Já era hora do almoço na mansão Legrand. Lunne descera e encontrara todos na mesa conversando alegremente. Seus olhos rapidamente visualizaram Edward e o lugar vazio ao lado dele, lugar este, que ela ocuparia. Uma grande ansiedade se instalou em seu corpo. A tentação de contar toda a verdade para Edward e ao mesmo tempo o medo da aceitação dele. Tudo isso fazia com que ela se sentisse muito mal. Lunne percebeu que estava sendo observada por Edward, que tinha uma expressão indecifrável no olhar. Ela, então se dirigiu ao seu lugar e ao sentar, Edward disse:

-Lunne, por onde você andou a manhã toda? Eu fiquei te esperando no jardim e você não apareceu.

-Eu fui até o escritório do meu pai e depois que saí de lá, voltei pro quarto e dormi mais um pouco. Estava cansada demais. – Disse ela, sofrendo muito por dentro por estar mentindo para Edward. Isso a matava por dentro.

-Entendo. Você deve estar mesmo muito cansada. Sua saúde anda frágil e nós não sabemos o por que disso. Você necessita descansar mesmo. – Disse ele.

O almoço passou rapidamente para uns e lentamente para outros. Lunne mal falou na mesa, coisa que causou estranhamento em todos. Ela era sempre tão falante e alegre, mas hoje parecia que estava infeliz. Jasper sentiu que as emoções da meia vampira estavam à flor da pele e ficou muito curioso para saber o por que disso. Depois do almoço, Lunne ficou esquiva. Ela não se aproximava de ninguém, principalmente de Edward. Ele ficou totalmente confuso e mais desconfiado da namorada. Ele tinha certeza que ela escondia algo e se determinou a descobrir oque era.

Já estava na hora do crepúsculo e Lunne estava deitada em sua cama tentando se concentrar em um livro, sem sucesso. Ela escutou passos no corredor e logo após, uma batida na porta.

-Pode entrar. – Disse ela. A porta se abriu e Alice entrou. Ela estava com uma expressão de medo, angústia, mas ao mesmo tempo terna e carinhosa. Lunne estranhou aquilo e perguntou:

-Oque houve Alice? Por que você está com essa cara? – Alice entrou no quarto e fechou a porta. Ela se sentou na beira da cama de Lunne e falou:

-Eu tive uma visão. – Nessa hora Lunne se alarmou. Pensou que seria sobre Tanya ou algo do gênero.

-Oque você viu Alice? Diz! Foi sobre ela? Foi sobre a Tanya? Diz logo Alice! – Disse Lunne, desesperada. Alice olhou diretamente nos olhos verdes de Lunne. Estaria chorando se pudesse. Ela disse tão baixo que Lunne quase não ouviu:

-Na minha visão você estava dizendo pro Edward que você é a reencarnação da Bella. – Nessa hora, o coração de Lunne só faltou sair pela boca dela. Alice sabia! Ela tinha visto, oque significava que ela realmente iria contar a verdade para Edward.

-Alice, pelo amor de Deus, oque você viu? Quando vai ser isso? Diz Alice! – Pediu Lunne. Alice não respondeu aos apelo de Lunne. Ela estava de cabeça baixa e simplesmente perguntou:

-Isso é verdade Lunne? É verdade que você é a reencarnação da Bella?

-Sim Alice. Essa é a verdade. Eu e a Bella temos a mesma alma. Eu reencarnei como Lunne pra ficar ao lado daquele que eu amava e ainda amo. Eu voltei pra ficar ao lado do Edward.

Na mesma hora Alice abraçou Lunne com todas as suas forças. A felicidade de Alice não podia se comparar a mais nenhuma vista. Ela estava diante da sua melhor amiga todo esse tempo e nunca havia percebido. A falta que ela lhe fizera em todos esses anos só ela podia descrever. Era como se um pedaço tivesse sido arrancado dela no dia da morte de Bella e estivesse sendo reposto no lugar com a chegada de Lunne. Ela não sabia oque era aquilo, mas agora compreendia.

-Você acredita Alice? Você acredita em mim? –Perguntou Lunne. Alice soltou Lunne e disse:

-Sim, eu acredito. Eu sempre achei que você não havia entrado nessa familia por acaso. Agora eu tive a comprovação. Você é a Bella, você é a minha amiga que voltou! Ai Lunne, eu não tenho palavras pra descrever essa felicidade. – Lunne estava feliz. Alice acreditava nela. Ter o apoio dela era essencial para poder contar a verdade a Edward.

-Mas Lunne, me explica direito uma coisa? – Lunne assentiu. – Como essas coisas acontecem? Eu já ouvi falar disso, mas ver isso acontecer é totalmente diferente. E desde quando você sabe disso tudo? – Lunne, então começou a contar tudo oque acontecera desde a chegada dela na casa dos Cullen, o motivo dos desmaios, as visões da outra vida, as visões da Bella nos espelhos. Após ela terminar de contar tudo, Alice estava atônita. Não conseguia acreditar que tudo aquilo poderia estar acontecendo com a Lunne.

-Sabe Alice, eu tenho medo da reação do Edward. Ele não acredita em nada dessas coisas e isso me dá muito medo. E se ele não acreditar? Oque será de nós? Ele vai terminar tudo comigo e eu não irei saber oque vai acontecer. Eu vou morrer Alice. Eu vou morrer! – Disse Lunne, chorando muito. Alice entendia o por que de Lunne não ter dito tudo para Edward. Ela conhecia o irmão que tinha e sabia que ele não acreditaria tão fácil. Na época que Bella era viva ele já não acreditava, depois de sua morte então, ele ficou totalmente descrente. Não seria uma tarefa fácil pra Lunne fazer com que Edward enxergasse a verdade. Ela irá sofrer muito com tudo oque vai acontecer. Tinha pena da amiga, mas estaria ao lado dela até o fim. Ela acreditava em tudo. Ela via a verdade e iria lutar ao lado de Lunne para fazer com que Edward a visse e acreditasse nela.

-Acalme-se Lunne. Se você se desesperar não vai conseguir nada. Fique calma que tudo irá se resolver. O Edward te ama e vai compreender tudo. Cedo ou tarde ele irá compreender tudo. – Disse Alice.

-Eu espero que as suas palavras tenham força pra se concretizar, porque eu realmente não irei agüentar, eu não vou agüentar Alice. Vai ser demais pra mim se ele me rejeitar. – Lunne deitou no colo de Alice e esta ficou fazendo carinho na cabeça da amiga, numa forma de tentar acalmá-la e lhe passar segurança.

Ficaram ali durante um tempo e quando Lunne se acalmou um pouco, a porta do quarto foi aberta e por ela entraram Lewis, Helena, Carlisle, Esme e Jasper. Lunne percebeu que pelas caras deles, seu pai já havia revelado a verdade. Lunne levantou do colo de Alice e tentou decifrar os olhares daqueles que estavam parados em sua frente. A primeira a se pronunciar foi ninguém menos do que sua mãe:

-Lunne, minha filha, nós já sabemos de tudo e acreditamos. Você não precisa se preocupar, pois nós estamos ao seu lado. – Nessa hora, Lunne correu para os braços da mãe e se agarrou nela como uma criança assustada. Era assim que ela estava se sentindo. Assustada, acuada, com medo. Ter o apoio daquelas pessoas já era um grande alivio pra ela, mas não diminuía o medo da reação de Edward. Quando ela se separou do abraço de sua mãe, Carlisle e Esme se aproximaram dela. Esme a abraçou e Carlisle disse:

-Lunne, nós imaginamos o quanto você deve estar assustada e com medo, principalmente porque Edward ainda não sabe de nada disso. Nem ele, muito menos Jacob e Renesmee. Teremos que ter cuidado e delicadeza ao contar pra eles a verdade. A prioridade agora é como contar ao Edward, mas também temos que pensar nos outros. O assunto é delicado demais. Quando ele souber que você é a reencarnação da Bella, talvez não reaja muito bem a idéia no primeiro momento.

-Eu tenho consciência disso Carlisle e é isso que está me deixando nervosa. Mentir pro Edward está sendo a coisa mais difícil que eu já fiz em toda a minha vida.

-Isso tudo vai acabar logo, querida. Você vai ver . – Disse Esme. – Ele irá acreditar em você. Ele te ama muito Lunne e isso qualquer um pode enxergar. Ele vai acreditar Lunne.

Jasper, que ainda não havia se preonunciado, sorriu e disse:

-Eu sempre soube que havia algo a mais entre vocês dois. O amor que vocês sentem um pelo outro é grande demais. É uma ligação muito forte e hoje eu compreendo o por que disso. – Lunne sorriu ao ouvir Jasper falar isso. Lewis se aproximou e disse:

-Bem, agora que tudo já está justificado, vamos descer. Está na hora do jantar. Tente ficar calma Lunne, por favor. – Lunne afirmou com a cabeça e seguiu pra porta. Ao abri-la teve uma das maiores surpresas daquele dia: Edward estava parado em frente à porta. A sua expressão estava trasfigurada. Havia várias emoções passando em seus olhos dourados, emoções estas que denunciavam que ele havia escutado a conversa. Por Deus, ninguém havia sentido sua presença e se ele tinha escutado, queria dizer que sabia da verdade. Nessa hora Lunne sentiu as lagrimas voltarem aos seus olhos, mas ela as segurou a muito custo. Quando ela ia falar, Edward simplesmente saiu correndo e ela foi atrás dele, mesmo com os protestos de seus pais e dos Cullen que estavam em seu quarto.

Ela chegou no andar de baixo da mansão em segundos e encontrou Edward parado no meio do grande salão de entrada.

-Edward, eu... – Ela ia tentar falar, mas ele a interronpeu:

-Eu não consigo acreditar que você me enganou esse tempo todo Lunne. Eu não consigo acreditar que você jurou amor por mim, pra depois fazer isso comigo. Você brincou com os meus sentimentos, Lunne! – Disse ele se virando e ficando de frente a ela. Ele quase gritava. Os Cullen que estavam presentes no quarto de Lunne, Jacob, Renesmee, Rosalie, Emmett, Matilda, Lyra e Dimitri já estavam todos no recinto. Alguns tentavam entender oque estava acontecendo e os outros estavam temerosos pela explosão de raiva que Edward estava tendo.

-Não consigo acreditar no que eu acabei de ouvir! Não consigo! Isso só pode ser loucura, nada disso pode ser verdade! – Continuou ele, desesperado. Lunne chorava e as únicas coisas que ela conseguiu falar e mal puderam ser escutadas foram:

-Mas é a mais pura verdade.

-Não pode ser! Você não é igual a ela! – Nessa hora, Lunne sentiu uma ferida ser aberta em seu coração. Ele a estava comparando com Bella. Isso era demais pra ela. Edward simplesmente continuou: - Você não nada igual a ela. Não tem o jeito, nem o cheiro. Não tem as atitudes. Você é toda certinha e a Bella não. Ela não era bailarina e era super desastrada. Você tem postura de princesa e foi educada como tal! Vocês não podem ser a mesma. Nunca! Jamais!

-Mas eu nunca disse que nós éramos iguais! – Disse Lunne aumentando seu tom de voz angelical. – Nós nunca seremos iguais! Eu sou eu e ela é ela. São pessoas diferentes, mas é a alma. A alma e o amor por você são as únicas coisas que nós duas compartilhamos. – Nessa hora, Edward pareceu ficar mais transtornado do que já estava. Falar sobre a alma da Bella foi a gota d’água pra ele. Ele se aproximou velozmente de Lunne, ficando a centímetros de distancia dela e disse ameçadoramente:

-Você não sabe nada sobre a alma dela! Nada! - Nessa hora Lunne ficou apavorada. Aquele que estava a sua frente era o Edward pela qual ela se apaixonou? Não, aquele era um outro Edward. O Edward que surgira depois da morte da Bella: Mesquinho, que não se importa com ninguém além dele. A única coisa que Lunne conseguia pensar era: - “Meu Deus, ele jamais me amou de verdade!”

Nessa hora, quem explodiu de raiva foi Lunne. Edward não tinha a noção do quanto que estava machucando a garota que ele amava. Ela estava sendo golpeada por cada palavra que ele estava pronunciando e isso doía demais no coração da jovem.

-Você diz que eu menti Edward, mas quem mentiu aqui foi você! Você disse que me amava, que eu tinha mudado a sua vida, que era ao meu lado que você queria ficar! Você disse que nunca ia me magoar! – Disse Lunne, gritando no final da frase. Nessa hora, Edward se deu conta do que havia feito. Ele se deixou tomar pelo baque da noticia, pela raiva por ela ter escondido e pelo fato de não aceitar isso. No fim, acabou machucando profundamente aquela garota que ele tanto amava. Como ele era burro! Ele olhou para Lunne e viu as lagrimas correrem livremente por aquele rosto perfeito. Ele olhou ao seu redor e viu a cara de espanto da sua familia, dos pais e amigos de Lunne, viu o medo no rosto da sua filha. Deus, oque ela havia feito? Nessa hora ele tentou tocar o rosto de Lunne, mas ela o repeliu dando um tapa em sua mão. Ela simplesmente falou:

-Eu não devia ter voltado quando você me chamou. Se eu tivesse prosseguido, não estaria aqui agora, sofrendo por causa das acusações daquele que eu amo. – Após dizer isso, Lunne saiu correndo em direção ao seu quarto. Essas palavras tiveram um grande impacto em Edward que tentou ir atrás de dela, mas Dimitri se postou na escada e disse as seguintes palavras:

-Eu acho que você já machucou demais a Lunne por hoje, não concorda? – Edward sentiu uma fúria sem igual e disse:

-Isso não é da sua conta. Isso é assunto meu e dela e de mais ninguém, então não se meta! – Nessa hora Dimitri ficou cara a cara com Edward e falou:

-Tudo que envolve a Lunne é da minha conta. Eu sou o guardião dela. E escute bem oque eu vou lhe dizer: Se você fizer mais alguma coisa ruim pra Lunne, eu juro que eu te mato, você entendeu bem?

Edward sabia que Dimitri não estava brincando. Ele simplesmente se afastou e olhou para as pessoas ao seu redor. As caras de reprovação de sua família fizeram com que Edward se sentisse muito infeliz pelo que fizera.

-Me desculpem, por favor. – Essa foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar antes de sair em desparada pra fora da mansão Legrand.

Caminhando pelos enormes jardins da propriedade, começou a se arrepender de tudo que havia falado, mas ele não podia aceitar que a Bella, a sua Bella era a mesma pessoa que a Lunne. Era demais pra cabeça dele. Depois de algum tempo caminhando, ele subiu numa das grandes árvores e se sentou em um dos galhos. Quando olhou, viu que aquela árvore dava visão direta para a janela do quarto de Lunne. Ela devia estar lá, sofrendo por causa das palavras dele. Ele havia quebrado a promessa que havia lhe feito. Nunca magoá-la. Ele quebrara essa como muitas outras que havia feito. Será que haveria reparo? Ele acreditava que não. O estrago estava feito e agora a única coisa que restava era agüentar as conseqüências que estavam por vir.

Continua no próximo capítulo...