Hiroshima escrita por Giuliana Lopes
.III.
A lua
Com Reiko nos braços, Sunao encontrava-se encostado num pé de cerejeira, aos fundos de sua casa. Ito, o gatinho arteiro; ganhava o cafuné da moça, deitado em sua barriga. E a noite, tranquila como a brisa fresca do mar que chegava àquela cidade; possuía uma das luas mais bonitas que ambos já tinham visto.
Engraçado, pensar na lua daquela forma; devaneava Sunao. Afinal, só existia uma lua; e se a daquela noite era mais bonita do que as dos demais dias, então, a culpa não era dela em si; mas do ambiente ao seu redor. Sim, para o rapaz fazia todo o sentido. A lua, tão brilhante e reluzente; estava mais atraente à seus olhos, pois, Reiko estava em seus braços. Sim, era meio meloso, mas ele gostava. Afinal, tudo que já era bonito; com Reiko, ficava mais lindo ainda.
Rindo de si próprio, por encontrar-se tão abobalhadamente apaixonado; o mesmo resolveu dar voz à seus pensamentos.
– Por que ficamos tão bobos quando estamos amando? – Murmurou ele, ao pé do ouvido.
Sorrindo, Reiko virou-se para encará-lo. – Está dizendo que me acha boba? – Perguntou.
– Não. – Riu, ele. – Estou dizendo que me acho um bocó.
Fitando Sunao nos olhos, Reiko deu uma leve mordida no lábio. – Que declaração mais inusitada. – Disse ela.
– Você gosta?
– É por essas e outras que te amo. – Confessou a moça, em tom suave.
Os lábios tocaram-se, e Ito remexeu-se na barriga de Reiko, desconfortável. A mesma deu algumas batidinhas em seu traseiro, para que ele saísse dali, e o gatinho assim o fez, soltando seu muxoxo felino. O beijo aprofundou-se cada vez mais, e Sunao a deitou sobre a grama de seu quintal. Passaram a noite amando-se somente com os lábios e o coração; com a lua como testemunha e as estrelas de platéia.
Sunao não conseguia imaginar-se sem a mulher amada, e ao pensar que a qualquer momento, poderia perdê-la; seu peito enchia-se de desespero. Ele a protegeria com sua vida, por mais frágil e vulnerável que fosse.
Ao fim da escuridão, e ao raiar do sol; o rapaz já encontrava-se acordado. Pensou em seu irmão que nunca mais veria, e apertou Reiko nos braços; desejando que o mundo só tivesse um pouco mais daquilo. Daquele sentimentozinho que aquecia o peito e amolecia o coração. Desejou-lhes amor.
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