Caminhamos até minha casa, chorando e caladas, de mãos dadas.
Entramos em casa e não havia ninguém na sala, e nem barulho de alguém na casa.. No minimo meu pai e Sophie haviam saído. Eu e Jhenny subimos as escadas correndo, corremos pelo corredor e entramos no meu quarto, trancando a porta.
Eu estava realmente arrasada.. Ele mentiu pra mim. Porque as pessoas fazem promessas sem a intenção de cumpríl-as? Pra deixar as pessoas prometidas tristes e infelizes? Pra fazê-las sofrerem. Eu não me arrependi de nada que eu havia dito á ele, nada mesmo. Era o que ele merecia ouvir. Em um quarto, duas desiludidas.. Bela história pra um livro.
Senti as mãos de Jhenny se entrelaçando em mim, e a olhei-a: ela não chorava mais, ela apenas estava calada, com uma expressão triste e me abraçando, tentando me confortar.
- Você é fantástica! Ele não te mereçe. - Ela disse tentando sorrir.
Eu não dei ouvidos, eu nem ao menos pude entender o que ela tinha falado. Eu não conseguia ouvir, fazer, pensar, falar nada. Eu queria apenas ficar sozinha comigo mesma, sem ninguém. Queria sofrer sozinha, queria estar sozinha. Uma desilusão de amor aos 14 anos? Bela estréia no amor. A pessoa que eu mais amava agora, era a mesma que eu mais odiava.. e eu ainda não sabia como isso podia ser possivel.

- Vou embora Ash. - Jhenny disse se levantando. - Preciso ficar sozinha, assim como você.
Eu continuei sentada imóvel, sem falar nada.. eu não conseguia.
- Eu te amo, fique bem. - Ela disse, saindo com sua mochila pela porta do meu quarto.
As lágrimas ainda caíam involuntáriamente, meu rosto estava encharcado. Eu não queria e não podia mais pensar nele.
Me levantei e fui para o banheiro, eu precisava de um banho. Senti a água quente cair sobre mim, era reconfortante. Eu pude sentir o cheiro de mamãe naquele momento, era como se ela estivesse ali, comigo.. Mais infelizmente ela não estava. Não havia ninguém.
Saí do banho e me troquei.. eu não queria mais saber de nada. Já era quase 6 da tarde e eu me deitei na cama, começava a fazer frio. Tentei pensar nas coisas boas: como eu era feliz antes de vir pra cá, na minha mãe, em Jhessica, em tudo que me tirasse ele da cabeça. Não obtive muito sucesso, mesmo assim, eu adormeci.

    Acordei com a claridade batendo em meu rosto, meus olhos ardiam e minha cabeça doía, eu havia esquecido de fechar a janela. Já era outro dia, mais eu estava pior que ontem. Sentia todo meu corpo doer, eu estava quente, eu me sentia mal.. não conseguia me levantar. Até que alguém abriu a porta:
- Ash, querida. O café já está pronto. - Era Sophie me chamando pra tomar café lá em baixo.
- Eu estou me sentindo muito mal, Soph.. Pode chamar meu pai? - Eu tentei falar alto, mais não obtive muito êxito..
- Tudo bem querida. - Ela me olhou por um tempo, desapareceu e depois de alguns segundos meu pai apareceu no lugar dela, na porta.
- Ash, querida! O que foi? - Papai entrou no quarto, caminhou até mim e agaixou.. ele parecia bem preocupado.
- Meu corpo dói, minha cabeça lateja.. - Eu tentava falar.
Meu pai colocou a mão em mim:
- Ashley, você está ardendo em febre! O que voce fez ontem? Ficou dentro de uma panela?
- Quem me dera.. - eu sussurrei.
- Vou chamar um médico, não se mexa. - Meu pai saiu do quarto, rápido.
Eu estava toda doída. Não sei o que tinha provocado aquilo, eu sei que estava muito mal..
Como se não bastasse o ocorrido de ontem, eu estava doente.. mais que ótimo!

A casa estava um silêncio que eu podia ouvir meu pai lá embaixo conversando com alguém, que eu deduzi que podia ser o médico ou alguém desse ramo pelo telefone. Minha cabeça que ia explodir, eu não conseguia nem mais sentir meu corpo de tanta dor, meus olhos doíam ao olhar pra qualquer lugar claro, e minha voz era fraca. Será que seria por causa de ontem? Seria por causa dele? Eu realmente esperava que não. Como se não bastasse a dor emocional agora tinha a corporal. É.
- Jhennifer está na porta, Ash, querida. - Sophie apareceu na porta. - Quer que ela entre?
- Claro, claro. - Eu tentei falar alto novamento, e novamente sem total éxito. Mais que droga! É.
- Hey Ash.. - Jhenny entrou no quarto.
- Hey.. - Eu tentei falar.
- Tudo bem?
- Estou ótima! - Ironizei. - E você?
- Estou bem.. Está doente por causa dele?
- Não fala dele, por favor.

- Desculpa.

- Quer que eu traga algo pra você comer?
- Não, eu nao estou com fome..
- Tudo bem. Vou lá em casa agora, vou com minha mãe no mercado. Quando eu voltar, eu passo por aqui, eu prometo. - Ela sorriu.
- Ok.
Jhenny saiu pela porta, e eu fiquei sozinha, novamente.
Não demorou e meu pai apareceu com um cara vestido de branco e com uma maleta na mão, o tipico visual de médico.
- Como está se sentindo, Ashley? - O médico perguntou.
- Mal. Dor no corpo, dor de cabeça, febre ao que parece..
- Ok, vou passar um remédio e um anestésico oral pra dte deixar livre da dor no corpo, ok? - Ele foi anotando em um bloquinho.
- Tudo bem.
- Você vai precisar ficar deitada de um á dois dias, e se não se sentir melhor em dois dias, me ligue, ok? - Ele continuou anotando.
- Ok.
- Até mais Ash, melhore ok? - Ele parou de anotar, guardou o bloquinho na maleta, sorriu pra mim e acenou me dando tchau.
Meu pai acompanhou ele, e depois subiu novamente.
- Quer alguma coisa querida?
- Não, eu estou bem.
- Ok, qualquer coisa me chame, ok?
- Tudo bem.
Ele beijou minha testa e saiu do quarto.

O silencio estava quase me matando, tirando o fato que eu nao o veria e nem queria por dois dias, eu estava muito bem, até.. Eu fiquei vendo em minha cabeça a cena de ontem mil vezes, passando em minha mente como se fosse um filme. Mais eu não chorei.. e eu não ia mais chorar.
- Ash.. - Eu ouvi uma voz familiar, era Chris.
- Chris. - Eu disse, friamente.
- Como você está? - Ele caminhou da porta até o pé da cama e se sentou nele. - Encontrei Jhenny saindo daqui e ela me falou que você está doente.
- Tinha que ser Jhenny. - Não revirei os olhos, ia doer demais.
- Justin está muito mal. - Christian não olhou pra mim.
- Que bom.
- Ash, é sério. Ele ama você!
- Jeito estranho de amar os outros não? Machucando.
- Mais não foi por querer, Sarah estava agarrando ele.. ele queria terminar com ela. - Christian tentou explicar.
- Claro, eu acredito.
- Ash.. é sério.
- Chris, eu não quero saber nem dele, nem dela e nem de nada que envolva os dois. Eles podem ser felizes sem me machucar.
- Justin está do lado de fora, ele não comeu até agora.
- Que bom. - Eu fingi não ligar, e não acreditei. - Olha Chris, se veio aqui defender Justin, não perca seu tempo. Você sabe que eu te amo, mais eu não vou perdoá-lo.
- Você vai sim.
- Não, eu não vou. E fale pra ele que ele já pode comer. - Eu disse, friamente. - Eu não me importo mais.

Narrado por Justin, B.

Eu não sabia o que fazer. Meu melhor amigo estava lá, no quarto da menina que eu amo e eu aqui fora. Eu me sentia mal por ter feito Ash passar pelo o que ela passou..Concerteza agora ela deve me odiar. Eu não sabia mais o que fazer. Depois de ontem eu não sabia como eu podia me aproximar dela, voltar a falar com ela, pra realmente me desculpar.
Sarah não havia me ligado ainda para me encher e isso era uma unica coisa boa.
Mais que merda! Porque isso tinha que acontecer? Magoei a pessoa que eu não queria magoar. Não havia como explicar o que havia acontecido. Não havia como explicar que Sarah havia me agarrado quando tentei terminar com ela.. Não havia. E mesmo que houvesse, Ash não me ouviria e isso eu tenho certeza. Eu tinha que entrar naquele quarto e falar tudo pra ela, tinha que explicar, mesmo que ela não me ouvisse.. Eu precisava.
Bati na porta e a uma mulher atendeu.
- Vim ver Ashley.
- Ela está no quarto.. está meio doente.
- Eu já sei. - Disse, decepcionado comigo mesmo.
Entrei, subi as escadas correndo e empurrei de leve a porta que estava encostada. Christian estava sentado ao pé da cama, e Ash deitada. Me senti mal. Ela estava abatida, com o rosto toda inchado e com olheiras, cansada. Doeu dentro de mim ver ela daquele jeito.

- Quem deixou você entrar? - Ela me olhou, com desprezo.
- Eu preciso falar com você.. - Argumentei.
- Acho que não fui clara o suficiente, eu não quero falar com você. - Ela se virou e costas pra mim, na cama.
- Mais voce precisa me ouvir..
- Não, eu não preciso. - Ela respondeu.
Christian saiu de fininho do quarto e piscou pra mim.
Caminhei até a cama, me agaixei e fiquei olhando.
- Eu fui até lá pra terminar com ela, essa era uma surpresa pra você.
- Bela surpresa.
- Me deixe terminar! Quando ela viu voce, ela me beijou.. eu cedi sem querer.. e o resto.. você sabe.
O silencio tomou conta do quarto, ela não falou uma só palavra.
- Ash..
- Você realmente espera que eu acredite nisso? - Ela perguntou.
- É a verdade. Eu não gosto dela, eu amo voce.
- Não, voce não ama.
- Amo sim.
- Não ama.
- Amo.
- Não ama nada! - Ela gritou se virando de frente e olhando pra mim, ela estava com raiva e estava chorando.
- Amo! - Eu gritei.
- Prova.
- Ok. - Eu a beijei.

Ela cedeu ao beijo, e eu agradeci a Deus mil vezes por isso. Coloquei minhas mãos no rosto dela e ela colocou as dela no meu. Ela saiu da cama e se sentou no chão, ainda me beijando. A melhor coisa era sentir o gosto do beijo dela novamente, não tinha melhor sensação. Ela parou o beijo, me olhou e sorriu. Ela estava ofegante:
- Eu te odeio.
Depois, ela voltou a me beijar. Dois extremos em menos de uma hora.. 10 minutos atrás eu estava triste e agora me sentindo melhor impossivel. Era incrivel como ela fazia esse efeito em mim, era a melhor coisa do mundo tê-la perto de mim.

Fim de narração por Justin, B.

- Eu te odeio. - Eu disse e logo depois voltei á beijá-lo.
Eu nao tinha perdoado ele totalmente, mais ela impossivel não ceder á um beijo dele. Afinal, eu estava em crise de abstinencia.(nem sei oque significa. :P )
Sem duvida aquela Sarah precisava de uma lição. Eu estava com um ódio enorme dela! Merecia uns bons murros na cara.
Continuei beijando Justin até Christian nos interromper, batendo na porta.
- Oi Chris. - Eu olhei pra ele.
- Eu só queria saber.. Jhenny tá brava comigo?
- Sim.. - Eu respondi.
- Ok, vou lá.. Tenho que fazer as pazes com ela, tchau. - Ele acenou pra mim e pra Justin, saindo e indo embora.
- Me desculpa? - Justin me olhou.
Eu não sabia o que responder.. Eu ainda estava com um pouco de raiva, mais eu o amava e eu não podia deixar de perdoá-lo.. ou podia?
Eu olhei pra ele, sem reação.
- Justin..

- Eu te amo.. e... eu te perdôo. - Eu falei.
- Eu também te amo! - Ele sorriu e me deu um selinho.
- Mais eu não vou ficar com você enquanto você não puder ficar comigo. - Eu falei com uma dorzinha no coração.
- Como assim? - Ele não entendeu.
- Eu só volto á ficar com você, quando você não tiver mais nada, absolutamente nada com a Sarah.- Eu disse, olhando pra ele.
- Se esse é o problema.. - Ele se levantou, me deu um beijo na testa e saiu correndo do quarto e eu pude ouvir quando a porta da sala bateu.
Me levantei rapidamente e olhei pela janela, ele estava correndo em direção á algum lugar, eu só não sabia onde. Fiquei olhando pra ver se conseguia ver algo, mais ele havia saído correndo e desaparecido.
- Ele foi fazer o que você pediu. - Chris falou sorrindo, encostado no batente da porta.
- Mais eu não pedi nada! - Eu me assustei.
- Técnicamente você pediu, subliminarmente. - Ele se aproximou da janela.
- AH MEU DEUS! - Eu sorri, colocando a mão na boca.
Eu fiquei sem saber o que dizer, o que pensar, o que falar.. Eu fiquei feliz.

- Ash, ele te ama.. é sério. - Christian disse, sentando na cama.
- Eu também amo ele.. você sabe! - Eu sorri.
- Mais não é assim.. você tá passando as férias aqui, não tem como vocês se verem depois, e ele não vai esperar até suas próximas férias. E quando você for embora? - Ele perguntou.
Eu não havia pensado nisso ainda, eu estava tão preocupada em estar com ele que eu não tinha pensado como seria ter que ir embora.
- Eu não tinha pensado nisso.. - Levei minha mão á cabeça, triste.
- Desculpa, eu não queria te deixar preocupada. - Christian colocou a mão na minha cabeça, e me abraçou.
- Eu não vou mais pensar nisso, não agora. - Eu sorri.

Christian e eu ficamos no meu quarto, esperando Justin para saber o que realmente ele ia fazer. Eu ainda estava com o corpo doído, mais a dor de cabeça já havia passado, ainda bem. A febre já devia ter abaixado, porque eu estava suando. De repente Christian, que estava já de pé olhando da janela sorriu:
- Ele chegou.
- CHEGOU? - Eu me levantei rápido, caindo da cama pelo meu estúpido desespero e depois me levantando e olhando pela janela.
- EITA ASH! - Christian começou a gargalhar pelo meu tombo e eu gargalhei também.
De repente a porta de abriu.. e eu olhei.. Eu não sei o porquê, mais eu tinha plena certeza que meus olhos brilharam. Era Justin, ele estava parado, encostado no batente da porta e me olhando, sorrindo. Dois extremos em um dia só! Uma hora atrás eu o odiava com todas as minhas forças, e uma hora depois eu o amava com todas elas, É!

Ele caminhou até mim, na cama e Christian saiu rapidinho do quarto, o que me fez rir.
Justin sorria, e eu sorri junto. Ele estendeu a mão pra mim, e eu segurei e me levantei da cama. Ficamos de frente um pro outro, quase me derreti.. como ele conseguia ficar mais bonito? Era ilegal isso! Ele colocou as duas mãos no meu rosto, e aproximou sua boca de meu ouvido..
- Agora você pode ficar comigo. - Ele sussurrou no meu ouvido.
- Porque? - Eu sorri.
- Porque não tem mais ninguém pra impedir, eu terminei com a Sarah. - Ele afastou um pouco seu rosto do meu para poder me olhar.
- TIPO.. TERMINOU? - Eu abri um sorriso imenso.
- Aham.. Agora só seu - Ele colocou o dedo na boca.
- Ui! Seduziu. - Eu gargalhei.
Ele tirou o dedo da boca e colocou a mão em minha cintura.
- Eu amo você.
- Ah, como é bom ouvir isso! - Eu o beijei.