Além do Caos escrita por Um Alguém


Capítulo 15
Capítulo 15 - O Final - Paarte 1




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// RACHEL //

“Rebeka andava de um lado para o outro na sala. Já estava assim a pelo menos quinze minutos. Sua ansiedade já estava me enlouquecendo.

– Calma, Bek. Ele já deve estar chegando. - tentei aquietá-la, mas ela me ignorou.

Estávamos esperando o novo namorado dela, mas ele estava atrasado. Quando por fim a campainha tocou, Rebeka quase correu até a porta.

– Rach, esse é o Zeke. - apresentou ela com um enorme sorriso parando à minha frente ao lado do tal garoto. - Amor, essa é a minha irmã Rachel.

– Parece que beleza é uma coisa de família, hein? - disse Zeke com um sorriso torto. Seus olhos cor de âmbar me fitavam de um jeito estranho e me senti um pouco intimidada. - Aposto que seremos grandes amigos, não é, Rachel?”





Zeke merecia m prêmio pelo seu talento nato em torturar pessoas. Depois de amarrar minhas mãos a um cano de ferro preso à parede, ele conseguira me infligir mais dor do que eu já sentira a vida toda. O lado bom é que a dor física sobrepõe qualquer outra dor, inclusive minhas tristezas e angústias.

Estávamos em um pequeno cômodo, um quarto talvez, com as paredes cobertas por algum tipo de revestimento acústico. O único móvel era uma mesa de madeira aonde o Zeke colocava seus utensílios de tortura, como facas, tesoura, alicate, isqueiro e muitas outras coisas.

Eu não sabia dizer a quanto tempo estávamos ali, mas Zeke não parecia estar com nenhuma pressa de me matar. Ele mantinha uma expressão tranquila e até sorridente enquanto cortava um dedo meu ou um pedaço da minha orelha, ou enquanto esmagava meu seio, quebrava minha perna ou socava meu rosto. Era quase um milagre eu ainda estar viva. Não sabia bem quanto de sangue uma pessoa precisa perder para morrer, mas, sem dúvida, não faltava muito para mim.

– Você é boa nisso, hein? Já tinha sido torturada antes? - perguntou Zeke alegremente enquanto mexia em algo sobre a mesa. - Ou será que você é do tipo de garota que gosta de sexo selvagem?

Preferi ignorar. Nada do que eu dissesse poderia melhorar minha situação, mas, com certeza, poderia piorar. Xingá-lo só faria com que ele me fizesse sofrer mais ainda.

– Sabe, eu prefiro a outra Rachel, a sagaz, irônica e petulante. Você está muito passiva e sem graça. - reclamou Zeke ainda de costas para mim, concentrado em algo na mesa.

“Não me importo com o que você prefere, seu desgraçado”, pensei amargamente, mas não disse nada. Estava tentando me manter calada desde que ele me levara para ali.

– Você já está pronta, querida? - perguntou ele virando-se para mim com um sorriso simpático que não combinava nada com ele. - Está pronta para morrer?

– Por que não estaria? - rebati mal reconhecendo minha própria voz.

– Ah, é bom ouvi-la falara novamente. - comemorou Zeke alargando mais o sorriso. - Bom, eu não sei, talvez você quisesse voltar para o seu querido Dexter.

– Não. E ele não é meu querido. - menti.

– Ótimo, porque a essa hora ele deve estar morto. - comentou ele me olhando fixamente, analisando minha reação. Meu coração apertou e minha cabeça começou a girar, mas mantive uma expressão neutra, o que era um pouco difícil devido à quantidade de machucados que eu tinha.

– Como pode saber? - questionei o mais impassível que consegui.

– Sabe o Brandon? Ele, na verdade, trabalha para mim. É um idiota que acha que eu me importo come ele, mas, pelo menos, me é útil. Mandei ele matar o Dexter. - ele deu de ombros como se matar alguém fosse algo simples.

– E ele matou mesmo ou você só acha que ele matou? - perguntei. Zeke hesitou por um segundo e eu soube que ele não tinha certeza de nada.

– Ele matou. - assegurou ele.

– Jura? E aonde está o Brandon então?

– Isso não importa, não é? - desconversou Zeke trazendo de volta aquele sorrisinho irritante. - O importante é que você está sozinha. E a única culpada por isso é você mesma.

– Eu? Se bem me lembro foi você quem matou todo mundo. - acusei-o.

– Sim, mas fiz isso por você, coração. Sabe que eu te amo, não é? Sempre amei.

– Imagina se não amasse. - ironizei.

– Ah, essa é a Rachel que eu adoro. - disse ele gargalhando. - Vai ser uma pena ter que matá-la.

– Aposto que vai.

– Eu vou te dar mais uma chance, amor. Só mais uma. - disse ele vindo até mim e se abaixando à minha frente. - Peça desculpas pelo que você fez, - apontou para a cicatriz em seu rosto. - prometa que não vai guardar rancor e que nunca me trairá. Faça isso e eu te deixo viva. Passaremos o resto da vida juntos, governando esse novo mundo.

– Para o inferno você e o seu novo mundo! - gritei furiosa e cuspi no seu rosto.

– Vadia. - resmungou ele se levantando e limpando o rosto. Ele tirou o cinto da calça e envolveu-o no meu pescoço. - Eu serei sua última lembrança desse mundo. - disse ele com um sorriso frio. E então começou a puxar o cinto, apertando meu pescoço.

O ar foi chegando cada vez menos aos meus pulmões. Eu me debatia, esperneava, mas a pressão do cinto no meu pescoço só aumentava e minhas forças só diminuíam. A expressão no rosto do Zeke era de pura satisfação. Seus olhos cor de âmbar me fuzilavam, aguardando ansiosos pelo meu fim. Seu rosto estava ficando distorcido. Minha visão estava embaçando mais e mais. Não conseguia mais lutar. Não podia mais fugir. Ela estava ali, me puxando. A morte. Quase podia vê-la, parada, me esperando.

Por fim senti que a última parcela de vida que me restava se esvaía. Mas Zeke estava errado. Ele não seria minha última lembrança. Um segundo antes de me entregar à morte, eu o vi. Uma última vez, pude vê-lo.

“Sinto muito, Dex”.

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// DEXTER //

Eu dirigi como um louco. Nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Xinguei e praguejei cada vez que encontrei uma rua por onde não conseguia passar. Talvez tenha demorado menos de uma hora, talvez mais, mas para mim pareciam dias. “Está demorando demais”, resmunguei para mim mesmo várias vezes.

Quando por fim cheguei ao Rage estava quase surtando de ansiedade. Acelerei o carro ao máximo, indo em direção ao grande portão do condomínio. O impacto foi estrondos. Dei graças a Deus por ter pego uma picape. O portão cedeu com a batida, e eu entrei arrastando-o preso ao capô.

Houve uma gritaria generalizada. Pessoas correndo para todo lado. Alguns caras armados apareceram atirando. Não desacelerei. E então, o achei, o Jeep. O Jeep maldito daquele desgraçado do Zeke estacionado enfrente a uma casa a poucos metros. Sem pensar duas vezes, joguei o carro na direção do Jeep. Os carros se chocaram furiosamente. Bati com a cabeça no volante, causando-me um pouco de tontura.

Saí do carro apressado com a pistola em punho. O lugar todo estava uma loucura. Pessoas desesperadas, brigando, correndo. Matando umas as outras. Ainda um pouco zonzo corri para dentro da casa. Logo que entrei dei de cara com uma garota loira carrancuda sentada na escada. Instintivamente apontei a pistola para ela.

– Cadê a Rachel? - perguntei furioso.

– Vai se foder. - rebateu ela ficando de pé.

– Merda, fala logo! - exigi dando um tiro na perna dela. Ela gritou e caiu da escada. - Cadê a Rachel?!

– Procura você mesmo! - ela gritou e eu atirei na outra perna.

– Fala! - encostei a arma na testa dela.

– Lá em cima. Última porta. - disse ela afinal.

– Obrigado. - e então atirei na sua cabeça.

Sem querer perder mais tempo, subi as escadas correndo e segui as instruções da garota, indo pelo corredor desbotado até a última porta. Uma porta estranha. Talvez fosse um quarto acústico ou algo do tipo. Com a arma pronta para atirar, abri a porta. Mas eu não estava preparado para aquilo.

Podia ter ficado anos me preparando e ainda assim não estaria pronto. Tinha certeza que aquela cena ficaria para sempre na minha cabeça, que me acompanharia o resto da vida.

Aqueles olhos. Sempre tão quentes e intensos. Agora opacos, apagados. Sem vida. Seu nome ficou preso na minha boca, sem que conseguisse pronunciá-lo. Tinha acabado. Meu coração se despedaçara. A escuridão me engolia de dentro para for, me sufocando, me esmagando. Tinha acabado. Eu havia chegado tarde demais.




Continua...


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