Olivia não compreende como é possível. Pois há quatro anos sequer ouvira falar sobre Gillian.

—Não. –ela sorri sem jeito.

—É verdade, Liv. –Gillian decide contar tudo.

—Mas eu não conhecia você. Você não me conhecia. –diz Olivia.

—Olivia, eu tenho que te contar uma coisa. –ela faz uma pausa esperando resposta da morena, mas ela não fala nada. –Há quatro anos eu comecei a sonhar com uma mulher. Essa mulher entrava em um quarto, completamente nua, e se punha sobre mim, e eu, por alguma razão desconhecida, nunca cedi aos meus instintos de toca-la, beija-la, então ela gritava comigo, eu só via sua boca mexer, pois não ouvia nada, nunca, e ela ia embora me deixando confusa e triste. Por todos esses anos eu tenho o mesmo sonho até que... Eu avistei você. Você, Liv, você é aquela mulher. Você é a mulher dos meus sonhos e eu não entendo isso, mas achei que se conhecesse você melhor poderia compreender.

—Quando pretendia me contar isso, Gillian? –pergunta Olivia.

—Quando eu começasse a compreender, quando eu encontrasse um sentido nisso tudo, quando eu entendesse o porquê de ser você. –responde Gillian sorrindo.

—Isso não pode ser verdade. Não...

—Eu não sei o porquê desses sonhos. Mas quando eu te encontrei, finalmente, eles mudaram, tomaram outra direção. Eu sempre tive o mesmo sonho e agora ele...

—Não, Gillian. Como você quer que eu acredite nisso? –pergunta Olivia elevando as mãos no ar.

—Eu preciso que você acredite, Liv. –Gillian desliza a mão pelos fios loiros do cabelo. –Esses sonhos me fizeram perder o que mais queria na vida. De um dia para o outro eu só conseguia pensar naquela morena, em você.

—Desculpe, mas eu não entendo. –Olivia se afasta dela.

—Olivia, me deixe explicar. –a loira se aproxima novamente.

—Não... Eu, preciso voltar para o trabalho. –Olivia corre até a porta e deixa Gillian sozinha.

A morena não sabe o que pensar. Está tudo confuso. Como uma mulher que ela conheceu há poucas semanas tem sonhado com ela há quatro anos. E por que Gillian não contara para ela até então. Os pensamentos de Olivia dão um nó enquanto ela caminha até o carro.

Gillian permanece na sala, ela chora. Em pouco tempo seus olhos ficam vermelhos. Fernando caminha até a mulher para consola-la.

—Fernando, o que eu faço? –ela pergunta na esperança de que o gato lhe responda.

É muita coisa para apenas uma manhã. Gillian decide voltar para a cama, mas assim que se direciona ao quarto a campainha volta a tocar. Com o desejo que seja Olivia, ela corre para atender.

—Feche a porta. –Lily adentra o apartamento.

—O que você faz aqui? –pergunta Gillian surpresa.

—Vim ajudar uma amiga. Tem vodca ai? –pergunta tirando o boné da cabeça, revelando seus fios loiros.

Diante a mulher que tentou assassinar Olivia, Gillian só pensa em uma coisa. Ela corre em direção à Lily e a derruba no chão.

—Você tentou matar ela! –ela grita liberando toda sua raiva.

—Eu tentei salvar você.

Gillian ergue a mão e leva ao encontro da face de Lily deixando a mesmo vermelha. Com tapas e socos a raiva da loira se esvai.

—Continue. –diz Lily com sangue escorrendo dos lábios. –Não irei reagir.

—Reaja! –Gillian grita.

—A filhinha do papai está com raiva? Vamos, me bata. Eu queria mata-la. Queria, por isso, atirei aquela cadela da escada. –Lily diz sorrindo. –Você deveria me agradecer.

—Cale a boca. –ela dá outro soco. –Cale a boca!

—Gillian... Acabe logo com isso.

—Eu queria matar você. Atira-la por aquela janela de vidro ali. –Gillian diz entre respirações pesadas. - Mas não irei.

—Fraca. –diz Lily assim que Gillian sai de cima dela.

—Assassina! –grita Gillian.

—Você não pode ficar com ela, Gillian. Se afaste. Ela não entenderá seus sonhos, seus desenhos, por favor. Ela... Você irá se machucar de tal modo que não haverá volta. Ela vai destruir você. Por favor, me escute.

—Comovente vê-la ajoelhada, mas eu não irei me afastar de Olivia. Não tenho motivo para acreditar em suas palavras. São vazias para mim. –diz Gillian.

—Pois bem. Eu tentei te avisar, Gillian. –Lily levanta do chão.

—Eu não acredito em você. Olivia não irá me machucar. Ela é a mulher dos meus sonhos. –diz Gillian limpando as mãos com sangue em uma toalha branca.

—Isso será o motivo principal. Não há mulher perfeita, não há amor perfeito, nosso destino está nas mãos de um maldito, que adora nos ver infeliz.

—Vou chamar a polícia. –diz Gillian procurando por seu celular.

—Olivia Benson fez sua vida mudar completamente. Abandonou seus pais, você não pode ver sua mãe antes dela falecer, abandonou o amor da sua vida, Leanne, você se entregou ao trabalho e sequer vive de verdade. Passa os dias em casa pensando nela. Você é tão bela, Gillian, uma pessoa incrível. –Lily caminha até ela. –Tão bela. –ela desliza seus dedos na bochecha da loira.

—Lily...

—Eu só vim me despedir. –Lily sorri, se afasta de Gillian e corre em direção à janela de vidro. Ela atravessa o vidro e cai do vigésimo terceiro andar.

—Lily! –grita Gillian sem poder fazer nada. É tarde demais.