So Far Away escrita por Taty Delicate


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eeei Jude (8)

Agradeço muito, de coração, àqueles que comentaram. Foi muito importante para mim. Agora, a história do nosso casal 20 começará a ser contada. O final é tããããão cute que chorei escrevendo também.

É nesse capítulo que contem a cena de estupro sendo narrada pela vítima. Quem não tem estomago forte, sugiro que pule essa parte. Não, Graças a Deus eu nunca fui estuprada. Escrevi me baseando no que sei pelos meios de comunicação, literaturas, filmes e séries. Por isso, peço desculpa se exagerei ou se peguei leve demais.

Comentem e enjoy it!



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POV Edward

(N/A: Os momentos durante a fic em que aparece um pedaço da música são os momentos em que o mendigo canta. Enquanto a fic passa, imaginem que o mendigo continua cantando e que todas as lembranças de Edward passam tão rápido que a música segue normalmente, sem pausas. Portanto, não é possível acompanhar a fic ouvindo a música, já que será uma shortfic e a música só tem um pouco mais que cinco minutos. Pra quem não conhece a música e deseja ouvi-la, ou quem quiser acompanhar o começo da fic com ela, enfim, esse é o link. Eu aconselho ouvi-la.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=A7ry4cx6HfY )

Never feared for anything

Never shamed but never free

A life to heal the broken heart with all that it could

(Nunca teve medo de nada. Nunca se envergonhou, mas nunca foi livre. Viveu para curar o coração partido com tudo que pode)

Lembranças vieram a minha mente e tudo passou como um jato. Há muitos anos atrás, eu a encontrei em um beco sem saída de Forks. Como policial iniciante, eu era obrigado a fazer as rondas em horários que eu considerava inúteis e que os veteranos não queriam fazer, como de madrugada, por exemplo. Um dia, ao passar por um beco escuro, vi um corpo caído no chão e rapidamente saí do carro.

Era uma mulher e estava desacordada. Sua pulsação estava fraca e ela estava em um estado deplorável. Haviam arranhões e machucados por todo seu corpo, suas roupas estavam rasgadas e não havia nenhum pertence com ela. Seu corpo estava sujo, seu cabelo bagunçado estava por todo seu rosto, mas mesmo assim via-se a palidez de sua pele. Aquela mulher fora simplesmente abandonada para morrer.

Só a reconheci depois que a vi deitada na cama do hospital, semanas depois de ter saído da UTI. Era Isabella Swan, filha de Charlie Swan, meu chefe. Enquanto a mulher estava sendo levada para o hospital, eu liguei para Charlie que não atendeu. Era seu dia de folga e por isso, ninguém havia visto ele na delegacia. Pedi ao meu colega que fosse com a viatura até sua casa e o levasse ao hospital, enquanto eu me responsabilizava pela moça e esperava a ambulância.

Chegamos ao hospital e tratei da papelada necessária enquanto Isabella era atendida. Fiquei em choque ao receber a ligação de meu parceiro minutos depois dizendo que Charlie havia sido assassinado em casa e segundo testemunhas, Isabella estava com ele no momento do crime.

Meu parceiro havia dito que a casa estava em estado deplorável. Sinais de luta por toda parte, sangue e mais sangue em todo lugar. Eu me perguntava por que raios nenhum vizinho ligou para policia ou algo assim, já que parecia que Charlie e Isabella haviam vivido e feito o inferno dentro da própria casa. Minha pergunta foi respondida ao chegar à delegacia e encontrar entre as provas do crime dois silenciadores.

No hospital, exames confirmaram o que eu mais temia: Isabella havia sido brutalmente estuprada e abandonada para morrer. Provavelmente, ela estava no lugar errado na hora errada. Os médicos disseram que se eu tivesse demorado mais meia hora para encontrá-la, ela não estaria respirando para contar a história. Eles disseram também que seu sistema reprodutor inteiro estava quase destruído e que diversas cirurgias tiveram que ser feitas, principalmente de reconstrução. Seria quase impossível ela gerar filhos e isso me quebrou por dentro.

Meu sangue ferveu na hora e jurei me vingar de cada maldito ser humano que estivesse envolvido nisso. Eu não sabia o que fazer a partir dali. Segundo investigações, Isabella só tinha o pai como parente mais próximo, já que sua mãe havia falecido no parto dela e que não foram encontrados vestígios de mais ninguém. Tomei partido das coisas e decidi que ela seria minha responsabilidade até superar o trauma e estabilizar sua vida. Isso se um dia ela superasse.

Lived a life so endlessly

Saw beyond what others see

(Viveu uma vida tão interminável. Viu além do que os outros veem)

Foi um inferno na Terra.

Isabella, depois que saiu do hospital, não falava absolutamente nada. Ela não confiava em ninguém e com muita relutância consegui levá-la para o pequeno apartamento em que eu vivia. Minha família se enterneceu pelo caso e acolheu Isabella como uma filha, mas ela ainda se recusava a ver ou falar com alguém. Ela acenava quando lhe faziam uma pergunta e apenas depois de cinco meses do ocorrido, evoluímos para um sim e não quando eu lhe perguntava algo.

Enquanto eu não saísse de casa, Isabella não tomava banho, não comia, não saia do quarto. Nos primeiros meses, ela chorava quase o dia todo e mal dormia a noite. Eu sempre era acordado com seus gritos de pavor pelos horríveis pesadelos que ela tinha. Seus gritos eram de cortar o coração e nas primeiras semanas, meus vizinhos vinham em minha casa achando que eu estava fazendo algo com a pobre moça. Todos na cidade sabiam o que havia acontecido, mas mesmo assim tive que reunir o prédio todo e avisar que ela gritava pelos pesadelos e não por que eu fazia algo com ela.

Nas poucas vezes que eu a via, sua pele estava sempre vermelha e eu sabia que isso era ela tentando tirar a podridão que ela achava que estava estagnado em sua pele. Ela emagreceu consideravelmente e por diversas vezes, Esme, minha mãe, brigava comigo dizendo que eu não estava alimentando a menina direito. Depois de cinco meses, Alice, melhor amiga de Bella, era a única que a menina deixava entrar no quarto e conversar com ela. De inicio, a baixinha dizia que era para eu ter paciência com ela e que ela só precisava de tempo para confiar em mim.

E eu tive paciência com ela.

Eu fazia a comida, saia quando eu sabia que ela queria tomar banho, tentava fazer piadas e criar um laço de amizade com a menina. Por um ano inteiro ela se manteve irredutível. Até que um dia, ela me pedira para levá-la a casa dela onde tudo tinha acontecido. A casa estava no nome dela e minha família tratou de manter todas as contas em dia para que Bella não perdesse sua única herança.

Fiquei em choque por um tempo, já que eu nunca tinha ouvido a voz dela. O sim e o não que ela me dizia de vez em quando eram baixos e finos, então eu não fazia ideia de que ela pudesse ter uma voz tão melodiosa, doce e suave. Perguntei a ela se tinha certeza e ela afirmou com a cabeça. Levei Bella até lá e ficamos pelo menos dez minutos na calçada enquanto ela encarava a casa.

Depois, quando finalmente entramos, encontramos a casa em perfeito estado. Ela estava inabitável, mas estava organizada. Eu havia voltado lá diversas vezes enquanto estava suja e depois quando estava limpa, então não foi uma surpresa muito grande. Entretanto, para Bella foi uma grande surpresa. Ela andava cautelosamente por todo lugar e quando chegou à cozinha, lugar onde meu parceiro tinha dito ter encontrado Charlie morto, Bella caiu de joelhos e começou a chorar. Ela urrava de dor e seu choro sofrido me trouxe lágrimas aos olhos.

De repente, ela se levantou e correu para os meus braços. Eu a abracei ternamente e acariciei seu cabelo, mas me mantive em silêncio. Dizer que ficaria tudo bem era uma coisa que, como policial, eu aprendi que só piorava a situação. Bella molhou minha farda inteira, mas não me importei. Só o fato de estar tocando-a pela primeira vez, saber que ela estava confiando em mim para confortá-la, ter me pedido para levá-la na casa já havia deixado meu coração explodindo de alegria.

Tudo isso em fez ter esperança que um dia Bella superaria tudo aquilo. Que um dia ela voltaria a falar normalmente, a sorrir, a brincar, a ser a adolescente de 18 anos que ela deveria ser. E no final, eu seria o responsável por tudo isso e esse fato fez todo meu corpo exultar de alegria, por que o ano que eu havia passado com ela me fez ver que ela não era nada mais que uma menina traumatizada. Uma linda menina traumatizada. E eu não estava acreditando que estava começando a nutrir algo por ela.

Depois de ela ter chorado tudo que tinha que chorar, eu vi um olhar de determinação em seu lindo e sofrido rosto. Eu sabia que dali pra frente as coisas iriam mudar.

— Obrigado, Edward. Obrigado por tudo que você tem feito por mim. Toda a paciência, o cuidado... Cristo! Você saia de sua própria casa apenas para uma esquisita como eu tomar banho. Não há palavras para descrever o quão grata eu sou a você e sei que nunca poderei recompensá-lo.

Levantei minha mão para acariciar seu rosto, mas percebi o medo em seu olhar e por isso, parei no meio do caminho. Vendo meu possível olhar triste, Bella suspirou, pegou em minha mão e colocou em seu rosto. Um choque perpassou por meu corpo ao sentir sua pele macia e úmida pelas lágrimas. Fiz um pequeno carinho ali e disse:

— Isso não é nada, Bella. Espero que um dia você supere tudo isso e me deixe te ajudar verdadeiramente.

Mais lágrimas verteram de seus olhos e eu a abracei novamente.

— Eu estava no meu quarto falando com Alice. Era noite e meu pai decidiu pedir uma pizza por que eu disse que não poderia cozinhar, uma vez que tinha muitas tarefas de casa.

Um arrepio de excitação tomou conta do meu ser ao perceber que depois de batalhar um ano inteiro, Bella finalmente me contaria o que tinha acontecido com ela. Ela confiava em mim, ou pelo menos estava começando a confiar. Apertei-a mais fortemente em meus braços e ela suspirou. Logo, ela me puxou para o sofá que havia na sala e se sentou em minha frente. Bella remexia suas mãos, as contorcendo como se estivesse nervosa. Eu tentava esconder minha curiosidade e minha ansiedade em saber que ela me contaria tudo, mas estava difícil.

Isabella suspirou e continuou a contar:

— Me despedi de Alice e fui ao banheiro, já que eu estava com vontade de fazer xixi – corou e tive que sorrir, mas logo quando ela levantou os olhos, tentei disfarçar – Ouvi um barulho estranho e decidi descer para ver o que estava acontecendo. A pior decisão que já tomei em toda minha vida foi ter gritado por meu pai. Se eu não tivesse gritado seu nome a fim de saber o que estava acontecendo, eles nem saberiam que eu estava lá.

Lágrimas começaram a cair por seu rosto e tive que me segurar firmemente para não ir até ela e abraçá-la novamente, sentir seu cheiro de morango enquanto eu acariciava seu cabelo tão macio e suave.

— Quando cheguei ao ultimo degrau, quis gritar, mas alguém chegou por trás e tampou minha boca. Meu pai estava sentado em uma cadeira, amarrado e amordaçado, seu corpo estava sangrando e faltavam... faltavam alguns dedos em suas mãos. Sua boca sangrava e eu via que tinha vários instrumentos em cima de uma cadeira próxima a ele e nela haviam... haviam dentes com muito, muito sangue e....

Não resisti e fui até ela. Tão frágil, tão delicada, tão inocente tendo que reviver toda aquela cena. Abracei-a e ela chorou mais um pouco em meu peito. Acariciei seus cabelos como eu queria e senti meu peito apertado, um bolo subindo por minha garganta e lágrimas vindo aos meus olhos. Ficamos alguns minutos daquele jeito até que ela voltou a falar:

— Eles tiraram a mordaça da boca dele e consegui ouvir meu pai balbuciando meu nome. Eles diziam coisas horríveis sobre alguma vingança, que meu pai não deveria ter matado um tal de cascão e coisas assim. Eu chorava e tentava gritar, espernear, mas o homem que me segurava era forte. Quando o cara que falava com meu pai se aproximou de mim, meu pai começou a se balançar na cadeira e eu soube que eles iriam me fazer mal. Eles iriam me fazer mal, Eddie... eles iriam...

O relato de Bella estava tão emocionante que não consegui segurar as lágrimas. Eu era um policial e tinha boa resistência a coisas assim, mas depois de conviver com Bella, ver seu estado deplorável durante um ano inteiro, me sensibilizei de tal forma que não resisti. Choramos por algum tempo e até que ela continuou:

— O homem que me segurava começou a dizer coisas depravadas em meu ouvido e acabei vomitando em sua mão. O homem que falava da vingança deu um tapa em meu rosto me derrubando no chão. Depois começou a me chutar enquanto o outro reclamava que eu tinha vomitado nele, me chamando de vadia. O homem que me batia chamou outro e em seguida, havia três pares de mãos rasgando minhas roupas, me batendo e me xingando. Eu gritava e gritava, até um me amordaçou. Já não enxergava muita coisa por causa de minhas lágrimas e não vi a ação direito.

— Bella, se não quiser contar, eu...

— Não, Eddie... Eu nunca contei isso a ninguém, nem a Alice. Eu quero confiar em você e contar isso é a maior prova de confiança que eu poderia te dar. Depois de tudo que você fez por mim, é o mínimo que eu posso fazer.

Eu ainda não tinha conseguido parar de chorar, por isso apenas continuei apertando-a em meus braços e acariciando seu cabelo.

— Eu vi quando eles pegaram um bastão de basebol e quase desmaiei de pânico. Antes que eu caísse na inconsciência, alguém bateu em meu rosto e me manteve acordada o tempo todo. Era só dor, Edward. Só dor. Eu nunca tinha sentido tanta dor em minha vida. E o pior de tudo era que eu era virgem. Eu estava me guardando para o dia que eu encontrasse o cara certo e me casasse com ele, já que fui criada na igreja católica e eu amava demais minha religião e mais ainda os mandamentos de Deus quanto à castidade. Eu era só uma menina, Eddie... só uma menina...

— Shhhhh... está tudo bem, está tudo bem. Eu estou aqui, não vou deixar ninguém te machucar... nunca mais.

Bella se apertou mais em meus braços e chorou junto comigo. Meus olhos pareciam duas cachoeiras e não parecia que um dia eu conseguiria parar de chorar.

— Teve uma hora que um deles disse que era para colocar pregos no taco só pra vingar o fato de eu ter vomitado em um tal de Bonnie. Me desesperei mais ainda. Eu sabia que já estava sangrando e a dor era tanta, que quase me perdi em meu torpor. Acho que o tal de Bonnie riu e disse que tinha uma vingança melhor. Foi nessa hora que eu ouvi o barulho de calça sendo aberta e tentei me remexer desesperada. Eu me perguntava onde estava meu Deus, onde estavam meus vizinhos, por que meu pai não se libertava e me salvava... Cristo! Meu pai assistiu tudo, Edward... tudo...

Eu não sabia se ficava com raiva ou se ficava triste por Bella. Eu entendia que Charlie já estava debilitado e não conseguia se soltar, mas para Bella não conseguir assimilar a situação deveria estar muito mal mesmo. Eu estava feliz por ter perdido seis meses de minha vida a procura dos desgraçados que tinha feito isso com Isabella e o chefe Swan e minha vingança foi fria, foi violenta e teve até alguns policiais que me ajudaram. Ninguém teve a ousadia de me impedir, já que todos gostavam do chefe Swan. Ele era o chefe que todos pediam a Deus e idolatrávamos aquele cara.

Cada policial teve seu momento para se vingar dos bandidos e eu fechei com chave de ouro, mas ouvindo as atrocidades que eles fizeram com Bella, minha raiva subiu várias oitavas e tudo que eu queria era voltar no tempo e matá-los de novo, e de novo e de novo.

Nunca parecia ser suficiente.

— Vomitei de novo, Edward. Não aguentei. O pouco que vi me fez acreditar que eu morreria ali mesmo. Foram cinco homens... Eu senti seus membros nojentos em mim e chegou uma hora que a dor era tanta que eu nem a sentia mais. Eles me penetraram na frente, me penetraram atrás, e na frente de novo... todos os cinco homens se satisfizeram de mim até enjoarem. Depois, um deles falou alguma coisa que eu não consegui entender e vi um tiro atingindo a cabeça do meu pai. Eu não conseguia assimilar muita coisa, meu corpo todo doía. Depois disso, tudo que me lembro é de estar em uma ambulância com você.

Meu Deus! Era bem pior do que eu imaginava.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?

Comentem e até segunda que vem, às 7:30 da manhã :)