Nossa Canção escrita por Day Marques


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Sem muitas delongas, esqueci de postar e foi isso.
Vamos "simbora" ler ♥



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— Sam, Sam! - Passo pela porta do hospital aos gritos.

— Estou aqui, o que houve?

— A Lyne, ela teve uma overdose. Corre, já faz um tempo que a encontrei afogada no próprio vômito, ajuda ela.

— Enfermeiros – Grita imediatamente e um enfermeiro traz uma maca e a deito nela.

— Levem-na para a sala 6, vamos fazer alguns exames. Bella, você vem comigo – A Gi senta na sala de espera e eu corro junto a eles em direção a sala.

— Bella, você sabe o que causou a overdose? Drogas, medicamentos, álcool?

— Não, eu sai a procura dela e já a encontrei assim.

— Recolheu um pouco do vômito para fazer exame?

— Desculpe – Encolho os ombros me sentindo inútil – Foi tudo tão rápido, eu nem sequer pensei nisso.

— Tudo bem. Fábio, vamos fazer uma lavagem estomacal nela, não temos nada para fazer exames e não quero arriscar – O enfermeiro saiu e logo uma enfermeira entra. Eles preparam os equipamentos e eu assisto tudo que está acontecendo naquele quarto. Em silêncio, peço a Deus que a ajude. Que ela não morra, porque eu mesma quero fazer isso. Não, perdão Senhor, apenas a salve.

 

Eles terminam o que estavam fazendo e o Sam tira suas luvas e vem até mim.

 

— Bella, você vai ter que esperar lá fora por uns instantes, eu já falo com você – Eu não quis discutir, apenas recolhi a carcaça que estava meu corpo e emocional e me juntei a Gi.

 

Passamos quase meia hora, sentadas, sem nenhuma notícia, até que vi meu amigo vindo até nós.

 

— Oi – Sorri solidário – Desculpe a demora, eu estava tentando desvendar o que teria acontecido com ela. Bom, pelo que posso dizer, acho que tudo foi causado por uso excessivo de álcool. A Lyne passou um pouco dos limites e acabou desmaiando e seu organismo continuou trabalhando por si só e expulsou o que o estava incomodando.

— Mas como ela está?

— Não se preocupe, apesar do susto, ela está bem. Daqui umas três horas, no máximo quatro, ela já vai poder ir para casa.

— Graças a Deus – Caiu sentada na cadeira de tanto alívio.

— Já ligou para seus pais?

— Não mesmo. Se minha mãe fica sabendo de uma dessas, é dessa vez que ela parte dessa para uma melhor – Faço o sinal da cruz – Eu mesma vou me encarregar de cuidar dela. Vou levá-la para minha casa e que Deus me ajude.

 

— Pega leve, senhorita - Deposita um beijo em meu rosto e se vai.

 

 

 

 

[…]

 

 

 

 

O elevador apita e saiu empurrando a cadeira de rodas com a Lyne sentada nela. A Gi teve que ir para casa, mas antes me fez jurar por milhões de vezes que eu ligaria se eu precisasse de algo.

 

A Lyne ainda está meio grogue pelo remédio, mas já está muito bem, obrigada. Estou sempre respirando muito fundo a cada vez que olho para sua cara, para não começar a espancá-la.

 

Quando termino de ajudá-la a sentar no sofá, meu celular toca.

 

— É a mamãe, nem um “piu” - Vou para a cozinha e atendo.

— Bella, filha, onde você está?

— Oi, mãe, estou aqui em casa. Tenho boas notícias: achei a Lyne…

— Mesmo? - Grita me interrompendo.

— Sim, ela estava na casa de umas amigas, acabou perdendo a noção do tempo – Oculto os detalhes – Mas, ela já está bem e pediu para passar a noite aqui em casa…

Não pedi, não— Ela resmunga da sala.

— A Lyne quer ficar com você? Bella, o que está acontecendo?

— Nada, ela só quis ficar, eu juro. Olha, fica tranquila, estamos bem, se preocupe apenas em fazer o jantar de Natal de amanhã, ok? O vovô e a vovó já chegaram? - Ela fica muda por um tempo e sei que ela está decidindo entre continuar me questionando ou engolir a história.

— Eles vão chegar lá para as 21:30, já ligaram avisando.

— Não vamos poder vê-los hoje, mas amanhã bem cedo estaremos ai.

— Bella…

— Mãe, só relaxe e tente fazer a melhor festa de Natal do mundo, está bem? - Bufa e suspira.

— Tudo bem… Por favor, tentem não se matar.

— Pode deixar, te amamos, até amanhã – Entro na sala e a Lyne me olha de braços cruzados e cara emburrada.

— Eu quero ir para casa – Resmunga.

— Pelo visto, já está bem melhor – Debocho – Aliás, direto para o banheiro que você está infectando meu sofá com seu odor horrível.

— Eu não quero tomar banho.

— Eu também não quero ter que fazer muitas coisas, Lyne, inclusive te matar. Mas, se você me obrigar, eu vou te afogar debaixo do chuveiro. Agora, tira essa roupa e vai direto para o banheiro – Entro no corredor para ir pegar uma toalha para ela – Isso não foi um pedido – Grito.

 

Pego a toalha no meu closet e vou para o banheiro, qual não é minha surpresa ao não encontrar a Lyne lá. Senhor, eu estou tentando! Respiro fundo e caminho até a sala.

 

— Você não escutou o que eu falei?

— Não quero tomar banho, não me sinto fedorenta. E, também, não consigo andar.

— Ah, é mesmo – Vou até ela e a pego pelo braço – Não seja por isso, deixa eu te dar uma mãozinha, irmãzinha – A puxo pelo braço e saiu a arrastando até o banheiro.

— Para, você está me machucando – Esperneia.

— E vou machucar muito mais se você não me obedecer – Esbravejo – Eu tentei, tentei mesmo ser boa com você. Contudo, você pede o meu pior. Então, tudo bem, você vai ter o meu pior. Ou você faz o que eu mando ou eu juro que vou te dar uma surra, garota. Você agora está sob os meus cuidados, eu mando aqui. Entendeu? - Seguro seu rosto com força, a forçando a me olhar.

— Você não pode me bater, não é a minha mãe.

— Me testa e você vai ver se eu posso ou não – Meu sangue já estava começando a ferver – Tira a roupa e entra nessa banheira. E lava esse cabelo imundo.

— Não! - Grita com lágrimas nos olhos.

— Tudo bem – Coloco minhas mãos em sua blusa e com um grande puxão, eu a rasgo.

— Bella – Grita, pondo a mão sobre seus seios. Não lhe dou mais ouvido, pego sua saia e a rasgo também. Tiro tudo que ela ainda tem no corpo e a forço a entrar na banheira.

— Para de gritar – Falo entre dentes – Você ainda não viu nada. Vamos fazer do jeito difícil, então.

 

 

Seguro sua cabeça e empurro para baixo, forçando seu mergulho na banheira para molhar seus cabelos. Ainda sobre seus protestos e tossidas, ponho shampoo em seu cabelo e o esfrego. Faço o mesmo com o seu corpo, dane-se se ela tem vergonha, nesse momento eu estou apenas me controlando para não descontar toda minha raiva nela.

 

A puxo para fora e a enrolo na toalha, a empurrando até o quarto e a jogo encima da cama.

 

— Agora – Falo ofegante – Veste essa roupa que está ai e Deus me ajude se você não estiver na cozinha em 5 minutos – Saiu batendo a porta.

 

 

Quando chego na cozinha, apoio-me no balcão e respiro fundo. Só agora me dou conta que meus olhos estão cheios d'água. Miro o teto e pisco várias vezes, não posso mostrar fraqueza agora. Cato algumas coisas comestíveis na geladeira e no armário e jogo encima do balcão.

 

Por incrível que pareça, a Lyne entra na cozinha e senta no banco em frente ao balcão.

 

— O que eu vou comer?

— O que estiver ai encima, não vou cozinhar nada.

— Estou sem fome – Fala.

— Vai mesmo começar com isso? - Ergo a sobrancelha. Ela suspira e pega o saco de pão de forma e começa a enchê-lo com o que vê pela frente. Acalmo-me um pouco e sento a sua frente.

 

Estou tremendo, minhas mãos estão suando frio, eu não gosto de agir assim. Só que, se eu deixar as coisas continuarem como estão, minha mãe vai acabar em um hospício ou pior, em um caixão.

 

 

 

— Lyne – Massageio minha testa – Pelo amor de Deus, o que você está fazendo?

— Comendo – Dá de ombros.

— Você sabe muito bem o que estou querendo dizer.

— Eu estou apenas vivendo, não está vendo? - É incrível, ela não tenta melhorar nem um minuto. Levanto em um sopapo e ela se encolhe quando passo por ela. Abro minha bolsa e puxo o boletim dela que imprimi pela internet.

— Você chama isso de viver? - Taco o boletim em sua cara. Lá se vai toda a minha calma e paciência.

— Quem te deu permissão de se meter na minha vida?

— Lyne, escuta bem, você ainda é menor de idade, não manda na merda do seu nariz. Você não é nada. Quem paga suas contas é a mamãe e o papai, são eles que te dão abrigo, comida, dinheiro. Eles que bancam suas saídas para se drogar e beber até morrer. Você não é nada! - Grito.

— E você também não. Não grita comigo, você não tem esse direito.

— Eu não sou nada? Garota, se enxerga. Não fui eu quem foi encontrada praticamente morta sobre um chão imundo, se afogando no próprio vômito. Você está viva, graças a mim. Aqueles pedaços de merda que você chama de amigos te deixaram lá para morrer, estavam ocupados demais ficando chapados e enchendo o cu de cana.

 

 

Perco a última linha de razão e jogo um copo contra a parede, fazendo voar cacos para todo lado.

 

 

 

— Você quer acabar com sua vida – Volto-me para ela – Ótimo, arrume um emprego, suma da vida dos meus pais e faça isso. Mas bem longe da minha mãe. Você não merece os pais que tem, Lyne. Sabe por que fui atrás de você? Porque a mamãe desistiu de você! Sabia que ela está tomando remédios para dormir, para nervos, por sua causa, desgraçada maldita? Acabar com sua vida, tudo bem, mas você está matando minha mãe aos poucos – Falo as palavras que uma vez já tinha lhe dito.

 

 

Ela se levanta com toda ira do mundo e tenta ir embora. Sou mais rápida e consigo me desvencilhar, a empurrando novamente sobre a cadeira.

 

 

— Senta ai, você não quer ser adulta? Então, senta essa bunda ai e aja como uma.

— Eu não preciso disso, não preciso ouvir essas merdas – Esbraveja agora tão alto quanto eu.

— Você vai fazer o que eu mandar, você está na minha casa.

— Não seja por isso – Levanta-se rapidamente e corre até a porta. Eu consigo alcançar seu braço e o puxo, a fazendo voltar na minha direção, voltando com a mesma intensidade que a puxei, desferindo um tapa em meu rosto.

 

Não consigo evitar, o sangue chega aos meus olhos e revido. Dou um outro tapa, com mais força ainda, a fazendo cair no chão. Com nenhum pouco de delicadeza, a levanto e a jogo no sofá. Tiro o cinto que segura minha calça e começo a bater nela. Eu bato, bato até não haver mais forças em meu braço. Ela se debate, tenta se levantar, mas sempre a empurro ao seu lugar. Até o momento que ela apenas se encolhe e espera eu sessar.

 

Cambaleio para trás, totalmente cansada e sem fôlego e a miro encolhida no sofá, chorando compulsivamente.

 

 

— Você está arruinando nossas vidas, não a sua. Por sua causa a mamãe está enlouquecendo, por sua causa o papai está tendo problemas e por sua causa, eu tive que voltar de Nova York para te procurar nos infernos. Você é uma mimada – Falava entre uma lufada de ar e outra – Você não sabe o que é viver, Lyne, não teve que passar por tudo que passei, por tudo que nossos pais passaram para nos dar uma boa vida. Você nasceu na época das “vacas gordas”. Sempre teve tudo, não teve que fazer esforço, trabalhar para ter uma calcinha nova. Tudo lhe foi dado de bandeja, nossos pais te mimaram demais e agora estão desesperados porque sabem que criaram um monstro. Monstro, é isso que você é. Só se importa com você mesma – Ela soluça e me encara.

 

— Não, nem com você mesma se importa, não se importa com ninguém. O que te falta, Lyne? O que os nossos pais fizeram de errado para você agir assim? Foi por falta de 1 dólar a mais na mesada? Um telefone novo que eles não te deram? Ou você é uma maldita estúpida que apenas quer viver na merda esperando alguém ter piedade de você? É isso que você quer, atenção? Eu estou farta, minha vida já está complicada demais para você vir e tentar bagunçar mais ainda. Eu não tenho filhos e nem quero me preocupar com os dos outros. Eu te odeio por tudo o que você está fazendo – Coloco a mão no coração e vejo a hora de eu ter um ataque cardíaco – Olha bem para mim – Ela me olha, mas logo vira o rosto, ainda chorando – Olha para mim!

 

 

Seguro-a pelos braços e a faço sentar e me encarar.

 

 

— Estou farta, já chega. A partir de hoje, eu vou ser o seu pior pesadelo. Você não vai mais ter vida, Lyne, porque eu vou transformá-la em um inferno. Eu vou monitorar até o ar que você respira, onde você menos esperar, eu vou estar lá, te observando, te fazendo tremer nas bases. Não era atenção que você queria? Parabéns, você agora tem toda ela – Ponho meus cabelos para trás e sento no sofá buscando por ar. A adrenalina era tão grande em meu corpo, que só agora me dou conta de que também estou chorando.

 

 

— Bella….

— Cala a boca, cala a boca. Olha bem o que você me fez fazer, Lyne. Eu não queria ter que chegar a esse ponto. Você pediu por isso, eu te odeio por me fazer me odiar por ter feito isso com você.

— Bella…

— Vai para o quarto, eu não quero mais te ver hoje. E se amanhã eu acordar e você não estiver aqui, eu desejaria a morte.

— Você está me assustando, você não pode…

— Não posso o quê? Não posso te bater? Fazer você virar gente? Veremos se eu não posso. Amanhã, depois do jantar, eu vou te matricular em outra escola. Uma pessoa vai te levar e te buscar na porta da escola, você vai estudar até suar sangue, não vai faltar nem mesmo quando estiver doente encima de uma cama. Você vai se arrepender do dia que tentou estragar a vida da minha família, Lyne. Anota o que eu estou te dizendo.

— Eu quero falar com a mamãe – Volta a chorar.

— Querer não é poder, meu bem. Agora, vai direto para a cama, não quero mais ouvir a sua voz.

 

 

Ela levanta lentamente e caminha até o quarto. Bate a porta com força e só o que escuto depois é o seu choro.

 

O que não demorou para eu fazer o mesmo. Eu estou nervosa, me sinto horrível por ter feito isso. Ela é minha irmã, eu a amo e não queria ter lhe batido desse jeito. Mas, Deus, ela merecia mais que isso. Merecia muito mais. Eu não posso deixá-la arruinar sua vida assim, a vida de meus pais.

 

Minhas mãos estão tremendo, esfrego-as uma na outra e vou até a cozinha beber um pouco de água. Logo tomo um banho relaxante e vou para a varanda do meu quarto. O vento que bate em meu rosto, faz, aos poucos, meu coração desacelerar, meu corpo relaxar e então eu me sentir eu mesma.

 

— Você ainda vai me agradecer por isso, Lyne. Eu sei que vai.


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Notas finais do capítulo

#SurraNaLyne finalmente aconteceu!!! Sinto pessoas aplaudindo de pé e vibrando por dentro hahahahahaha...
Eu achei que, por mais que não concorde em bater, a Bella chegou ao seu limite e agiu da forma correta. O que acharam?
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