Lily vira-se para Gillian novamente, sem palavras apenas sorri.

–Vá embora. –Gillian diz séria. Não poderia ser desmascarada ali e agora, acabara de encontrar Olivia se a morena souber sobre os sonhos agora a achará louca.

Olivia surpreende-se com a reação de Gillian, afinal aquela moça apenas sorriu para ela.

–Gillian... –Lily permanece sorrindo. –Como?

–Vá embora. –as mãos de Gillian tremem.

–Gillian, está tudo bem? –pergunta Olivia percebendo o desconforto da loira.

–Ficará quando Lily for embora. –Gillian sorri, seus olhos permanecem sobre Lily.

–Ok. –diz Lily por fim. –Foi um prazer. –oferece a mão para Olivia que a cumprimenta sorrindo.

Lily sai pela porta com um sorriso nos lábios e com curiosidade sobre a morena.

Gillian não sabe como reagir e Olivia a encara aguardando uma explicação.

–O que dizia? –pergunta a loira tentando retornar o assunto anterior e fingir que Lily não esteve ali.

Olivia sorri percebendo que não receberia uma explicação.

–Sobre sua ida à cafeteria há dois dias. –a morena bebe um gole de vinho.

–Esse assunto não é mais relevante. Vamos falar sobre você. –Gillian diz sorrindo.

–Eu... –Olivia sente o vinho juntamente com seu jantar voltando por sua garganta. Ela corre até o banheiro e adentra um dos pequenos cômodos.

Gillian fica preocupada com a morena e corre atrás dela no mesmo instante. Ao adentrar o banheiro ouve Olivia vomitando.

–Está tudo bem, Olivia? –pergunta.

Após alguns segundos Olivia abre a porta.

–Está. Acho que o vinho não caiu bem. –ela sorri. Dirige-se até o lugar das pias e abre uma das torneiras, molha as mãos e as leva ao rosto, lavando-o.

–Você está com algum problema de saúde? –pergunta Gillian olhando para a Olivia pelo reflexo do espelho enorme em frente à morena.

–Não... –responde Olivia pensativa.

–Posso levar você a um médico. Conheço vários disponíveis nesse horário. –diz Gillian se aproximando.

–Estou bem. Não se preocupe. –Olivia sorri após secar o rosto com toalhas de papel.

–Ok. –Gillian diz.

Alguma coisa fez Olivia vomitar e isso está preocupando Gillian, mas como é uma mera desconhecida não poderia deixar isso transparecer demais.

–Acho melhor deixar o vinho para outra hora. –Olivia diz.

–Está bem. Você precisa descansar um pouco. Deve estar enjoada. Eu levo você para a casa. –diz Gillian.

Uma mecha do cabelo de Olivia fica sobre seus olhos e em um gesto automático Gillian a coloca para trás o que surpreende Olivia. Afinal aquela mulher que conheceu há algumas horas está próxima demais. Olivia se afasta da loira.

–Desculpe. –Gillian recua a mão.

–É melhor que peguemos um táxi. Você bebeu. –diz Olivia.

Gillian assente aceitando a proposta. As duas saem do banheiro. Gillian paga a conta e sai à procura de um táxi na rua. Assim que o acha chama Olivia.

Olivia está ali, ao seu lado, tão próxima de Gillian que ela ouve sua respiração. Tenta não parecer louca, mas não consegue parar de olhar para a morena.

Com estranheza Olivia não se sente desconfortável com o olhar de Gillian sobre ela. Sente-se lisonjeada por aquela linda mulher estar a admirando, de certo modo gostava daquilo.

–O transito está parado. –diz o motorista parando o táxi atrás de outro carro.

–Estamos perto de minha casa, posso ir andando. –diz Olivia.

–Posso lhe acompanhar? –pergunta Gillian.

–Claro. –responde Olivia. Está tarde e a morena não se sente totalmente bem, uma compania não será má ideia.

Gillian paga o taxista e as duas seguem pelas ruas.

–Você deve estar me achando louca. –diz Gillian sorrindo.

–Na verdade, estou. –Olivia ri.

Depois disto as duas permanecem em silêncio até que os sons de disparos as surpreendem. Olivia saca sua arma e caminha em direção aos sons. Faz sinal para que Gillian não a siga, mas é ignorada.

Os sons as levaram até um beco com pouca iluminação. Quando Olivia adentra o beco, seguida por Gillian, o criminoso, que segura a arma, corre. Olivia dispara e acerta o braço dele, mas isso não o faz parar de correr. Ela corre atrás dele.

Gillian corre até a mulher baleada e assim que a encara percebe que é Laís, uma de suas clientes.

–Merda, Laís. –Gillian aperta a entrada da bala no seio direito de Laís.

O que aconteceu? Por que Laís foi baleada? Gillian não faz a mínima ideia e ver sua cliente sangrando é perturbador.

–Doutora... –Laís sorri. –Não irá me pagar nem um jantar antes?

Gillian sorri. Apesar de tudo o bom humor de Laís e suas piadas sempre fazem Gillian sorrir.

–Fique quieta. Logo Olivia chegará com ajuda. –diz Gillian pressionando com toda sua força o ferimento.

Enquanto a loira aguarda Olivia, tenta manter Laís acordada. Pergunta para ela se foi alvejada em outro lugar.

–Minha perna está doendo, doutora. Meu braço esquerdo também. –responde Laís entre pausas.

Gillian olha para os locais indicados. O braço foi atingido, mas a perna fora apenas de raspão.

–Você tem algo para me contar? –pergunta Gillian referindo-se a o que causou sua quase morte.

–Eu... Doutora...

–Laís! Laís, acorde! Vamos, por favor! –Gillian desespera-se quando Laís fecha os olhos antes de terminar a frase.

O som distante de sirenes preenche o silêncio e faz Gillian acalmar-se um pouco.

–Doutora, eu não vou morrer. –Laís abre os olhos. –Não antes de dar queixa por assedio.

As duas sorriem.

Quando Olivia chega ao local Laís já está na maca para ser levada até o hospital mais próximo, Gillian segura a mão de sua cliente.

Olivia encara a mulher na maca e fica sem reação. Aquela mulher é a causadora do termino com Nick, é a destruidora de lares, casamentos e noivados. Aquela mulher que corre risco de morte é a amante de Nick.

–Você está bem? –pergunta Gillian assim que nota a expressão de Olivia ao avistar Laís.