Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 9
Vinho


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647445/chapter/9

Vinho

“Ser são é fácil, mas para ser bêbado tem de ter talento” – Charles Bukowski

Scalene – Náufrago

Olhou para todos os lados antes de sair atrás de sua primeira vítima. Encontrou-a arrumando a corda em um arco, preparando-o para ser usado. Alexander sorriu de lado, preparando-se psicologicamente, enquanto se aproximava, pôde ouvir o som de cochichos e de gritos. O terceiro dia de treinamento era o mais agitado, pois após o almoço teriam de se apresentar individualmente para os Patrocinadores. Alcançou-a antes que terminasse de prender a corda no arco. Inclinou-se sobre o suporte de arcos e flechas, olhando para as mãos dela. Eram pequenas e de palmas brancas, embora ela fosse negra.

– É bem arriscado tentar atirar com um arco se nunca o fez antes. – comentou, com sua voz mais arrebatadora. Ela ergueu os olhos e pareceu notá-lo pela primeira vez. Não esboçou qualquer sorriso ou prazer em sua companhia, mas Alex havia se acostumado com aquilo. As pessoas ali não era tão gentis. – Qual o seu nome?

– Se veio até aqui deveria ao menos ter a atenção de pesquisar meu nome. – ela respondeu, e então esticou a corda do arco até os braços estarem bem esticados. Fez isso três vezes, parecia avaliar o peso e a força que deveria fazer.

– Eu sei seu nome. Märeen, certo? Distrito Oito, voluntária. Isso me deixou bem curioso. Eu também sou de um Distrito inferior, do Nove.

– Eu sei – ela colocou uma flecha na corda e desta vez esticou mais quatro vezes. – Eu pesquisei sobre você.

– Despertei tanta atenção assim?

– Arrogante, carismático, manipulador, manipulável. – e solto a flecha, que fez um som grave ao atingir o alvo em cheio. – Uma criatura inofensiva. – e então pegou outra flecha e a colocou na corda do arco, mirou, atirou, e ela acertou poucos milímetros ao lado da outra, ainda dentro do menor círculo.

– Talvez possamos aproveitar isso, nós dois juntos. Você me manipula, eu te manipulo... Uma aliança satisfatória. – ele se aproximou, roçando seus braços. Märeen não se distanciou, apenas soltou outra flecha, que acertou um segundo alvo, mais distante. Alexander mordeu o lábio, passando gentilmente a mão pelas costas dela. Sentiu-a enrijecer com o toque. Ótimo. Ninguém é de ferro.

– Sugere uma relação amorosa entre nós? – ela questionou, esticando o braço e alcançando a quarta flecha. Alex sorriu.

– Sim, se quiser. Você é bem bonita. – a menina ergueu uma sobrancelha, atirou, e acertou o terceiro alvo. Alexander queria desesperadamente uma aliança com ela. – Não precisa ficar comigo durante os primeiros dias, mas caso nos encontremos...

– Claro – ela se virou, beijando-lhe os lábios. Sua mão apertava fortemente sua nuca e Alexander sentiu todo o fôlego escapar de uma só vez. Não estava esperando por aquilo – Mas não se esqueça que já entregou seu corpo a mim. – e então ela alcançou uma quinta flecha e mirou-o. – Corra o mais rápido que puder, antes que eu o atinja com esta flecha. Te dou cinco segundos.

Encarou-a, perplexo. Ainda sentia o gosto de café dos lábios dela, porém Märeen estava séria. Ela retesou a corda do arco e encostou-a perto do rosto.

– Um... – disse. – Dois...

Alexander virou-se e correu desesperadamente. Não queria morrer ali, não queria nem mesmo morrer. O pânico encheu suas veias e obliterou toda a passagem do sangue. Quando já estava do outro lado do salão, virou-se, sentindo o suor escorrer pela testa. Cinco segundos já haviam se passado fazia tempo, porém ela ainda estava lá. Gargalhando.

Alexander sentiu as bochechas corarem violentamente, enquanto tentava não pensar na humilhação que acabara de passar. É claro que ela não o mataria antes dos Jogos, aquilo era contra as regras, e poderia ser punida por fazer algo assim. Respirou fundo, encostando-se contra uma paredes. Era a parede de escalada, e só notou isso quando alguém desceu rapidamente as cordas e encarou-o. Tinha cabelos ruivos, como uma das raposas que acabavam com as plantações de trigo. Piscou. Seus olhos claros como o leito de um rio cristalino penetraram as entranhas de Alex e se esqueceu que estava humilhado, suado e envergonhado.

– Saia da frente. – ela pediu, educadamente, enquanto soltava os cintos que a prendiam. Alexander obedeceu. A menina terminou de arrancar todos os sistemas de segurança e saiu caminhando para longe de lá. Alex a seguiu. – O que você quer? – ela se virou, as sobrancelhas fechadas em uma carranca. Por algum motivo, Alexander se lembrou de Linx.

– Lunara, certo? Eu sou Alexander. – ele disse, rapidamente. – Vi você escalando, você é muito boa.

– Mentira. Você estava correndo agora mesmo, borrando as calças, enquanto uma menina apontava um arco para sua bunda. – Lunara incriminou-o, e era verdade. Mas Alexander sabia lidar com aquilo. Seu orgulho estava suspenso não por sua fama, mas sim por sua sobrevivência.

– Sim, eu estava morrendo de medo. – concordou, rindo. – Devo ter parecido um idiota.

– É, pareceu. – Lunara observou-o com o canto dos olhos, parando diante de uma mesa com facas e adagas. Segurou uma delas e passou o dedo pelo fio da lâmina. – Alexander.

– Sim... – ele abriu um sorriso instantâneo. Ela era mais fácil que Märeen, ao menos não parecia tão louca. Lunara apontou a faca para seu peito e então a girou com a ponta dos dedos, parando-a a pouco milímetros da própria garganta. Ela era louca. Louca de pedra.

– O que pretende fazer com isso? – perguntou.

– Te deixar borrando as calças. Pois ela não é a única que riu com aquilo. – e então a menina sorriu sarcasticamente – Você está correndo atrás de todos que conseguir recrutar para sua grande aliança feliz?

– Não, eu só quero amigos...

– Ah, vá contar isso a outra menina bobinha. Talvez o Distrito Doze seja mais inocente para suas manhas. – ela disse, ironicamente, afinal os tributos do Doze eram ambos crianças. Alexander segurou a raiva e apenas sorriu.

– Você não entendeu. Não quero fazer inimizades.

– Pois está conseguindo. – ela apontou a faca novamente para ele. – O que você quer, Alexander? Ou veio buscar um beijo também? – e então riu.

Aquela garota era o demônio.

– Uma aliança. – ele disse, finalmente, cedendo a ela.

– Tudo bem. – Lunara rodou a faca pelos dedos, sem olhá-lo diretamente. – Mas não vou te beijar.

– Certo – Alexander sentiu-se vitorioso, dando um passo atrás. – Claro, como quiser.

Alexander se distanciou, caminhando de costas, até que Lunara o esquecesse completamente. Então respirou, aliviado, e novamente sorriu para si mesmo. Ótimo. Ele começou bem o dia, embora fossem duas loucas, elas aceitaram sem questionar. Talvez ele fosse mesmo irresistível. Avançou agora para o setor onde as flores cresciam, onde o veneno era fabricado com tanta delicadeza. O Distrito Dez tinha uma boa concorrente também. E ele a queria.

– Olá, Flowërniie. – ele sorriu, tão amigável que ela devolveu o sorriso. Bom começo. – Eu sou o Alexander.

– Por favor, me chame de Ennie. – ela assentiu, passando o líquido negro para um pequeno frasco, lacrou-o e nomeou-o como “sono mortal”. Ela era sem dúvidas um amor. Ennie por fim lavou as mãos e voltou a olhar para ele. – Você quer conversar, Alexander?

– Pode me chamar apenas de Alex. E sim, quero conversar. – eles se sentaram. – Você já tem alguma aliança?

– No momento não. – Ennie comentou. Isso era bom, era muito bom. – Você quer formar uma aliança?

Alexander piscou, atônito. Aquilo só podia ser brincadeira. Não tinha como todas dizerem sim com a primeira tentativa. Ou ele era gostoso pra caramba, ou estava entrando numa cilada. Só podia ser uma armadilha. Mas Ennie parecia tão inocente e gentil... Ela sorria, embora não bobamente, apenas amigavelmente.

– Sim. Você aceita?

– Sim, sim. – ela sorriu. – Afinal eu nem mesmo sei dizer não – e então soltou uma risada fraca.

– Nós seremos uma ótima dupla. – Alex colocou uma mão sobre a mão dela, porém a menina retirou rapidamente. Sua expressão era de horror.

– Não faça isso. – ela pediu. – Por favor.

– Claro, como quiser. – ele deu de ombros, levantando-se – Tenho de me preparar para as Apresentações. Até, Ennie.

– Adeus, Alex. – ela acenou, sorrindo.

Alexander soltou fogos de alegria. Ótimo, ótimo, ótimo. Agora tinha quase metade dos tributos na palma de sua mão. Quer estar seguro? Forme aliança com todos. Eles irão se matar, mas o terão como aliado. Alexander avistou Linx junto de Crystal. Além de tudo isso, estava na Aliança Carreirista. Não tinha como ele morrer. Não tinha. Não tinha.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que postei dois capítulos do Alex antes de falar dos outros tributos que ainda não apareceram, mas era preciso, afinal vocês viram tudo o que aconteceu ai. Logo, quando chegar a Arena, pularei a parte dele, para compensar. Beijos da Meell.