A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 62
Casa da Árvore | A Escolha


Notas iniciais do capítulo

OIIII GENTE!!! Mais um dia 28/03!!! Mais um aniversário e hoje eu estou fazendo VINTE E UM ANOS!!!! Quero agradecer de todo meu coração por estarem comigo por TODO ESSE TEMPO ABSURDO!!! Kkkkkkkkkkk
Espero que se divirtam com esse capítulo. Eu ia postar meia-noite mas acabei dormindo, e avida ta me dando umas pauladas... precisei trancar a faculdade, to bem doente e diagnosticada com borderline, cuidando da minha mãe que sobre de bipolaridade... n tem sido muito fácil, mas espero que vocês se divirtam bastante, e tenham um dia muito feliz! Daqui a pouco disponibilizo os links!



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Antes de você me conhecer, eu estava bem

Mas as coisas estavam meio pesadas

Você me trouxe à vida

Agora, em todo fevereiro você será meu namorado, namorado

 

Vamos até o fim esta noite

Sem arrependimentos, apenas amor

Nós podemos dançar até morrer

Você e eu, nós seremos jovens para sempre

— Teenage Dream, Katy Perry

 

Caminhamos devagar, um ao lado do outro, à caminho da casa na árvore. Liberei nossos criados por hoje, e os guardas estão em uma distância que nos garante privacidade e segurança ao mesmo tempo, ainda que as falhas na estrutura dos muros já tenha sido consertada há muito tempo.

 — Achei que a gente pudesse ter um pouco mais de liberdade e privacidade para viver — confesso, num suspiro. Não posso dizer que eu estou triste, porque isso seria muito, mas inteiramente satisfeito com a gente sendo observado toda hora é um pouco angustiante.

Ela assente, com certo pesar, é possível perceber.

— Algumas coisas não consigo mudar, meu bem, me desculpe — sorrio, balançando a cabeça para tranquilizar ela.

— Está tudo tranquilo. De verdade — tranquilizo. — Gosto muito de você. Então vale a pena.

Ela ri.

— Obrigada.

Seguimos a caminhada, em silêncio, mas confortável. Eu mais cedo dei a desculpa que a gente tinha que vim para conversar, mas o que precisamos de verdade é de um pouco de silêncio e paz. Ela pega seu arco e flecha, dispostos em uma mesa ali perto, e sorri, olhando para mim.

— Já me viu quantas vezes usar um arco e flecha? — pergunta, esperta. 

— Vezes suficientes para querer nunca te aborrecer quando segura um desses — ri gostosamente, colocando a aljava nas costas, após puxar uma flecha, e se posicionar com maestria. Acerta um alvo quase dez metros de distância de onde estamos. — Jesus, Katniss, pega leve.

Ri de novo, se dispondo de mais uma flecha, enquanto eu subo na casa da árvore, abrindo a porta grande, assim como as janelas. Aqui tem ar-condicionado, mas estamos de folga, e eu quero distância de tudo o que for possível. Quero respirar o ar natural, sentir a grama… mas ao sinal do primeiro mosquito ou largaria eu retorno para todo o luxo do palácio sem pensar duas vezes porque não sou maluco.

Acho que acertei um esquilo! — gritou.

— Vai fazer ele sozinha, que nojo! — gritei de volta, rindo, me inclinando na sacada, vendo ela sorrir com um bicho flechado. — Que nojo, Katniss.

— Que nojo nada! — ela verifica se está morto. — Mais três desses e dá para fazer uma sopa incrível. Vou separar para levar ao palácio.

Fiz que ia vomitar, entrando para a casa. Ela ria, divertida. Eu nunca poderia imaginar fazer uma coisa dessa. Às vezes a minha mãe trazia peru selvagem ou carne de coelho e esquilos para a gente, restos do restaurante que trabalhava. Não era ruim, porque ela era uma das melhores cozinheiras da província, mas não era a melhor experiência de todas, na maioria das vezes, porque raramente a comida em casa era temperada com alguma coisa além de sal.

— Abati mais um — Katniss conta, subindo ofegante, com um sorriso. — Estou muito tempo sem fazer isso, mas já é alguma coisa.

— Você faz tudo muito bem, exceto uma torta de morango. Como isso se explica? 

Lavou as mãos no pequeno banheiro, depois de deixar o arco e as flechas em um canto.

— Eu vou continuar tentando, ok? Stacey disse que vai me ensinar, e eu estou muito dedicada...

Revirei os olhos, sorrindo, me jogando na cama, pegando o Smarter para a seleção de uma boa playlist. Logo ela se joga ao meu lado, depois de tirar a blusa, ficando apenas como top de tecido fino. Ainda não nos relacionamos de outra forma, embora a tensão fique bem no ar. Parece que temos um pouco de receio do que pode ser.

Deslizo o meu indicador por suas costas, sendo a curva da sua coluna, para cima e para baixo, devagar, enquanto ela se aconchega no meu peito. Logo percebo que fecha os olhos, e ronrona baixinho. Sorri.

— Você sabe literalmente como me desligar, meu bem — e aí a pontas  dos seus dedos roçam minhas costelas por cima da blusa. Eu malho bastante, e hoje estou muito longe do jovem franzino que chegou ao palácio, mas ela pressiona de um jeito como uma massagem, e eu fico realmente muito relaxado. Também fecho meus olhos, continuando com o carinho.

Me diz que vamos passar o final de semana aqui — peço em um sussurro.

— Vamos passar o final de semana inteiro aqui e na cachoeira, meu bem.

Suspiro, a abraçando. Nós dois dormimos.

*

Quando acordo, o sol já está quase totalmente escondido no horizonte, e Katniss ainda ressona baixinho. Dou um sorriso com a cena, nos separando devagar para que não acorde. Fecho as janelas, por causa dos mosquitos, e também para evitar entrar algum pássaro noturno. Ligo o ar condicionado, em passos lentos, ainda tentando assimilar. Dormi por quatro horas, mas parece que foram meses. Deus sabe o quanto eu estava necessitando dormir assim.

Depois de lavar o rosto, resolvi bisbilhotar as cestas que nos deram antes de virmos passear e tirar o fim de semana de folga, já que não teremos formalmente uma lua de mel. Para o jantar, era só esquentar cozido de carneiro e encher as taças com vinho ou champanhe, que foram postos na pequena adega. Então aproveito o tempo que ela está adormecida para arrumar, descendo apenas para colher algumas margaridas. Mas, como eu não sou completamente um cavalheiro, depois de arrumar tudo eu simplesmente a balanço, colocando uma boa música para tocar no quarto.

— Você é patético — reclama, no meio de um bocejo, se esparramando mais pela cama. Ri, me divertindo com a cena. — Esquentou a comida?

Assenti, estendendo minhas mãos para ela.

Eu quero mostrar que meu amor é forte

Faça-a sentir quando estou em casa

Sem fingir, sem enganar

Ela pode me sentir quando eu me for

Ações falam mais alto que, falam mais alto que, falam mais alto que canções de amor

As melodias que eles carregam

Ações falam mais alto que, falam mais alto que, falam mais alto que canções de amor

Eu tenho feito tudo errado

A música tocava, e ela cantarolava junto, dando uma girada na ponta dos pés, cobertos por meias bem grossas. Está calor, mas sempre gosta de ficar de meias para dormir. Aí está uma coisa que descobri sobre ela, conosco dividindo a cama todos os dias.

— É tão bom estar de volta aqui… você tem sempre as melhores ideias — diz, num suspiro sorridente, se sentando em uma das enormes almofadas ao redor da mesa baixa. — Pode encher.

Assim o faço, tal como a minha, quase transbordando com champanhe. Ontem, no nosso casamento, quase não deu tempo de beber alguma coisa, porque tinha gente demais para cumprimentar. Será necessário duas semanas aqui de molho para recuperar minhas habilidades de sorrir sem ter as bochechas doendo.

Às estrelas — anuncia, levantando a taça, e eu o mesmo.

E aos sonhos que se realizam — fez um “tim-tim”, e começamos a jantar.

Conversamos sobre amenidades, rindo, bebendo muito, principalmente. Me faz sentir de volta à primeira vez que eu vim aqui. Acho que ela sente o mesmo, pelos olhares que me lança no meio da refeição, e acho que faço o mesmo. Acho porque bebemos pouco no período em que percebemos que seria impossível nos vermos sem querer beijar a boca um do outro, então com duas taças eu já estava um pouco enevoado.

— Você é incrível selecionando músicas, Peeta — diz, depois que colocamos os pratos do jantar em um canto da mesa, e eu dispus pedaços bem generosos de torta de limão. Eu não trouxe meu remédio para a alergia, então sem chocolates pelo final de semana.

Eu penso em todas as minhas falhas

Você vai me amar só porque?

Você acredita que poderíamos durar para sempre, querida?

Por que não fazemos todo o caminho? (todo o caminho)

Todo o caminho (todo o caminho)

Todo o caminho

Espero que continuemos até o fim (todo o caminho)

Espero que você também

Eu faço, eu faço, eu faço (sim)

Espero que você também

Espero que você também

(Oh, eu me pergunto se você)

Ela fecha os olhos, com um sorrisinho no canto do rosto, aprovando a mistura de estrelas com o mousse. Suspiro, sorrindo com a cena tão inocente. Faço uma promessa secreta de nunca me esquecer desse momento.

I do, I do, I hope you do too — cantamos juntos, rindo, dando uma das mãos sobre a mesa. — Eu amo ficar assim com você.

Declaro, e beijo sua mão esquerda, admirando a linda aliança dourada com uma pérola. É bem discreta, mas linda, pura, como ela. Eu gostaria de ter encontrado uma ostra na beira da praia, mas ter achado a mais bonita à disposição durante a Elite já é suficiente. Pensar que um dia eu a detestei, sem nem a conhecer, é bem idiota. Hoje eu não consigo me ver vivendo outra vida. Nem em meus melhores sonhos, com quem quer seja, nada faz tão sentido quanto poder beijar ela.

— Obrigada, eu também — responde. Nos soltamos, retornando para a refeição, enquanto outra música tocava.

Acordei em lágrimas, com você ao meu lado

Um suspiro de alívio e eu percebi

Não, o amanhã não nos é prometido

Então eu vou te amar como se eu fosse te perder

Eu vou te abraçar como se eu estivesse dizendo adeus

Onde quer que estejamos, eu vou te valorizar

Pois nunca sabemos quando

Quando o nosso tempo irá acabar

Então eu vou te amar como se eu fosse te perder

Eu vou te amar como se eu fosse te perder

Sem sentir a gente terminou, e logo estávamos bem juntos dançando devagar pela casa.

Num piscar de olhos, assim como fumaça

Você pode perder tudo, a verdade é que nunca se sabe

Então vou te beijar por mais tempo, amor, qualquer chance que tiver

Eu vou aproveitar ao máximo os minutos e amar sem arrependimentos

Como na música, eu a beijei. Sem arrependimentos. Podia sentir o gosto da torta, e também do álcool, o mesmo que agia sobre mim. Ela apertou minha blusa, na altura da minha cintura. Suspiro, desviando para beijar seu pescoço, abrindo os olhos para levar a ponta dos dedos até o zíper da blusa que veste.

Não me impede. Ao primeiro instante, paremos entender onde vamos terminar. Ao contrário, seu corpo se aperta mais ao meu, com o rosto escondido no meu peito, ainda dançando, bem devagar. Sorri, quase rindo, contemplando a pele não-branca na luz das lâmpadas amarelas. Deslizo sem pressa a blusa por cima de sua cabeça, a encontrando com nada além de um fino toper da cor de sua pele. Se arrepiou com o meu olhar.

Não me faça esperar

Eu estive pensando nisso o dia todo

Você sabe o que eu quero

No segundo, no minuto em que estou em casa, é

Ooh laa

Essa é a única música que eu quero ouvir, é

Ooh laa

Fique um pouco mais alto, grite no meu ouvido, sim

A minha camiseta sem mangas cai pelo chão, e ela dá um sorrisinho. Esse sorrisinho. Como um reflexo, sorrio também. Sem dizer mais nada, engatinha até o meio ca cama, que é sustentada por paletes. Sorrio com a cena. Acho que não precisamos dizer nada. Logo estou junto dela, entre mais beijos, e o botão da minha bermuda jeans está aberto, enquanto o zíper da sua calça de pijama está sendo abaixado. Dessa vez, ninguém vai nos interromper. Me sinto inseguro, porque ninguém ao certo me disse como fazer nessas horas, mas tenho deixado meu corpo me dizer o que fazer e até aqui tem dado muito certo, então...

Não demorou para minhas mãos estarem dentro do seu short, passando por suas coxas, até cair no chão. Ela fez um som diferente, retido apenas para quando nós estamos juntos dessa forma. Eu também. Pensei em dizer alguma coisa, quando nos cobri até a cintura com o edredom, sem roupas, mas não consegui pensar em nada, apenas em demonstrar o quanto eu a respeito, a admiro, e louvo. Beijo seus ombros, seus seios, sua barriga, demoradamente, conhecendo sem pressa o seu corpo. Peço que mostre onde quer que eu a toque e beije, e assim o faço com toda a calma. Sem sentimentos de culpa, apenas de prazer podendo sentir sua pele se arrepiar ao contato da minha. Nós dois mudamos muito desde a última vez que estivemos nessa casa da árvore, e está tudo bem para mim.

E eu quero caminhar ao seu lado

Em um dia nublado

Em campos onde o capim amarelo cresce à altura dos joelhos

Então, você pode tentar vir comigo?

 

Venha embora comigo e nos beijaremos

No topo de uma montanha

Venha embora comigo e eu irei

Nunca deixar de te amar

Não tenho experiências completas nesse assunto, e não converso com ninguém sobre, porém é interessante poder descobrir tudo aqui com ela. Descobri que ela não gosta de beijos no pescoço, prefere nos ombros. Que a toque nas coxas. Que diga o quanto ela é linda, enquanto desço meus beijos da sua boca até abaixo do umbigo...

A sensação de nos unir, enfim, é muito melhor do que eu mesmo poderia imaginar. Me incomoda, então, perceber que para ela no início não é tão agradável quanto para mim, então sou paciente, o tempo todo preocupado.

Estou me sentindo melhor — sussurra, arranhando minha nuca, enquanto eu beijava seu dorso. Assenti, começando bem devagar, e quase estremeci de tão boa que é a sensação. Logo, parecemos estar em um mesmo lugar, nos acelerando, abrindo um sorriso no meio da noite quente de verão, como se o ar condicionado não estivesse ligado. A sensação é bem diferente de qualquer coisa, é um prazer completamente novo. Parece que nós dois somos dois planetas entrando em colisão. Nos desmanchamos como poeira de estrela e champanhe, completamente ofegantes, sem nos importar com o suor ou os sons que fazíamos inconscientemente.

Katniss apenas se inclina sobre mim, depois de nos desencaixarmos, da forma mais natural possível, e descansa a cabeça em meu ombro, nossos corpos se tocando em muitos pontos nus, mas eu não ultrapasso nenhuma outra linha. Minhas mãos passeiam por suas costas, como em uma massagem, e ela ronrona. Dou um sorriso, nós dois muito ofegantes com a situação, mas ela sorri também. Posso sentir meu rosto totalmente vermelho de vergonha e agitação ao mesmo tempo.

Com cuidado, se deitou ao meu lado, de frente para mim. Não posso enxergá-la muito bem, pela escuridão da casa, e por não ser muito iluminado nem pelas estrelas, uma vez que tem muitas outras árvores ao redor dessa.

— Eu te machuquei? — pergunto em um sussurro, tirando os fios suados da frente de seu rosto. Negou, e tão perto posso ver seu sorriso, que logo me faz sorrir também. Preciso me segurar para não beijar ela de novo, e dizer o quanto ela é a pessoa mais linda que eu já vi na minha vida. É impossível alguém ser mais bonita que ela nesse momento, ainda que com os cabelos todos embolados e a voz rouca de sono e…

Sinto minhas bochechas ficarem mais vermelhas com flashes de instantes atrás.

Foi bom para você? — pergunta em um sussurro também. Assinto, me aproximando ainda mais. Eu gosto de poder sentir que divido minha alma com ela, e ela comigo. — Para mim também foi muito bom.

Rimos juntos, baixo, ainda que não tenha ninguém nos observando. Esse é exatamente o tipo de comentário que Katniss que eu conheço faria depois de um momento como esse. Afago seus fios, enquanto ela faz carinho nas minhas costas, e parece que nós dois caímos no sono juntos. Se em Panem ou em algum lugar do mundo há problemas, nenhum parece nos atingir.

(.)

Pela manhã, sou acordado com o sol esquentando meu rosto, ainda que com o ar na opção mais gelada. Katniss resmunga, junto comigo.

— Vou puxar as cortinas — murmurei, e ela assente, sem encolhendo debaixo do edredom. Busco minha peça de roupa íntima no chão ao lado da cama, e quase tropeço ainda sentado, sendo tomado pelo constrangimento, mas mais pelo cansaço. Com tanto sono, nem consigo raciocinar. Apenas me arrasto, puxando as persianas, retornando para a cama. Katniss feito um ímã volta a se enrolar em mim, e eu nela, mas não consigo dormir de novo. 

Sinto muita dor de cabeça, por causa da bebida, e de todo o exercício absurdo na madrugada, o que é horrível, mas então ao perceber que Katniss está completamente sem roupas e enroscada em mim, é o suficiente para eu acordar de uma vez.

Diminuo o volume do rádio, deixando tocar uma música bem calma e suave enquanto eu separava a louça do jantar para substituir pela do café da manhã.

Três passarinhos sentaram na minha janela

E eles me disseram que eu não preciso me preocupar

O verão chegou como canela, tão doce

Garotinhas pulando corda no concreto

 

Talvez às vezes erramos, mas está tudo bem

Quanto mais as coisas parecem mudar

Mais elas permanecem as mesmas

Não hesite

 

Garota, coloque seus discos, diga-me sua música favorita

Vá em frente, solte o cabelo

Safira e jeans desbotados

Eu espero que você realize seus sonhos

Vá em frente, solte o cabelo

Você vai se encontrar em algum lugar, de alguma forma

Cuido de colocar todas as coisas de café na mesa, e ajeitar, de um jeito quase que abstrato, porque acordei mas não integralmente. Peguei um ramo de camomila, e coloquei em um pequeno pote com água, para fazer um chá enquanto ela não acorda. E remexendo nas coisas que estavam na cesta, achei uma câmera, não uma qualquer, eu reconheceria essa preciosidade de bem longe: Cato! Não imaginei que ele fosse me dar algum presente de casamento, na verdade, eu o presenteei com uma câmera profissional que encomendei, para que possa ocupar seu tempo enquanto se adapta com a perna artificial.

Antes de mandar uma mensagem em agradecimento, já conectei com meu smarter para poder registrar Katniss preguiçosamente abrir os olhos, com a coberta até seus ombros, agarrada ao travesseiro que coloquei em meu lugar. Sorrio, muito sincero, como se nada e nem ninguém pudesse tomar esse ponto de felicidade que eu sinto ao simplesmente olhar para ela.

Hmmmm, o que foi? — sua voz está rouca por acabar de acordar, e simplesmente é a coisa mais adorável do mundo. Já acordamos muitas vezes um com o outro, mas dessa vez é tudo como se fosse a primeira vez. Como oficialmente adultos. Não sei bem como explicar.

— Você vai precisar se ajeitar para passar para o banheiro sem roupas — digo, sem pensar duas vezes, me jogando ao seu lado na cama. — Você perdeu a bela visão minha momentos atrás.

Seu rosto fica totalmente vermelho de vergonha, mas ri, balançando a cabeça.

— Sorte que eu sou bonita, e não me intimido por você — pisca, e eu quem fico corado, porque ela surpreendentemente saiu da cama enrolada em um lençol mais fino, passando pela minha frente. Eu sei que preciso me acostumar com isso mas eu não consigo. Parece que é um sonho. 

Bem, se eu sinto que é um sonho… posso prolongar esse sentimento. Sorrio, segurando em sua coxa, quando passa por mim.

— O que acha de deixar esse lençol cair, hein? — pisco, balançando o lençol. Franze o cenho, mas surpresa com o que eu falei. Aí sorri.

— Fala sério? — assenti, mesmo sentindo a minha bochecha quente e vermelha com a minha atitude. — Pois muito que bem…

E simples assim, deixa o lenço cair, logo solta os cabelos que tinha preso em um coque desajeitado. Quase engasgo. Que mulher. Sinceramente, eu poderia fazer de tudo que nada me tornaria digno de tê-la de qualquer forma. Como minha esposa então… nem que eu vivesse 3 vidas.

— Vai ficar olhando ou tirar essa bermuda?

Não levamos dois tempos até estarmos em uma bagunça de corpos, lençóis e edredons. Foi ainda melhor que a noite passada.

Promete que... vamos ter essa privacidade... quando a gente voltar… — murmuro, com os olhos fechados, o rosto escondido no pescoço dela, que vibra em um suspiro, arranhando minhas costas com a sensação que meus dedos causam ao passear por seus seios. Tudo vamos descobrindo aos poucos. — Hm…?

Minha mão passei por seu ponto sensível, abaixo do umbigo, passando bem no interior de suas coxas e ela arfa, inclinando o quadril, e é quase um crime a sensação absurda que isso causa. Nossos corpos ficam quentes e parecem que vão derreter com o sentimento de pertencimento um do outro, como um ímã.

Assente, em um outro suspiro, se desfazendo, como eu. Para acabar com isso, nos unimos novamente, e é impossível enxergar qualquer coisa além de um breu e fogos de artifício de um lado para o outro. O quarto fica em chamas absurdas e quase sufocantes, mas da melhor forma possível. Por muita sorte, não há ninguém perto da casa e a gente pode continuar com o nosso momento de intimidade sem constrangimentos.

*

Quando voltamos para o palácio é com muito pesar. Por mim, viveríamos na casa da árvore pelo resto das nossas vidas, porém já temos que partir em viagem de negócios para a Austrália. Estou sinceramente triste, pensando em como vai ser a nossa vida a partir de agora.

— O que você faria se não fosse rainha? — pergunto, beijando sua bochecha. — Eu seria jardineiro se eu pudesse me estabilizar.

Sorriu, se afastando um pouco para pegar uma das uvas que eu carregava em um pote.

— Eu acho que não tenho ideia. Fui criada para isso… para essa vida, entende? Talvez eu fosse musicista. Ou uma atleta.

— Com arco e flecha você sem sombra de dúvidas conseguiria fazer tudo — declaro. — Já posso até te imaginar com blusa polo e calça bege acertando todos os alvos que botarem em seu caminho.

— Sabia que eu já participei de uma competição assim? — neguei, surpreso. — Mas tive que sair porque no dia da final quebrei a perna acidentalmente quando fui andar com meu cavalo. Não consegui ficar triste porque Nicolau, que estava em segundo, martelou o próprio dedo para me fazer companhia, e assim que passei 2 meses morando na Alemanha aos 16 anos.

— Katniss, eu jamais poderia imaginar isso — ri outra vez, se servindo de mais uma uva. — Eu amo ouvir você falar.

— Pois não se preocupe, jovem. Eu tenho muita coisa para dizer ainda… mas vamos deixar isso para os longos anos de casamento que a gente ainda vai ter. Você sabe, manter a curiosidade e os fetiches.

Caio na risada, pela forma que gesticulou. É absurdamente delicioso estar ao lado dela. Quando chegamos ao palácio, assim que cruzamos as portas que dão acesso ao jardim, somos bombardeados por médicos e enfermeiras que logo nos dividem e alguns jornalistas estão infiltrados para saber o que foi que aconteceu. Ela me disse que isso aconteceria, mas eu não podia imaginar que fosse ser tão invasivo assim. Pude apenas ver ela rindo da minha cara quando nos separaram e tiraram o pote de uvas da minha mão.

— Relaxa! — ouvi ela gritar. 

— Estou bem! Estou bem! — exclamo, erguendo as mãos assim que me sentam em uma cama hospitalar. Katniss foi levada para uma outra área. — Nada aconteceu que seja sentido para toda essa movimentação nonsense.

— São só protocolos, pequeno — tia Effie aparece, e eu enfim suspiro um pouco aliviado. — São para verificar se há a possibilidade da rainha já poder estar grávida.

Sinto meu rosto ficar roxo.

— E não poderia ser mais discreto? Eu pensei que todos os testes seriam feitos apenas daqui duas semanas…

— Bem, aqui como protocolo tudo é checado ao menos duas vezes para ter a certeza que a linhagem será garantida — explica, beijando o alto da minha cabeça, me abraçando pelo ombro enquanto estou sentado e tiram meu sangue. Repouso a cabeça em seu peito, encontrando o conforto que apenas minha mãe poderia me proporcionar se estivesse aqui. — Ela já comentou sobre isso com você?

Meu coração falta uma batida. A gente deveria ter se protegido. Eu ao menos, já que sei que mulheres precisam de remédios que muita das vezes fazem mal. A minha mãe não podia tomar os tais anticoncepcionais porque isso afetava drasticamente seus rins, e eu me lembro de ouvir ela comentar sobre a queda de cabelo absurda. Não que eu soubesse muito sobre prevenção sexual, mas Delly tinha sempre um preservativo para quando a gente ficava além do esquenta no sótão com toques pra lá e pra cá. Meu rosto fica vermelho, só de lembrar Delly e eu em situações que eu tive com Katniss nesse fim de semana.

— Acho que nunca comentamos nada. É natural que aconteça, não é?

Tia Effie ri, afagando meu cabelo.

— Bem, depende… o estado clínico fértil de sua agora esposa é sigiloso, mas imagino que você possa ter algum acesso se assim solicitar. Você não tem nenhum problema quanto o assunto.

— Então por quê estão tirando seis frascos de sangue de mim?

— Isso é para estudar geneticamente quais as possibilidades do herdeiro poder nascer com alguma questão mental, majestade — diz o enfermeiro, terminando de tirar as amostras de sangue. — Não é nada demais, queremos apenas ter a certeza que caso algo aconteça, já tenhamos a base para atender melhor.

Concordei, meio sem entender. Como assim alguma questão mental? Eu e Katniss nem conversamos sobre isso, não somos casados nem há 3 dias e já fazem suposição se nosso filho vai ter algum transtorno mental ou de personalidade?

Isso é desrespeitoso em todos os países do mundo nesse momento.

— Calma, esse é o procedimento… eu sei que é ruim — tia Effie comenta, já percebendo em meu rosto que a notícia não me agrada em nada. — Mas me conta, você está bem? Como foi o fim de semana?

Ela faz cócegas no meu pescoço e eu caio na risada, tendo cuidado para não dobrar o braço que acabou de ser furado.

— Isso é horríveeeel! Para! Tia! Para! — gargalho, me revirando na cama, e dois enfermeiros que estavam marcando os frascos com meu sangue riem também. 

— Você não é mais um bebê! Eu estou muito triste com isso — declara a loira, com o cabelo rosa. — Você é safado, um homem agora.

Rio de novo, mas dessa vez sem as cócegas. Ela colocou o dedo bem na minha testa, e fez uma expressão triste de verdade.

— Sou nada, ainda vou fazer 21 anos — respondo. — Semana que vem na verdade.

— Eu acho tão triste que você seja de Aquário… eu sou Áries igual Katniss.

— Tia, não me diga que acredita em signos…

— Mas você não?! — nego, rindo outra vez. É claro que tia Effie deve acreditar, é a cara dela. — Ok, ok… para com essa risada toda. Você está bem?

Assinto, descansando de uma vez, quando se senta na cama, com as costas na parede. Envolvo meus braços por sua cintura fina marcada por um vestido com corpete e estampa de flores; parece feliz com meu gesto e isso me deixa ainda melhor. Não sei se posso pensar isso mas ela é como uma mãe para mim. Uma mãe que a minha não pode ser.

— Foi divertido, a gente pode ficar ficar bebendo e comendo sem alguém vim interromper.

Afaga meu cabelo, da maneira mais carinhosa do mundo, fazendo e desfazendo os cachos.

— Não tive tempo de falar com a senhora desde a cerimônia… eu ia pedir para entrar comigo. Mas depois de uns acontecimentos, eu e Katniss acabamos juntos na capela. Eu fiquei com medo que a senhora se chateasse.

Ri sinceramente, e é uma delícia poder fechar meus olhos, com um carinho tão materno como esse no cabelo e poder ouvir seus batimentos cardíacos. Me sinto com 10 anos de novo.

— Meu amor, você não sabe a honra que eu já sinto por você. Você é quase um filho para mim. Achei que a gente já tinha passado disso, Peeta.

Balanço a cabeça, colocando em seu ombro. Dama Effie é muito bonita, ela tem traços finos que são muito parecidos com o da minha mãe, em seus quarenta e poucos anos. Não precisa de tanta maquiagem, fico me perguntando o porquê de tudo isso. Toco a ponta de seu nariz e ela sorri. 

— Desculpa. Sempre acho que devo satisfações para a senhora — pisco. — Já que oficialmente a acaba de me adotar. Tem que arcar com as consequências de criar a partir de agora um adolescente!

— Peeta, você logo faz 21 anos! Não é um adolescente! 

Me levanto da cama, negando, ajeitando minha blusa.

— Pois se eu sou rei consorte posso decretar isso: eu, enquanto não tiver filhos, sou oficialmente um adolescente! Pois queira ou não!

Ri muito, se jogando na cama, cobrindo o rosto.

— Oh, céus, você vai encher minha paciência, não vai? — sorrio, pegando sua mão, para sairmos juntos da ala hospitalar, já que terminaram os exames e perguntas constrangedoras. — Pelo visto você vai.

— Bem, eu estou te dando a chance de saber o que é ser mãe, mas veja a melhor parte: a senhora não teve que limpar as minhas fraldas, mas caso eu seja pai um dia, eu te darei essa honra.

Rimos juntos, com nossos braços entrelaçados. Senti as fotos discretas de alguns jornalistas, mas não me importo. Eu vou adorar pegar essas fotos depois. Ela é incrível, e com certeza é um dos principais motivos pra eu estar aqui hoje.

— O que acha de tomarmos um café juntos? Eu vi que você estava comendo umas frutas quando chegou, mas ninguém merece almoçar umas uvas, não é? — sugere, e eu assinto.

— Só vou enviar uma mensagem para a Katniss avisando, a gente não tinha combinado nada, mas vou falar né. Vem, tia, faz uma pose pra foto — tirei uma selfie com ela, que sorriu e ajeitou as sobrancelhas já impecáveis me fazendo rir de novo. Mal nos vemos e eu já estou com a barriga doendo de tanto rir.

Peeta Mellark: Hey, você está bem? Eu quase morri com tantos frascos de sangue que tiraram de mim… mas agora fui liberado e estou indo almoçar com a tia Effie

Katniss Everdeen: Sorte a sua! Eu estou indo fazer uma ultrassonografia e tiraram vários sangues de mim também. Mas combinei já de comer com Madge que vai me contar de um guarda que conheceu no casamento… sabe que eu demoro com essas conversas com ela né?

Peeta Mellark: KKKKKKKKKKKKKK junta a fofoca e me conta tudo depois, vou ver se consigo levar um pedaço de bolo red velvet para você. Tia Effie mandou beijo 

*foto*

To aprendendo a tirar selfies o que acha?

Katniss Everdeen: *digitando…* PEETA VOCÊ É ADORÁVEL DEMAIS, PARA COM ISSO!

*foto*

A foto que enviou foi uma selfie linda dela fazendo careta. Sorrir é inevitável.

— Me conte, como foi seu fim de semana, tia — guardei o Smarter para não ser mal educado, passando toda uma tarde com tia Effie no jardim. Hoje foi uma das melhores tardes no palácio, me parece distante a ideia oficial de que tudo isso é meu também. Mas fico em paz por saber que mesmo com meu pai não morando aqui, ou meus irmãos, eu terei Katniss, tia Effie e em breve Stuart… vou dar o meu melhor para aproveitar.

 


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Notas finais do capítulo

(Infelizmente estou pelo celular, meu notebook e o computador tbm, mas aqui os links)
em sequência
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Pessoal, quem ouder comentar, é mt importante mesmo saber quem ainda ta por ai kkkkkkkkk sério gente penso mt em desistir até da minha vida quase todo dia mas ler fanfics aqui me ajudam a ter um pouco de sanidade.



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