Gillian não sabe como reagir, não acredita no que Lily foi capaz de fazer.

–Olivia? –ela toca na morena que está desmaiada. –Acorde, por favor. –agora, desesperada, ela a sacode com força.

–Ela está grávida? –pergunta Charles.

–O que? Eu não sei. –responde Gillian sem entender.

–Veja, está tendo um sangramento... –diz ele se aproximando.

–Ai, meu Deus. Me ajude a coloca-la no carro. –diz a loira cada vez mais assustada.

–Tudo bem, vamos. –diz Charles pegando as pernas de Olivia. Gillian envolve as axilas de Olivia com seus braços, os dois a erguem e seguem para o carro de Gillian.

–Ela irá acordar em alguns minutos, se não houve nada sério. –diz Charles colocando o cinto de segurança na morena.

–Você não vai comigo? –pergunta a loira.

–Filha, eu quero, mas... –ele olha para a porta da casa onde Lily está parada. –Preciso ficar aqui, preciso ajudar à ela.

–Trocando sua filha por uma de suas vadias mais uma vez. Por que não estou surpresa? –pergunta Gillian colocando seu cinto. –Feche a porta, por favor.

–Filha...

–Feche a porta! –ela grita e ele obedece.

Gillian acelera o carro em direção ao hospital mais próximo.

–O que aconteceu? –pergunta o atendente assim que ela abre a porta do passageiro, onde Olivia está.

–Ela rolou por uma escada, acho que ela está grávida. Houve um sangramento, por favor, ajudem. –Gillian se afasta para que os enfermeiros retirem a morena e a coloquem em uma maca.

No caminho até a sala para o atendimento de Olivia, ela acorda.

–Onde...? Ai! –a dor em sua barriga é forte.

–Calma, Olivia. Você vai ficar bem. –Gillian corria ao lado da maca segurando a mão da morena.

–Gillian, o que aconteceu? –pergunta ainda zonza.

–Você foi empurrada da escada. –responde com lágrimas nos olhos.

–Meu Deus. Meu bebê. Eu estou grávida, Gillian. Eu...

–Precisamos que você aguarde aqui. –diz uma das enfermeiras.

–Tudo bem. Vai ficar tudo bem, Olivia. –a loira solta a mão da morena e os enfermeiros a levam na maca para a sala de emergência.

Alguns minutos depois uma enfermeira, Gillian a reconheceu, é a mesma que atendeu Laís, lhe chama para ver Olivia.

–Olivia? Está tudo bem? O que o médico disse?

–Eu perdi. –Olivia chora. –Meu bebê, Gillian. Não era pra ser. Senti isso desde que descobri sobre a gravidez.

–Calma, venha cá. –Gillian envolve a morena em seus braços. –Você vai ficar bem. Nós sabemos disso, não é? Já passou por coisas piores.

–Dessa vez é diferente. É... Eu perdi alguém que nem existia ainda. Estava se gerando dentro de mim. Acho que... –ela começa a soluçar.

–Talvez não seja um bom momento, mas eu chamei a policia. Há dois detetives lá fora. Eu expliquei tudo, falei sobre a tentativa de homicídio da Lily e seu histórico médico, agora eles querem falar com a vítima, você. –Gillian larga Olivia e a encara. –Tudo bem?

–Ok. –a morena limpa as lágrimas do rosto. –Chame-os. Irei falar com eles.

Gillian atende ao desejo de Olivia e chama os detetives.

–Boa noite, sargento Benson. Sou a detetive Jones e esse é o detetive Palmer. –a mulher morena adentra o quarto e se apresenta para Olivia.

–Boa noite. –Olivia assente com a cabeça e senta na cama.

–Vou deixar vocês conversarem. Volto logo, Olivia. –Gillian sai da sala.

A porta se fecha e ela sai do prédio. O silêncio do local lembra sua infância, lembra sua mãe morrendo em uma cama, lembra do que pode ser o seu futuro. Resolve fumar um cigarro, o que não é seu costume.

Na metade do cigarro, liga para seu pai.

–Filha? Como ela está? –pergunta Charles assim que atende.

–Ela perdeu o bebê. –uma lágrima desliza pelo rosto da loira, a tristeza de Olivia também é sua.

–Sinto muito, eu...

–Pai, eu liguei para a polícia. –ela faz uma pausa esperando uma reação do pai, mas ele não diz nada então ela continua. –Olivia está falando com os detetives agora, logo eles irão até ai.

–Bom, eu já esperava isso.

–Lily está ai, não é? –pergunta estranhando a calma do homem. –Pai?

–Filha...

–O que...? Ela tentou matar a Olivia, pai! –Gillian fica furiosa.

–Eu não podia deixar, não podia a deixar ser presa. Eu...

–Onde ela está?

–Indo pra longe. –Charles responde e se cala.

–Eu não acredito nisso. Como você pode?

–Gillian, se eu puder fazer algo pela Olivia me avise. –ele desliga.

Gillian termina o cigarro, limpa as lágrimas e volta para o quarto. Avisa os detetives e se desculpa com Olivia.

–Teremos que interrogar seu pai. –diz a detetive Jones.

–Claro, eu sei disso. –diz Gillian.

Após dar a eles os dados e o endereço de Charles e Lily os detetives vão embora deixando as duas sozinhas mais uma vez.

–Seu pai...

–Eu sei. Por favor, me desculpe. Por ele, por Lily, pelo que eles fizeram com você. Por favor, não sou como eles. Só...

–Eu não tenho porque perdoar você, Gillian. –Olivia sorri. –Não foi culpa sua.

–Eu levei você até lá. Não queria que isso acontecesse com você. Você...

–Não estou te culpando, não faça isso também. –diz Olivia.

–Estarei aqui para te ajudar, Olivia. –Gillian abraça a morena.

–Eu sei. –Olivia volta a chorar. –Eu sei, Gillian.