Liars and Killers escrita por A Lovely Lonely Girl


Capítulo 33
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Fico muito feliz de vocês estarem gostando da história, mesmo eu tendo colocado algumas informações meio tensas sobre o passado da Kate no capítulo anterior. Como eu já falei nos capítulos anteriores, voltei a ler, e fico muito feliz por ter feito isso. Ontem terminei "Corte de Espinhos e Rosas", e super recomendo para quem gosta de romance, aventura e fantasia. A escrita da Sarah J. Maas é muito gostosa de ler, vale muito a pena, sério!

Agora, vou pegar a listinha de agradecimentos aqui, hohoho

Agradeço especialmente aos usuários do Wattpad: @DayFagundes @lokideus @MarinaBotelho5 @sinoartx e ao meu namorado, @Lovecraft27 que disse que nem precisou ler o capítulo pra saber que a minha história é boa hahahaha

Também agradeço à nova leitora do Spirit Sakusasu4ever, e espero que goste da história!

Eu adorei os comentários do capítulo anterior, foi muito bom poder expor as coisas pelas quais a Kate já passou, porque deixou bem claro tudo o que ela aguentou por anos. Eu quis colocar aquilo como uma prova de que, não importa as atrocidades pela qual passe, nada é capaz de quebrar alguém determinado, com uma alma forte e um coração bom. Espero que gostem desse capítulo!



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{Katherine Adams Kohls}

Olhei para o bastão de madeira em minha mão, segurando um sorriso. Segurei a vontade de dar pulinhos enquanto me lembrava de Celaena Sardothien, a protagonista de “Trono de Vidro”. Era realmente uma pena que só tivesse lido o primeiro livro, mas, quando tinha muitos projetos em mente, era difícil para mim ter foco o suficiente para ler.

Eu girava o bastão em minhas mãos, tomando cuidado para não acertar o meu próprio rosto. Steve tagarelava alguma coisa sobre demonstrar diferentes estilos de luta, meus olhos estavam perdidos entre o bastão que girava cada vez mais rápido e em Natasha, que estava à frente de Luke e eu, usando roupas coladas pretas, uma trança apertada e com pés descalços em cima do tatame fofo que forrava a sala. Ela segurava o bastão colado ao corpo, como uma lança letal. Seus olhos estavam travados em mim, uma sobrancelha erguida.

O bastão girava e girava, quando me atrevi a dar um passo para a direita. Consegui. Me atrevei a dar mais outro, e outro. Um sorriso crescia em meu rosto quando via que conseguia controlar o bastão, rodopiando no ar como uma hélice. Ele parecia ser de metal, a forma como era sólido e forte. Ergui mais os braços rapidamente ainda o girando...

— PORRA, KATE! – Dei um pulo de susto e me virei para trás, Luke estava com a mão no nariz, murmurando palavrões bem feios. Arregalei os olhos:

— ME DESCULPA, LUKE! – Seus olhos brilharam com fúria quando ele, sem pensar, pegou o próprio bastão e o bateu em minhas costas com força. Perdi o equilíbrio e caí para frente, de quatro no chão. Minhas costas ardiam. Franzi os lábios, meus olhos lacrimejaram no mesmo instante. Um zumbido alto começou em minha cabeça, e fiquei por alguns segundos no tatame, respirando fundo.

Olhei para a minha esquerda, para o meu bastão, em seguida o peguei e me levantei com um pulo do chão. Lucas me observava, o rosto pálido de preocupação enquanto ele me pedia perdão. Em minha mente, eu só ouvia aquele zumbido infernal. No fundo, eu entendia – desde criança nos atracávamos em brigas, ele vivia arrancando tufos do meu cabelo e eu, chutava suas canelas até ficarem roxas; isso quando eu não chutava sua virilha com toda a força para, covardemente, ganhar uma briga. Quando ele começou a notar que se tornara mais forte do que eu, passou a parar com as brincadeiras brutas em consideração a mim.

Conseguia sentir um calor subir pelo meu corpo, até o pescoço, até as bochechas. Meu maxilar doía pela pressão dos meus dentes, trincados com raiva. Luke recuou alguns passos, murmurando repetidamente seu pedido de desculpas. Segurei o bastão com firmeza, e o brandi acima de minha cabeça como uma espada, com as duas mãos, o ergui e o assistia cair em alta velocidade até a cabeça de Lucas...

TAC!

Ele usou o próprio bastão para bloquear o meu, seu peito subia e descia de modo desregulado. Franzi o cenho, observando meu bastão bloqueado. O que eu faria agora? Meus pensamentos estavam acelerados. Dei um passo para trás e tentei novamente, desta vez mirando no tronco do loiro. Era como se eu quisesse desenhar um “x” em seu tronco. Ele pulou para atrás, mas gritou ao sentir o arranhão da ponta do bastão. Ele sibilou, esfregando onde o bastão havia alcançado.

Me movi para a esquerda, ficando ao seu lado. Ele não se demorou no mesmo lugar por muito tempo, lá que ele sabia que as minhas intenções eram bem violentas. Natasha dizia palavras com firmeza, porém eu não era capaz de escutá-la. Tudo o que eu ouvia era uma voz no canto da minha mente cantarolando alegremente “Machuque-o, machuque-o, machuque-o!”.

Em um impulso selvagem, pulei para o lado do mortal patético, joguei o bastão para cima e o segurei mais uma vez como a uma espada, em seguida mirei em suas panturrilhas e as acertei, empurrando-as na diagonal para cima. Ele nem sequer teve tempo de reagir quando suas costas bateram violentamente contra o tatame com um baque seco, fazendo-o perder o ar. Sem hesitar, pressionei meu pé esquerdo descalço contra seu peito, imobilizando-o no chão. Segurei meu bastão como uma lança, a centímetros de seu pescoço.

“Mate-o, mate-o, mate-o!”; ordenava a voz em minha cabeça, ela estava eufórica. Eu conhecia aquela voz, a odiava, porém, naquele momento, meus instintos me diziam que ela estava certa, que eu deveria matá-lo. O Vingador que nos observava gritava impacientemente, sua voz parecia distante:

— KATHERINE, LARGUE O BASTÃO! – Tudo o que eu ouvia era a voz. “Mate-o, mate-o, mate-o!”.

Minhas mãos se fecharam ainda mais no instrumento, minha concentração estava no rosto de Lucas. Os olhos claros estavam arregalados, os músculos, tensos. Sua respiração estava irregular. Sorri de canto, sentindo-me vingada, realizada. Seria fácil, fácil demais. Lancei-lhe um olhar mortífero e, com um enorme sorriso, ergui o bastão. O impulsionei para cima. Ele fechou os olhos, aceitando seu destino como a criatura inferior que era. Impulsionei o bastão para baixo, para seu pescoço. “Morra! Morra! Morra!”; gritava a voz em minha mente.

Senti uma dor lancinante em meu peito antes de ser jogada há dois metros de Lucas Singer. Minha cabeça ricocheteou e bateu com força na parede, meu corpo inteiro sentia o impacto impiedoso. Não sentia mais o bastão em minha mão. Caí para o lado, tossindo e chiando, lágrimas caíam conforme me recuperava do choque do impacto. Olhei para a direita, meu bastão estava há menos de um metro de mim. Meus olhos estavam fixos no objeto, considerando recuperá-lo. Senti algo molhado em meu cabelo, deixando-o pegajoso. Levei minha mão até ele, o líquido parecia viscoso. Engoli em seco e olhei para a minha mão. Era sangue.

A voz se calou, o zumbido sumiu. Arregalei os olhos, desperta de meu transe. Natasha ajudou Lucas a ficar em pé, o loiro estava pálido. Steve me encarava, seus olhos em chamas. Ele se apressou até mim, pegando o meu bastão do chão. Ele me olhou nos olhos enquanto chocou seu joelho contra o bastão, partindo-o ao meio; sua mandíbula estava tensa, os dentes, travados.

— QUANDO EU TE DISSER PARA LARGAR O BASTÃO, VOCÊ DEVE ME OBEDECER, ENTENDEU?! – Congelei. Rogers seguiu até mim, me ergueu e praticamente me arrastou para fora da sala, segurando meu braço com força. Eu tentava acompanhá-lo, tropeçando em meus próprios pés. Minha vista estava embaçada, não conseguia focar minha visão em nada à minha frente.

Kitty havia retornado, mais feroz do que nunca.

 

{...}

 

{Loki, The God of Mischief}

Meus olhos percorriam os símbolos e letras à minha frente, porém minha mente não assimilava nada do que estava escrito ali. Respirei fundo, tentando, pela quinta vez, compreender a primeira frase do primeiro parágrafo daquele livro qualquer. Não consegui. Trinquei os dentes e arremessei o livro na parede, do outro lado do quarto. Meus pensamentos estavam dispersos, acelerados demais para sequer conseguir compreendê-los.

Corri meus dedos por meus cabelos, irritado por ceder mais uma vez. Abri a gaveta do criado mudo, retirei um caderno de desenhos preto dali e o abri. Eram rostos e mais rostos de pessoas desconhecidas a mim, uma não se assemelhava em nada à outra. Meus olhos percorreram as linhas e as sombras, imaginando como os traços haviam sido feitos. Meus dedos curiosos percorriam as páginas, ansiosos por mais uma pista dos pensamentos dela, do que ela se tornaria.

Com dedos levemente trêmulos, virei para a última página desenhada, e não pude conter um suspiro. Eram os meus olhos, porém não reconhecia aquele olhar. Era... Inquieto, instigante, desafiador. Como se eu tentasse provocar uma reação dela. Engoli em seco. Aquilo não fazia sentido. Cada vez que encarava aquele desenho, por mais que os olhos fossem meus, me pegava imaginando o que eles diziam, o que queriam daquele que os observava. Às vezes, os interpretava como confusos, intrigados; outras, como aquela vez, eles eram provocativos, como se escondessem um desafio implícito por detrás de suas írises.

Fechei as mãos em punhos, os lábios comprimidos em uma linha fina. Não consegui evitar de franzir as sobrancelhas, sentindo-me, de certa forma, insultado. Não bastava aquela humana insolente e descoordenada ter me insultado, como se eu não fosse um ser extraordinário com a força e perspicácia capazes de tê-la matado mais de dez mil jeitos diferentes no curto período em que convivemos sob o mesmo teto? Inflei minhas narinas, segurando o caderno com força. Não bastava que aquela garota teimosa tivesse uma mente impenetrável, ela também conseguira fazer com que os próprios desenhos fossem confusos de interpretar? Quem ela pensava que era? Como ela ousava me confundir daquela maneira?

Respirei fundo quando me lembrei de nosso último confronto, meus órgãos pareciam se revirar por me lembrar do que havia visto. Fora só um lampejo, um segundo que poderia ter sido insignificante, que deveria ter sido insignificante. Engoli em seco. Seus olhos estavam tão determinados a entender, a compreender as intenções do Destino... E foi só o que bastou. O lampejo dourado que tomou os olhos da humana era um claro indício de que a Magia e o Destino favoreciam Katherine. Aquilo, depois da runa de Odin, que estava cravada a marca “Revelação” ... No início, eu havia entendido que a marca cravada delataria meu esconderijo, que me entregaria à Asgard. Porém, eu apenas considerara que poderia ser direcionada a mim ou à Sigyn, não tinha considerado que a runa de Odin teria sido para Katherine. A runa fora um impulso para ela, para que encontrasse sua verdadeira natureza.

Quem havia enviado a runa, quem estava por trás de tudo aquilo? O que aconteceria a partir daquele momento, depois que havia me decidido a me afastar da humana? Observei o desenho uma última vez, fechei o caderno e voltei a guardá-lo na gaveta. Me sentei na cama, os segredos do Universo me assombravam sem cessar. O que poderia ser feito? A resposta veio de um conselho que meu subconsciente me dera havia muito tempo – “Conheça a garota humana. Estude o modo como age, como pensa, como é”.

 Levantei-me da cama, determinado a seguir tal conselho. Não me assustei quando Sigyn se teletransportou à minha frente, sua expressão de seriedade parecia constante em relação a mim, desde que Katherine deixara o apartamento. Eram raros os momentos em que vira a deusa lamentar. Quando a humana deixara o apartamento, sem dirigir uma palavra sequer à ruiva, Sigyn ficou em silêncio por cinco dias, como se estivesse de luto. Eu sabia que ela me culpava, apesar de ela ser generosa o bastante para não o dizer em voz alta.

  - Irei ajudá-lo, Loki. – Ela ergueu seu queixo, seus olhos brilharam com determinação. – Se preciso enfrentar os enigmas do Destino para ajudar aqueles que amo, então que seja. Não hesitarei nem por um segundo em fazer o que for preciso para isso. – Sua voz se tornou um murmuro destemido. - Os Deuses Antigos serão testemunhas, você verá.

Seus cabelos pareceram mais brilhantes, como seus olhos, sua postura era forte e resiliente, o peito estufado com orgulho. Uma aura levemente azul parecia rodeá-la, sutilmente indicando o controle e poder que ela possuía. A observei com um sorriso.

 A deusa da fidelidade, em toda a sua glória.

— Agora... – A deusa deitou-se de atravessado em minha cama, as mãos delicadas apoiadas na barriga, como um cadáver. Seus olhos me fitaram. – Conheça a garota.

Não precisei lhe perguntar mais nada. Uma cadeira surgiu ao lado da cama, e me sentei, ciente de que a mulher me dera total liberdade sobre suas memórias. Apoiei ambas as minhas mãos em sua cabeça, um brilho verde saindo da ponta dos meus dedos enquanto concentrava minha magia nas memórias da deusa. Como a feiticeira treinada que era, ela já selecionara toda e cada lembrança relacionada à Katherine, oferecendo-as de bandeja para mim. Foquei na primeira memória da deusa com a garota.

“Eu havia acabado de sair da ala infantil de um hospital de New York, com o vestido verde da princesa Merida. Eu era parte de um grupo de voluntários para fazer visitas a hospitais vestidos de personagens para alegrar as crianças. Deixei o arco e a aljava cenográficas com Ingrid, porém, fiquei com o vestido, para ficar na sala de espera, caso alguém quisesse conversar e tirar fotos comigo. Era um prazer para mim trazer alegria àqueles pequenos humanos.

Passei perto de uma ala onde ficavam os quartos da ala separada para pacientes em coma ou que precisavam de sedativos com frequência. A ala estava calma, afinal, aquele era um dia agitado para os médicos e enfermeiros. Parei à frente de uma porta – quarto 1302. Franzi os lábios, sentindo uma angústia repentina. Algo em meu cerne se agitou, como um sopro leve do Destino em minha nuca. Encostei a palma de minha mão na porta, me concentrando para ver o que havia ali. Estava silencioso como um túmulo. Franzi o cenho quando não escutei nenhum pensamento vindo dali. O que havia naquele quarto?

Abri a porta, certa de que o Destino queria que eu encontrasse alguma marca de magia ou um artefato ritualístico que jamais deveria estar em mãos humanas. Me sobressaltei quando notei que havia um corpo na cama. Eu era uma excelente telepata, conseguia enxergar os pensamentos mesmo daqueles que estavam em coma. Franzi o cenho. Se eu não conseguia ler os pensamentos da garota, ela estava morta? Os bipes dos aparelhos ligados a ela diziam o contrário. Me aproximei, detendo-me aos pés da cama.

A garota estava pálida, seus lábios estavam brancos. Sua respiração era levemente desordenada, como um animal assustado encarando a própria morte nos olhos de seu predador; porém seus batimentos eram estáveis. Havia olheiras levemente arroxeadas sob seus olhos, e ela parecia um pouco magra para a sua altura. Suas mãos delicadas repousavam sobre sua barriga, seus longos cabelos negros e ondulados caíam como cascatas de noite sobre seus seios. Franzi o cenho, confusa. Com todos aqueles fios e canos ligados à garota, ela não estaria sendo cuidada direito? Encontrei uma prancheta com informações sobre ela aos pés da cama, e as li com voracidade.

Porque ela parecia tão doente, se recebia medicamentos, suplementação, soro e uma boa quantidade de vitaminas em seu corpo? Aparentemente, aquilo também perturbava os enfermeiros e médicos que a monitoravam. Continuei lendo: seu coração havia parado uma vez, porém conseguiram reanimá-la. Meu olhar voltou a ela, e me senti mal por não poder ajudá-la. Tentava compreender no que sua mente estava presa, sem sucesso. Qualquer que fosse o pesadelo que a assombrava, a garota teria que enfrentá-lo sozinha. Fechei as mãos em punhos quando observei as grandes quantidades de flores no quarto, com bichos de pelúcia de todos os formatos, tamanhos e cores. Ela tinha quem a amasse, seu sofrimento era o sofrimento de todos eles.

Obstinada, caminhei até a garota. Um calafrio percorreu a minha espinha. Era como uma leve brisa emanando dela, e minhas mãos tremeram quando compreendi que a morte a havia alcançado – mas que, por algum motivo, estava protelando, não a levaria de uma vez. Como se a menina pudesse lutar contra a morte, como se se agarrasse de todas as maneiras à vida. Aquilo era muito pior do que tortura, a garota morreria lentamente e em silêncio. Meus olhos se encheram de lágrimas ao avaliar a pobre garota mais uma vez; ela não duraria muito mais tempo entre os vivos. Segurei sua mão e comecei a sussurrar uma prece, gostaria que aquela pequena humana não fosse esquecida, gostaria que ela fosse acolhida no reino imortal onde os guerreiros e corajosos se reuniam.

— Que sua luta seja reconhecida como um ato de bravura indômita. Que sua alma seja acolhida e enviada aos portões de Valhalla. Que seja livre e se banqueteie junto aos heróis esquecidos na terra da felicidade. – Acariciei levemente seu cabelo, mais lágrimas se formavam em meus olhos. – Que sua alma feroz seja coroada com a imortalidade. Que encontre a paz correndo sobre os campos dourados do reino dos imortais. – Coloquei minha mão esquerda sobre as suas, apertando-as levemente. – Que seja abençoada por Yggdrasil, e a árvore da vida derrame sua seiva sobre seu coração mortal para que não se esqueça daqueles que amou. – Ergui minha mão direita e desenhei a runa da Paz em sua testa, um último gesto de misericórdia em seu leito de morte. O Destino certamente havia me enviado ali para acalentar a alma perturbada daquela pobre menina, para que ela parasse de resistir e aceitasse a morte de braços abertos. Inclinei-me sobre seu corpo e beijei sua testa. – Vá em paz, Katherine Adams Kohls.

A respiração da menina se tornou mais calma, e eu sabia que havia convencido sua alma a partir. Me virei e saí do quarto sem olhar para trás, sentindo que minha missão naquele quarto havia sido cumprida. Sim, o Destino era piedoso com os mortais às vezes. Limpei minhas lágrimas, meu coração estava calmo depois de minha prece. Katherine ficaria bem. Caminhei reto elo corredor até a máquina de café e selecionei um. Sentei-me em uma cadeira na parede oposta, observando o copo de isopor. Sorvi o líquido com calma e joguei o copo no lixo, minha mente vagava pelos corredores, angústia preencheu o meu peito quando compreendi que houvera um engavetamento grave, com muitas vítimas em vários estados de ferimentos.

Fechei os olhos, preces sussurradas escapavam de meus lábios para que todas aquelas almas fossem curadas, ou acolhidas em um lugar melhor. Para que as famílias ficassem bem, para que fossem consoladas e abençoadas pelo Destino. Ouvi passos desajeitados virem pelo corredor, mas estava concentrada demais em minhas preces para prestar a devida atenção.

— Moça... – Chamou uma voz feminina, rouca e hesitante. – Desculpe atrapalhar, mas você sabe onde fica o banheiro?

Abri os olhos, pronta para indicar a direção, quando senti meu sangue congelar por um instante. Eu reconhecia aquela palidez, aqueles lábios brancos, as olheiras arroxeadas e as cascatas de fios negros. Me senti congelar porque não esperava que, por detrás daquelas pálpebras imóveis, houvesse olhos tão belos, de írises brilhantes intensamente verdes. Ela vestia a camisola do hospital, sua pele estava manchada de sangue pelos lugares que ela retirara as agulhas e os tubos. Senti alegria me preencher, depois do choque. Me fascinava o quanto os humanos eram fortes, o quanto eles eram capazes de surpreender. Dirigi um sorriso doce à menina e me levantei.

— Olá, querida. Eu posso levá-la até lá, posso ajudá-la a se limpar também. – Ela me dirigiu um sorriso envergonhado. Gotas de seu sangue pingavam no chão branco do hospital.

— Isso seria muito bom, obrigada. – Sua voz estava rouca. Me levantei e estendi a mão.

— Meu nome é Sage Hollister, muito prazer. – Ela segurou minha mão fracamente e respondeu, firme e rouca:

— Muito prazer, meu nome é Katherine Adams Kohls.”


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do capítulo? Eu queria postar logo, por isso não estendi muito, mas achei que foi bom assim. Por favor, comentem! Muito obrigada por acompanharem a história, beijos!



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