Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 8
Pulso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, meus queridos!



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Pulso

“Só há uma força capaz de reagir contra a força até hoje: a própria força” – Josué de Castro

Imagine Dragons – Love Runs Out

Olhava para for a da janela, enquanto a neve cobria todo o jardim da casa. O vilarejo rico era algo encantador, pessoas passeavam com seus cães de raça pura, enquanto puxavam os casacos felpudos para cima dos ombros. Mãe empurravam carrinhos cobertos de lã para aquecer seus bebês e carros deslizavam pelo asfalto. Um grupo de funcionários públicos faziam a limpeza da rua. Ewlleen olhava para aquela cena, para o Distrito Dois e toda a sua extensão, e pensava como tudo era tão cinzento. Muros, paredes, portas, janelas, pessoas, carros... Tudo muito cinzento. A Colmeia estava em atividade mesmo no inverno e a fumaça que as chaminés deixavam escapar espalhavam uma nuvem de fumaça que cobria todo o resto do Distrito, onde as outras pessoas não podiam ter chaminés.

Então olhou para a família que acabara de se mudar para a casa ao lado. Eram novos ali, vieram do Distrito Três por ordem da Capital. Eles eram importantes membros do comitê de ministros do Presidente e por isso tinham de se mudar constantemente de Distrito e avaliar seu desenvolvimento. Ewlleen olhou para as roupas que eles usavam: não eram tão quentes quanto as costumeiras peças do Distrito Dois, mas eram mais alegres, a mulher mais velha vestia vermelho escuro, com botas para lama e um chapéu engraçado. Seu esposo (ou quem Ewlleen julgou ser seu esposo) vestia sobretudo marrom, com calças pretas e outro chapéu estranho. Por fim, a filha do casal saiu do carro. Ewlleen piscou os olhos, atordoada. Ela vestia algo cintilante, parecia branco, mas era mais que isso. Calças azul escuras e botas cor-de-rosa vibrante. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e ela tinha um cachecol rosa amarrado no pescoço.

Seus cabelos negros e espessos caiam pelas costas, presos em meio ao cachecol, eles cobriam-na toda, como um manto de carvão, e sua pele era tão pálida que Ewlleen a confundiu com a neve. Seus olhos eram curiosos, se moviam de um lado para o outro, claros feito um rio cristalino. Seus lábios eram grossos e avermelhados. As sobrancelhas grossas se arqueavam e as sardas salpicavam o nariz, a testa e suas bochechas.

Ewlleen sentiu algo se agitar em seu peito. Era estranho. Ela era tão colorida. Quando entrou em casa, notou que não conseguia tirá-la de sua cabeça, por isso desceu as escadas com cuidado para não acordar o vovô e vestiu seu casaco de pele, ou melhor, seu único casaco. Respirou fundo. Talvez fosse melhor não ir até lá. Não precisava de amigos, ela nunca quisera um amigo. Mas a garota não era como uma possível amizade, ela era como o gato que estripou para descobrir o que havia em seu interior, ela queria conhecer a menina para saber tudo o que havia em seu interior, em suas entranhas. Não literalmente, é claro.

Ewlleen, a garota que viu sua casa coberta de sangue e perdeu os pais no mesmo dia, que fora criada como uma criança problemática, embora o fosse, e que nunca mantivera contato com o mundo em que vivia, estava curiosa para saber mais sobre a garota da casa ao lado. Enquanto debatia consigo mesma se deveria sair ou não, escutou a campainha ser tocada e então correu para a porta, abriu-a com um ruído rápido e olhou para fora. Não notou como ela era mais alta.

– Olá, soube que havia uma outra criança neste bairro e fiquei interessada em fazer amigos. – a menina esticou a mão – Sou Ellyna.

Ewlleen olhou para a mão da menina estendida. Era branca, delicada, os dedos longos e a pele parecia macia. Ficou hesitando entre recusar a proposta ou recusar o aperto de mão, entretanto se viu apertando-a com força, enquanto balbuciava o próprio nome e se apresentava formalmente, convidando-a para tomar um chá junto com ela e os avós.

–... você vai ficar na escola?

– Eu já terminei o ensino fundamental. – explicou Ellyna. – Mas tenho de criar amizades, por isso vou participar, sim. – e então sorriu, exibindo os dentes brancos e retos.

Ewlleen sentiu o peito bater forte de novo. Ellyna entrou e ela fechou a porta, enquanto elas subiam para o quarto. Lá, Ewlleen guardou os livros que estivera lendo e fechou a janela para que a luz não machucasse os seus olhos. Então preparou uma pequena mesa onde estudava e colocou algumas almofadas no chão. Trouxe chá e biscoitos e elas se sentaram uma em frente a outra.

– Será um enorme prazer ser sua amiga, Ewlleen.

– Igualmente. – Ewlleen respirou fundo, sua respiração acompanhava o bater de seu coração, rápido. A partir daquele momento, só conseguiu se apaixonar mais e mais por Ellyna.

º º º

Colocou o pé esquerdo para trás, buscando apoio, enquanto realizava um gesto rápido com os braços e agarrava o cotovelo do adversário. Torceu-lhe o braço para trás das costas, lançando a perna esquerda contra seus joelhos e fazendo-o cair de peito no chão. Montou-lhe com rapidez, pressionando o cotovelo em sua nuca. Ele se debatia, imobilizado pelas pernas, cintura, braços e espírito de Ewlleen.

Crystal bateu palmas, entusiasmada, enquanto ajudava-a a se levantar. Elas eram aliadas desde que a Aliança Carreirista se unira entre o Distrito Um, Dois e Nove. Por alguma razão, Crystal achou interessante colocar o Distrito Nove em sua aliança, afinal eles eram “quase Carreiristas”. O rapaz era bom com socos e a menina... bem, ela era bonita. Como normalmente a aliança tinha seis tributos, não reclamou. O Distrito Quatro permaneceria excluído por decisão própria. Ewlleen deu espaço para que outra dupla fosse lutar. O garoto em quem tinha acabado de vencer era do Distrito Três, ele mal ficara cinco segundo de pé. Morreria cedo nos Jogos.

– Me diga, Ellyn, você já se apaixonou? – perguntou Crystal, segurando seu braço como se conhecessem uma a outra há décadas. Ewlleen ergueu uma sobrancelha e fez que sim com a cabeça. Crystal sorriu. – É mesmo? E foi correspondida? – Novamente encarou a menina loura e desta vez negou com a cabeça. A menina mordeu os lábios – E o que você fez?

Ewlleen pensou um pouco.

– Eu a matei. – e então se sentou sobre uma plataforma para pesos. Crystal abriu um sorriso largo.

– “Se eu não a tiver, ninguém a tem?”.

– Sim. – concordou, e então bebeu um longo gole de sua garrafa de água.

– Eu admiro pessoas como você, que são capazes de tudo para o melhor para si mesmas. Quem quer que a tenha prejudicado, não merecia viver. – e então se sentou ao seu lado, segurando sua mão. – Mas eu estou aqui, sabe? Posso ajudá-la.

– Não sou isso. Eu apenas era criança. – Ewlleen se desvencilhou das mãos de Crystal, envergonhada pelo ato. Crystal soltou uma gargalhada.

– Eu também não sou. Estou querendo dizer que ninguém é confiável aqui, mas podemos ser confiáveis para nós duas. Juntas. Na Arena, enquanto todos estiverem sozinhos, podemos estar juntas.

– Já temos uma aliança.

– Não estou falando de aliança. É uma promessa. – Crystal ergueu a mão solenemente. – Até que reste somente nós, defenderemo-nos, como se fossemos da mesma família. Como irmãs.

– Eu nunca tive irmãos.

– Eu já tive, e posso te dizer que irei protegê-la como se fosse minha irmã. – Crystal pressionou o peito, com uma expressão determinada. Ewllen suspiro, cansada. O modo como inclinava os ombros para trás e deixava-se encolher davam a Crystal a certeza de que estava no controle do ambiente. Aqueles livros de psicologia lhe valeram de algo.

Por sua vez, Ewlleen sentia-se exausta por tudo aquilo. Seria muito mais fácil se fossem de uma vez para a Arena. Aqueles dias de treinamento não valiam de nada para ela, que treinara a vida toda em uma Academia. Olhou ao redor, para os demais tributos, todos ocupados tentando encontrar meios de igualá-los aos Carreiristas. Não queria ser arrogante, mas era impossível alcançar dez anos em três dias. O melhor que eles poderiam fazer era tentar aprender algo em sobrevivência, assim como ela fizera no primeiro dia de treinamento, até se entediar e vir lutar de verdade. Havia poucas coisas que a deixavam entusiasmada, e uma delas era lutar.

Notou que seus pés se moviam, e que se direcionava às espadas e lanças. Segurou firmemente no cabo de uma alabarda e retirou-a de seu gancho na parede. Observou a lâmina curvilínea e o cumprimento perto das demais lanças. Uma alabarda era muitas vezes diferente de lanças ou machados, era a junção de ambos. Ela era pesada, entretanto, para alguém que não soubesse manusear ou não tivesse força para segurá-la. Passou-a pela cintura e rodou a mão algumas vezes antes de se colocar em posição de ataque. Golpeou o ar com força, recuando, imaginando o oponente com uma espada grande de lâmina dupla. Esgueirou-se para a esquerda, onde a guarda dele era mais baixa, acertou o cabo da alabarda em seu estômago, e ele se curvou para frente, passando ao seu lado. Girou o corpo, agarrou a arma com ambas as mãos e decapitou-o num único movimento rápido e violento, que atingiu o chão com os mesmo adjetivos anteriores e fez ecoar o som por todo o salão. Ewlleen colocou a alabarda novamente no suporte e distanciou-se de lá, enquanto o sangue voltava a correr normalmente pelas veias. Matar pessoas mentalmente era divertido.

Sentou-se em um canto, observando os tributos treinando combate com facas. Era engraçado. Antes que percebesse, alguém se aproximou e se assentou próximo. A pessoa tinha a aura de um fantasma e pelos próximos minutos lhe passou despercebida até que soltasse um suspiro cansado e se direcionasse a Ewlleen.

– Não acha tudo isso muito cansativo? – o garoto perguntou, sorrindo. – Eu acho. Os instrutores são muito exigentes.

– É vida ou morte, quer brincar de bonecas então volte para casa. – ela respondeu, sem olhá-lo de verdade. O rapaz soltou uma risada fraca e voltou a encolher-se. Havia suor em sua camisa. E ele cheirava a adrenalina. Parecia com o cheiro que ela estava acostumada no Distrito Dois. Era bom.

– Você deve estar confiante, treinou para isso. Aposto que não se preocupa em morrer.

– Qualquer pessoa sã teria medo de morrer. – respondeu-o.

– E você é uma pessoa sã? – ele questionou, encostando o ombro ao seu. Ewlleen se distanciou consideravelmente, sem se importar com a grosseria. Quando voltou a se sentar, olhou para ele. Era Alexander. O rapaz não viera conversar com ela desde que formaram aliança, ela nem mesmo se lembraria dele caos não tivesse uma boa memória. Ele sorria, calorosamente, o que era estranho.

– Não muito. – respondeu sinceramente, enquanto voltava a olhar para os tributos lutando. – Mas eu sei que sou melhor que estas coisas. – e então mostrou uma garotinha segurando a faca com força exagerada, fechando os olhos e golpeando o ar como se por sorte conseguisse atingir a traqueia de seu adversário. – É patético.

– É divertido rir dos outros, não? - Alexander deslizou até seu lado novamente – Mas eu não sou muito melhor que ela. Não gostaria de me ensinar, Ewll? – ele piscou, galanteador, enquanto mostrava os punhos cerrados – Eu só sei bater assim. Mas você deve saber muita mais coisa. Como aliados, não acha melhor eu aprender algumas coisinhas para proteger melhor a Aliança?

Ewlleen sorriu, sarcástica.

– É claro, venha.

Levantou-se com empolgação, caminhando para algum local separado, onde ninguém estivesse próximo. Os alvos de arco-e-flecha não eram utilizados, por isso decidiu se colocar lá. Alexander a seguiu fielmente e parou a uns dez metros de distância. Eles se encararam. Daquela distância, Ewlleen conseguia ver completamente o corpo dele e avaliar todas as suas medidas. Ombros largos, porém não tão largos para ter costas resistentes. Braços finos em comparação aos rapazes que ela já havia conhecido em seu Distrito, porém visivelmente preparados para uma briga de rua, com a delineação dos músculos. Pernas longas, porém grossas, joelhos muito retos, sem muito equilíbrio e panturrilhas grossas que o tornavam lento. Ele também tinha um peito pequeno em comparação aos demais e um traseiro grande o suficiente para amortecer suas quedas. Ótimo. Era tudo o que precisava saber. Ergueu os braços, com as mãos abertas, e os joelhos flexionados, arrastando a perna esquerda para trás, para conseguir equilíbrio.

Alexander fez o mesmo, porém com os punhos fechados. Ele viria para bater nela de frente, provavelmente na altura da cabeça, e por isso ela precisava se defender. Suas pernas estariam livres para atacar quando ele estivesse no ato de socar. Se aproximou, lentamente, com leves pulos, até que os dez metros se reduzissem a cinco. E então a dois. Alexander avançou como um touro e fez exatamente o que ela imaginara. Com um simples bloqueio com os antebraços, Ewlleen interceptou-o e com a perna esquerda, a de apoio, chutou-o nas costelas com o joelho. Retornou a posição inicial com rapidez, dando-lhe tempo para recobrar o controle.

O garoto sorriu e ergueu os punhos, entretanto não avançou. Ewlleen sabia que agora ele estava preparado para o que viria, sabia que ele não iria atacar. Ele iria se focar na defesa. Então esperou. Esperou. O que mais irrita alguém que quer lutar é seu oponente não lhe dar a luta. Alexander acabou por desistir e avançou, agora com mais firmeza nos pés para não cair e levemente abaixado, provavelmente por causa da costela atingida. Ewlleen manteve os reflexos, esquivando-se para o lado e deixando o braço dele deslizar pelo ar perto de seu ombro, enquanto agarrava seu cotovelo e seu pulso e torcia-o para trás das costas. Com o tranco, Alexander soltou um grito. Estava atrás dele, segurando-o de modo que tivesse de se manter inclinado para a frente.

– Você tem uma ótima pegada – ele comentou, ofegando. – Gosto de meninas com essa força.

Ewlleen soltou-o e ergueu a perna, direcionando seu calcanhar para a cabeça dele. Ela conseguia. Sua flexibilidade permitia, sua altura, tudo lhe permitia fazê-lo, porém cometeu um pequeno erro: jogou a perna esquerda novamente. Alexander se abaixou, passando por debaixo do golpe e agarrou-a na cintura, prendendo sua perna esquerda entre as próprias pernas. Ele agarrou a parte inteira de seu braço, próxima às axilas e prendeu seu tronco no chão. Ele também era forte, é claro. Sem conseguir movimentar os braços, apenas abaixo dos cotovelos, pouco podia fazer. A perna direita enfiava-se na virilha de Alexander, tentando soltar a outra perna, mas ela nunca fora boa em usar a perna direita.

Ele sorriu, e então começou a rir levemente, ofegava, suava, estava vermelho. Seu cabelo louro parecia escuro e os olhos azuis brilhavam. Enfim, quando conseguiu conter a alegria, Alexander se aproximou de seu ouvido.

– Você é canhota.


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Notas finais do capítulo

Ewlleen:http://3.bp.blogspot.com/-MPLWvZ40lhg/Up9mWHSZugI/AAAAAAAAyPo/Wfg9a4EfZn8/s1600/4.png
Personagem de Nathália Polônia (Midnight).
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Sei que me ausentei, mas compensei com um capítulo maior e com mais combate, há eu adoro escrever combates... *-* Dá pra notar que eu me empolgo, não? E então, será que rola? Alinx ou Alleen? Quem sabe rola um Alystal? Alexander e seu harém... beijos da Meell.



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