Pov Emily

Eu estava no jardim, pensando em como eu e o Marcelo nos conhecemos...

#Flashback on

Eu estava na rua, fraca, suja e machucada. Faziam dois dias que eu não comia, e ontem mesmo um grupo de garotos resolveu que seria legal me chutar. Tudo isso porque minha mãe me deu para a adoção...

Eu estava encolhida em um beco, deitada, sem forças para levantar, morrendo de fome e dor. Eu chorava, quando senti que estava sendo observada, levantei um pouco a cabeça e vi um garoto, que me observava.

Quando o vi ali, gelei. Fiquei pensando se não era outro garoto que queria que eu servisse de saco de pancadas, mas ao mesmo tempo, meu coração acelerou. O que é isso?

Queria gritar para que ele saísse e me deixasse em paz, mas não consegui encontrar a voz. Decidi tentar me levantar, assim poderia ir para outro lugar.

Primeira tentativa: cai.

Segunda tentativa: cai de novo.

Terceira tentativa: cai de novo e não aguentei mais. Comecei a chorar com todas as minhas forças, agarrando minhas pernas e escondendo o rosto entre elas.

– Ei, garota. Qual é o seu nome? - perguntou uma voz.

Não consigo explicar o susto que levei quando vi o garoto que me observava parado ao meu lado, olhando direto para mim. Também não sabia explicar por que meu coração estava acelerado.

Tentei escapar me arrastando pelo chão, mas ele foi mais rápido, segurou o meu pulso e falou:

– Calma, eu não vou te machucar. Só quero te ajudar. Qual é o seu nome?

– E-Emily... - disse, com a voz falha.

– Então, Emily, imagino que esteja com fome, não é? - ele perguntou.

Assenti com a cabeça.

– Eu também estou. E, por acaso, eu tenho um lanche aqui. Que pode muito bem ser dividido para nós dois. - ele disse.

Só nesse momento parei para olhar o garoto. E ele é lindo. Alto, com um físico definido, cabelos pretos bagunçados e penetrantes olhos verdes. Além de um sorriso de tirar o fôlego.

Sorri como resposta a ele.

Então ele tirou o lanche do saquinho. Ele tinha dois sanduíches, e uma grande garrafa de suco, juntamente com alguns copos.

Ele me deu um sanduíche, e me serviu um copo de suco.

– Obrigado por isso. E desculpe por tentar fugir, é que ontem um grupo de garotos me usou como saco de pancadas, sabe? - falei.

– Sério? - ele disse... Indignado?

– Sim. - falei.

Acabamos o lanche e eu me sentia mais forte. Consegui, até mesmo, me levantar. Estabelecendo certo controle sob minhas pernas.

– Agora eu tenho que ir Emily, mas amanhã eu volto. Você nunca mais vai passar fome ou ser machucada, eu vou ser seu amigo, e vou te proteger. - ele disse, e me abraçou.

Todo o controle que eu tinha sobre minhas pernas foi perdido. Precisei me escorar na parede.

– Tchau... Até amanhã, amigo! - falei.

Ele começou a ir embora, mas, de repente, me lembrei de uma coisa.

– Espere! - falei.

Ele se virou para mim e disse:

– Qual é o seu nome? - perguntei.

– Marcelo. - ele respondeu e saiu andando.

A partir daquele dia, viramos melhores amigos. Ele me visitava todos os dias, e sempre levava comida para nós dois. Passávamos horas conversando, mas para mim pareciam minutos. Ver aqueles olhos verdes penetrantes era a melhor parte do meu dia.

Foi assim que percebi que estava apaixonada por ele.

Duas semanas depois de admitir para mim mesma que estava apaixonada por ele, ele chegou para o nosso "encontro" com um sorriso maior do que o normal.

– Para que esse sorriso tão grande Ma? - perguntei, sorrindo também.

– Eu estou namorando a menina mais perfeita do mundo. Ela aceitou meu pedido, eu nem acredito! - ele disse.

Meu sorriso sumiu.

– Sério? Como foi? - perguntei, forçando um sorriso.

– Perfeito! Ela ficou muito feliz, e aceitou na hora! Ela é tão bonita! - ele disse.

– Que bom! - falei.

– Ah! Seu lanche! - ele disse.

Meu lanche? Não seria nosso?

– Não vou poder ficar hoje, tenho um encontro com ela, e não sei se vou poder vir amanhã... Tchau Emi! - ele disse.

E depois desse dia, ele quase nunca aparecia para me ver, e quando aparecia, ficava falando de como a namorada é perfeita.

– Ela e tão bonita! Os cabelos são lindos, longos e sedosos. Com lindas mechas azuis. Ela é magra e tem um corpo escultural, lindos olhos cor de avelã... Eu me perco naqueles olhos. E ela tem um sorriso tão lindo! E uma boca... Ah! Uma boca de tirar o fôlego! - ele disse, em uma das nossas - agora - raras conversas.

Certo dia, ele chegou com um sorriso gigante, quase rodopiando por aí.

– O que houve? - perguntei.

– Eu a beijei. Ela deixou que eu a beijasse. Foi meu primeiro beijo. Foi perfeito! - ele disse.

Nesse momento, meu mundo acabou.

– Que bom! - falei.

Eu odiava aquela garota. Pelo que Marcelo me contava, ela é perfeita! Bonita, com o corpo bom, simpática, doce, frágil na medida certa... E ele a beijou.

– Eu tenho que ir! Tenho que comemorar! - ele disse.

– Tchau... - falei, mas ele já estava longe.

Aquela foi a última vez que eu o vi. Ele nunca mais foi me visitar. Mas fiquei sabendo que ele e a menina perfeita terminaram.

#Flashback off

Quando eu vi Marcelo aqui em Auradon, o reconheci na hora, mas ele não se lembrou de mim. Mas isso não faz muita diferença, quando nos encontrávamos na ilha eu estava sempre suja, meu cabelo era menor e era impossível ver as mechas azuis nele. Mas ainda assim, foi triste ver que ele não me reconhecia.

Lembrar disso dói. Quando comecei a pensar na descrição da garota, me toquei de uma coisa que já devia ter percebido a muito tempo. Era a Evie. A garota perfeita é a Evie.

Santa Fada Madrinha! Como eu vou competir com a Evie?