Avatar - A Lenda de Asuz escrita por Hyrohn


Capítulo 2
Capítulo 2 - Declaração


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas enfim saiu. Espero que gostem do capitulo! A historia está tomando um rumo mais serio e deixando um pouco de lado aquela "criancice" do capitulo anterior. Bem, pretendo postar semanalmente, mas é bem possível que alguns saiam atrasados como esse.
See ya.



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Não queria ser o que sou. Muitos dariam tudo o que tem: seus bens, e até mesmo amigos e familiares, só para terem minhas habilidades. Mas isso não é um dom, é uma maldição.

– Avatar Asuz.

Seus olhos lentamente se abriram. Pôs a mão na cabeça e com a outra se apoiou no que pensou ser o chão e vagarosamente levantou seu tronco.

– Finalmente acordou. Estamos quase chegando, avatar.

Desorientado e confuso, Asuz apenas vomitou. Estava se sentindo enjoado. Só então percebeu que estava em uma embarcação. Não era nada deslumbrante, estava bem longe disso, mas era um barco bom o suficiente para partir de Shikara à Lykuh em apenas três dias.

– Tome isso – falou o homem oferecendo uma tigela de sopa fumegante. – Está dormindo faz quase dois dias, em breve iremos chegar ao centro do mundo.

Aturdido, Asuz se lembrou do acontecido, da visão das chamas e de ter sido golpeado na cabeça, exatamente onde massageava gentilmente com os dedos. Estava com fome, mas a situação em que ele se encontrava era mais urgente que sua orexia.

– Quem são vocês? O que querem comigo? E o que aconteceu em Shikara? – Questionou o avatar ao mesmo tempo em que se levantou de vez, mas curvou-se um pouco devido a sua debilitação.

– Calma – falou o rapaz se aproximando do garoto – olha, eu me chamo Dimus, sou o encarregado de te levar até Lykuh. Trabalho diretamente pro governante, e queremos apenas promover a paz, como já deve saber. Desculpe pela pancada – disse sem jeito – mas era o jeito mais fácil de te tirar de lá, se chamássemos atenção, não teríamos escapado.

– O que aconteceu em Shikara?– Asuz ignorou o fato de Dimus ter o batido, ele estava curioso, queria respostas. No entanto o homem fez um expressão caliginosa, como se algo o assustasse, como um fantasma... ou algo pior.

– Um ataque do mago das sombras, Kyromaggu’s, o desordeiro do submundo. Estavam atrás de você. Por sorte, o governante previu isso, e me mandou aqui para te levar em segurança.

– E minha família? Meus amigos, o que aconteceu a eles? Vocês os salvaram também?

Dimus não o fitou nos olhos, retirou-se da sala e respondeu:

– Eles não faziam parte da minha missão. – E acrescentou – pode tomar a sopa, não está envenenada ou coisa do tipo, você está precisando se alimentar. Irei falar ao capitão que você está bem.

O comandante do navio era alto e de tez pálida, tinha um bigode curto e queixo avantajado. Suas mãos enluvadas abriram a porta da sala onde residia o avatar.

– Vejo que já está melhor – falou o capitão percorrendo os olhos do avatar para a tigela onde antes havia sopa.

Asuz permaneceu calado.

– Sei que não deve gostar muito da gente, garoto – puxou um banquinho para si e retirou de seu bolso um charuto – mas nós salvamos sua vida, então seja mais grato por isso.

– Eu iria salva-los – pigarreou Asuz – se não tivessem me raptado iria salvar minha família desse tal Kyromaggu’s.

O capitão solenemente suspirou.

– Seguiremos o curso até Lykuh, lá milhares de cidadãos estarão esperando sua chegada, inclusive o Excelentíssimo Joras, o governante da cidade. Tenho certeza de que ele sabe como te ajudar. Escuta garoto, sua família, amigos e conhecidos, tenho plena convicção de que estão todos vivos. Matar inocentes... não é assim que o desordeiro trabalha.

A face de Asuz se iluminou de vida novamente. Era como ver o nascer do sol num campo florido, radiante e verdadeiro. A esperança nascia de novo e o desespero de perder a todos foi esquecido nas mais profundas e antigas memorias do garoto.

Asuz pulou para cima do capitão.

– Tenho que vê-lo o mais depressa possível!

Surpreso por essa reação, capitão Muria levantou-se de supetão, não sabia como lidar com atitudes como essa.

– Bom, era tudo o que eu tinha para falar, avatar Asuz. Sinta-se livre para andar por ai, é um navio pequeno e modesto, mas deve ter sua beleza aos olhos de uma criança. Só apareça na proa daqui exatas duas horas. Chegaremos ao nosso destino em breve.

O restante da viagem não aconteceu nada demais. Asuz percorreu por todo o navio em menos de dez minutos, olhou por cada canto, topou com apenas três pessoas, fora Dimus e o capitão. Estavam limpando o convez, mas pararam quando avistaram o garoto. Ele porem não deu bola e subiu para o lugar mais alto, o mastro. Não era lá bem um mastro de madeira, grande e grosso, estava mais para uma antena bem grande, era difícil de si equilibrar la em cima, mas com dobra de ar torna-se uma tarefa muito mais pratica.

Não havia nada de interessante por lá, até que Asuz por ver Lykuh se aproximando. Era indescritível. Logo no porto havia uma estatua de pedra gigantesca de uma mulher.

– Aquela lá é kisha, a avatar que deu paz a essa terra – gritou Dimus. – É melhor descer dai, avatar, estamos te esperando na proa.

Diante do píer estavam vários homens trajados com roupas ostentando o símbolo do governante, duas mãos unidas pelas pontas dos dedos. No centro deles estava Joras, e junto deles tropas militares para conter a população. Eram centenas, não, milhões de pessoas, muitas de outros lugares do mundo, que foram apenas esperar a chegada do avatar.

– Avatar asuz, que bom que está vivo – Joras apertou sua mão e o ergueu, pondo-o em seu ombro e falou para ele apenas – Acene para essa gente, eles vieram só ver você.

Asuz não entendeu muito bem o porquê, mas obedeceu, e logo após seu gesto para a multidão, urras e salves foram dadas. O menino achou tudo muito estranho, “que pessoas malucas” pensava ele, mas achou bem divertido aquela sensação.

– Tudo saiu conforme o planejado, senhor – falou Muria se aproximando – e quanto ao reino de Shik...

Bastou um olhar do governante para entender que o capitão devia se calar. Aquele não era o momento.

– Sei que deve estar cansado e confuso, Asuz, irei te explicar tudo em breve, mas antes deve vir comigo para conhecer meu palácio e descansar, imagino que mesmo o avatar precise disso – e começou a rir e acenar para o publico.

Muitos tiravam fotos, a imprensa tentava obter entrevistas e era cada vez mais difícil de conter a população. Asuz até se exibia com sua dobra e tentava responder algumas perguntas, mas Joras apenas disse:

– Mais tarde o avatar Asuz fará um pronunciamento, não precisam ficar em cima agora.

E nesse empurra-empurra chegaram à entrada de um clube privado, onde deram adeus aquela turba. Era um clube amplo e praticamente vazio, ainda faltavam as mobílias e as decorações. Se não fosse pelo nome “Valkiria Clube” Asuz jamais suspeitaria do que o local se tratava.

– Bom, garoto, agora que nos livramos desses alucinados, podemos seguir em paz.

Um dos seguranças bateu em uma parede e parte dela cedeu.

– Uma passagem secreta! – exclamou Asuz animado.

– Estamos cheio delas garoto – falou o governante adentrando o túnel – sabe, temos muito que conversar até chegarmos ao palácio.

Finalmente Asuz se lembrou da conversa com Muria e questionou:

– Você sabe onde está minha família? O que aconteceu em Shikara e quem é Kyromaggu’s?

O guarda costas selou a passagem após todos passarem, eram sete ao todo. O governante coçou a barba pensando por onde começar.

– Por onde eu começo... – falou para se mesmo. – Bom, o acontecido em Shikara foi o seguinte: tropas do desordeiro invadiram a sua vila atrás de você, avatar. Porém não o encontraram, daí atearam fogo em sua casa esperando lhe atrair. Felizmente fiquei sabendo do ataque antes dele acontecer e pude impedir isso – fez uma pausa, olhou para o garoto. Ele estava quieto, entristecido com as palavras ditas – Depois do incidente, Piom, rei de Shikara me mandou mensagens “não há sinais de mortos, toda a zona Ling foi destroçada, mas nenhum morto foi encontrado, estão todos desaparecidos”.

– Então... – começou o garoto sem saber direito o que dizer.

– Por hora eles estão nas mãos do desordeiro, mas enviei times de resgate, assim como este – apontando para Dimus, Muria e os outros três que antes limpavam o barco de resgate – logo teremos noticias deles.

– Mas por que ele fez isso? Por que estão atrás de mim? – Perguntou assustado.

A caminhada era longa e o som dos passos ecoava. Era uma atmosfera pesada, deviam estar bem abaixo do nível do mar.

– Kyromaggu’s é o desordeiro do submundo. Ele promove guerras, vende armamentos, e até mesmo dobradores, é um radicalista que pensa em trazer o terror para o mundo. Não sabemos ao certo seus objetivos, pensamos que ele está atrás de você por que você é o símbolo da paz, sabe, e acabar com você, é o mesmo que...

– Senhor, chegamos. – Falou o capitão Muria, girando um pequeno mecanismo e fazendo rolar uma rocha estreita, dando passagem ao interior de um cômodo bastante iluminado.

– Mais tarde falaremos disso, Asuz – falou Joras se espremendo pela passagem. – Lembra do combinado que fizemos? – o garoto balançou a cabeça afirmativamente – bom, muito bom. Após seu discurso irei lhe mostrar sua missão de paz.

Dessa vez foi Azus quem passava pela fenda, no entanto passando com folga e saindo em um salão de pedra ostentando quadros gigantes, mesas enormes e cadeiras de madeira ancestral. Peças de tapeçaria finíssimas, um fogaréu para aquecer os visitantes e uma variedade inacreditável de comida. Antes de comer, o governante ordenou a Dimus que levasse Asuz para seu aposento, para que pudesse se banhar e trocar por roupas a altura de sua posição. Não queria que o vissem como um menino maltrapilho, sua tez escura, seu cabelo desgrenhado e principalmente seu trajar dariam uma impressão errada em seu discurso. Um avatar deve ser suntuoso.

Após um banho em banheiras termais, roupas com babados e golas espalhafatosas, com botões de ouro e de cor morta, e para completar um chapéu muito bizarro, foram dados ao avatar. Juntamente com um roteiro.

– Tudo o que tem a fazer é memorizar – dizia o governante – as pessoas irão ficar bastante contente, sabe. Não estamos em bons momentos, uma crise pode desencadear uma guerra entre reinos poderosos, e bem, temos de trabalhar para manter a paz!

– Tudo bem, mas por que tenho que usar essas roupas ridículas? – Joras apenas o ignorou.

Asuz decorou as palavras, mas ali, no alto de um palanque, encarando uma imensa aglomeração, câmeras e flashes o desnorteavam. Suas pernas tremiam e as palavras fugiam de sua mente. Sua mão chacoalhava um microfone. “Porque estou assim? Há pouco me diverti com eles”.

Para alguém que nunca vira um aparelho como aquele, foi mamão com açúcar se atrapalhar. No começo o clamor foi substituído por risadas, mas quando começou a falar, tudo ficou em silencio.

– É com grande felicidade que hoje, eu, avatar Asuz, trabalharei em Lykuh. – Fez uma pausa, esperando a gritaria e aplausos diminuírem, aproveitando para se lembrar das palavras do roteiro. – A cidade no centro do mundo, daqui poderei ficar a par de tudo e de tornar a paz algo almejável. É por isso que, seguindo o sonho de Kisha, detentora de Lykuh, irei zelar sempre por cada um de vocês. Desse reino ou de outro, não importa onde estejam, farei o possível para ajudá-los. E minha prioridade será reatar os laços de amizade com o mundo espiritual, para que cresçamos juntos, unidos e fortes. Celebremos, meus amigos, pois a prosperidade nos espera!

Aplausos e mais aplausos, gritaria, assovios e aplausos novamente. O governante já se encaminhava ao palco, pensando em tomar a posse de voz, mas no entanto, Asuz continuou.

– E quanto ao que todos chamam de desordeiro do submundo, o Kyromaggu’s, dou-lhes minha palavra de que irei derrota-lo e localizar cada um dos desaparecidos de Shikara. Já sabe onde estou, se quiser me pegar que venha, o farei pagar pelo que fez.

– Maldito garoto, isso não faz parte do script. – falou Joras, preocupado.

E Asuz continuou:

– Kyromaggu’s, está declarado guerra. Só assim obteremos a paz.

E Asuz se retirou do palanque. Sabia que fora longe de mais, mas no fundo, algo o dizia para fazer isso. A multidão explodiu em murmúrios, muitos preocupados com o que iria acontecer, muitos em apoio, outros já gritavam de medo. Mas esse discurso entrou para a história. Graças a ele uma grande calamidade iria acontecer, mas isso ainda é algo a ser revelado.


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Notas finais do capítulo

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