Além do Caos escrita por Um Alguém


Capítulo 8
Capítulo 8 - Especial Dexter


Notas iniciais do capítulo

Como prometido este capítulo tem uma surpresinha. Hoje é o Dexter quem narra. Espero que gostem :)



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/ Dexter /

– Você não é um herói, moleque. Muito menos um santo! - esbravejou ele. Meus olhos pousaram na garotinha encolhida no canto, tentando desaparecer. Saquei a pistola, apontando para o peito daquele homem detestável.

– É, eu não sou. - e atirei.”




Mesmo ali, sentado no silêncio vendo a Rachel dormir, eu não conseguia parar de pensar no Luke. Não o havia visto morto, mas podia imaginar com uma clareza cruel seu rosto jovem e sorridente sujo de sangue, seus olhos amendoados tornando-se opacos enquanto a vida deixava seu corpo.

Tudo que eu queria era ir atrás daqueles caras e matá-los um a um. Mas fazer isso colocaria em risco a Rachel, a Sally e os outros. E por mais que eu quisesse vingar a morte do Luke, não iria arriscar a vida de ninguém.

Faltavam poucas horas para sairmos. Brandon e Sally estavam na cozinha organizando as coisas, enquanto Jeremy e Kristin procuravam mantimentos pela vizinhança. Rachel estava dormindo desde que Sally lhe dera um remédio. Sally suturara o ferimento na coxa da Rachel e dissera que ela não podia fazer esforço, o que me obrigava a pensar com cuidado em um plano para sairmos da cidade sem colocar ninguém em perigo.

Rachel acordou. Seus olhos castanhos encontraram os meus de imediato. Abri um pequeno sorriso. Ela se mexeu, procurando uma posição confortável.

– Ficou aqui o tempo todo? - perguntou ela um pouco rouca.

– Sim. Estava descansando um pouco também. Como se sente?

– Culpada. - respondeu ela com um olhar soturno.

– A morte do Luke não foi culpa sua, Rach. - garanti-lhe.

– Você não pode dizer isso.

– É claro que posso. - contrapus decidido. - Foram aqueles malucos que mataram o Luke, não você.

– Eles estavam atrás de mim, Dexter! - disse ela feroz. - Eles mataram o Luke para me atingir, para mostrar o que faram quando me pegarem!

– Deixa de ser paranoica, Rachel. - desdenhei.

– Não é paranoia. - rebateu com firmeza. - Aquele garoto que persegui a gente no Jeep é o Zeke. Ele era namorado da minha irmã mais velha. Sabe o que ele fez com a minha família? - perguntou ela amargamente. - Ele matou. Matou meu pai, minha mãe e minhas duas irmãs. Sabe qual o único motivo de ele não ter me matado também? Foi porque eu fugi. Tenho fugido a meses, Dexter. E toda vez que eu paro, ele vem atrás de mim.

Eu não sabia o que dizer. Havia sido pego de surpresa. Rachel me encarava com voracidade, mas pude ver a dor e a tristeza em seus olhos. Deitei-me ao seu lado.

– Eu...sinto muito. - disse-lhe em um sussurro enquanto tirava uma mecha do seu cabelo escuro do seu rosto.

– A culpa é minha. - murmurou ela deixando uma lágrima escapar. - Todos eles morreram por minha causa.

– Ei, ei, não chora não. - acariciei seu rosto enxugando a lágrima perdida na sua bochecha. - Eles morreram por causa do tal Zeke.

– Eu podia ter parado ele. Podia ter impedido que ele fizesse essas coisas.

– Quer me contar o que houve? - perguntei gentilmente. Ela me encarou por alguns segundos antes de responder.

– Quando o Caos começou Zeke estava comigo e com minha família. Ele era incrivelmente prepotente. Achava que só ele era forte e inteligente o bastante. E minha irmã o apoiava em tudo. Ele e meu pai começaram a brigar por qualquer coisa. Até que meu pai amanheceu estrangulado. - contou Rachel com a voz embargada. - Nós sabíamos que tinha sido o Zeke, mas não fizemos nada. Éramos fracas e não tínhamos armas. Mas não podíamos mais ficar com ele, então resolvemos fugir. A ideia foi minha. E parecia uma ideia boa. Mas ele nos pegou fugindo. Ele espancou minha irmã mais nova até a morte, depois estuprou e matou minha mãe e … - ela se interrompeu, sufocada pelo choro.

– Não precisa continuar, está tudo bem. - disse-lhe puxando-a para junto de mim, abraçando-a.

– Ele nos destruiu, Dexter. Matou todos que eu amava bem na minha frente. Eu morri com eles naquele dia.

– Não morreu não. Você está aqui comigo e nada vai te fazer mal agora. - garanti-lhe.

– Ele vai te matar também e eu não posso perder mais ninguém.

– Ele não vai matar ninguém, Rach. - prometi.

Ela deitou a cabeça no meu peito. Meu ombro doía um pouco, mas eu não me importava. Com um braço envolvi-a mantendo-a bem pero de mim. Com a mão livre acariciei seu cabelo.

Minha raiva pelo tal Zeke só aumentava. Prometi para mim mesmo que se o encontrasse, o mataria bem devagar, para ele sofrer bastante e pagar por tudo que tinha feito. Todo o medo da Rachel fazia sentido agora. A sua dor era tão palpável que me machucava. Queria roubá-la para que a Rachel nunca mais sofresse, mas não tinha como fazer isso.

– Quem é Dana? - perguntou ela com a voz quase inaudível, depois de um longo tempo.

– Onde ouviu esse nome? - questionei tenso.

– Você o disse, lá no estúdio de tatuagem. Acho que estava delirando. - explicou ela se desencostando do meu peito para me olhar.

– Dana é minha irmã. - expliquei. - Bom, era. Ela morreu.

– Como? - quis saber Rachel gentilmente.

– Afogada. - contei. - Estávamos no litoral quando tudo isso começou. Terremoto, incêndios...tsunamis. - minha voz falhou e eu pigarreei. - Ela não sabia nadar muito bem. Uma onda enorme encobriu tudo, varrendo qualquer coisa que ficasse no caminho. Dana foi arrastada pela água, furiosa e implacável água. Eu fui atrás dela, tentei salvá-la, mas…não consegui.

– Sinto muito. - ela tocou de leve meu rosto. Minha pele formigava com o toque dela. - Acho que o Caos destruiu nossos corações.

– Não, ainda não. - discordei. - Ainda estamos aqui, sobrevivendo.

– É, mas é só isso que tenho feito, sobrevivido. - disse ela com o rosto bem perto do meu. Seus olhos tinham um tom tão bonito e quente que pareciam se derreter sobre mim. - Não sei mais o que é viver. E acho que nem tenho mais um coração.

– Tudo bem, eu tenho. E se você precisar, eu te dou o meu.



– Qual o plano, Dexter? - perguntou Jeremy.

Estavam todos sentados na sala em um semicírculo. Sally ao lado da Rachel, seguidas por Jeremy, Kristin e por último Brandon. Eu estava de pé, no meio.

– Vamos nos dividir em três grupos. - contei.

– Isso não parece bom. - resmungou Kristin.

– Por quê? - questionou Jeremy.

– Se estivermos separados será mais difícil para eles nos seguirem. - expliquei. - Eu vou na frente, para chamar a atenção e distraí-los. Depois vão Jeremy, Sally e Rachel, seguidos por Kristin e Brandon. - odiava a ideia de não acompanhar a Rachel, mas era o melhor a ser feito. - Jeremy você é o líder. Enquanto eu não estiver por perto é você quem toma as decisões.

– O quê?! Por quê? Ele é só um frangote! - reclamou Brandon.

–Vamos para Laneston. - continuei, ignorando Brandon. - Nos encontraremos no Castle of Glass.

– O museu? - questionou Rachel.

– Esse é aquele museu que é todo feito de vidro? - perguntou Sally.

– Esse mesmo. - confirmei. - Jeremy achou alguns rádios comunicadores e vamos usá-los para nos acharmos quando chegarmos lá.

– Um museu todo de vidro não é um alvo muito fácil? - questionou Jeremy.

– Sim, mas é exatamente por isso que vamos para lá. Ninguém que quer se esconder iria para lá.

– Parece um bom plano. - disse Jeremy. - Quando saímos?

– Agora.


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