Anormais escrita por Anna Lanna


Capítulo 2
Capítulo 2 - Peitos, Bebidas e Pais


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está maior e na minha opinião bem melhor, espero que gostem!



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Tentei passar a aula em silêncio, só prestando atenção, como sempre faço, mas tive que abrir mão dos meus estudos algumas vezes, porque Clary não parava de falar. Era uma mistura de assuntos, nomes, lugares e pessoas, ela falava tanto que eu ficava confusa, mas no fundo eu estava adorando. Após o intervalo nós tivemos mais quatro aulas e fomos liberados. Foi a primeira vez que ao sair da escola eu não me senti como se tivesse saindo do inferno, a primeira vez que eu não senti um desespero para chegar em casa, e isso era de uma certa forma, bom. Clary me deu o endereço e a hora que eu devia estar na casa dela e nós nos despedimos.

Chegando em casa encontro minha mãe na sala assistindo televisão, ela não percebe que cheguei, quando chego perto dela vejo que ela está chorando.

– Oi, mãe – Digo calmamente.

– Ah, oi filha! – Ela diz em um tom de assustada enquanto enxuga suas lágrimas. – Ah... Como foi a escola?

– Foi na verdade, muito bom. Eu conheci algumas pessoas, foi legal.

– Sério? – As lágrimas dela somem e dão lugar a um lindo sorriso – Uau filha, isso é ótimo!

Fiquei algum tempo assistindo televisão com minha mãe e depois fomos almoçar. Contei para ela sobre as pessoas da escola e perguntei se podia ir à casa de Clary, ela deixou, acho que ela só estava feliz por eu ter amigos, mas no fundo eu podia ver que ela estava triste por alguma coisa, eu só não conseguia entender o que era.

Passei a tarde fazendo meu dever, escutando música e lendo um pouco, o que eu faço praticamente todo dia. Quando deu 18:00 comecei a me arrumar para ir a casa de Clary, estava frio, então coloquei um casaco fechado e uma calça. Fui à pé ao endereço que ela tinha me passado, não era muito longe, apenas dois quarteirões da minha casa.

Apertei a campainha, Clary atendeu e pediu para eu entrar e subir a escada, no andar de cima tinha uma sala grande, lá estavam Michael, Liv, Lauren, Fred, Julie e mais um menino e uma menina que eu não conhecia. Tinham algumas garrafas espalhadas e Fred e Clary fumavam algo que eu esperava que fosse só cigarro. Assim que entrei na sala Fred gritou:

– Anne! Chegou na melhor hora. Clary vai mostrar os peitos. – Ele parecia bêbado e ria de um jeito engraçado.

– Já disse que não vou Fred, vai se foder. Aliás, eles são tão interessantes assim? Porque quer tanto vê-los?

– Eles não são nem um pouco interessantes, na verdade, são totalmente desinteressantes. Mas, você perdeu a aposta, e eu gosto de te ver se ferrar. – Ele continuava a rir, com certeza estava bêbado.

– Mostra logo isso Clary, a gente não tem o dia todo. – Disse o menino que eu não sabia o nome, ele era alto, tinha pele branca, cabelo preto e olhos azuis.

– Foda-se – falou Clary bem baixo e levantou a camisa.

Todo mundo começou a rir, só Michael que não conseguia se mexer, ele estava parado encarando o nada, então todo mundo riu dele também. Até que ele disse:

– Faz de novo, por favor.

Clary não respondeu, só mandou um dedo do meio para ele. Começamos a conversar e eu descobri que o menino de olhos azuis se chamava Luke e a menina ao lado dele, morena de cabelo curto se chamava Carol. Outra coisa que descobri foi a tal aposta que estavam falando, Clary e Fred já namoraram e quando terminaram eles brigaram e depois apostaram quem ficaria com alguém primeiro, Fred ganhou e Clary teve que mostrar os peitos para todo mundo.

Lauren me ofereceu uma bebida que fiquei com medo de perguntar o que era, então simplesmente bebi sem reclamar. Ia ficando quente enquanto descia pela minha garganta, e eu não sei exatamente por que, mas eu gostei. Estávamos conversando quando Liv falou:

– Gente! Vamos brincar de verdade ou consequência?

– Quantos anos você tem? 11? – Disse Lauren.

– Ei, eu quero brincar. – Disse Carol sorrindo para Liv, Liv sorriu de volta.

– Ok, vamos brincar então, Livs. – Disse Julie que havia passado a maior parte do tempo em silencio bebendo. – Roda isso aqui. – Ela jogou uma garrafa vazia para Liv, que rodou.

Para o meu desespero, a garrafa caiu virada para mim, Fred iria perguntar e eu iria responder. Eu deveria escolher entre verdade ou consequência, uma pessoa inteligente na minha situação escolheria verdade, ninguém ali me conhece bem, não teriam uma boa pergunta a fazer, mas eu escolhi consequência, apenas para tentar passar uma boa impressão, péssima escolha.

– Me beija, por... 2 minutos. – Ele deu um sorriso malicioso.

– Eu... – Olhei pra Clary e ela me olhava com um expressão de raiva. – Eu não vou fazer isso, não mesmo.

– É o jogo, não seja idiota.

Não era possível, eu queria matar aquele garoto, ele queria destruir minha amizade com Clary logo no primeiro dia, eu não podia deixar isso acontecer. Então eu disse:

– Qualquer outra coisa, por favor, eu faço qualquer outra coisa.

– Ok, ta vendo aquele banheiro ali? - Ele aponta para uma porta branca no corredor. – Fica lá dentro com o Luke por 10 minutos, podem fazer o que quiserem, eu não ligo, mas se divirtam. – Ele riu e deu um gole na cerveja que tinha na mão.

Eu olhei paro o Luke com uma cara vergonha e ele me retribuiu com um sorriso, se levantou e foi para o banheiro, fiz o mesmo. Trancamos a porta e ficamos nos encarando, até que eu disse a coisa mais idiota que pude dizer:

– Ahn, quer fazer o que?

– Com você? Muitas coisas. – Ele disse e deu um sorriso.

– Eu te conheço de algum lugar.

– Eu estudo na mesma escola que você, eu e Carol estudamos lá a uns 5 anos, conhecemos esse pessoal ontem. – Quando ele disse isso tudo que eu consegui pensar foi “Como ele sabe que eu sou da escola dele, ele me notava lá?”. Luke continuou a falar. – Olha, quer fazer isso mesmo?

– Isso o que? – Ele não me respondeu, apenas me beijou, eu nunca tinha feito isso antes, mas de alguma forma eu sabia o que estava fazendo.

Ele desceu a boca e beijou meu pescoço dando leves chupões, eu botei a mão no pescoço dele e Luke me apertou contra a parede. Ele beijava muito bem, bom, eu nunca beijei alguém, mas o beijo dele era muito bom, a boca dele tinha gosto de álcool e ele realmente parecia saber o que estava fazendo. Comecei a dar leves mordidas no lábio dele e depois fui para o pescoço, dei alguns beijos e chupões, tentando imitar o que ele havia feito. Ficamos muito tempo lá naquele banheiro, quando terminamos nós não sabíamos se o tempo havia acabado então resolvemos sair.

No sofá da sala Fred e Clary se beijavam de um jeito que devia ser proibido fazer em público, na poltrona Julie estava no colo de Michael e eles também se beijavam. Lauren estava no chão bebendo e eu não via Liv e Carol em lugar nenhum. Antes de eu falar qualquer coisa Luke disse no meu ouvido:

– Isso foi bom. – E deu um sorriso.

Eu não respondi, apenas me virei para Lauren que disse:

– Olha esses dois, Fred e Clary, esses idiotas terminam para depois ficarem aí, quase transando em público. – A voz dela estava estranha, ela estava bêbada. – E aí eu pensei “Ah, Julie está ai, pelo menos não vou ficar de vela” Errado! Ela decide que é bem mais legal ficar trocando saliva como o idiota ali.

– Cadê Liv e Carol? – Perguntei.

– Essas duas pensam que ninguém sabe que elas são lésbicas. – Ela para, pensa, faz uma cara feia e então continua. – Bom, na verdade eu acho que só eu sabia, agora já era. Elas devem estar se pegando em algum canto.

Eu e Luke olhamos um para o outro e rimos. Olhei no relógio e já eram onze da noite.

– Droga, tenho que ir pra casa. – Eu disse.

– Quer que eu te leve? É meio perigoso essa hora da noite. – Disse Luke.

– Ah, pode ser, obrigada.

Luke me levou até minha casa, como havia dito. Quando abri a porta escutei o barulho de alguma coisa quebrando. Meu pai havia tacado uma garrafa na parede e minha mãe estava chorando sentada no sofá da sala, eles pareciam estar brigando e os dois gritavam coisas que não consegui entender. Assim que me viram, pararam e me olharam. Eu subi as escadas para o meu quarto sem dizer uma palavra, tranquei a porta e deitei na cama, fiquei olhando para o teto durante um tempo, pensando, alguns minutos depois eu dormi.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!



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