Hiroshima escrita por Giuliana Lopes


Capítulo 5
Capítulo V – Amar




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.V.

Amar



Com os olhos vermelhos como vestígios das lágrimas de minutos antes que não caíram dos mesmos, Sunao encontrou Reiko sentada num dos bancos do gramado. A sua direita, uma cerejeira soltava suas flores em tom de branco, que combinavam perfeitamente com o quimono rosa-claro que a mulher usava. De costas para o rapaz, ela não parecia notar sua presença.

Teve um pequeno solavanco ao sentir o toque dos dedos quentes em seu alvo pescoço exposto, e virou-se de imediato, abrindo o sorriso mais bonito que Sunao já vira. Levantou-se, enlaçou os finos braços no pescoço do mesmo, olhou para lados – Por privacidade. –, e deu-lhe um beijo. Os lábios diziam que estavam com saudade; a língua, que estava cheia de vontade. Apertando os dedos no pescoço do homem, Reiko demonstrava que o amava. Em toda e qualquer circunstância.

– Eu te amo. – Murmurou ele, mexendo os lábios ainda próximos aos dela; sentindo a respiração, aspirando o doce aroma floral.

– Eu sempre te amarei. – Melodiou, sorrindo e embriagando-se com o aperto do homem em sua cintura; como se quisesse fincar as unhas no pano e rasgá-lo, fazer contato de pele com pele.

– Reiko… – Choramingou, pregando os olhos, faltando-lhe a coragem necessária para dizer tais palavras. – Reiko, tenho uma péssima notícia. – Sussurrou, contra o pescoço da mesma.

Deslizando os suaves braços vestidos com a seda das mangas do quimono, dos ombros para as costas do amado, Reiko também fechou as pálpebras, já esperando pelo pior. Num calafrio, seu corpo pequeno tremeu nas mãos de Sunao, e o rapaz assustou-se.

– Você está bem?

– Sim, estou. – Disse ela. – Me leve para sua casa, por favor. Aqui, sinto frio.

Assentindo, ambos caminharam sem nada dizer, só com os dedos a se tocar. Como de costume, a moça tirou os sapatos antes de adentrar o jardim, deixando a grama lhe beijar os pés, e o sereno da noite lhe amasiar os fios do cabelo. Puxou Sunao pelo pulso, virando-o em sua direção e deixando que o mesmo fitasse tanto as suas lágrimas, como as do céu, que naquele momento, parecia sofrer com eles. Subiu nos sapatos do homem, e colou seu peito ao dele.

– Não importa o que aconteça – Murmurou ela, com o coração aos frangalhos. –, sempre lhe esperarei. Estarei aqui, lhe aguardando, cuidando e amando. A todo momento, todo instante. – Molhou os lábios e segurou o rosto do mesmo entre as mãos. – Quero carregar um filho teu, Sunao. – Segredou-lhe. – Dei-me um filho esta noite, e quando voltar… – Sorriu, por baixo das gotículas. – ele estará esperando por você.

Beijou os lábios do homem, que de súbito, não sentiu mais o frio causado pelo chuvisco. – Não somos casados, Reiko… Não posso lhe tocar antes disso… – Disse, entre suspiros.

– Iremos nos casar de qualquer jeito, meu amor… – Falou ela. – Não posso ser de outro homem; sou sua desde que pus os olhos em você.

– Será sempre minha? – Perguntou, fitando profundamente os olhos castanhos quase negros da outra.

– Sempre. – Convicta, sorriu.

O homem assentiu, e tomou-lhe a boca com fervor, guiando as próprias mãos para a cintura da moça, puxando-a consigo para dentro de sua casa. – Irei para guerra, Reiko, e prometo que voltarei para casar-me com você. Mas, hoje – Fechou a porta atrás de si, e desatou o nó que prendia o quimono rosa, hipnotizando-se com ao expor da pele alva e macia ao alcance de seu dedos, implorando para ser tocada. – hoje lhe amarei, e lhe darei o filho que tanto quer. – Segurou o corpo nu e levou a boca até seu ombro, beijando-o de leve, e ouvindo o discreto gemido saído da amada. – Lhe amarei a noite inteira. – Susurrou ao pé do ouvido, e amou-a.


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