Além do Caos escrita por Um Alguém


Capítulo 14
Capítulo 14




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"-Aonde você vai? - perguntou Dana me parando a caminho d aporta da frente.

– Eu não sei. Para qualquer lugar, eu acho. - Dei de ombros tentando parecer indiferente.

– O que aconteceu, Dex? O que você fez com o Jensen e a mamãe? - ela parecia preocupada.

– Eu matei ele, Dana. - abaixei o tom de voz. - Mamãe me expulsou de casa.

– Você o quê?!

– Ele era um monstro! Estava fazendo mal a uma garotinha!

– Aí você matou o cara? Ele era da família.

– Não era não. Só porque a nossa mãe fez a burrice de casar com ele não significa que ele era da família.

– Meu Deus, Dex. - Dana passou a mão pelos longos cabelos pretos. Ela parecia preocupada com a situação, mas nem de longe ficara surtada como a nossa mãe.

– Vai ficar tudo bem, Dana. - garanti-lhe mesmo sabendo que nada ficaria bem.

– Tem razão. - ela concordou abrindo um sorriso. - Eu vou com você. Não sei para onde, mas vou com você.

Eu poderia discutir. Provavelmente deveria discutir. Mas olhando para ela ali determinada e confiante como sempre achei que a melhor coisa a fazer seria tê-la comigo, independente da situação.

– Sabe que eu te amo, não é? - perguntei sorrindo.

– É, eu sei. - ela piscou, lançando um sorriso convencido."





Acordei sobressaltado, com a cabeça e a virilha doendo. Minha mente voou imediatamente para a Rachel. Primeiro fiquei com raiva, depois preocupado. Levantei cambaleante. Assim que olhei ao redor dei de cara com Brandon sentado tranquilamente na escadaria do meio.

– Cadê a Rache? - perguntei-lhe ansioso.

– Você não sabe? Ela está com o Zeke, claro.

– Como...

– ... eu sei disso? - completou ele. - Bom, primeiro, eu não sou tão idiota quanto você pensa. Segundo, não sou tão idiota quanto você. E terceiro, sei de muito mais coisas do que você imagina.

– Do que você está falando? - quis saber, confuso.

– Estou falando de tudo, ué. - ele gesticulou ao redor. - Estou falando de como você se acha superinteligente, mas, na verdade, é um babaca. De como você é um péssimo líder. De como sacrificou seus "amigos" - ele fez aspas com os dedos – para proteger a sua amada Rachel.

– Brandon...

– Tudo bem, tudo bem, eu vou explicar. - ele parecia entediado. - Eu e Zeke somos amigos a muitos anos. Mas só nos reencontramos a algumas semanas. Ele disse que estava procurando a Rachel e me pediu para ficar de olho, para caso ela aparecesse. E ela pareceu, não é? Então, falei com ele.

– Você trabalha para o Zeke? - minha surpresa e confusão foram facilmente substituídas pela raiva.

– Eu trabalho com ele, para ele. Somos amigos. Bem diferente da relação que nós temos. - ele riu. - Eu sei que deve ser chocante se dar conta do quão burro você é por não ter percebido nada ante, mas ninguém esperava nada melhor de você.

– Então foi culpa sua. Tudo de ruim que nos aconteceu, a morte do Luke, do Jeremy, a captura da Kristin, foi tudo culpa sua! - acusei furioso dando alguns passos a frente e medindo a distância entre nós.

– É, pode-se dizer que sim. Mas não se esqueça da nossa adorada Sally.

– Sally. - só então me lembrei dela. - Aonde ela está?

– Bem ali. - ele apontou para algum lugar atrás de mim.

Virei-me para olhar a direção em que ele apontava e encontrei o corpo da Sally amarrado a uma das grandes janelas da parede de entrada. Havia um grande corte ao comprido no seu pescoço. Suas roupas, seu cabelo, sua pele, tudo estava coberto de sangue. Meu estômago se revirou. O ódio se inflou dentro de mim, como um gás venenoso preenchendo-me.

Voltei a olhar o Brandon, que exibia um sorriso satisfeito e cruel. Analisei-o rapidamente. Ele não parecia estar armado. Na verdade parecia bem vulnerável sentado rindo da minha cara. Com ódio me queimando por dentro, corri em direção ao Brandon. Vi quando ele ficou surpreso, e vi quando ele não teve tempo de fazer nada para evitar o meu golpe.

Cai sobre ele desferindo mais e mais socos. Seu rosto estava ficando mais deformado a cada novo golpe. E tudo que ele conseguia fazer era emitir grunhidos. Minhas mãos doíam enquanto eu continuava a bater nele. Quando por fim parei, estava exausto. Meu coração estava endurecido dentro do peito.

Sentei-me na escada apoiando os braços nos joelhos. Minha cabeça parecia que ia explodir. Brandon, o cara que eu ajudei a salvar, o cara com quem eu convivi por meses, o cara em quem eu confiava, havia me traído. Traído a Rachel. Traído a todos. Brandon, o cara que eu havia acabado de matar com minhas próprias mãos.

Eu precisava sair dali. Precisava ir atrás da Kristin e da Rachel. Mas não tinha forças. Estava esgotado. Não conseguia parar de olhar para o corpo da Sally. Minha mente cruel me obrigava a imaginar todo o sofrimento que Brandon causara a Sally antes de matá-la. Fiquei imaginando também todas as monstruosidades que o Zeke estava fazendo com a Kristin e com a Rachel. Deixei aquelas imagens me sufocarem por alguns minutos, reunindo força e raiva.

Por fim levantei-me. Vasculhei todas as salas do teatro à procura das armas, mas só achei um revólver pequeno e uma pistola Taurus. Saí correndo do teatro com o revólver preso ao cinto e a pistola na mão. Corri pelas ruas desertas o mais rápido que consegui. Sabia que provavelmente o Zeke levaria as meninas para o Rage. Por mais que ele quisesse matar a Rachel, ele não faria isso em qualquer lugar. Depois que a Rachel me contara o que ele havia feito com a família dela, eu duvidada que ele fosse querer simplesmente matá-la.

Estava procurando um carro que me pudesse ser útil quando avistei uma mulher escorada em um poste. Suas duas pernas estava em posições estranhas que sugeriam que estavam quebradas. Cauteloso corri até ela. Mas não estava pronto para o que vi.

– Kristin! - exclamei assim que a reconheci. Ajoelhei-me ao seu lado.

– Dexter... - sua voz saiu tão baixa que mesmo naquele silêncio eu quase não a escutei. Ela estava nua, com o corpo coberto por diversos tipos de ferimentos, cortes, arranhões, queimaduras.

– O que aconteceu, Krist?

– Eles... estão... com... ela...

– Aonde eles estão?

– Rage.

– Tudo bem. - olhei frenético ao redor tentando organizar os pensamentos. - Vou arranjar um carro e em algum lugar por aqui dever ter roupas e medicamentos. Vou cuidar de você.

– Não... - protestou Kristin apática. - Vá... Rachel... precisa...

– Não posso te deixar aqui desse jeito.

– Me... mate... - contrapôs ela apontando para pistola na minha mão.

– O quê?! Não, não, sem chances. - disse veemente.

– Dexter... por favor... - implorou. Pela primeira vez eu vi a Kristin chorar. Meu coração apertou dentro do peito.

– Kristin, eu...

– ... me mata... por... favor...

Eu não podia deixá-la sofrer daquele jeito, mas não conseguia pensar em matá-la Estava tudo errado. Nada daquilo devia estar acontecendo. Nada. Ela continuava me olhando, suplicante. E mesmo sabendo que aquilo me assombraria para o resto da vida, cedi à ela.

– Eu sinto muito, Krist. - disse-lhe deixando algumas lágrimas escaparem. - Me perdoa.

– Está... tudo... bem. - ela tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu.

Com mais uma parte de mim se despedaçando, encostei a arma na têmpora esquerda dela e atirei. O tiro ecoou no ar, ressoando nos meus ossos. Fiquei ajoelhado ali por alguns segundos deixando as lágrimas e a dor fluírem. Depois limpei o rosto e levantei, voltando a correr pelas ruas silenciosas.

Luke, Jeremy, Sally, Brandon, Kristin. Pessoas com quem passei os últimos meses, com quem ri e chorei. Pessoas com as quais sobrevivi. E agora estavam mortos. Todos eles. E eu estava sozinho, destruído. O mundo ao meu redor parecia intacto se comparado a como eu estava por dentro.

Cada parte de mim desejava para. Só... parar. Parar de sofrer, arar de chorar, parar de amar, de me preocupar. Parar de correr, de fugir, de tentar. Parar de viver. A escuridão ameaçava me consumir por completo, levando minha sanidade e tudo que havia sobrado.

Mas por mais que eu quisesse parar, eu queria mais ainda encontrar a Rachel. Precisava encontrá-la. Ela era a única coisa que me mantinha de pé, vivo. Minha única luz no meio das trevas, meu último sopro de esperanças. Era a única capaz de não me deixar desistir de tudo.

Com isso em mente, empurrei minha dor bem para o fundo, me concentrando em ir atrás da Rachel. Eu a acharia e salvaria. E depois... Bem, não importa. Desde que ela estivesse comigo, depois tudo ficaria bem, de algum jeito.

Acabei achando um carro útil, afinal, um Ford Ranger azul escuro. Eu ainda tinha algumas horas de sol antes de anoitecer. Se chegasse ao Rage antes de ficar de noite seria ótimo, assim usaria a escuridão noturna para entrar e salvar a Rachel. Não era um plano muito bom, claro. Na verdade nem era um plano. Mas era tudo que eu tinha.

Acelerei o carro o máximo possível e rezei para que eu chegasse a tempo. Eu ainda não sabia como, mas, com certeza, mataria o desgraçado do Zeke. Com certeza.




"- Dexter. - Dana me chamou, tirando-me dos meus devaneios. Ela estava com os olhos marejados e imediatamente me preparei para o pior. - Mamãe morreu. - disse ela coma voz embargada. - Ela se matou."


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