Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 13
O que mais é mentira?




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  Uma batida de porta acaba com meus devaneios sobre como anda meu irmão depois de tantos anos, enfim, quem batera a porta na parede fora Vic, meus pais voltaram da reunião, acho que passei o dia na mente de Silon e esqueci da minha vida. Na sala Ramon e Vic discutem, tento ouvi-los:

— Como?! Como nenhum dos nossos conseguiram achar essa Yasmim? – diz Ramon incrédulo

— Essa criatura deve morar dentro das paredes escondida só pode! Aposto que ela está bem debaixo de nossos pés e nem notamos.

— É nariz

— O que?

— A expressão correta é “bem debaixo do seu nariz”. Mas é isso Vic!

— Ela está no nariz de alguém? Não, né criatura!

— Ai meu Deus! Vic! Ela está debaixo de nossos pés. Não a achamos ainda pois ela estava esse tempo todo no subsolo. Por que eu não tive essa ideia antes, lá na reunião?

— Para de reclamar criatura e comunique isso aos Wolf eles que a farejem!

Minutos depois Leandro coordenou uma busca para achar o tal esconderijo, e acharam, mas estava vazio. Por esse motivo Ramon convocou uma reunião para amanhã a tarde

Decido descobrir por mim mesma onde ela está, durmo.

***

Ao acordar relances de imagens passam como borrões pela minha cabeça, não me recordo direito, mas acho que tive um sonho, desço as escadas e entro no banheiro, apesar de não lembrar como foi, sinto algo estranho dentro de mim, uma sensação ruim, como se mesmo que por pouco tempo eu estivesse com... ciúmes?! Ligo o chuveiro, a água caindo, ao tocar o chão as gotas ecoam pelo espaço em que me encontro, como em uma caverna...

  E então me lembro, havia duas pessoas numa caverna, uma mulher de cabelos enrolados e castanhos, segurava com suas mãos de pele pálida e macia as de um homem, ele com a perfeita combinação de cabelos negros e olhos azuis que brilhavam ao olha-la, os reconheci de alguma forma, eles eram Isabel e Rafagh, estavam aflitos e de mãos dadas invocaram algo, ao cantarem juntos uma enorme sombra emergiu sobre eles, refletindo-se e tomando toda a caverna, um demônio, o qual falou os assustando.

  – O que os leva, jovens mortais, a me invocarem?

  – Queremos viver juntos para sempre – disse Isabel tomando coragem

  O demônio riu

  – E eu quero ser o rei do inferno e daí?

 – Sabeis de o pacto, no qual dois amantes hão de viver coadunados eternamente – falou Rafagh

  – O pacto do amor eterno... bem eu posso fazer isso, mas tem um preço – respondeu o demônio

  – Qual – Isabel perguntou

 – Vocês dois cortam as palmas de suas mãos direitas e seguram a do companheiro, o resto deixa comigo, pertencerão um ao outro para sempre, porém se um de vocês não amar verdadeiramente o outro, esse enlouquece e suas almas me pertencem.

  – Apenas essa objeção? – perguntou o Kirian

  – Não! Isabel, que já andou pela terra a mais tempo morrerá sempre que alcançar cem anos de vida, por seis vidas, até chegar a sétima, em que reencarnará pela última vez e com o mesmo nome que tem agora, ela então se sobreviver ao aniversário de um século viverá para sempre junto a ti, desde que não sucumba a garota que te encantará nessa última reencarnação de Isabel. Caso a vampira não sobreviva ou você perca a sua cansativa fidelidade, suas almas serão minhas.

  – Deixa eu ver se entendi, se não nos amarmos nossas almas pertencerão a você, se eu morrer na sétima reencarnação nossas almas pertencerão a você e se ele pela primeira vez na vida ficar com alguém além de mim nossas almas pertencerão a você?

  – Correto! Aceitam?

  Eles olharam um para o outro com brilho nos pesarosos olhos

  – Sim – disseram juntamente

  Eles procuraram com suas velas por pedras soltas da caverna e cortaram as mãos como o demônio havia dito, esse envolveu-se nelas como uma fumaça preta, penetrando em seus cortes e marcando seus braços com um ouroboros de dragão, enquanto isso a alguns passos deles havia um lago mais a dentro da caverna, com águas cristalinas se destacando na escuridão. Era constantemente atingido por gotas d’água que caiam de um único lugar aos poucos, algo me dizia que daquele modo o lago se formou, de gota em gota, uma por uma durante milênios. O casal apaixonado entrou nele, magicamente aquelas águas curaram seus ferimentos, ao saírem uma moça de 23 anos emergiu das águas, ela tinha cabelos lisos, levemente enrolados, de um branco amarelado, sua pele era totalmente pálida, como a minha, e a íris de seus olhos totalmente vermelhas. De alguma forma apenas Rafagh ouvira o barulho e se virara, ela encarou os lindos e brilhantes olhos azuis e quis tocar em seus cabelos incrivelmente pretos, ela quis se envolver nos braços moreno-claros e fortes dele, a mulher quis ver seu corpo sarado ser dela, eu quis roçar meus lábios nos dele.

***

  Aquela garota era eu, sentia isso, talvez a moça da sétima reencarnação também, então sou fruto de um pacto? Eu não existo?

  Desligo o chuveiro e volto ao mundo real, visto um roupão e me lembro que sou apenas uma menina e tenho que ajudar meus pais sobre o assunto de Yasmim, tenho que perguntar a...

 – Natacha! – é como se uma lâmpada se acendesse em minha mente – “Se um de vocês não amar verdadeiramente o outro, esse enlouquece”, a irmã de Rafagh fez o mesmo pacto que ele, só que Ernesto não a amava. – falo comigo mesma – Então ela enlouqueceu, deve ter feito algo muito grave para estar a mais de um milênio presa em um caixão, mas o que... – algo me atinge fortemente e me agarro a pia, desejo enxergar o que me empurrou e por menos de um segundo consigo ver, mas o que vejo é apenas meu reflexo no espelho, meus olhos se revirando e a escuridão os tomando.

***

 – Já começou – ouço Natacha – Isabel foi concebida

 – Na mente de quem estamos? – pergunto

 – Na sua – ela nem me olha e continua andando em círculos sussurrando coisas – Já é a sétima vida, Rafagh logo a achará, tenho que impedi-lo

  – Mas Rafagh não morreu? – fico confusa – Ele está vivo?

  – Davina – ela me encara, chego a sentir medo – Você sabe de mais 

  Enfim o mundo se escurece e não sinto mais meus membros.


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