Domingo de manhã e Gillian acaba de dar seu depoimento sobre o que aconteceu com Laís. Ela está voltando para casa.

Será um dia longo até a hora de ir buscar Olivia. Ainda pode acredita que a morena aceitara ir com ela no jantar de seu pai. É uma completa desconhecida e mesmo assim Olivia irá com ela. Gillian sente que Olivia realmente deseja uma amizade e isso lhe deixa muito feliz.

Como não possui nenhum cliente hoje, pensou em visitar Laís no hospital durante à tarde.

Após chegar em casa vai direto para seu quarto deitar-se. Teve uma noite cheia e passou a madrugada no hospital aguardando notícias do estado de Laís, e depois que Olivia aceitou seu convite não conseguiu dormir.

Sem muito esforço, acaba pegando no sono apenas alguns minutos depois.

A loira está deitada na cama, seu coração pula no peito, ela acha que em alguns minutos ele rasgará sua pele e cairá ao seu lado, e seu sangue jorrará por todo aquele quarto que estranhamente é todo branco. Os olhos azuis encaram a porta. Em algum momento a morena entrará, Gillian tem certeza disto.

Mas desta vez é diferente, a loira ouve batidas leves na porta e, sabendo quem é, ela corre até a mesma.

Olivia! Ela quer gritar, mas não consegue. A morena está nua e coberta por sangue. Ela cai sobre os braços de Gillian e a mesma lhe leva até a cama, deixando os lençóis brancos cobertos pelo sangue avermelhado.

Ela procura por um ferimento aberto no decorrer do corpo da morena, mas nenhum é encontrado. O sangue não é de Olivia. Por um breve momento a loira fica alegre por isso, mas o sangue ali é de alguém. Gostaria de perguntar para a morena, mas não consegue falar.

Ela segura Olivia em seus braços, mas a morena não diz nada, talvez assim como ela não consiga. Os olhos encarando o sangue no corpo da morena são fechados ao pensar que aquele sangue é de uma de suas clientes.

Ao encarar os olhos castanhos de Olivia por um breve momento ela consegue sentir a dor que a morena está sentindo. Mas não entende, pois o sangue não é dela, e não possui nem um ferimento.

As duas ouvem um barulho que parece vir da porta ao virarem-se para a mesma percebem Lily adentrando o quarto. Também nua e coberta de sangue, mas nela o ferimento é exposto. Um corte profundo, que começa no lado esquerdo de sua barriga e termina no lado direito da mesma, abaixo do seu umbigo deixa amostra o interior de Lily.

Gillian não acredita no que vê e larga Olivia e corre até Lily, durante o trajeto uma dor indescritível adentra seu peito e ao olhar para ele vê o que parece ser seu coração pulsando rapidamente. Sente sua pele abrir e consegue ver ela se rasgando. O coração de Gillian sai dela e fica no ar, voando com asas invisíveis.

Suando frio, a loira acorda, desta vez em seu quarto verdadeiro e num gesto automático leva sua mão até o lado esquerdo do peito para sentir seu coração. Ele está ali. Sente-se aliviada.

Fernando ao seu lado dorme tranquilamente, ela o acaricia e pensa sobre o sonho. Fora diferente dos demais. Nunca sonhara com mais alguém além que Olivia. O que Lily fazia ali? Seu lado psicoterapeuta não a deixou parar de pensar no sonho. Durante horas permaneceu deitada pensando a respeito.

Quando dá por si já está quase na hora de buscar Olivia. Ela toma um banho rápido e se arruma mais ainda. O cabelo com alguns cachos ao fim de cada mexa do cabelo loiro. O vestido vermelho, com um casaco preto combinando com os saltos.

Olivia está mais linda ainda, se é possível. O cabelo ondulado, pouca maquiagem, uma camisa preta transparente, deixando seu sutiã levemente amostra, e uma calça social preta, saltos pretos. Gillian que adoradora da cor ficou boquiaberta com o look da morena.

As duas chegam a casa de Charles, Olivia não consegue evitar comentar.

–Essa é a casa do seu pai? Uau. Ele é algum milionário?

–Sim. –responde Gillian rindo

A loira toca a campainha duas vezes e na terceira a porta é aperta por Lily.

–Boa noite, Gillian. –diz a ex-alcoólatra.

–Lily? –pergunta Gillian surpresa.

–Você a trouxe. Muito bem. Entrem. –diz Lily surpresa ao ver Olivia ao lado de Gillian.

–O que você faz aqui? –pergunta a loira.

–Filha. –Charles envolve a mão na cintura de Lily. –Quem é essa bela moça que veio com você?

–Olivia Benson. –Olivia oferece a mão para cumprimenta-lo e ele faz o mesmo.

–Pai, podemos conversar? –pergunta Gillian incrédula.

–Não. Vamos para a sala. Gostaria de beber alguma coisa, Olivia? –pergunta Lily.

–Não, obrigada. –responde Olivia. Mesmo se quisesse não pode beber estando grávida.

–Você, Gillian?

–Pai? –pergunta novamente já irritada.

–Tudo bem, filha. –Charles caminha para a sala ao lado de Gillian.

–Venha Olivia, vou lhe mostrar o andar de cima. Você vai adorar ver o antigo quarto de Gillian. –diz Lily caminhando até as escadas. Olivia a segue.

Charles fecha as portas da sala assim que Gillian entra.

–Pode me explicar? –pergunta referindo-se a Lily.

–Estou apaixonado. –ele sorri.

–Pai, mais uma vez? –pergunta a loira irritada.

–Agora é pra valer. Ela é perfeita para mim...

–Ela é uma bêbada. Deplorável!

–Gillian, ela é melhor que isso...

–Pai, ela está enganando você.

–Filha, tudo bem. Não se preocupe. Já conversamos e se ela não se apaixonar por mim iremos terminar. Sou um velho, sei disto, mas também sinto, também preciso de carinho, amor...

–Você está maluco!

–Não fale assim com seu pai. –ele sorri.

–Irá acabar como da outra vez. Eu a conheço, pai. Ela tem menos da metade da sua idade. –diz Gillian tentando convencer o pai de que Lily é uma péssima ideia de “amor”.

–Não importa. Eu gosto dela. –diz ele caminhando até a entrada para abrir as portas.

–Você não irá suportar quando ela tiver uma recaída. Drogas, bebidas, cortes...

Ao fundo Gillian ouve gritos e corre para ver o que está acontecendo com Olivia e Lily no lado de fora da sala.

Quando abre as portas já é tarde, vê Olivia rolando por cinco metros de escada.

–Olivia! –Gillian grita em desespero.

Olivia para alguns degraus antes do fim da escada. A loira, por segundos, fica sem reação, mas quando a ficha cai corre para junto de Olivia, que sangra.

–Ops! –exclama Lily do alto da escada. Logo se põe a rir.