Regina:

Já haviam se passado 2 dias após o pequeno desentendimento do Henry com o amigo, a poeira já tinha baixado e meu filho foi dormir na casa do Davi, coisa que ele fazia toda sexta-feira. O que significava que era o dia que eu ficava sozinha com meu marido.

– O que faremos hoje? -Mando uma mensagem para Robin enquanto fecho o escritório.

– Que tal irmos a festa do seu amigo? Qual é... Será divertido. -Ele chega de surpresa e eu me assusto, deixando o telefone cair no chão.

– DROGA! -Grito.

– O que eu fiz? -Robin pergunta assustado.

– Nada, é que eu me assustei. -Explico.

– Tem certeza que foi só isso? Você fez essa mesma cara quando recebeu o convite...

– Impressão sua, é que você sabe como o August é... As festas dele são sempre barulhentas, e, como prefeita, tenho que dar o exemplo. -Tento desconversar, escondendo o verdadeiro motivo.

– Tenho certeza que todos já estão cansados de saber o quão intimidadora e mandona a senhorita é... -Ele fala quase que num murmuro.

– Como é que é? -Pergunto com um olhar de repreensão.

– Por que você é sempre assim? Agindo como se sempre tivesse que provar algo a alguém, se preocupando com o que os outros vão pensar, enquanto a vida passa lá fora e... -Interrompo ele.

– E você está aqui dentro, e eu amo você e Henry, só acho que não preciso provar isso a mais ninguém. Poucas pessoas tem a chance de me conhecer realmente.

– Não fique chateada, só quero me divertir. -Ele fala enquanto me dá um beijo.

– Então vamos para casa rápido, já são seis horas e a festa começa as oito.

– Faltou a senhorita pontual. -Ele brinca tentando quebrar o gelo.

Chego em casa e vou reto para o banho, enquanto Robin leva para Henry a camisa que ele havia esquecido em casa. Coloco um vestido vermelho que descia até os joelhos, ele não possuía um decote muito grande e estava acompanhado de uma jaqueta de terno preta.

– VOU TOMAR UM BANHO! -Robin grita enquanto entra no quarto e eu me viro rapidamente.

– MEU DEUS! -Não consigo segurar o riso quando me deparo com ele coberto de cola e pena.

– Você acha isso engraçado? -Ele fala zangado.

– No fundo você sabia que ele faria algo do tipo... Ele nunca esquece nada em casa. -Falo tentando parar de rir.

– Seu filho é impossível, o que é que ele tem contra mim? -Ele fala enquanto vai na direção do chuveiro.

– Se você não explodisse toda vez que Henry faz uma brincadeira dessa, ele não acharia graça e pararia, sei que é errado da parte dele...

– Já sei onde o assunto vai parar “ELE É SÓ UMA CRIANÇA” é o que você sempre diz.

– Vou secar o cabelo e terminar de me arrumar, amanhã terei uma conversa com ele, por favor não deixe uma bobagem desas estragar a noite.

Robin e eu terminamos de nos arrumar e partimos na direção da festa.

– Bem na hora! -August diz enquanto abre a porta. -Robin... isso no seu cabelo é uma pena?

– Loga história... -Ele fala enquanto tira a pena que havia passado despercebida.

– Regina Mills chegando na hora, estranho seria se não tivesse algo estranho.

– Engraçadinho! -Reviro os olhos enquanto entro.

– A festa é por alí. -O anfitrião aponta para a sala enquanto vai para a porta receber mais convidados.

– Vou no banheiro, meu cabelo ficou uma bagunça... Por que é sempre na cabeça que ele mira o balão com cola? -Ele diz enquanto sobe as escadas.

Geralmente eu evitava ir nas festas do August, por 3 motivos, ele me lembrava a Emma, a casa dele me lembrava a Emma e as músicas que ele sempre insistia em tocar me lembravam adivinhem quem... A EMMA. Sento no sofá e observo o chão.

– Por que ele colocou um tapete tão antigo? -Pergunto para mim mesma, a última vez que vi aquele tapete foi há 13 anos.

Era um dia ensolarado e feliz, August tinha cedido sua imensa casa para a festa surpresa de 15 anos da Emma, todos chegaram cedo e ajudaram nos preparativos, só que ela havia chegado antes da hora prevista, típica Emma... Como consequência disso, algumas atividades foram improvisadas, como o jogo da garrafa.

Afastamos a mesa, os sofás, colocamos uma garrafa no centro e sentamos na volta. Eu nunca fui de festas ou farra, mas ao lado de Emma me sentia a vontade com tudo isso. Os ponteiros do relógio foram rodando no mesmo ritmo da garrafa, só perdiam para o meu coração, que estava batendo freneticamente... Foi quando o inesperado aconteceu, a garrafa que Emma girou parou em mim, nós ficamos constrangidas, mas August insistiu.

Ela foi chegando mais perto, olho para seus olhos verdes, eles sempre me passavam calma quando eu precisava. Quando nossas línguas se encostaram, foram como se mil fogos de artifícios estourassem a nossa volta e dez mil borboletas voassem dentro do meu estômago, eu não conseguia pensar em mais nada, só o quanto a queria junto de mim, o beijo durou segundos mas aqueles segundos pareciam tão preciosos. Quando estava perto da minha melhor amiga nada mais importava, mas justamente por ser tão preciosa, eu não queria arriscá-la falando o que sinto, seria egoismo.

Quando nossas bocas finalmente se separaram, veio o constrangimento para ambas, depois disso nunca mais tocamos no assunto. Acredito que existem 3 tipos de pessoas que passam por nossas vidas: as que não fazem diferença, as que deixam marcas e a Emma Swan, que é o tipo de pessoa que marca a sua vida. Onde mesmo longe, ainda tem um espaço em seu coração e na sua mente, que nunca poderá ser preenchido se não por ela.

Sou desperta dos meus pensamentos por August:

– Lembrando do passado? -Ele brinca.

– Digamos que sim. -Dou uma risada constrangida.

– Deixe-me adivinhar porque o clima parece tão tenso entre os 2... Henry aprontou de novo?

– Sim... Não entendo porque ele não gosta do Robin. -Falo claramente chateada.

– Vai ver ele percebe que não é feliz com ele. -Ele senta do meu lado.

– Eu sou feliz com ele! -Falo rapidamente.

– Tem certeza? Então por que você não tem mais aquele sorriso que tinha a 10 anos atrás? E claramente não usa mais os vestidos fatais que diziam “Sou gostosa mas cuidado comigo”?

– É porque agora sou prefeita e tenho uma imagem a zelar... -Tento explicar.

– Achei que você e Emma haviam aprendido que não deviam mentir pra si mesmas, mas pelo visto estou errado. -Ele retruca.

– August, como sempre discreto... Espera... como assim a Emma? -Falo incrédula, ela estaria mesmo na cidade?

– Quer dizer... Você sabe... dava para ver como vocês se olhavam e o quanto estavam felizes na companhia uma da outra, até o Neal surgir e depois.... quer saber? Já falei de mais. -Ele se levanta e tenta fugir da conversa constrangedora, o que obviamente me deixou mais confusa.

– Espera... -Eu ia me levantar para ir atrás dele mas Robin chegou e eu não queria ter essa conversa perto dele.

– Perdi algo? -Ele fala desconfiado.

– Nada, ele só estava falando sobre um negócio que a família dele quer abrir na cidade, você sabe o quão grande a madeireira do pai dele é. -Minto.

– Ok, vamos dançar? -Convida.

– Claro.