Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 14
Matilha


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. Este é um capítulo coringa.



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Matilha

“Os covardes morrem muitas vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez” – William Shakespeare

Gotye – Save Me

– Por favor... – seu hálito se tornava baforadas brancas no ar.

Enquanto caminhava sem um rumo certo, apertando as mãos contra o peito e tropeçando nos próprios pés, ela murmurava as palavras que aprendera aos dois anos de idade, em um chalé no meio do Distrito Sete. Engoliu em seco, ouvindo o pio das corujas que se aglomeravam no alto das árvores. O vento era muito frio, e a floresta a cercava como se estivesse em casa, entretanto as estacas mal enfiadas e podres dos trilhos da montanha-russa a guiavam, em direção a mais e mais longe do centro da Arena. Caminhava desde que os Jogos começaram, na verdade não se lembrava de quando eles começaram, mas sabia que já fazia tempo, pois o céu estava quase amanhecendo agora. E por mais que suas pernas estivesse trêmulas de frio, não estavam cansadas. Sua carne não estava quente, e o sangue corria lentamente pelas veias. Não havia adrenalina, apenas o frio e o gélido fio do medo, penetrando sua espinha.

– Por favor... – seu hálito se tornava baforadas brancas no ar.

Embora não houvesse neve nas árvores, sabia que estava num local familiar que por muito tempo no ano carregava o inverno. As árvores cresciam como as árvores do Distrito Sete, e mesmo os sons não a assustavam tanto. Era bom sentir-se familiarizada com tudo aquilo, por mais que não fosse sua casa realmente. Aquela era a Arena, mas a simples ideia de que talvez pudesse estar próxima do Distrito... Respirou fundo, lutando contra as correntes de ar gelado que adentravam seu corpo. Estava muito, muito frio. Mas não se arrepiava por causa disso. Ela sabia como era o clima nestes lugares. Conhecia muito bem aqueles arbustos e aqueles galhos.

– Por favor. – seu hálito se tornou uma baforada branca pela última vez.

Observou a pilha de escombros no chão, parecia que a montanha-russa havia caído naquele trecho, restando apenas o que a relva ainda não havia engolido e trilhos de metal brilhante. Olhou para o céu, a Lua estava quase desaparecendo em meio as copas das árvores e as estrelas eram tantas que mal pôde se orientar. Aquele era o Norte. Graças a um instinto apurado, ela sabia disso. Sentou-se entre os escombros, sentindo as costas rígidas demais para descansar. Deitada, virou-se de um lado para o outro, tentando encontrar uma boa posição, então fechou os olhos e dormiu profundamente.

– Por favor! – ouviu e se levantou rapidamente, o sangue se agitando como um turbilhão.

Então viu as pequenas criaturas se aproximando se seus pés. Chutou-os, entretanto eles apenas continuaram andando e cantarolando “Por favor, por favor, por favor”. Franziu as sobrancelhas, intrigada com aquilo. Eram brinquedos? Duendes com chapéus pontiagudos e vermelhos, com grandes barrigas e barbas brancas. Estavam enfileirados, percorrendo o caminho da floresta como se soubessem exatamente para onde seguir. Levantou-se, observando com mais atenção. Eles não pareciam perigosos, mas sim amistosos. Uma trupe barulhenta. Enquanto eles desapareciam entre as árvores, tratou de seguir o rastro, as vozes finas dizendo “Por favor” ritmadamente. O céu estava claro, embora o Sol não aparecesse. Era como se ainda fosse cedo demais para ele nascer, porém o dia já amanhecia.

Eles de repente se silenciaram. Pensou estar perdida, mas pôde vê-los todos parados em frente a uma grande casa de madeira, de dois andares, que tinha janelas fechadas com estacas de madeira fina, escadas quebradas e paredes podres. O telhado havia caído para o lado da casa e montes de outros brinquedos se aglomeravam pelos cantos. Eram outros bonecos duendes, alguns de tranças, outros de suspensórios. Todos sorrindo, com bochechas coradas e olhos brilhantes. O grupo de duendes cantores se dividiu em duas fileiras, como se fizessem um caminho em direção a casa. Olhou para aquilo e ergueu uma sobrancelha, abandonando a floresta. Eles lhe sorriam, amigavelmente. Continuou caminhando e passou pelo centro do caminho por eles formado, encarando as pilhas de porcelana rosada. De repente notou que todos que estavam do lado de fora e imóveis, de alguma forma se quebraram. Eram bonecos incompletos, talvez mortos. Olhou novamente para a trupe de duendes e sentiu pena deles. Sua família deveria ser muito frágil.

Por fim, alcançou a entrada da casa, movendo-se com cuidado sobre o chão que rangia.

Abriu a porta e olhou lá dentro, era uma casa abandonada, visivelmente. Adentrou-a, explorando os cômodos. Talvez os duendes tivessem trazido-a até um abrigo seguro. Tentou encontrar a cozinha, para uma possível comida, enquanto ouvia o estômago roncar. No fundo do corredor, ouviu a porta se fechar com força brutal. A madeira estalou, entretanto se manteve firme. Arregalou os olhos, sentindo instantaneamente o medo tomar conta de seus ossos. Tentou voltar para fora, porém a porta não abria, ela não cedia nem mesmo aos seus empurrões com o ombro. Então virou-se abruptamente. No alto da escada, algo descia lentamente, uma sombra humanoide tão alta que chegava a tocar o teto com sua cabeça cheia de tufos de cabelo branco. Saiu correndo para o final do corredor, e entrou na primeira porta aberta, fechando-a as suas costas. Ofegava, enquanto o sangue corria rapidamente pelas veias. Sentia o calor, o suor e o pânico.

Seu lábio tremia, e seus olhos não paravam de se mover de um lado ao outro do quarto. Era provavelmente uma biblioteca, cheia de livros e estantes, e poltronas. Não uma biblioteca grande, mas algo que as pessoas podem ter em suas casas, como um escritório refinado. O carpete era negro e as paredes de madeira foram pintadas de marrom claro. As persianas fechadas deixavam feixes de luz adentrar o local, formando ondas no chão, onde a poeira era visível. Teve uma ideia. Abandonou a porta e apalpou as persianas, procurando o trinco para abri-la. Não encontrou, por isso forçou-a a se abrir, quando o fez, sentiu em seus calcanhares algo frio agarrá-la. Chutou sem pensar, e apenas ouviu o som de porcelana se quebrando, e logo em seguida a dor lhe subiu o calcanhar, enquanto o sangue inundava sua bota. O boneco que a atacara tinha um machado pequeno em mãos. Abaixou-se e o pegou. Poderia ser usado como um machado de arremesso para ela, caso soubesse arremessar um. Ótimo, a sorte estava a seu favor, um tributo do Distrito Sete com um machado em mãos. Mas justo ela? Não podia, não tinha capacidade.

Pela porta, a figura humanoide de dois metros de altura abaixou-se para entrar, bloqueando a saída. O vento frio levou seus cabelos ao rosto nas costas e ela viu ao seu redor vários outros duendes, todos armados com machados e prontos para atacá-la. Ela havia matado um deles, estavam sedentos de vingança. A figura humanoide então de repente lhe sorriu, e o fraco feixe de luz que entrava pela janela, chegou a seu rosto. Os dentes eram extremamente brancos e pontiagudos, sua boca era vermelha intensamente, e o nariz uma esfera brilhante. Seus olhos verdes pareciam felinos, enquanto o cabelo em tufos se mostrava branco como a neve. Sua pele era amarelada, embora enrugada. Suas roupas listradas eram pintadas de roxo e branco, e sua gola era cheia de babados amarelos. Seu coração parou de bater no mesmo momento, enquanto se aproximava da parede, sentindo-a logo atrás de suas costas. Um palhaço.

Era difícil se sustentar com o ferimento em seu pé, porém era ainda mais difícil tentar abrir a janela de costas, enquanto encarava todas as figuras prontas para matá-la. Por que entrou naquela casa? Por que se deixou ser enganada por bestantes da Capital? Não queria morrer, não queria mesmo morrer. As lágrimas borraram a imagem que seus olhos captavam e por um breve momento não viu tudo ao seu redor. Suas bochechas se umedeceram. Jogou o machado que carregava de qualquer jeito, e ele bateu contra a barriga do palhaço e quicou para o lado, como se fosse de borracha. A criatura riu. Uma gargalhada gutural que eriçou todos os fios de cabelo de seu corpo. Se não bastasse sua respiração descontrolada e seu coração a ponto de saltar do peito, ainda estava em pânico, e aos poucos começava a soluçar, encolhendo-se mais e mais, até estar abraçando o próprio corpo. Morrer, não queria, morrer, não. Por favor.

Por favor... – soluço – Por fav... Por favor. Por favor – Respirando, soluço, suspiro.

As sombras jogadas sobre sua cabeça a deixavam ainda mais assustada. Mais perto. Mais perto. Sentiu o hálito fétido que beijou sua face assim que o palhaço se aproximou bem dela e disse com todas as vogais arredondadas:

– Sim, por favor.


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Notas finais do capítulo

Esta é Caliandra, uma personagem feita por mim. Ela é como uma carta coringa para nossa Arena. Vocês têm duas opções: deixá-la morrer na Casa Assombrada (fazia parte do Parque de Diversões, como uma atração) ou salvá-la. Aqui vai um resumo dela, para caso vocês precisem pensar:
Nome Completo: Caliandra Lavie (Seu nome é o mesmo de uma árvore bonsai, cheia de flores vermelhas)
Idade: 14 anos.
Personalidade (até onde sabemos): Ingênua, medrosa e generosa.
História: Foi criada em um chalé na floresta do Distrito Sete. Nada se sabe sobre sua família, amigos ou qualquer um que tivesse relação com ela. As únicas informações disponíveis são essas.
Habilidades: Nenhuma (até o momento).
Maior defeito: Ingenuidade.
Maior qualidade: Abnegação.
Conhecimentos: Florestas Taiga.
E então? Querem a Cali em sua aliança ou ela pode ser devorada por seus amiguinhos duendes? Beijos da Meell.



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