhecido o mundo externo, com o passar do tempo esses humanos isolados começaram a ter um tipo de evolução, quase todo novo bebê que nascia após sete horas do parto uma pessoa que estava perto morria, descobriram que esses quando cresciam podiam ler mentes, alguns causavam ilusões, mas um deles quis mais, se chamava Rafagh, foi o segundo humano a nascer assim, ele conseguiu sair da ilha e navegar pelo oceano até atracar em um continente, nele rodeado de coisas e seres diferentes, para se defender conseguiu desenvolver a técnica de não só ler, mas também mexer com a cabeça das pessoas e criaturas, podia influenciar nas decisões, após provar o gosto do poder ele novamente quis mais, aprendeu a controlar totalmente a mente dos outros e a usa-los como robôs programados para obedecer seu criador, assim como vampiros quando hipnotizam humanos, mas ele podia fazer isso com qualquer espécie e sem nenhum “porém”. Depois aprendeu a concretizar as ilusões que fazia, a tornar o pior pesadelo real, criou um exército dos mais variados monstros, mas nada criado por essa “magia” é realmente real, o exército não tinha vida própria, eram apenas como imagens com força, velocidade e tudo que ele precisava para destruir, conquistar e reerguer como de sua posse agora. A espécie mais revoltada foi a das bruxas, que sofrem terríveis consequências se tentarem fazer tudo o que Rafagh fez. Ele criou um império, todos que de lá eram estavam revoltados e deram um fim nisso. Duas irmãs gemias, Estela e Clarice, fizeram um sacrifício, Estela morreu para que Clarice tivesse a mente imune, ela encantou Rafagh, estava apaixonado e na primeira noite quando ele dormiu ela enfiou uma adaga de prata em seu coração, assim todo o exército se desfez e a única coisa que sobrou foi um tipo de diário que diz como ele conseguiu tudo aquilo e como outros dessa espécie, nomeada de Kirian podem fazer o mesmo, ou pelo menos é isso que minha mãe dizia, isso e que essa história tem mais versões do que décadas.

– O que aconteceu com esse Diário? – perguntou Ramom curioso.

– Na verdade eram 3, dois as bruxas consideraram inúteis para os poderes delas e foram queimados, mas o que eu tinha comentado está até hoje guardado com a família das gemias Clarice e Estela, a família Mystic.


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