As Regras do Amor escrita por Suy


Capítulo 3
Capítulo 3 - Perfeitamente imperfeitos.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas!!!!!!!

Muito obrigada pelos votos de confiança em mim, várias leitoras antigas minhas estão acompanhando agora RDA por acreditarem na minha capacidade. Já ganhei até um recomendação LINDA da Melyssa/Vic que eu amei muito!

Beijos e espero que gostem!

Ps: Estou tendo problemas para responder os comentários, ficam dando erro então desculpem as quem eu não consegui responder :/



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Eram 7h30min da manhã, Abbie já estava acordada desde cedo. Geralmente, ela acordava com ligações de Dom a intimando a ir malhar com ele, porém, hoje não havia nenhuma chamada em seu celular, o que significava que Dom teve companhia na noite anterior e essa era a deixa de Abbie. Ela colocou uma calça branca, blusa rosa e blazer branco, prendeu seus cabelos em um rabo de cavalo e quando terminou de se maquiar, guardou suas coisas em sua bolsa e saiu em direção onde Dom morava.

Os dois eram muito diferentes, Abbie morava em um pequeno apartamento, que era muito bem decorado e arrumado. Com várias flores, quadros de gosto pessoal e paredes com tons alegres que ela havia escolhido pessoalmente. Ela poderia morar em um apartamento maior do mesmo condomínio, como Dom queria, mas ela preferiu o seu simples e pequeno cantinho.

“Eu moro sozinha Dom, por que eu iria querer um enorme apartamento de luxo se ele iria viver vazio? Já aqui, tem espaço para tudo que eu preciso. Para quê mais?” Assim ela convenceu Dom de que aquele apartamento era o melhor para ela.

Ela se identificou com ele logo de cara, se sentiu realmente em casa e depois de adicionar seus toques pessoais, ficou perfeito aos seus olhos. Era só colocar os pés lá que você conseguiria decifrar a personalidade dela. Simples, alegre, divertida... E os inúmeros livros distribuídos pelas estantes, denunciavam o quanto ela gostava de ler e estudar.

Dom, por sua vez, morava na cobertura de um hotel que ficava exatamente do outro lado da rua do condomínio de Abbie. Era um local enorme, todo em branco. As poucas fotos que tinham eram de Dom com seus pais ou com Abbie e mesmo assim, nem havia sido ele que tinha colocado ali, sua mãe que gostava de aprontar dessas. Ele não ligava para essas coisas muito pessoais, mas também não se importava com a presença das fotos, afinal não eram nada demais, ele apenas nunca teria essa atitude de decorar o lugar onde ele morava, por que não era dele. A “casa” de Dom não passava de uma suíte de hotel bem cara, sequer era dele, mas ele gostava da ideia de poder sair dali a hora que quisesse sem ter que dar satisfações. Porém ele nunca pensou realmente em se mudar. Se mudar dali significaria ter que ficar mais longe de Abbie e aquele era o único hotel que ele julgava bom o suficiente e ele não estava disposto a comprar um apartamento, era um passo muito sério para ele.

Abbie atravessou a rua, passando pela recepção do hotel e cumprimentado a todos, como sempre fazia. Ela entrou no elevador, apertou o botão que dava direto para a cobertura e esperou até as portas abrirem novamente e bufou de frustração quando viu a bagunça que a sala de Dom estava. Roupas e sapatos por todos os lados apenas confirmavam o que ela já sabia, tinha uma companhia feminina ali. Ela começou a tentar por alguma ordem ali, separando as roupas que eram de Dom e as roupas que eram da desconhecida, depois, colocou as roupas de Dom no cesto de roupas sujas e deixou as da moça em cima do sofá, junto com o resto dos seus pertences e enquanto aguardava Dom, colocou um pouco de suco de laranja em um copo e ligou o notebook aproveitando para ler a defesa do caso em que ela estava trabalhando.

“Com licença?” A morena alta, esbelta e nua, enrolada em um lençol disse próxima a Abbie, ela por sua vez, olhou para a moça rapidamente e voltou sua atenção ao notebook.

“Suas roupas estão dobradas aí no sofá, junto com os seus pertences. Tem um banheiro ao fim do corredor, sua terceira porta a direita, fique a vontade.” Ela repetiu o mesmo discurso das outras vezes.

“Onde o Landon está? Ele não estava na cama, quando acordei.” Ironicamente, era a mesma coisa que todas diziam e Abbie revirou os olhos mediante aquela situação repetitiva.

“Ele nunca está.” Abbie fechou o notebook, olhando diretamente para a mulher semi nua em sua frente.

“E quem é você mesmo?”

“Isso realmente não é da sua conta.” Abbie respondeu. Ela não costumava tratar as pessoas tão rudemente, pelo contrário, era sempre muito cordial, mas não tinha a menor paciência com os casinhos de Dom.

“Ah... Entendi. É a empregada.” A mulher riu com desdém e Abbie se levantou.

“Na verdade, advogada.” Ela cruzou os braços. “E braço direito e esquerdo do Landon.”

“Resumindo, é empregada dele.” Abbie sentiu seu sangue ferver ao ouvir aquilo, mas respirou fundo, mantendo a sua calma.

“Interprete como quiser. Mas sabe qual uma das principais funções por aqui?”

“Limpar o chão dele?” A mulher falou com sarcasmo.

“Não...” Abbie a olhou de cima a baixo. “Colocar o lixo pra fora.” Ela sorriu docemente e saiu em direção as escadas. “A propósito, o Landon odeia visitas aqui. Se não quiser conhecer o quão rude e grosseiro ele consegue ser, se troque e saia logo.” Ela olhou para trás, vendo que a mulher ainda a olhava chocada. “E eu queria muito poder te dizer que ele vai te ligar de novo, mas a verdade é que ele não vai.” Abbie piscou e terminou de fazer seu caminho até o quarto de Dom.

Ao entrar e fechar a porta, ela sentiu uma enorme vontade de descer e esganar aquela criatura, mas ao observar o quão bagunçado o quarto de Dom estava, ela achou melhor manter sua classe e tentar organizar as coisas por ali, como sempre fazia.

“Oi, bom dia, é a Abbie...” Ela falou ao celular com a moça da recepção.

“Bom dia Abbie, em que posso ajudar?”

“Pode pedir para Gretta subir aqui agora?”

“Claro, vou avisá-la.”

“Obrigada!” Abbie agradeceu e desligou o celular, entrando no armário de Dom para separar uma roupa para ele.

Alguns minutos depois, ela ouviu alguém batendo na porta e Gretta entrou com seu uniforme de sempre e sorrindo docemente para Abbie.

Gretta era uma mulher com seus quase 50 anos de idade, ela que cuidava da limpeza da cobertura que Dom morava desde que ele se mudou para lá. Era uma mulher muito amável, ela e Abbie se davam muito bem.

“Noite animada pro nosso Landon...” Gretta falou rindo observando a bagunça do quarto.

“Dá pra acreditar? Não sei como é possível fazer tanta bagunça assim em apenas uma noite de sexo.” Abbie disse com diversão.

“A propósito, acho que esbarrei na doce acompanhante dele. Que moça simpática.” Gretta falou ironicamente, fazendo Abbie gargalhar.

“Nem me fale...” Abbie começou a fazer o caminho de volta para o armário. “Só dá uma ajeitadinha básica mesmo, Gretta. Só trocar a roupa de cama e tirar o lixo, depois a gente combina pra fazer uma limpeza geral aqui, faz tempo que não fazemos.”

“Sem problemas!” Gretta começou a arrumar o quarto enquanto Abbie voltou a separar a roupa que Dom usaria.

Quando já estava com a roupa separada, seu celular tocou e era Kelly, secretária de Abbie, para tratar de um problema com o pessoal da contabilidade. Abbie era, basicamente, a faz tudo. Ela ficava responsável por todos os setores da empresa junto de Dom e todos a viam como a chefe, mesmo sem ela se sentir assim. Uma prova disso era a recusa que ela tinha que a chamassem por Srta. Thomas, ela sempre dizia que para todos era apenas Abbie, da mesma forma, Dom só gostava que o chamassem de Landon ou Dom, mas as únicas pessoas que tinham o hábito de lhe chamar de Dom eram Abbie e Nick.

Nick era um jovem bonito, alto e dono de uma concessionária de carros em Miami. Eles tinham ficado amigos quando Dom resolveu, por fim, que estar ali era uma condição permanente e então, ele precisaria parar de alugar carros e ter o seu. Abbie sequer cogitou a ideia de ter um carro para ela, já que a ‘Síndrome do volante’, como Dom chamava, não permitia que ela conseguisse dirigir, o que o fez contratar um motorista particular para ela, resolvendo esse problema.

“Olha é bem simples na verdade, o sistema faz todo o trabalho você só precisa alimentá-lo, mas faça o seguinte, daqui a pouco eu estou indo para aí, vamos fazer juntas aí você já aproveita para tirar as dúvidas que tiver.” Abbie falou tranquilamente.

“Assim é melhor Abbie, muito obrigada!” Kelly disse.

“Imagina, não por isso. Já já nos vemos.”

“Certo Abbie, até já já!” Kelly desligou o celular e Abbie voltou para o quarto, que já estava arrumado, com a roupa que havia escolhido para Dom.

“O que acha Gretta...” Abbie segurou uma gravata azul escuro e uma cinza. “Qual das duas?”

“A azul, com toda certa... Vai ressaltar ainda mais aqueles olhos lindos...” Gretta falou a fazendo rir.

“Seu marido iria amar ouvir os seus comentários sobre os olhos do Dom.” Ela colocou a gravata em cima da roupa dele.

“Se ele quisesse ouvir elogios, deveria ter nascido com olhos tão lindos como os de Landon.” Gretta pegou o saco de lixo de saiu em direção a porta.

“Você não existe Gretta!” Abbie falou ainda rindo.

Poucos instantes depois, Dom entrou no quarto com roupas de corrida e todo suado.

“Acabei de esbarrar com Gretta ali em baixo...” Ele disse colocando seu ipod em cima da mesa, próximo a cama e deu um beijo no rosto de Abbie. “Já desovou o corpo?” Abbie sentiu a raiva voltar ao se lembrar do pequeno diálogo com a amiguinha de Dom.

“Sim e que pessoa educada e adorável. Aliás, como todas as outras.” Abbie falou sarcasticamente e Dom a olhou com diversão.

“Quanto bom humor!” Ele riu. “O que aconteceu?”

“Aconteceu que sua amiga me chamou de sua empregada.”

“E daí? Abbie, ser empregada é um emprego muito digno...” Ele passou por Abbie, tirando a camisa e jogando no chão.

“Eu concordo, é um emprego realmente muito digno.” Ela juntou a blusa. “Mas quando se passa cinco anos na faculdade de direito e mais dois anos fazendo especialização, a gente não gosta muito de ser chamada de empregada.”

“Aquela louca é uma sem noção Abbie, ela já estava na minha lista negra e depois de ter te destratado, agora mesmo que é carta fora do baralho. Resolvido o problema?”

“Não... Ia resolver o problema se você mudasse um pouco os seus gostos e fosse mais refinado e menos óbvio. Francamente, por pra fora vadias altas, gostosas, com peitos falsos e burras, está ficando repetitivo.”

“Eu sou tão óbvio assim?” Dom falou debochando.

“Parei de contar depois da vigésima, isso aconteceu ainda no nosso primeiro ano em Miami.”

“Já falei que odeio essa sua memória perfeitamente irritante?”

“Sim. 102 vezes, 103 com essa.” Abbie falou ainda séria e Dom percebeu que o que quer que tivesse acontecido ali mais cedo, tinha a chateado realmente.

“Olha, você tem que parar de dar ouvidos para o que falam.” Ele se aproximou, ficando de frente para Abbie. “Você antes de ser uma excelente profissional, é a minha melhor amiga. A única pessoa com quem eu posso ser eu mesmo o tempo todo e a única que está ao meu lado sempre, além de ser a melhor advogada desse país.”

“Tá tentando me comprar com elogios?” Abbie cerrou os olhos.

“Depende... Está funcionando?”

“Um pouco.” Abbie deu de ombros e Dom riu.

“O que é aquilo?” Ele olhou para sua cama e andou até ela, pegando a gravata que Abbie havia escolhido.

“Se chama gravata. É um acessório muito elegante, usado por homens de negócios importantes.”

“Sim e o que isso está fazendo aqui?”

“Eu separei pra você ué!”

“Eu não uso gravatas Abbie, você sabe que eu não gosto... Apertam, me sufocam e me irritam.”

“A gente tem um almoço importante hoje, o que custa usar a gravata?”

“Custa muito! Aliás, eu deveria escolher minha roupa, por que eu não escolho minha roupa?” Dom falou indignado.

“Porque você é preguiçoso demais pra escolher uma roupa e se eu deixasse, você ia trabalhar de moletom e tênis.” Abbie pôs as mãos na cintura, Dom até tentou pensar em algo para argumentar, mas nada veio em sua mente.

“Ok, você tem razão. Mas eu não vou usar essa gravata.” Ele a jogou de volta na cama.

“Ah, vai sim...”

“Abbie, não vou e ponto final!” Ele cruzou os braços, decidido.

...

Já era hora do almoço, Abbie e Dom esperavam sentados a mesa do Goulever’s, o restaurante em que eles comeram juntos pela primeira vez e que era o preferido dos dois. Enquanto Abbie mexia no celular, tentando responder o máximo de e-mails que conseguisse, Dom estava emburrado graças ao acessório amarrado em seu pescoço.

“Dá próxima vez me dá uma coleira logo, deve ser mais confortável que essa gravata...” Ele bufou tentando a afrouxar mais.

“Não me dê ideias...” Abbie disse sem tirar os olhos do celular.

“Com licença, desculpem o atraso.” Um homem falou ao se aproximar da mesa.

“Sem problemas...” Dom ficou de pé cumprimentando o rapaz e quando Abbie enfim desviou os olhos do seu celular para o homem em sua frente, ficou completamente chocada com a beleza dele.

Caleb Lenox era dono de uma rede de condomínios espalhados por todo o país, ele havia marcado uma reunião com Abbie e Dom, apenas uns dias atrás. Era um homem alto, loiro, olhos verdes e um sorriso que Abbie julgou ser o sorriso perfeito.

“Você é o Sr. Hunter, não é?” Ele perguntou para Dom que olhou para trás e depois de volta para Caleb.

“Desculpe, não sabia que meu pai estava aqui.” Dom falou e Caleb riu entendendo que Dom não gostava de ser chamado pelo sobrenome. “É Landon e Abigail.” Ele falou o mais cordialmente que conseguiu, mas simpatia e cordialidade eram competências que só Abbie tinha, em sua opinião.

“Prazer Landon.” Caleb falou e depois estendeu a mão para Abbie, que a apertou também. “Abigail.”

“Por favor, só Abbie, se não se importar.” Ela sorriu e Caleb sorriu mais abertamente.

“De forma alguma...” Ele falou olhando Abbie de cima a baixo.

“Então, vamos sentar!” Dom interrompeu o momento percebendo o interesse nos olhos de Caleb por Abbie. Eles dois por sua vez, apenas assentiram e sentaram de volta.

“Bom, sendo bem direto, eu ouvi falar da sua empresa Landon, graças a uma amiga que trabalhou com um dos seus advogados.” Caleb começou a falar. “Ela ficou muito contente com o serviço que recebeu, disse que em todos os anos tendo passado por vários processos trabalhistas diferentes, nunca tinha visto uma defesa tão sólida e bem estruturada.”

“Acho que falo por mim e por Abbie quando digo que ficamos muito satisfeitos em ouvir isso, só trabalhamos com os melhores.” Dom disse e Caleb concordou sério.

“Todos os nossos funcionários são altamente capacitados e instruídos a oferecer um atendimento diferenciado.” Abbie complementou e Caleb sorriu para ela.

“Gostariam de fazer os pedidos agora?” O garçom se aproximou e todos concordaram. “Vão pedir o de sempre?” Ele perguntou para Dom e Abbie.

“Sim, salada de frango com molho rosê, por favor.” Abbie pediu.

“E costelas com arroz à grega para mim.” Dom falou e o garçom olhou para Caleb, que tentou procurar algo de interessante no cardápio rapidamente.

“Alguma sugestão?” Ele olhou para Abbie.

“O risoto de camarão é maravilhoso.” Ela sorriu e ele olhou para o garçom.

“Risoto de camarão então.” Caleb falou. “E uma garrafa de vinho branco, o melhor que você tiver.”

“Claro senhor.” O garçom assentiu e olhou para Abbie. “Água com gás e gelo?”

“Sim, por favor.” Abbie falou e ele saiu.

“Não vai nos acompanhar com o vinho?” Caleb a perguntou.

“Ela não bebe.” Antes que Abbie pudesse responder, Dom respondeu por ela.

“Não bebe?” Caleb continuou sem tirar os olhos de Abbie, que estava adorando ver o seu interesse por ela.

“Não, eu gosto de estar sempre sóbria.” Ela o respondeu.

“Uma raridade hoje em dia...” Caleb falou. “E uma ótima qualidade, se me permite a ousadia.”

“Podemos nos focar no assunto principal desse almoço?” Dom perguntou impaciente e Abbie o fuzilou com os olhos.

“Claro.” Caleb disse com a mandíbula cerrada. “Eu quero contratar a equipe de vocês para cuidar do setor jurídico da minha empresa.”

“Você quer dizer terceirizar nosso serviço?” Abbie perguntou e ele concordou.

“Eu venho tido todo o tipo de problema e dor de cabeça que se pode ter com isso, não encontro funcionários que se disponham a realmente trabalhar em prol da minha empresa. Depois de ouvir muitos elogios sobre vocês, quero saber se os interessam.” Caleb terminou de explicar e Abbie e Dom se olharam.

“Qual a proposta oficial?” Dom o perguntou.

“Um contrato de um ano, podemos negociar o valor e com direito a todos os benefícios que minha empresa oferece.”

Os três começaram a fazer negociações e mais negociações... Abbie impôs que o contrato fosse renovável a cada três meses. Ela sabia o quão comprometedor poderia ser ficar preso durante um ano a uma empresa privada, embora os benefícios oferecidos por Caleb valessem a pena, ainda assim, não era bom correr o risco.

O garçom voltou com seus pratos e Dom e Abbie começaram o seu ritual de sempre. Eles sempre trocavam de prato e enquanto Abbie separava as azeitonas do prato de Dom para ela comer, ele separava o milho da sua salada para que ele pudesse comer. Dom odiava azeitonas, já Abbie odiava milho, então funcionava para os dois.

“Milho...” Abbie disse quando pegou seu prato de volta e encontrou um milho perdido em meio ás folhas da sala. Dom o pegou com o garfo e o comeu, enquanto Caleb apenas observava os dois.

De sobremesa, os dois também pediram o de sempre. Dom a torta de chocolate e Abbie a torta de morango. Dom pegou o morango de cima da torta de Abbie e ela pegou o pedaço de chocolate meio amargo que estava em cima da torta de Dom.

Quando, por fim, ficou parcialmente decidido os termos da negociação e os três haviam acabado de almoçar, eles se dirigiram até a porta e o carro de Dom, um conversível prata, estava ao seu aguardo. Abbie estava esperando Julius, seu motorista, para que a acompanhasse até o tribunal e Caleb permaneceu ao seu lado.

“Beijo de boa sorte...” Dom disse dando um beijo no rosto de Abbie, que retribuiu o gesto sorrindo. Ele fechou a cara e apertou a mão de Caleb cordialmente, odiando o fato de terem trazido seu carro mais rápido que o dele, já que assim ele ficaria a sós com Abbie.

“Então...” Caleb começou a falar quando Dom foi embora. “Estão juntos a quanto tempo?”

“Juntos?” Abbie repetiu confusa. “Ah, não... Não somos um casal.”

“Eu achei que...” Caleb falou se sentindo um pouco sem graça pela confusão.

“Todo mundo acha.” Abbie sorriu. “Mas somos só amigos, praticamente irmãos. Somos solteiros e convivemos muito juntos, então é normal confundirem, nem ligamos mais.”

“Hum... Entendo.” Ele falou pensativo. “Muito bom saber disso.”

“Ah é?” Ela perguntou.

“Claro. Já sei que é solteira...” Ele falou andando em direção ao seu carro, que acabara de ser trazido pelo manobrista. “Vai ter que pensar em outra desculpa se quiser recusar o convite que eu vou te fazer pra ir jantar comigo.” Caleb piscou para ela e entrou em seu carro, saindo logo depois. Já Abbie, sorriu vitoriosa pelo convite que acabara de receber e vibrou por dentro.

...

Depois do fim da audiência, que parecia não ter mais fim, Abbie voltou ao escritório exausta, porém orgulhosa de si mesma, por ter conseguido ganhar mais uma causa. Quando ela saiu do elevador, no 10° andar e saiu em direção a sua sala, teve seu percurso interrompido várias vezes pelos funcionários que precisavam dela para tratar inúmeros assuntos diferentes, desde os detalhes para a reforma do novo ambiente, até os assuntos mais complexos do financeiro, que passavam por ela antes de ser tomada qualquer decisão.

“E esses aqui são todos os relatórios com as folhas de pagamento, precisam da sua assinatura para serem liberadas.” Kelly disse. Uma mulher com seus 40 anos de idade, dois filhos e um marido para cuidar. Estava trabalhando com Abbie há 2 anos e a ajudava com tudo que não envolvesse Dom diretamente, já que ele só permitia que Abbie tomasse de conta de tudo que fosse do seu interesse.

“Aqui está.” Abbie sorriu devolvendo os papéis assinados. “Esses aqui são os papéis do processo de hoje...” Ela entregou a pasta para Kelly.

“Correu tudo bem?”

“Um sucesso!” Abbie disse se sentido aliviada por ter corrido tudo como o esperado. “Preciso que digitalize os documentos, envie por e-mail para mim e depois guarde as folhas no arquivo.”

“Sem problemas!” Ela sorriu. “Ah, chegou essas correspondências para o Landon, achei melhor entregar para você.”

“Claro, pode deixar que eu cuido disso.” Abbie pegou os envelopes de Kelly. “Dom já foi embora faz tempo?”

“Não muito... Um pouco mais de uma hora. Pediu pra te avisar que foi treinar com o Nick.”

“Ok. Só vou arrumar umas coisas na minha sala e vou pra casa, você pode ir também Kelly, obrigada.” Abbie disse no mesmo tom cordial de sempre e foi andando até sua sala.

Ela sentou tirando os saltos e massageando rapidamente os pés, que já estavam mortos a essa altura, prendeu seus longos cabelos em um coque e ligou o computador finalizando tudo o que tinha deixado pendente, para poder ir embora. Quando enfim terminou, olhou para a pequena pilha com envelopes e os pegou, olhando um por um rapidamente. A maioria era correspondência de rotina, mas um a chamou atenção. Era bege, com uma escrita em dourado, ela o abriu. O remetente era um museu bastante renomeado da cidade e estava destinado a Dom. Ela leu os agradecimentos pela generosa doação de uma coleção de quadros clássicos que havia sido feita por Dom e ficou incrédula ao saber disso. Abbie levantou colocando seus sapatos de volta, pegou sua bolsa e saiu rapidamente de sua sala a caminho dos elevadores. Entrou mais rápido do que nunca dentro do carro e pediu que o motorista a levasse direto para o hotel onde Dom morava.

“Ele vai me paga por isso!” Ela disse para si, tentando controlar sua raiva.


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