Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 15
Fera


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Fera

“A valentia sem um ideal que a enobreça degrada-se em ferocidade” – Coelho Neto

Of Monsters and Men – From Finner

Desde que Pyxie fora morto diante de seus olhos, Linx não esperava grande coisa dos Jogos. Não havia mais ninguém que lhe importasse, então matar ou morrer seria banal. É claro, lutaria por sua vida, independentemente das outras pessoas que estavam ali com ela. Enfiar a faca em alguém e fazê-lo estrebuchar no chão parecia quase divertido. O que mais a irritava, no entanto, era estar presa a pessoas tão idiotas. A começar por Crystal. Uma garota insuportável, com certeza, alguém que manteria distância, caso pudesse. Poderia matá-la enquanto dormiam, seu turno de noite seria o terceiro, tempo suficiente para que todos dormissem e ela pudesse agir. Mataria Crystal e também Alex, que estava tão insuportável quanto a Carreirista. Desde que eles haviam se entendido de alguma maneira, passavam horas um com o outro, rindo e se tocando como se fossem grandes amigos. Eles mal se conheciam. Linx odiava Crystal, pois sabia que ela era falsa, mas odiava-a ainda mais por saber que ela estava enganando Alex, cuja inteligência estava sendo muito subestimada e até o momento não demonstrar notas contrárias.

– É você. – sentiu Yerik tocar seu ombro. Levantou-se, observando o acampamento. Pela porta da lanchonete, entrava a luz da Lua. Yerik era companheiro de Crystal, vindo do Distrito Um. Um menino um pouco diferente dos demais tributos do Um que ela já vira: moreno, com olhos intensos e pele morna. Yerik não falava muito, apenas com Ewlleen, com quem mantinha sempre uma discussão sobre o que fazer na Arena ou tentar prever alguma coisa dela. Yerik estava receoso sobre o terreno que foram colocados, ele não sabia o que esperar e logo isso o deixava hesitante. Linx notou que ele se tornava bem silencioso quando estava inquieto, algo paradoxal, com certeza, mas muito mais agradável que Crystal.

– Certo. – disse, enquanto passava-lhe a manta que encontraram na lanchonete. Yerik olhou para o objeto e o devolveu, lançando um meio sorriso carismático e ao mesmo tempo consolador. “Eu sei o que você estava pensando”, é o que ele queria dizer, porém Linx apenas retribuiu com outro sorriso “Alternativa errada”, silenciosamente respondeu, e ele deu de ombros, encostando-se em uma das paredes, ignorando o fato de que já poderia dormir. Yerik se tornou uma das companhias que ela mais gostava, pois poderiam permanecer horas em silêncio um ao lado do outro que jamais se irritariam. E ele era gentil, acima de tudo. Quem dera fosse ele seu companheiro, e não Alex, que combinava tanto com o Distrito Um e Crystal. Talvez Yerik tenha lido corretamente estes pensamentos.

– Amanhã será o dia de caça, espera-se. – disse, com sua voz calma e serena. Era confortável ouvi-lo, ele não gritava querendo que todos lhe dessem atenção, muito menos era monótono para que tudo fosse apenas uma pedra de gelo. Ele era caloroso e lento, como um braseiro prestes a morrer.

– De pouco serei útil. – tentou sorrir, porém pareceu mais robótica que deveria e isso interrompeu todo o círculo caloroso ao redor dos olhos de Yerik.

– Algo está te incomodando? – parecia preocupado, quase realmente comovido. Isso tocou algo dentro do peito de Linx, e ela não gostou nem um pouco.

– Não é como estar em uma Arena para ser morta fosse algo comum na minha rotina. –disse e se arrependeu um pouquinho – Em todo caso, irei guardar a Cornucópia, assim não atrapalharei vocês.

Yerik achou graça daquilo e abriu um sorriso, rindo em silêncio. Seus ombros se moviam para frente e ele virou o rosto, quase em sincronia com o clima novamente caloroso e inebriante. As pálpebras de Linx caíam lentamente, como se estivesse enfeitiçada. Queria dormir, mesmo que fosse seu turno de vigia. Aquele silêncio, aquelas corujas e o vento. E a respiração calma de Yerik. Envolviam-na numa dança lenta, lenta. Seus lábios eram uma linha comprimida, rosados, macios, que ele apertava. Estavam ligeiramente ressecados e mesmo assim pareciam quentes. Será que beijá-lo seria também quente?

– Você... Está embriagada de sono. – ele comentou, sussurrando, enquanto se aproximava e passava um de seus fortes braços ao redor de sua cintura. Linx foi erguida com facilidade e Yerik a deixou dormir sobre seu ombro, ou ao menos era essa sua intenção. – Eu não estou com sono, por isso tudo bem.

Era quente, seu hálito. E sua pele. Suas mãos e até mesmo o sangue que fluía pelas veias. Conseguia sentir tudo isso, era quente. Aninhou-se, repuxando as pernas e se dobrando como uma criança, enquanto alguém velava seu sono. Fechou seus olhos, sentindo-se confiante para adormecer eternamente. Podia acreditar em Yerik, ele era gentil e bom, ele notava as pequenas coisas que havia dentro dela, e ele entendia seus mais banais pensamentos. Poderia confiar. Sentiu a respiração em seu rosto, e não era a sua própria. O calor se aproximava de sua face, o cheiro de chocolate e suor, misturado ao cheiro de ferrugem e de ratos daquela lanchonete. Entreabriu seus olhos, pouquinho, apenas para vê-lo. O rosto de Yerik estava muito mais próximo, e seus lábios não podiam ser vistos de tão próximos. Tentou erguer a cabeça, para que o espaço entre eles diminuíssem mais rápido, porém foi detida por braços que a arrancaram de Yerik, com força brutal e a jogaram contra o chão. Sentiu o fôlego escapar do pulmão e de repente seu mundo girar. Sua nuca doía muito e seus cotovelos haviam se arranhado na queda.

– Desgraçado, aproveitador. – Alexander grunhiu em direção a Yerik, que apenas o encarava, um pouco desconcertado, um pouco envergonhado. Logo seus olhos se abaixaram e ele se recusou a olhar para qualquer um deles. Alexander apenas se virou para ela, com raiva. – Você é idiota?

Ainda sentia a cabeça girar, quando a dor explodiu de verdade. Gemeu, ainda no chão, rolando. Não sentia os braços e nem mesmo as pernas, enquanto tentava alcançar sua cabeça, envolvendo-se de forma protetora. Não sentiu sangue, mas não precisava. O suor começava a escorrer por seu corpo, frio, enquanto pequenos espasmos tomavam seus músculos. Alex observou por alguns segundos, até se ajoelhar e notar que aquilo não era encenação.

– Linx? O que houve? – ele tentou segurar seus pulsos, porém ela o chutou para longe, certeiramente, no estômago. – Eu não usei tanta força! – ele revidou.

Gemeu mais um pouco, enquanto tentava impedir que as lágrimas escapassem. Aquilo doía de verdade e era humilhante. Antes de notar, estava ajoelhada, ainda segurando a cabeça, mas agora olhando em direção a Yerik, que se aproximou imediatamente, observando sua nuca e em seguida massageando-a.

– Foi apenas uma batida, não se preocupe – ele afirmou, passando seus braços ao seu redor, e então a aconchegando novamente, com ainda mais delicadeza. Linx soluçou, e ouviu-o fazer “sshh”, bem baixinho, e logo as lágrimas começaram a escorrer. Alex era um idiota, realmente. Ele não entendia nada, nada! E depois queria seduzir a Carreirista, como se ele conseguisse! Ele não entendia nada sobre mulheres!

Neste meio-tempo, os demais acordaram, Ewlleen observando a cena e erguendo uma sobrancelha e Crystal vindo imediatamente defender seu amado aliado. Linx sentiu ódio deles, mas junto de Yerik, não havia muita coisa que a pudesse irritar. Ele continuava emanando calor, e ela continuava se acalmando mais, até que percebeu que não sentia mais dor, e que o sono havia lhe dominado por completo. Então fechou os olhos e suspirou.

º º º

Acordou lentamente, sentindo os olhos grudados. Limpou-os e observou seu derredor. Estava ainda aninhada em Yerik, e ele dormi com a cabeça encostada na parede, docemente. Observou os traços de seus olhos e seus cílios longos. O silêncio era agradável e depositou-lhe um beijo suave na têmpora, enrubescendo em seguida. Não estava acostumada a beijar furtivamente rapazes bonitos, então não ousou mais que aquilo. Permaneceu ali, encostada a ele, pois não queria acordá-lo. Ewlleen não estava dentro da lanchonete, mas Alex e Crystal sim, ambos confortavelmente envolvidos nos próprios braços, fingindo algum afeto. Linx revirou os olhos, ouvindo a respiração passiva de Yerik.

– Ah, café da manhã. – Ewlleen entrou no espaço e a viu acordada. Entregou-lhe um pacote de marshmallows. Linx sentiu-se um pouco envergonhada pela posição em que se encontrava, porém Ewlleen não pareceu se incomodar com isso, sentando-se novamente no chão e comendo em silêncio seu pacote de doce. – Nenhum canhão desde o amanhecer.

– Isso é bom. Os tributos estão parados, provavelmente nenhum ousou sair pela noite. – concordou, tentando ser amigável. Se pudesse conquistar Ewlleen e Yerik, poderiam matar Crystal e Alex e assim a Aliança se tornaria muito mais suportável. Porém Ewlleen não demonstrava qualquer sinal de que gostava mais dela e de Yerik ou de Crystal e Alex, logo se tornava difícil deduzir.

– Bom dia... – a voz de Yerik eriçou os pelos de seu braço, enquanto se erguia de seu colo e se afastava, envergonhada. Ewlleen lhe ofereceu um pouco de doce e ele aceitou com um sorriso pequeno. Parecia calmo e natural, e isso deixava Linx confusa. Quer dizer, havia dormido bem perto, na verdade, havia dormido com ele. Não era de se esperar que ele fosse tratar aquilo com tamanha simplicidade. Queria acreditar que realmente não era nada, mas... – Dormiu bem, Linx?

Aquela pergunta era mais irônica que gentil, e isso a deixou irritada. Mas irritada no bom sentido, ela gostava de estar irritada com ele.

– Dormi. E você, Yerik?

Ele tocou a nuca e massageou as costas.

– Estou um pouco dolorido, parece que dormi de mau jeito... – e então seus olhos se encontraram e ele abriu um sorriso – Brincadeira. Eu dormi muito bem. – e então Linx se sentiu encher de calor. Yerik era um garoto incrível. Gentil, inteligente e bem-humorado. Ele era divertido e atencioso, e a fazia se sentir protegida, algo que realmente prezava ali na Arena.

Ewlleen não se importou com ambos e seus flertes, ainda devorando o doce.

– Deveríamos sair cedo para caçar. – Yerik disse, levantando-se e se esticando, estalando os ossos dos braços e das pernas. Linx abriu a boca para concordar, quando o canhão os silenciou. Até mesmo Ewlleen parou no ato de morder mais um marshmallow. Os pelos de seu corpo se eriçaram e Linx instintivamente deu um passo para perto de Yerik, que ergueu o braço e pediu silêncio. – Acho que é tarde demais, alguém já está caçando. – e então ele se virou em direção a Crystal e Alex, recém-acordados e assustados com o barulho. – Bom dia, dorminhocos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. E aí, que shipp ganha? Yerinx ou Alexal?



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