Hiroshima escrita por Giuliana Lopes


Capítulo 4
Capítulo IV – Destino




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.IV.

Destino

Uma semana tinha se passado desde a lua que Sunao havia compartilhado com Reiko. Neste intervalo de tempo, a moça havia recebido a repreensão de seu superior, por ter se ausentado do trabalho e agredido uma colega; ganhando como castigo, três horas diárias a mais no expediente, durante um mês. Com esse novo horário, ver o amado se tornava cada vez mais difícil; uma vez que o mesmo tinha de se apresentar e prestar serviço ao exército, também todos os dias. Ao menos, Yoko tinha parado de lhe encher a paciência, pensou ela.

Àquele dia, ambos tinham marcado de se encontrar no gramado de sempre; que mesmo na primavera, ficava molhado pelo orvalho da noite. Reiko havia saído às pressas do trabalho, indo em direção à sua casa para perfurmar-se; enquanto Sunao já encontrava-se na sua, sentado no sofá da sala, com Ito em seu colo.

Com o passar de alguns instantes, o mesmo levantou-se com o intuito de encontrar sua garota, porém, o rapaz não contava com a presença Koji em sua porta. O oficial do exército o olhava impassível, como de costume; e ainda trajava a farda diária.

– Boa noite, Soldado. – O homem alguns centímetros mais baixo saldou-o. – Estava de saída? Não quero atrapalhá-lo.

Apreensivo, Sunao forçou um sorriso. – Creio que posso atrasar-me alguns minutos. Entre, por favor.

Dando espaço para que o homem passasse a ocupar sua residência; os pensamentos de Sunao foram, imediatamente, parar em Reiko. Só alguns minutos, meu amor, me espere; pensou ele.

Koji sorriu consigo mesmo, por algum tempo, até que seu olhar cruzasse com a confusão dos de Sunao. – Como está Reiko? – Perguntou ele.

– Bem, pelo menos, até a última vez que a vi. – Respondeu, desconfortável.

– Vejo que está um tanto ansioso... Irá vê-la? – Disse, com a curiosidade transbordando em suas palavras.

– Veio a minha casa para perguntar sobre minha mulher? Me parece um tanto audacioso, soldado. – Foi ríspido.

Koji, por outro lado, soltou uma gargalhada contida. – Não me entenda mal, Sunao, só estava sendo educado... – Disse ele, com um sorriso sádico nos lábios finos. – É uma bonita moça, a sua Reiko. – Melodiou, desfocando seu olhar, para logo depois, encará-lo novamente. – Não acha uma pena que ela tenha o mesmo destino de Kaya?

Cerrando as sobrancelhas, diante do nome da cunhada sendo pronunciado, Sunao cruzou os longos braços. – Kaya é muito feliz ao lado de meu irmão. – Disse.

– Era; você quis dizer. – Corrigiu. – Yamato não irá voltar, Sunao, espero que saiba disso e não alimente ilusões. – Sorriu mais uma vez. – O destino da pobre moça é ser viúva, veja só! – Molhou os lábios. – Talvez – Levantou o dedo indicador. –, seja o mesmo de Reiko, afinal, vocês irão se casar; já até a chama de sua mulher...

Remexendo-se em desgosto; Sunao cerrou os punhos, estralando os dedos, para não cometer nenhum disparate. – Diga-me o que veio fazer aqui, e siga seu caminho, Koji. – Grunhiu.

Soltando um risinho de contentamento, o rapaz retirou do bolso traseiro, um envelope. Estirou-o para o outro, e quando Sunao estendeu a mão para pegá-lo; Koji o trouxe para si. – Já fez uma visita para sua cunhada, recentemente? Se não, eu mesmo lhe direi seu estado: Está acabada! Aos prantos e choramingos pelos cantos da casa; pedindo aos céus para que seu querido Yamato volte; e nós dois sabemos – Balançou a cabeça. –, ele não irá voltar. Assim que ler as palavras deste envelope, pense em Reiko, Soldado. Talvez, ela mereça um destino melhor.

Arrancando o papel de suas mãos, Sunao o fuzilou com o olhar, até que o homem já estivesse fora de sua casa. Assim que a porta foi batida; ar saiu narinas do jovem rapaz, em um profundo suspiro. Sunao já sabia o que estava por vir, mas quando as palavras tomaram sentido em sua mente; a dor lhe atingiu com demasiada força em seu coração.

Intimação de comparecimento às batalhas; era o título.


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