POV Austin

Já passaram três dias desde que o Jason levou a Ally e até agora nada. Nem uma única pista. Não sei se consigo suportar ter de esperar mais para encontrar a Ally. Não consigo ficar parado sabendo que ela está mal. Não consigo! Já suportei muito em um ano, escondi muito, mas agora não consigo. É impossível esconder o quão preocupado estou, com medo de não a encontrar e de nunca mais a poder ver.

—E então? - Ouvi Dez perguntar e olhei para ele, o vendo olhar para mim.

—O que foi?

—Você não ouviu nada do que dissemos pois não? - Apenas neguei rindo. - Sempre o mesmo! Mas bom, estávamos a falar sobre passarmos a noite a ver filmes e comer pipocas e coisas cheias de açúcar que não fazem nada bem, como fazíamos antes.

—Não sei...

—Ah, vá lá Austin! Não seja assim!

—O que eu vou ficar a fazer no meio de vocês? Segurar a vela? Olhar para a televisão ver um filme que não me interessa? Pensar que podíamos estar fazendo isto com a Ally, mas não é possível?

—Você é muito complicado Austin! É só ver alguns filmes e os doces são mesmo para você não pensar em mais nada! E você vai ficar a segurar a vela de quem? Que bem me lembra é você o único que namora aqui!

—Vocês dois e o Dez e a Trish!

—Eu e o Dez? Eww! Você ficou louco?

—Sim Austin eu e a Trish, nunca! Mas é mesmo nunca!

—E porquê eu e a Mia? Nós somos só amigos.

—Sim, sim! Só amigos. Não tentes enganar alguém que já passou pelo mesmo e dizendo exatamente isso!

—Não sei do que você está a falar! Agora podemos ou não contar com você para hoje à noite?

—Não vou comentar o facto de estar a tentar mudar o assunto! Mas tudo bem. Eu assisto os filmes com vocês!

—Ótimo! Só falta o Sam e o Jake chegarem!

—Ainda bem. Não vou ficar sozinho!

—Você faz mais um comentário desses e vai dormir mais cedo! - Comenta a Trish e eu ri. Sempre a mesma.

—O tio vem muito tarde? - Pergunto não respondendo ao comentário da Trish.

—Não sei. Ele só nos disse que tinha de ir tratar de umas coisas e não sabia quanto tempo ia demorar.

—Ok. O que vamos jantar?

—Você podia fazer!

—Não Mia, não estou com muito entusiasmo para cozinhar!

—Podemos pedir pizza!

—Isso mesmo. Agora você falou bem Dez!

—Vocês querem pedir já ou esperar pelas princesas que ainda não chegaram? - A campainha toca.

—Quem mandou você falar? Dizendo mal dos seus amigos e eles na porta!

—Calado e vai abrir a porta!

—Porquê eu?

—Porque eu vou pedir as pizzas! - Revirei os olhos e me levantei do sofá indo até a porta a abrindo. - Façam o favor de entrar! - Eles entram e vão até a sala.

—Trouxe pipocas e muitos doces! Felizmente a Lucy só viu quando eu coloquei dois pacotes dentro de um saco! - Fala colocando dois sacos cheios sobre a mesa em frente do sofá.

—É bom ela nem sonhar que você trouxe tantos assim! - Falo abrindo um dos sacos, sorrindo ao ver a quantidade de doces que lá estavam dentro.

 -As pizzas ainda vão demorar um pouco, o que fazemos até chegarem?

—Preparamos as coisas aqui na sala!

—Certo. Austin, onde está aquele cobertor grande?

—Acho que está no quarto dos pais. Acho que vi no armário quando dormi lá no quarto.

—Então vai buscar e trás travesseiros enquanto arrumamos as coisas aqui na sala. Vai com ele Dez e assim podem trazer mais cobertores se fizer frio!

—Ok! - O Dez levantou do sofá e subimos até o quarto dos meus pais.

Antes todos os cobertores que não usávamos ficava no quarto da Ally, mas agora está aqui. Abri o armário e tirei os travesseiros e dois cobertores para o Dez levar.

—Leve esses agora, ainda faltam alguns. - Ele assente e leva as coisas. Tirei tudo o resto que era preciso e quando estava a tirar o últimos cobertor, que era o maior uma caixa branca veio atrás e caio no chão.

 Pousei o cobertor do meu lado e peguei a caixa do chão. Coloquei nas minhas pernas e abri me deparando com inúmeras fotografias. Todas diferentes. As que mais me intrigaram foram de um casal com vários estilos e cores de cabelo diferentes. Haviam algumas de documentos -eu acho- e outra que chamou por completo a minha atenção.

Era uma fotografia de uma senhora com um bebé, enrolado numa coberta azul bebé, que sorria olhando a pequena criança nos seus braços. Não é a minha mãe com toda a certeza. Quem poderá ser? E porque tem isto aqui?

—Austin?

—Ahn? Oh, Dez.

—O que é isso? - Pergunta se sentando do meu lado.

 -Fotografias, mas não sei bem do quê. - Lhe entreguei as fotografias para ele também ver.

—Esta não parece ser a sua mãe!

—Isso é porque não é!

—Então quem...?

—Não sei. Não faço a mínima ideia, mas pareço reconhecer essa senhora.

—Olha, tem algo aqui escrito. - Falou virando a fotografia.

"Para Ryan,
Com amor e carinho,
a sua mãe."

—Estes são o Sam e a mãe! Devia ter percebido logo.

—Não pode ser o Sam. Aqui diz que é para um Ryan.

—Sim Dez, mas... Antes de ser adotado o Sam se chamava Ryan.

—Então este Ryan é o Sam?

—Sim! Só não entendo porque os meus pais têm esta imagem deles. Será que eles conheciam a Olivia? ...E antes que pergunte é a mãe do Sam e da Ally.

—E o que fazemos agora?

—Mostramos ao Sam?

—AUSTIN! DEZ! AS PIZZAS CHEGARAM! - Grita o Ash.

—JÁ VAMOS! E então?

—Não sei Austin. Você sabe muito bem que não sou bom em tomar decisões!

—Obrigada pela ajuda! - Digo e ele apenas se levanta dando de ombros, deixando a fotografia em cima da cama, pegando dois cobertores e desceu.

Revirei os olhos e coloquei a fotografia no bolso. Em seguida peguei o cobertor grande e o resto dos travesseiros descendo também. Cheguei à sala e as pizzas estavam na mesa de jantar, com todos prontos a comer. Coloquei o cobertor com o resto dos travesseiros no chão, em frente ao sofá e fui para a mesa.

—Depois podemos falar? É importante! - Olhei para o Jake e assenti. Decidi não perguntar nem pensar no que poderia ser. Queria aproveitar este momento com todos eles. Sei que estão a tentar me animar e fazer esquecer os problemas por um tempo, mesmo sendo impossível, mas vou me esforçar.

 -Não sejam animais! Devorem as pizzas com calma! - Diz a Mia e a Trish riu. Eu ate me podia sentir ofendido com esse comentário, mas só comi duas fatias até agora.

—Lá porque você comem poucas não quer dizer que nós somos animais enquanto comemos!

—Quer sim!

—Só por causa disso não vou partilhar os meus doces com ninguém! - Diz o Ash e os outros concordaram.

—Os meus doces! Fui eu quem trouxe! - Diz o Sam e todos riram.

—Que invejosos!

—Deixa Trish! Somos nós a escolher os filmes, aí vamos ver quem ri por último!

—Oh por favo, não escolham filmes lamechas!

—Porque não? Quem escolhe somos nós e vão ter de assistir quer gostem ou não!

—E depois a criança sou eu! - Resmungo e os dois olham para mim. - O quê? É verdade, quando sou eu e o Ash a discutir você nos chama de criança, mas agora está a agir da mesma maneira!

—Tenho de concordar com o Austin!

—Isso aí Dez!

—E que tal levantarmos as coisas da mesa e preparar a sala? - Digo pegando um fatia e comendo.

 -Sim. - Todos concordaram e foi o que fizemos. Nos dividimos em dois grupos e um arrumou a sala e o outro as coisas da mesa, preparou os doces e as pipocas.

—Na sala já está tudo pronto e aqui? - Pergunta o Jake.

—Também. - Falei apontando para as taças cheias de doces.

 -Boa. Podemos falar agora.

—Nós levamos as coisas! - Diz o Dez e ele mais o Sam e a Mia levaram as coisas para a sala.

—E então?

—Acho que devias saber umas coisas sobre o Jason.

—Vai me ajudar a encontrar a Ally?

—Não sei, acho que não, mas também acho que são importantes. - Ele olha para mim e eu assenti para ele continuar. - Como você deve ter notado, o Jason nunca falou dos pais... - É verdade, ele nunca falou deles. Como não me apercebi disso? - Eu vou contar o porquê! O pai dele fugiu quando soube que a mãe estava gravida, nunca mais ninguém o viu, os meus pais dizem que ele nem tentou saber do Jason... A mãe dele morreu no parto e os meus pais cuidaram dele nos primeiros dois meses. Mas mais tarde os meus tios, pais adotivos do Sam, apareceram e quiseram ajudar. Eles não se davam com o resto da família, eram muito afastados porque a minha mãe só era irmã da minha tia pela parte do pai.

—Então elas são como o Sam e a Ally?

—Exato. Eles fizeram parte do crescimento do Jason, eram literalmente os pais dele e nunca lhe esconderam o facto do pai nunca o querer e da mãe ter partido quando nasceu. Se forem mesmo eles por trás de tudo isto, é normal o Jason os estar a ajudar. Foram eles quem cuidaram dele toda a vida.

—Wow. Coitado. Por isso é que ele é assim, revoltado e arrogante.

—Um pouco!

—Explica muita coisa. Nem sei o que dizer!

—Vão demorar muito?

—Não, estamos a ir. - Nos levantámos e seguimos o Sam até a sala.

—Hey Sam! - Ele se virou para mim. - Acho que isto é seu. - Digo lhe entregando a fotografia. Ele olha para mim confuso. - Vê atrás!

—Onde você encontrou isto?

—No quarto dos meus pais.

—O que devo fazer?

—Guarde. É seu! - Ele assente e vamos para os sofás. - Porque são vocês duas a ficar aí?

—Porque o sofá é desconfortável!

—Mas nós somos cinco, vamos ficar muito apertados aqui!

—Se aguentem! Não querem os doces só para vocês? Então partilhem aí!

—E que filme escolheram posso saber?

—Eles escolheram um filme de terror, não quiseram dizer qual.

—Um filme de terror? Depois não venham para aqui por estarem com medo. Já não cabe cá mais ninguém! - Digo e os rapazes concordaram!

—Vocês é que vão ficar com medo que nem meninas!

—Coloquem mas é o filme!

O filme já ia a meio eu não estava prestando muita atenção porque o Dez não largava o meu braço gritando cada vez que um grito era ouvido no filme.

—Será que dá para largar o meu braço?

—Não! Ahhh! - Grita tapando os olhos com o cobertor e eu revirei os olhos. A maior parte das taças já estava vazia e a que o Dez tinha na mão estava cheia, ele tirava um quando o filme estava mais calmo e as mãos tremiam imenso. Era até engraçado de ver.

Já que não conseguia prestar atenção no filme ao menos tentaria dormir. O que foi até difícil com o meu braço sendo puxando e com tantos gritos, mas depois de algum tempo consegui, finalmente, adormecer.

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—Acorda Austin! - Senti algo bater no meu rosto e abri os olhos.

—O que foi?

—O café da manhã está pronto! - Diz o meu tio.

—Como conseguiu dormir com um filme daqueles? - Perguntou o Sam e eu ri.

—Foi difícil porque o Dez não largava o meu braço, mas consegui. - Me levantei e fomos para a cozinha. Estavam aqui todos e era até engraçado.

—Acho que hoje vou ficar em casa!

—Vão todos para a escola. Não tivessem ficado a ver filmes de terror até tarde.

—É isso mesmo tio! Para a próxima já sabem que não podem escolher filmes de terror!

Depois do café da manhã foram todos embora e eu fiquei sozinho. Foi bom este silêncio, mas isso só me fez lembrar mais da Ally e a falta que ela me faz. Comecei a arrumar os cobertores quando o meu celular começa a tocar.

—Alô?

—Bom dia Austin! Como está?

—Jason!

—Eu mesmo, e então com tem estado? Sentiu saudades das minhas ligações? Não precisa responder, sei que sim. E como têm sido estes dias sem a sua namorada? Deve estar muito mal, sabe, ela tem muitas saudades suas. Está sempre a suplicar para você a encontrar! Sei que tem saudades, até eu tenho quando a deixo por meros minutos!

—...

—Te deixei sem palavras? Que bom!

—O que quer?

—Queria falar de um assusto muito importante! Sei que vai adorar!

—Vai me dizer onde está a Ally?

—Não, claro que não! Ainda tenho muito que fazer com ela. e do que depender de mim, você nunca mais a verá!

—E do que depender de mim, depois de a encontrar mato você!

—Vai tentando!

—Quero falar com a Ally!

—Mas pensa que isto é o quê? Pede e eu faço? Nem pense, que dá ordens aqui sou eu!

—Me deixa falar com ela!

—Não, você não fez nada para o merecer e ela agora está ocupada!

—O que lhe fez?

—Nada de mais! Ela até gostou muito não foi?

—O que lhe fez?

—Calma! Foi só um pequeno beijo!

—Um quê? Eu juro que te mato Jason!

—Não é preciso exagerar, foi um pequeno beijo. Eu queria saber como eram os beijos dela e são muito bons! Já sei que a beleza e inteligência não eram as únicas coisas que a atraiam! - Apenas respirei fundo. - Sabe, neste momento estou com vontade de sentir os seus lábios novamente!

—Não se atreva!

—Até vou deixar você assistir! - Ele me pediu para fazer vídeo-chamada e eu aceitei. Não iria desperdiçar a oportunidade de ver a Ally.

—Me larga seu nojento! - Ouvi a Ally dizer. Então a vi tentando se soltar do Jason

—Sei que vai gostar! - Ele se aproximou dele e a beijou. Apenas desviei o olhar e respirei fundo imensas vezes.

—Eu odeio você! - Ouvi e voltei a olhar para o celular. A Ally limpava os lábios com as mãos e o Jason apenas sorriu para ela.

—Eu sei que gostou... E você Austin? Gostou do espetáculo?

—Você é um idiota!

—Sempre educado! ...Mas vamos ao que me fez, realmente, lhe ligar. Quero que se encontre comigo.

—Onde?

—Calma. Antes de mais não pode contar a ninguém e quando digo ninguém é ninguém mesmo ou já sabe, é a Ally quem vai sofrer as consequências

—Eu não conto!

—Ótimo. Sabe aquele parque onde nos vimos antes de o prender?

—Sim, sei muito bem!

—É aí que nos vamos encontrar. Às quatro. Até lá!

E então desliga. Já estou a ficar farto de ele desligar assim. Olhei as horas e eram apenas 11. 5 horas até ir ter com ele. Não posso contar a ninguém, não posso arriscar a vida da Ally assim.

Subi até o meu quarto e peguei o violão começando a tocar. Tenho que me distrair com algo para fazer as horas passarem. Mal posso esperar pelas quatro chegarem!