Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 18
Minha alma foi roubada




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Som de pássaros, ouço um rio passar e pássaros cantarem. Abro os olhos, enxergo.

  Estou deitada, ao lado de um rio, em uma floresta aberta, é tudo tão... magico, me sinto como a branca de neve em um mundo encantado.

  – Isabel – uma voz quente me toma por inteiro

  Mas eu não sou Isabel. Como que não controlasse a mim, levanto, enxergando assim por um relance meu corpo, não sou eu. Estou em um corpo adulto, de pele corada e cabelos enrolados, reluzentes a luz do sol. Ela é linda, de uma maneira delicada e forte, como o entardecer em uma selva.

  – Minha amada, desvelei noites memorando a tua face, cada molécula de ti me tomaste por completo, desde que olhastes para mim. Lhe municiarei de o mundo se permitir-me.

  Alnpç, o nome passa por minha mente como um raio caindo em solo, Isabel as vezes chamava Rafagh assim, ela gostava do nome estranho – combina com seu modo de falar ­– pensava a vampira.

  – Se estiver querendo me dizer que me dará o mundo, eu aceito – “e como aceito”

  — Só relembrando-te, possuo o poder de ler mentes

  – Eu sei – “Eu te amo”

  Alnpç retirou por um segundo o olhar de meus olhos, fizera algo atrás de mim... ou Isabel. Mesmo meio perdida em como estou vivendo uma lembrança da mulher de Rafagh, sem ao menos ter movimentos próprios, olho para trás.

  Diante de meu corpo presencio, acima das árvores, pássaros vermelhos grandiosos como fênixs, alinhados formando a frase “Eu te amo” na língua da ilha.

  – Rafagh, eu...

  Isabel e eu ficamos sem fôlego ao ver o que vinha adiante, um lindo e enorme cavalo branco com asas de pássaro, ao lado dele, um feroz grifo

  – Escolha, minha dama

  – Assim você me faz sentir como uma princesa

  – Não es uma simples princesa, Isabel, es minha Rainha. Sendo minha, terás tudo que nunca imaginara.

  As águas do rio começam a entornarem sobre meu corpo, indo a mim e combrindo-me, se tornando um lindo e longo vestido azul claro, do tecido mais macio e lindo que já vira.

  Sinto lábios macios e calorosos tocarem os meus, Alnpç me beija, beija a Isabel. E desmaiamos em seus braços fortes, os quais nos envolvem.

***

  Acordo no que parece ser uma fortaleza, Alnpç a minha frente

  – Finalmente acordara, tenho de ir, quando o sol abaixar na terra verei-te novamente

  Rafagh segura com as duas mãos meu rosto e beija minha testa. Enquanto ele sai, servas me abanam e me alimentam com frutas, dando-as direto em minha boca, como em pinturas gregas de Deuses e imperadores.

  Olho para o lado e vejo através do buraco de uma eventual janela antiga algo completamente fora do enredo vivido por mim até então. Uma mulher alta e magérrima, com um longo e cheio de véus vestido preto, correndo e se jogando perante a grama, como se a terra e tudo que dela viesse fosse algo inédito, ou que remetesse muitas saudades. Ela arranca pedaços da grama, os amassando nas mãos, depois toca e admira vidrada cada textura das árvores, folhas, água. Os véus de seu esplendoroso vestido voam ao vento, depois amassam à terra e se inundam à água. Até que, totalmente suja e molhada, a mulher percebe-me e se tele transporta, impecável, a minha frente.

  Natacha.

  – Chega desses contos de fada, já tá bem grandinha – a kirian estrala os dedos, fazendo com que todas as servas desapareçam, assim como os móveis e as frutas

  – O que você estava....

  – Tenta passar mais de um milênio presa em um caixão sem sentir o ar, a água, a terra e tudo verdadeiro. Graças a Kelloiri que finalmente começou o pacto do demônio a fazer os sonhosinhos para que você se apaixone perdidamente por Rafagh quando crescer.

  Fico totalmente perdida, Natacha fala como se já soubesse de tudo decorado a muito tempo

  – Quem é Kelloiri e... o que?

  – Mitologia da antiga ilha, depois te ensino. – ela se acalma – Sei que mais tarde irei me arrepender disso, de acabar ajudando meu maninho com o pacto, mas sabe o quão bipolar sou né?! – a kirian sorri rapidamente e olha fixamente para mim – O pacto faz com que a possível única amante de Rafagh comece desde criança a se imaginar adulta no lugar de Isabel, ou seja, vão te fazer apaixonar-se perdidamente por Alnpç com esse joguinho e depois um pouquinho antes dele reencontrar – ela inclina a cabeça para o lado, de modo que fala com uma mistura de tédio e ironia – A última reencarnação de seu único e verdadeiro amor! Tã tã tãã – Nat arregala os olhos, depois volta ao normal – eles param com as visões para você ficar com, tipo saudades e quere-lo mais ainda. Então finalmente, tudo dando certo, A poderosa Davina, filha do pacto, fica com Rafagh, o primeiro kirian, e a alma dele e de Isabel são ganhas pelo demônio.

  Pasma, provavelmente, se não estiver mais no corpo da vampira, minha face deve ter ficado mais branca do que já é, se possível.

  – Então pequena, sei que desse modo estou ajudando meu odiado irmão, mas quer um conselho? Não cai nessa, se livra disso e salve sua própria alma. – ela suspira – Nunca poderia nem se quer pensar em me intrometer nisso, mas eu gosto de você pequena e acho que tem o direito de saber a verdade. Sua alma não foi criada pelo pacto, foi posta nele, foi roubada.

  – Mas... roubada? De onde?

  – Disso nem eu sei joaninha, eu juro.

  Joaninha? Mas ela estava falando a verdade, pude sentir isso, porém se ela não sabe, quem á de saber?

***

Ramon e Vic estão no quarto, sinto a presença deles

  Sem o toque da companhia ou qualquer outro tipo de aviso, a porta de entrada se abre, entrando por ela uma mulher alta, de salto elegante e óculos de sol em plena tarde. Trazia com ela duas enormes malas de rodas em suas mãos, seguida por sete pessoas hipnotizadas segurando, cada uma, várias malas maiores ainda.

  Ouço barulhos, da porta do quarto abrindo e se fechando e de pés descendo as escadas, Ramon vai até a entrada, enquanto Vic ainda cuida de mim, não abro os olhos.

  – Quem é você? – Ramon se espanta com a chegada repentina de minha irmã

  – Sofi Deverron, Sôfi para os mais íntimos.

  – E o que...

  Sofi olhava a mansão por inteiro, parecendo observar cada mínimo detalhe sobre seus óculos escuros e ignorando totalmente Ramon

  – Uma mansão a moda antiga, até que para uma velharia está bem arrumadinha, mas prefiro algo mais contemporâneo, posteriormente farei as reformas – meu pai olha para ela espantado, com um toque de raiva no olhar – E você Servo. Leve minhas malas para o maior quarto que tiver, será meu a partir de agora.

  Ramon olha para minha irmã indignado, ela revira os olhos.

  – Eu mesma acho o quarto – com um movimento das mãos, dois dos humanos hipnotizados jogam todas as malas que carregavam para os braços de Ramon, pegando então as que Sofi segurava. Ela inclina os óculos de sol para baixo, observando o vampiro dos pés à cabeça – E comece a malhar, escravo meu não usa camisa, a loira começa a subir as escadarias

  Victory sai do quarto e com suprema velocidade aparece ao lado de seu irmão  

  – Não era servo criatura? – Vic diz a minha irmã, a qual se vira e desce os poucos degraus que subirá elegantemente, indo até a vampira da mesma forma.

  – "Criatura"? – ela retira os óculos escuros, movimentando os macios cabelos e passando uma das mãos no mesmo com ar de superiora enquanto encarava Vic de cima – quanta deselegância! Te comprarei um dicionário – ela sorri maliciosamente – A outros adjetivos que se encaixam melhor a mim.

  Sofi sobe toda a escadaria, ignorando por completo os avisos de Victory sobre o quarto maior ser o dela e as perguntas de Ramon.

  – Diga pelo menos o que veio fazer aqui – Ramon entrara em quase desespero

  Ao subir o último degrau, a Kirian se vira para o lado e com as mãos sobre a barra de proteção, se impondo como uma Rainha ao falar para seu povo diz

  – Apenas precisarão saber de duas coisas, eu nunca olho para trás, muito menos dou satisfações.

  Ramon e Victory se entreolham – Precisamos ir – demonstram no próprio olhar

  – Ramon, eu não vou deixar minha filha com essa louca – sussurra Vic

  O vampiro balança a cabeça de um lado para outro demonstrando que também não o faria

  Decido então ir de encontro aos três, corro até Sofi e em um salto a abraço

  – Maninha! – digo, para dispensar meus pais

  Eles se olham novamente enquanto Sôfi me abraça apertado, equilibrando-me junto a ela sobre o salto alto. Finalmente eles se despedem de mim e vão à caça da caçadora.


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