POV Ally

Senti a minha cabeça doer. Com dificuldade, abri os olhos e vi um vulto na minha frente. Não conseguia perceber quem era. Estava tudo muito escuro. Não conseguia focar a minha visão a ponto de saber sobre a identidade da pessoa. Onde estou? Como cheguei aqui? Porque estou aqui?

—Que bom que acordou. - Pisquei algumas vezes vendo a pessoa se aproximar de mim. - Tudo bem com você? - Arregalei os olhos percebendo que era o Jason quem estava na minha frente.

—Onde estou? O que você quer de mim? Porque me trouxe para aqui?

—Calma. Uma pergunta de cada vez! Onde você está não posso contar. Sobre a querer aqui, são vários assuntos, mas com o tempo saberá! - Aí me lembrei de tudo o que aconteceu. Quando ele nos atacou, a mim e ao Sam, que quase morreu e depois de entrar na van tudo se apagou.

—O que vai fazer comigo?

—Isso só o tempo nos dirá e dependendo de como as coisas vão correr por aqui! Sabe com quem eu estive a conversar alguns segundos atrás? - Apenas o olhei. - O seu querido Austin! Ele estava tão preocupado. Queria saber onde você estava e até ameaças recebi!

—E o que quer que eu diga? Que estou chocada? Que me devo preocupar? Que devo ter medo?

—Não. Eu só disse isto para a deixar informada do que está a acontecer. E vou dizer que ele não estava muito feliz. Tadinho!

—Você vai pagar por tudo isto que está a fazer!

—Não tenho medo das suas ameaças querida. Se não tenho do Austin não vou ter de você!

—Mas devia ter! Ele vai me encontrar!

—Não me parece! E mesmo que o faça não te vai conseguir salvar! Eu já tenho tudo planeado para ele! Mas agora o importante é você! - Ele puxa uma cadeira e a coloca em frente da cama, se sentando nela de seguida. - Temos muito que conversar.

—Eu não quero conversar com você!

—Mas vai!

—E se não o fizer?

—Então irá sofrer as consequências! - Fala se levantando e caminhando até mim.

—Eu não tenho medo de você! Não tenho medo do que poderá fazer. Se me trouxe é porque precisa de mim, de algum modo, e se precisa de mim não me vai fazer mal!

—Muito inteligente. Mais uma razão pela qual o Austin se apaixonou por você! Mas o que me impede de te fazer mal? Apesar de precisar de você posso fazer o que quiser até falar! - Me afastei o máximo dele.

—Pode fazer o que quiser! Não vou responder a nada!

—Não se decida já! Ainda há muito para acontecer! Isto... - Fala se sentando do meu lado. - É só o começo! - Diz com o rosto bem próximo do meu. - Não sinta a minha falta enquanto estiver fora! - Se afastou de mim e saiu trancando a porta.

—Como se isso fosse possível!

Suspirei e me ajeitei na cama. Olhei em volta tentando perceber onde estou e pareceu ser um quarto. As paredes eram decoradas com algumas prateleiras e dois quadros, a tinta branca já não era tão branca. Em frente da cama, do outro lado do quarto, estava uma mesa e a cadeira estava na minha frente.

O quarto parecia meio velho, mas ainda assim apresentável. A decoração não era nada exagerado o que me deixava um pouco confortável no meio de tudo isto.

Sei que se o Austin não me encontrar nunca mais vou sair daqui. Sei que a minha vida a partir de agora será um pesadelo. Só não entendo o que o Jason quer de mim. Eu não sei nada dos pais do Austin ou da empresa deles.

Será que o meu pai está aqui? Como será que ele está? O que lhe fizeram? Porque o trouxeram? Nem sei porque tenho tantas perguntas se sei que não vou ter resposta. Eu sempre posso perguntar ao Jason, mas sei que ele não me irá, provavelmente, responder.

—Voltei minha querida! E então? Sentiu saudades? ...Não precisa responder, eu sei que sim!

—Andas com o ego muito grande!

—Não mintas. Bem lá no fundo já sentias a minha falta!

—Nunca! Você é um monstro, um louco. Porque haveria de ter saudades suas?

—Não sei. Agora vamos a assuntos mais importantes...

—Onde está o meu pai?

—Quem faz as perguntas aqui sou eu!

—Onde está o meu pai? - Pergunto mais uma vez não me importando para o que ele estava a dizer.

—Não lhe interessa neste momento. Amanhã ou depois lhe direi!

—O que quer de mim?

—Muita coisa. E como disse, sou eu quem faz as perguntas!

—Eu não quero saber!

—Não abuses! - Fala se aproximando de mim.

—Não tenho medo de você!

—Mas devia!

—Mas não tenho!

—Bom saber disso! EDWARD! - Grita e um homem aparece. Foi um dos homens que me atacou quando estava com o Austin. Ele trazia um tabuleiro com comida, só não percebia o que era. - Se sinta feliz por eu trazer comida.

—Muito obrigada! - Digo sarcástica e ele me entrega o tabuleiro.

—Bom apetite! - Depois disto eles vão embora, trancando a porta, e eu olho para a comida.

Não era muito. Apenas uma sopa, uma sandes(sanduíche) e um copo com água. Não perdi tempo e comecei a comer. Não sei se estou aqui à muito tempo, mas já estava com fome pois a única coisa que comi hoje foi no café da manhã.

Não pensei que estava com tanta fome, mas só o percebi depois de ter comido tudo tão depressa. Nem consigo pensar direito no que está a acontecer. Só quero fechar os olhos e quando os voltar a abrir ver o Austin na minha frente, a Mia, o Sam, todos os outros, mas não este lugar. Infelizmente sei perfeitamente que isso não vai acontecer.

Felizmente o Jason não prendeu nem as minhas mãos nem nada. Seria pior se o tivesse feito. Já basta estar aqui trancada. Depois de terminar de comer coloquei o tabuleiro no chão e me deitei. Não podia ficar até amanhã a pensar no que poderá acontecer ou não conseguirei dormir. E mesmo não pensando em nada já vai ser, mas como estou cansada não será difícil adormecer.

********

Ouvi barulho do meu lado e abri os olhos me sentando rapidamente.

—O que você está a fazer?

—Te observando dormir.

—O que quer? - Perguntei me afastando dele.

—Conversar. Já é quase hora do almoço e temos de deixar os bons modos para mais tarde! Se você me responder a tudo o que quero saber, talvez te leve ao teu pai mais tarde.

—Então ele está mesmo aqui?

—Está sim. Mas passaremos ao que me trouxe aqui. Começaremos pelo mais simples. O que sabe sobre o Jack?

—O pai do Sam?

—Exato.

—Só que ele tem uma empresa e é muito importante em Nova Iorque, que foi para lá para ter uma vida melhor e poder dar ao Sam o que, quando nasceu, não podia. Que procura o Sam todos estes anos.

—Só isso?

—Sim. Há algo mais que eu deva saber a respeito dele?

—Não!

—E sobre os meus tios, os pais adotivos de Sam?

—Praticamente nada. Não quero saber dessas pessoas. Apenas sei que não souberam ser pais decentes para o Sam.

—É melhor você ter cuidado com o que fala. Passemos ao mais importante. Onde está a sua mãe?

—O quê?

—Eu quero saber onde ela está! Não seja igual ao seu pai. Quero a verdade ou irá sofrer tanto quanto ele!

—O que lhe fez?

—Não interessa agora, apenas me responda.

—Não! Quero saber o que fez com o meu pai! Me diga seu louco!

—Cuidado com a maneira como fala comigo!

—Eu não tenho medo de você! - Dito isto ele me da um tapa bem forte!

—Eu avisei para ter cuidado como fala comigo. Agora responda à minha pergunta. Já estou a perder a paciência!

—Ela está enterrado no cemitério seu idiota. Não sabe o que quer dizer quando alguém morre? Não sabe para onde as pessoas vão?

—Não brinque com a minha paciência garota. Responda!

—Já respondi. O que quer que eu diga mais?

—A verdade!

—Qual verdade?

—Onde. Está. A sua. Mãe?

—Eu. Não. Sei!

Ele se levantou e saiu do quarto batendo a porta e claro a trancando.

—Idiota!

Porque ele quer saber da minha mãe? Porque perguntou onde ela está? Não entendo. Ela morreu. Porque querem saber dela? E o me pai? Porque o têm? Porque está preso aqui? Por favor Austin, vem depressa!

Não sei quanto tempo estive pensando, até que a porta se abre e o Jason entra novamente.

—O que você quer agora? Não vou responder a mais nada e não quero falar com você!

—Não vim fazer pergunta nenhuma nem vim falar com você! Vou ligar para o seu namoradinho e vou deixar vocês falarem por um tempinho. É tão bom ver ele sofrer!

—Você é louco!

—E quem não é?

Ele pegou o celular, ligando supostamente para o Austin. Quando ele atendeu não perdi tempo em falar!

—Austin!
 
 
 
 

POV Austin

Assim que ouvi a sua voz o meu coração bateu mais forte, tenho a certeza que todos os que estavam aqui comigo o conseguiam ouvir bater. Parecia que ia pular do meu peito. Mas a sensação foi tão boa ao ouvir a sua doce voz novamente.

—Ally? É tão bom ouvir a sua voz de novo. Como estás?

—Sinceramente, não sei. E você?

—Preocupado. Não sei onde nem como você está. Não sei o que o Jason te faz ou vai fazer.

—Não te preocupes amigo eu vou tratar muito bem dela!

—É bom você não encostar um único dedo nela ouviu?

—E o que você vai fazer? Me bater? Estou com tanto medo!

—Eu vou te encontrar e aí sim você vai ter medo!

—Boa sorte para isso! Agora vão se despedir um do outro, tenho muito que fazer com esta princesa aqui!

—Eu vou te encontrar Ally. Prometo!

—Eu sei Austin. Eu sei.

—Te amo!

—Aww que fofo. Mas o vosso tempo acabou! ...Agora nós dois Austin! Eu sei que você já falou com o seu tio e a policia, mas espero bem que eles fiquem longe ou então é a Ally quem vai pagar!

—Se lhe fizer alguma coisa farei o dobro com você!

—Calma. Só farei alguma coisa se não me obedecerem!

—Você não me dá ordens. Ninguém dá!

—Por isso é que os seus pais morreram! Você não lhes obedeceu e agora estamos aqui.

—Você é um monstro!

—Esteja calada!

—Você não me manda calar! ...Ahh! - Ouvi e senti o meu corpo ferver de tanta raiva que estava sentindo.

—Ally! ....Eu vou te matar Jason!

—Não digas coisas que não podes fazer. E não te preocupes, ela está bem, foi só para aprender a não me desobedecer!

—Estás bem Ally?

—Shh ...Ela não te vai responder. O vosso tempo acabou, mas não te preocupes eu vou cuidar muito bem dela! Farei o que neste momento não podes!

—A minha raiva por você só aumenta!

—E eu muito preocupado com isso! Eu não tenho medo de você! Até porque se bem me lembro foi você quem ficou mal quando esteve aqui. Tenho a certeza que a Ally tratou de todos os teus ferimentos. Pena que não podes fazer o mesmo por ela, mas eu estou aqui para isso. Só não fiques com ciúmes. Podemos partilhar!

—Seu...

—Nada de palavrões Austin! Os teus pais não te ensinaram que dizer palavrões é feio? Ou a ter uma conversa civilizada?

—Não fale dos meus pais e com você é impossível ter uma conversa civilizada. Não merece ter uma conversa assim!

—Que pena. Bom, o seu tempo acabou. Até mais!

—Não!

E então ele desligou. Porque sempre desliga na minha cara? Idiota!

—E então?

—Então quando o encontrar podem ter a certeza que o vou matar!

—Não digas disparates Austin.

—Como não tio? Ele está a magoar a Ally! A mim é uma coisa, à Ally é outra! Eu prometi para mim mesmo que a iria proteger e nem isso sou capaz de fazer!

—Estás a fazer tudo o que podes!

—Mas pelo que parece não é suficiente!

—É. Já fazes muito. Infelizmente o lugar onde ele te prendeu não é o lugar onde tem a Ally, mas nós não vamos parar enquanto não o encontrámos. Ele sabe o que faz, por isso é que desligou logo. Se tivesse ficado pelo menos mais um minuto teríamos rastreado o celular dele.

—Então quer dizer que não conseguiram.

—Não. Infelizmente não.

—Não podemos ficar aqui parados...

—Austin...

—Não Dez. Eu não posso ficar aqui parado sem fazer nada sabendo que a Ally está a sofrer!

—Não podes esperar que a encontremos já. O Jason só a levou ontem e mesmo a querendo encontrar o mais rápido possível, ambos sabemos que não é assim que as coisas acontecem. Ainda por mais quando você conseguiu fugir da outra vez. Eles vão ter mais cuidado agora. Não será fácil. - Suspirei me sentando no sofá. O meu tio tinha razão, mas mesmo sabendo de tudo isso não conseguia ficar aqui parado.

—Vamos conversar!

—O que você quer conversar num momento deste Dez?

—A Trish está preocupada com a Ally e eu estou preocupado com você, mas não quero falar no que está a acontecer neste momento. Quero saber de tudo sobre você e a Ally. Tudo desde o começo.

—Porque você quer...

—Quero saber os bons momentos de vocês!

—Muito bem. - E então lhe contei os melhores momentos que passei com a Ally. Foi tão bom ter falado com ele. Foi bom falar novamente com o meu melhor amigo. Ele conseguiu me acalmar e fazer esquecer de todo este problema, apenas me fazendo lembrar dos bons momentos com a Ally.

 Ontem fiquei o resto do dia no meu quarto. Não tinha cabeça para sair. Não queria falar com ninguém. Queria ficar apenas sozinho e pensar em tudo o que estava acontecer. Não conseguia acreditar que era verdade. Não conseguia acredita que o Jason a tinha mesmo levado. Não conseguia.

Mas quando acordei hoje de manhã percebi que era mesmo verdade e já não havia nada que pudesse fazer para mudar isso. Só a queria encontrar e proteger do Jason. Só a queria ter aqui comigo. Mas isso já não é possível.

O Dez veio aqui na hora do almoço e faltou ao resto das aulas. A Trish virá mais tarde e irá trazer o Jake. O Ashton vem mais tarde e virá, provavelmente, a Mia também. O Sam passou o dia com o pai e insistiu em também vir. Sei que ele está arrasado com o que está a acontecer, ele já estava tão ligado à Ally e apesar de exagerar é um bom irmão e sei que também a quer proteger.

Pelo menos tenho todos eles comigo para me apoiar e para ajudar a encontrar a Ally. Só ainda não consegui compreender porque o Jason nos quer. Não entendo a ligação dos meus pais com os pais da Ally, para o Jason a levar. Ainda não consegui descobrir o que eles sabiam para tudo isto acontecer.

Até tenho medo pelo que está para vir. Sei que serão os piores momentos da minhas vida!