As Regras do Amor escrita por Suy


Capítulo 16
Capítulo 16 - O perfeito primeiro encontro.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei! hahaha Tive alguns probleminhas técnicos com esse pc MARAVILHOSO que só dá dor de cabeça. Mas enfim, voltei com novidades: O trailer de As regras do amor *-*

https://www.youtube.com/watch?v=p2WqWDX8k6g

Espero que gostem e um beijo!!!



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 “Pode entrar!” Abbie disse se fingindo de distraída e Dom entrou sorrateiramente em seu escritório.

“Podemos falar um minuto Abigail?” Ele falou tentando conter uma gargalhada.

“Claro Landon, em que posso lhe ajudar?”

“Eu queria saber se você estaria interessada em disponibilizar algumas horas do seu tempo comigo em um jantar que será deveras satisfatório para nós dois.”

“Seria bastante agradável Landon, obrigada pelo convite.” Abbie se fingiu de séria, mas ela e Dom não aguentaram e caíram na gargalhada.

“Tá... Não precisa ser tão formal assim, não é?” Dom sentou do outro lado da mesa de Abbie.

“Não, definitivamente não.” Ela riu. “É só perguntar normal, como você me convidaria como amiga, só que não tão esculhambado como seria comigo, porque você não me respeita mesmo.”

“Acho que entendi.” Ele assentiu ainda rindo. “Bom, então voltando a fita. Abbie...” Ele falou. “Estava pensando se você não gostaria de sair comigo pra jantar hoje a noite.”

“Eu iria adorar.” Ela sorriu orgulhosa. “Muito melhor assim.”

“Então eu te busco umas 20hrs?”

“20hrs está ótimo!” Ela assentiu.

“Muito bem, eu vou para o escritório, qualquer coisa você me chama.” Dom se levantou.

“Chamo sim, pode deixar.” Abbie sorriu e ele saiu a deixando sozinha.

Um pouco mais tarde já era hora do almoço com Ed que ela havia combinado, ela pegou suas coisas e saiu do escritório indo para o restaurante em que eles marcaram de se encontrar. Abbie chegou primeiro e sentou próximo a varanda, aproveitando uma brisa bastante agradável que estava soprando. Ela estava distraída lendo as opções do cardápio quando se assustou ao ver uma flor branca na sua frente e Ed saiu detrás dela, sentando a sua frente e lhe entregou a flor, que ela pegou sorrindo.

“Acertei? Ainda é sua preferida?” Ed perguntou.

“Acertou.” Ela assentiu. “Algumas coisas nunca mudam.” Ela cheirou a flor, sentindo o doce aroma que ela exalava. “Muito obrigada.”

“É o mínimo que eu podia fazer por você Abbie, depois de todo o trabalho que eu sei que você teve.”

“Não foi nenhum trabalho, eu quero ajudar mesmo no que eu puder. Inclusive, um dos advogados que trabalham conosco me deu uma ideia de como agir...”

Abbie explicou para ele o plano de Doug e disse que iria tentar agilizar todos esses detalhes da autorização do juiz.

“Mas o que você iria fazer lá?”

“Não iria só eu Ed, mas uma equipe de investigadores criminais iriam fazer uma nova avaliação da cena do crime, o Doug acha que podemos achar algo que possa ser usado, não sei... É meio que as nossas ultimas esperanças mesmo.”

“Abbie...” Ed suspirou derrotado. “Sinto que não vai ter saída pro Liam. Mesmo você com toda essa boa vontade... Pode dizer, é uma causa perdida, não é?”

“Eu não vou mentir e dizer que tenho certeza que iremos conseguir.” Abbie segurou em sua mão. “Mas também não vamos desistir agora. Eu acho que devemos torcer pelo melhor e esperar pelo pior, entende?”

“Entendo...” Ele assentiu. “E quando você vai saber se tem essa tal autorização do juiz ou não?”

“Eu vou conversar com o Dom, ele conhece o juiz, talvez ele conversando consiga que ele autorize.”

“Então eu estou dependendo desse tal de Dom pra conseguir ajudar meu irmão, basicamente.”

“Basicamente sim.” Abbie esboçou um sorriso. “Ele é ótimo, está tão disposto a ajudar quanto eu, o que puder fazer pra conseguir essa autorização ele vai fazer, eu tenho certeza disso.”

“Bom, se você está dizendo... Eu acredito em você.”

“Uma inteligente decisão, se me permite acrescentar.” Abbie falou se fingindo de séria e Ed riu.

Eles aproveitaram para fazer os seus pedidos, aproveitaram para conversar mais um pouco sobre o outro e relembrar o passado.

“Ah eu me lembro bem do seu primeiro porre...” Ed disse sem conseguir parar de rir.

“Não, por favor, esquece essa cena da sua cabeça!”

“Como esquecer você bêbada, em cima de uma mesa, dançando I will survive?”

“Aiiii meu Deus!” Abbie cobriu o rosto com as mãos, mas não disfarçou o riso. “Foi culpa sua que meu aquele licor maravilhoso para experimentar.”

“É e você bebeu como se fosse achocolatado.” Ele debochou.

“Mas em minha defesa, eu nunca tinha ficado bêbada na minha vida, foi graças a você o meu primeiro porre e vai ter que levar esse peso na sua consciência pelo resto da sua vida.”

“Nossa, o quão culpado estou me sentindo. Nem sei como vou carregar essa culpa comigo...” Ed suspirou dramaticamente.

“Idiota!” Abbie jogou o seu guardanapo no rosto de Ed. “Eu pelo menos fico divertida quando bebo, você ficava insuportável.”

“Não ficava não!”

“Ficava sim Ed!” Abbie riu. “Eu lembro e muito bem do quão chato você ficava, fazendo aquelas suas piadinhas sem graça.”

“Elas eram muito boas ok? Mas eu não bebo mais, só socialmente mesmo.”

“Ah é?” Abbie disse surpresa.

“Sim, já passou a época de farras e brincadeiras. Sou um homem sério agora.” Ele ajeitou o blazer.

“Aham...” Abbie cerrou os olhos.

“Não bota muita fé em mim mesmo.”

“Porque eu te conheço Ed.” Abbie apoiou o queixo em sua mão.

“E não acredita que as pessoas possam mudar?” Ele imitou a posição de Abbie, também apoiando o seu queixo em sua mão.

“Eu não sei...” Ela deu de ombros. “Mudam?”

“Deixa eu te provar que mudam.” Ed pegou a mão de Abbie.

“Não tem que provar nada para mim Ed.”

“Eu sei que não preciso, mas eu quero.” Ele esboçou um sorriso. “Vamos só sair uma vez, pelo menos.”

“Já saímos juntos, na verdade muitas vezes.” Ela respondeu com diversão.

“Eu estou falando sério Abbie.”

“Eu também. Desde que nos reencontramos já saímos duas vezes.”

“Ok, isso é verdade. Então me permita te convidar mais uma vez pra sair comigo.” Ele sorriu.

“O que você sugere?”

“Vamos jantar eu e você.” Ed perguntou sério.

“Acha mesmo uma boa ideia?”

“Acho uma ideia fantástica. Eu te prometo que você não vai se arrepender, é só um jantar.”

“E quantas vezes você já usou essas quatro palavrinhas para convencer uma mulher a sair com você?” Ela perguntou rindo.

“Provavelmente menos vezes do que você acha que eu usei.” Ele riu também. “É sério, saí comigo.”

Abbie pensou por uns momentos e decidiu que não havia nada de errado em aceitar o convite e afinal, o que de pior podia acontecer? Apenas Ed dar um vacilo e ser o mesmo idiota que ele costumava ser cinco anos atrás.

“Tudo bem Ed, eu aceito ir jantar com você.”

“Ufa! Achei por um momento que ia dizer não!” Ed falou rindo. “Podemos ir hoje se quiser.”

“Ah, hoje não dá, eu vou jantar com o Dom.” Abbie falou e Ed franziu a testa, a olhando confuso.

“Achei que eram só amigos...”

“Sim, claro que somos. É um jantar de amigos, fazemos isso o tempo todo, não é nada demais.”

“Sei...” Ele cerrou os olhos. “Amanhã então?”

“Amanhã seria ótimo.”

“Eu posso passar para te buscar umas 19:30, mais ou menos.”

“Podemos nos encontrar no restaurante, sem problemas.”

“Tudo bem.” Ele assentiu. “Você escolhe.”

“Uau, Edward Hart me deixando escolher o restaurante em que vamos jantar?” Abbie falou surpresa. “Você nem deixava eu escolher o filme que iríamos assistir.”

“Eu já disse que as pessoas mudam, você não quer acreditar em mim.” Ele piscou para ela.

Ed e Abbie continuaram papeando durante o almoço e depois de terminarem a refeição, eles se despediram brevemente. Abbie foi direto para casa e assim que chegou, encontrou Lisa sentada no chão arrumando as suas malas.

“Já está arrumando as malas? O que houve com a minha amiga Lisa?” Abbie disse debochando, já que Lisa não era muito adepta da organização.

“Pra que adiar o inevitável, não é? Só tenho mais dois dias aqui.” Lisa falou desanimada.

“O que houve?” Abbie colocou sua bolsa e seu casaco no sofá e sentou na mesinha, em frente a Lisa.

“Ah só aquela deprê de estar indo embora, como sempre.”

“Você nunca fica deprê quando vai embora Lisa, essa é a primeira vez.”

“Eu apenas vou sentir falta daqui.” Lisa deu de ombros.

“Por ‘Sentir falta daqui’ você quer dizer ‘Sentir falta do Nick’. Acertei?”

“Não é bem assim...”

“Lisa, por que você não assume que está gostando dele pra valer? Não tem nada de errado com isso.” Abbie colocou sua mão em cima da mão de Lisa e sorriu.

“Eu não gosto dele, era só um caso de alguns dias, sem envolvimentos emocionais, nada mais que isso.” Ela desviou o olhar de Abbie e ela percebeu que não adiantava insistir com Lisa, se ela não se sentia a vontade para falar sobre o assunto, Abbie não iria invadir o seu espaço.

“Está bem. Você quer ajuda com essas malas?”

“Eu já estou terminando Abbie, obrigada. Pensei de você e o Dom virem com a gente tomar uns drinques, o que acha?”

“Hoje não vai dar, eu já combinei de sair só com o Dom.”

“Vai sair só com o Dom? Apenas vocês dois?” Lisa perguntou com diversão.

“Sim, só comer alguma coisa e tentar ensiná-lo a como tratar uma mulher.”

“Vou precisar de mais informações que isso Abbie...”

“O Dom decidiu que agora quer um relacionamento sério e como ele não tem muita experiência com mulheres de verdade, em encontros de verdade, ele me pediu para ajudá-lo.”

“Então você vai sair com ele para ajudar ele a namorar outras. É isso mesmo?”

“Exatamente isso.” Abbie assentiu. “Eu sei que parece estranho...”

“É bizarro, no mínimo.” Lisa riu. “Mas é você e o Dom então, não dá pra se esperar muita coisa.”

“Ei mocinha, mais respeito!” Abbie pegou uma blusa de Lisa de dentro da mala e jogou nela.

“E qual o look escolhido para hoje a noite?”

“Não sei... Acho que uma calça e uma blusa qualquer.”

“Uma calça e blusa qualquer? Tá de sacanagem comigo?”

“Lisa é o Dom.” Abbie falou como se fosse óbvio.

“E...?”

“E que ele já me viu até de pijamas, pra quê fazer toda uma super produção pra sair com ele?”

“Abbie é um encontro!”

“Nem é um encontro de verdade!”

“Não quero saber, eu não vou te deixar sair daqui desleixada, vamos agora para aquele closet e escolher um vestido incrível para você sair hoje!” Lisa ficou de pé e puxou Abbie pelo braço.

Após longos e torturantes minutos para Abbie, Lisa chegou a conclusão que tinha achado o vestido perfeito para a ocasião.

“Tem certeza?” Abbie perguntou com a cabeça inclinada olhando o seu reflexo no espelho. Ela estava usando um vestido preto de cetim, um pouco acima do joelho, com um decote canoa e alças finas. “Não é um pouco demais pra um jantar com um amigo?”

“Não, definitivamente não é, ele é perfeito!” Lisa deu pulinhos de animação e bateu palmas. “E deixa esse cabelo solto, ai você pode colocar ele assim de lado para ficar evidente essa abertura nas costas. Ah e antes que eu esqueça...” Lisa saiu correndo e voltou com sandálias pretas de salto e entregou para Abbie. “Agora sim, o look perfeito!”

“Você é louca Lisa!” Abbie riu e começou a tirar o vestido para ir tomar banho.

“Sabe que ele vai ficar louco babando por você né?”

“Não começa! E quanto a você? Já escolheu o seu look para sair com o Nick?”

“Ainda não, mas...”

“Nada de ‘mas’ Lisa, agora é minha vez de te torturar.” Abbie riu maquiavélica.

Depois de demorar mais do que deveria para ajudar Lisa a escolher uma roupa para sair com Nick, Abbie resolveu ir se arrumar. Ela tomou banho, secou os cabelos os deixando soltos, se maquiou e pôs o vestido. Após todo o ritual para se arrumar, ela se deu uma última conferida no espelho.

“Até que ficou bom...” Ela falou pensativa.

“Bom? Vai fazer aquele cara enfartar quando te ver.” Lisa disse rindo e entrou no quarto de Abbie.

“Eu tenho que deixar outro cara babando por mim, não o Dom.”

“Como assim?” Lisa sentou na cama de Abbie.

“É que o Ed me chamou pra sair com ele amanhã e eu meio que aceitei.”

“Abbie sua piranha, saindo com dois ao mesmo tempo?!” Lisa gargalhou e Abbie revirou os olhos.

“Não sua louca! No momento não estou saindo com ninguém, vou sair amanhã com o Ed e hoje não conta, é o Dom.”

“Ai Abbie, só observo essa pseudo-relação do Dom e você. E desde quando você tem tanto contato assim com o Ed?”

“Apenas saímos para almoçar duas vezes e ele me chamou para jantar.”

“Lembra que é o mesmo Ed idiota e babaca né?”

“Eu lembro bem Lisa, mas ele está diferente sabe? Mais maduro, dá até pra conseguir manter uma conversa com ele agora. Só achei que valia a pena dar uma chance.”

“É, não custa nada tentar, mas abre o olho com o Ed, não vai cometer o mesmo erro duas vezes heim!”

“Pode deixar minha senhora, vou bem devagar com o Ed. Diria que devagar quase parando.” Abbie riu e pegou o seu celular que tinha tocado alertando uma nova mensagem. “É o Dom, está lá embaixo.”

“Pelo menos ele foi pontual...”

“Não é? Pela primeira vez na vida ele chegou na hora pra alguma coisa!” Abbie disse com diversão e guardou seu celular na bolsa. “Boa noite e aproveita bem o passeio com o Nick.” Ela deu um breve abraço em Lisa.

“E aproveite bem o seu encontro com o Dom.” Lisa disse sorrindo maliciosamente e Abbie riu saindo do quarto. “Ah e use camisinha!” Ela gritou.

“Vá à merda Lisa!” Abbie disse antes de sair do apartamento.

Ela saiu do elevador e deu boa noite ao porteiro e ao segurança do prédio, logo avistando o carro de Dom do lado de fora, com ele encostando de braços cruzados, olhando distraído para a avenida enquanto falava ao celular.

“É o prazo padrão para casos assim, não dá pra esticar isso assim do nada...” Ele falou impaciente e Abbie ficou encostada em uma das colunas apenas o observando. Jeans escuro, camisa azul marinho e um casaco preto. Os cabelos levemente bagunçados e a barba por fazer que ela tanto gostava. “Eu sei, mas não podemos mais recorrer e também...” Dom olhou para frente, finalmente percebendo que Abbie estava ali e ficou boquiaberto ao vê-la. “Eu preciso ir agora, a gente se fala depois.” Ele disse rapidamente e desligou o celular, o colocando no bolso.

“Algum problema no escritório?” Abbie se aproximou dele.

“Não, nada importante.” Ele falou a olhando de cima a baixo. “Uau Abbie.”

“Gostou?” Abbie pôs as mãos na cintura e deu uma voltinha, enquanto Dom ainda estava a olhando completamente hipnotizado. “Foi a Lisa que escolheu.”

“Gostei e como gostei...” Ele disse distraído. “Quero dizer, é que você está linda. Mas não que não te ache linda sempre é só que hoje, bem... Você sabe, eu só...” Dom disse se atrapalhando com as palavras e Abbie riu.

“Dom, a sua primeira lição é: Fique sempre no ‘Você está linda’. É mais do que suficiente.” Ela falou rindo.

“Certo.” Ele riu também. “Está linda Abbie.”

“Obrigada.” Ela assentiu se sentindo corar. “Vamos então?”

“Claro, vamos sim.” Dom abriu a porta do passageiro para Abbie, ela entrou e ele fechou a porta, dando a volta para entrar do outro lado do carro.

“Pronto para uma noite de pura sabedoria?”

“Ansioso por isso.” Ele riu e deu a partida no carro, indo em direção ao restaurante que eles iriam.

“Então vamos fingir que é um encontro de verdade, haja naturalmente como você agiria com outra mulher.”

“Sim senhora, você quem manda.” Dom assentiu.

 Eles foram ao longo do caminho conversando sobre o trabalho, Dom explicou para Abbie que eles iriam precisar fazer uma reunião com todo o pessoal para explicar direito sobre as obras e provavelmente eles teriam que dividir em escalas os advogados para trabalharem alguns períodos em home office já que em alguns dias, quando as obras começassem, ficaria impossível que todos estivessem ao mesmo tempo no escritório.

Dom estacionou em frente ao restaurante e tirou a chave do carro para entregar ao manobrista.

“Pra isso funcionar, acho que é mais interessante fingirmos que não nos conhecemos, quero ver como você age com mulheres estranhas.” Abbie disse com diversão.

“Acho que vai ser uma noite, no mínimo, interessante.” Dom sorriu e saiu de dentro do carro, sendo seguido por Abbie.

Os dois entraram e foram guiados para uma mesa, eles sentaram e Dom pediu duas taças de vinho ao garçom que saiu em seguida.

 “Então, completa estranha com quem eu nunca conversei antes...” Dom tentou não rir. “O que você faz da vida?”

“Ah, muitas coisas... Vai precisar ser mais especifico.” Abbie cruzou as pernas e Dom as olhou por puro instinto, desviando rapidamente.

“Não vai facilitar pra mim né?”

“Não mesmo.” Abbie riu. “Mas você começou bem, mulheres gostam quando demonstram interesse pelo o que elas fazem. Ponto pra você.”

“Obrigado querida professora.”

“Mas e você, adorável estranho com quem eu nunca conversei antes... Trabalha com o quê?” Ela apoiou o rosto em seu queixo o ouvindo com a atenção.

“Eu posso responder mesmo ou tem algo de errado em falar com o que eu trabalho?” Dom perguntou com diversão.

“Nada de errado Dom, você tem que ser você mesmo.”

“Sabemos que eu mesmo não costumo ser muito agradável com as mulheres.”

“Muito pelo contrário...” Abbie colocou sua mão no braço de Dom. “É muito doce quando quer.” Dom a olhou com surpresa e Abbie percebeu que talvez tinha falado demais. “O problema é você querer, não é mesmo?” Ela riu tentando desviar o foco da conversa.

“É, talvez eu deva trabalhar um pouco isso...” Ele riu também. “Mas fica difícil a gente tentar fingir que não se conhece, quando a verdade é que a gente se conhece e muito bem.”

“Tenho que concordar...” Abbie falou pensativa.

“E se a gente contar alguma coisa que o outro não sabe?” Dom sugeriu.

“Pode ser... Agora o problema vai ser achar algo que o outro não saiba.” Ela falou com diversão.

“Temos todo um jantar pela frente para descobrir.” Dom piscou para Abbie e chamou o garçom.

Ele anotou os pedidos dos dois e saiu, os deixando a sós. A conversa, não para surpresa deles, era ótima como sempre. Abbie aproveitou o bom humor de Dom e perguntou sobre a possibilidade dele conseguir a autorização para reabertura da cena do crime do caso de Liam.

“Eu acho que podemos encontrar algo que possa ajudar.” Abbie concluiu.

“E quer que eu simplesmente peça ao juiz que autorize isso?”

“Exatamente.”

“Impossível... E ainda mais sendo o juiz Weaston.”

“Que até onde eu saiba é muito amigo de você e da sua família.” Abbie sorriu docemente e Dom cerrou os olhos.

“Você é maligna Abbie, é sério.” Ele cerrou os olhos. “E o que te faz pensar que eu vou permitir que você se enfie em um apartamento interditado por ser uma cena de homicídio?”

“Um pouco de bondade não vai te fazer mal.” Ela deu de ombros.

“Não é questão de bondade, é questão de bom senso.” Dom ficou sério. “Pode ser perigoso, você não vai.”

“Mas Dom...”

“Mas nada Abbie. Eu consigo a autorização, mas você não vai.”

“É o meu caso.”

“E como toda boa advogada você vai ficar no escritório cuidando de toda a parte burocrática como você sempre fez.” Dom sorriu irônico.

“Eu quero ir Dom, por favor, é importante pra mim.” Abbie implorou e Dom bufou ao ver sua carinha de cachorro abandonado.

“Você só vai com uma condição.”

“Qual condição?”

“Você vai com um dos seguranças do prédio, eu escolho.”

“Sério?” Abbie falou incrédula. “Vou andar escoltada agora?”

“Se for pro seu bem e segurança, então vai.”

“Credo...”

“Se não quiser, muito melhor, nem me dou ao trabalho de falar com o juiz.”

“Tá Dom, tudo bem, eu aceito. Vou com um segurança. Feliz?” Ela disse impaciente.

“Mais feliz impossível.” Ele sorriu. “Na segunda eu falo com ele, estressadinha.”

“Muito engraçado Dom...” Ela revirou os olhos e tomou mais um gole do seu vinho. “E então? Já decidiu o que vai me contar que eu ainda não sei.”

“Já decidi sim. E você?”

“Mais ou menos...”

“Como ‘Mais ou menos’ Abbie?” Ele riu.

“Dependendo do que você falar eu decido se digo ou não.” Ela riu também.

“Isso não é muito justo...”

“Pena que eu não ligo.” Abbie se recostou na cadeira. “Agora desembucha. Mas fala algo bem profundo, não vale ser qualquer coisa.”

“Tudo bem...” Dom tirou o guardanapo do seu colo, o jogando em cima da mesa. “Eu já namorei antes.”

“Eu disse pra falar algo profundo e não pra mentir.” Abbie fez uma careta.

“Não é mentira.” Ele disse sério e Abbie o olhou chocada. Ele nunca tinha mencionado relacionamentos antigos com ela, logo ela concluiu que eles não tinham existido.

“Namorou tipo pra valer mesmo?”

“Pra valer mesmo. Cheguei até a noivar!”

“Como é?” Abbie disse chocada. “Espera, conta isso direito.”

“Foi um tempo antes de te conhecer naquela noite. Nós fazíamos faculdade juntos, eu fiquei igual um imbecil apaixonado e depois de alguns meses de namoro a pedi pra casar comigo.”

“E o que aconteceu?”

“Resumidamente, ela me traiu com alguns outros caras. Cheguei mais cedo da aula no apartamento dela e a peguei na cama com outro. Nem preciso dizer o que aconteceu depois...”

“Uau... Eu nunca ia imaginar isso. Você noivo... Estou realmente chocada.”

“A gente faz umas merdas na vida mesmo. Acontece nas melhores famílias.” Ele disse rindo.

“Mas você a amava então?” Abbie perguntou com um certo receio da resposta.

“Eu não sei se cheguei a amar. Acho que amor mesmo eu sinto pelos meus pais, não acho que já tenha amado outra pessoa. Mas fui muito apaixonado por Alexis e confesso que sofri muito com o que aconteceu, ela foi uma grande decepção.” Ele suspirou. “Enfim, depois disso achei melhor viver sem me apegar a ninguém, isso fazia com que eu não tivesse mais aborrecimentos ou decepções.”

“Eu entendo...” Abbie assentiu. “E sinto muito pelo que houve, mas honestamente, acho que não perdeu nada ao não se casar com essa Alexis. Já ela perdeu muito.” Ela falou honestamente.

“Abbie...” Dom sorriu sem graça. “Nunca vou entender como consegue ver tanta coisa boa em mim, quando nem eu mesmo consigo.”

“Está brincando?” Ela perguntou com ironia. “Vejamos... Você me ajudou quando eu estava sozinha e completamente perdida na vida, me deu a chance de um recomeço, um emprego que amo, fez eu me mudar para uma cidade incrível e virou toda a minha vida de ponta cabeça da maneira mais incrível possível.” Ela sorriu. “Como você não consegue ver o quão maravilhoso é?”

“Se me lembro bem, foi você quem me ajudou a comandar uma empresa, fez com que crescemos e quando eu quis desistir, foi você quem me obrigou a continuar.” Ele pegou sua mão. “Não sei o que teria feito sem você Abbie.”

“Você ia dar um jeito...” Ela respondeu sem conseguir tirar um patético sorriso do rosto.

“Talvez desse, nunca vamos saber. Na verdade nem quero. Já imaginou como seria nossa vida se não tivéssemos nos conhecido aquela noite?”

“Acho que não consigo imaginar...” Ela disse pensativa. “Não dá pra pensar mais na minha vida sem você Dom.”

“Fico feliz que a gente concorda nisso.” Ele beijou sua mão. “Mas não enrola, agora eu quero saber todos os segredos de Abigail Thomas.”

“Não tem muito o que saber...” Ela falou sem graça.

“Qual é Abbie, abri meu coração aqui agora, você tem fazer o mesmo por mim.”

“Eu sei.” Ela respirou fundo. “É que, é um pouco difícil...” Abbie soltou sua mão de Dom e ele a olhou com a testa enrugada. “Uns anos atrás, foi um pouco depois do meu pai falecer, ficamos só eu e minha mãe. Era difícil lidar com a perda, mas nós sempre fomos muito unidas e amigas, então tentávamos suprir a falta dele. Mas ela estava sempre tão deprimida e tão triste, era como se ela tivesse perdido a vontade de viver... Foi quando achei melhor a levar para fazer um tratamento com um psicólogo.” Abbie olhou séria para Dom. “Era de noite já, estávamos voltando de uma dessas sessões com o psicólogo, eu vinha dirigindo e tentando conversar com a minha mãe, ela começou a falar umas coisas sem sentindo de que não adiantava eu tentar mais ajudá-la, que ela não via mais uma saída pra situação em que estávamos vivendo e eu tentei conversar e acalmá-la, mas parecia que nada adiantava sabe? Foi quando eu vi umas luzes vindo em nossa direção, ao lado do banco passageiro, onde a minha mãe estava.” Ela limpou a garganta tentando desfazer o nó que acabara de se formar e Dom arrastou sua cadeira para mais perto dela. “O motorista avançou no cruzamento, ele estava bêbado. Eu sofri lesões leves, apenas torci o punho e alguns arranhões, mas minha mãe não resistiu aos ferimentos.”

“Abbie...” Dom falou com pesar.

“Não, está tudo bem.” Ela esboçou um sorriso. “De verdade”.

“Não Abbie. Eu te contei de como eu fui traído por uma namorada qualquer, você me contou como perdeu a sua mãe. Definitivamente não está tudo bem, não precisava me falar isso, não queria te forçar a nada.”

“Não foi forçado, eu nunca comentei mais afundo sobre, mas não porque não confiava em você a ponto de me abrir dessa forma. Apenas achei que se não pensasse ou falasse sobre esse assunto, ia acabar sendo mais fácil de esquecer. Entende?”

“Eu entendo, é claro que entendo.” Ele parou pensativo por um momento. “É por isso que tem medo de dirigir?”

“É.” Abbie respondeu sem graça. “Na verdade eu tentei seguir com minha vida depois de tudo isso, foi quando terminei os estudos e não tinha ideia de que faculdade ia fazer. Lembro que estava saindo da casa de uma amiga, era de noite e no caminho me deparei com os faróis de um carro vindo na mão contrária a minha. Ele estava na sua faixa, mas ao ver aquelas luzes eu tive um ataque de pânico. Foi quando percebi que era melhor me manter longe dos volantes.”

“Sabe que não foi sua culpa. Não sabe?”

“Sei Dom, sei sim.” Ela sorriu. “Mesmo assim não muda o fato de que era eu quem estava dirigindo e que poderia ter tentado fazer algo.”

“Era um maldito bêbado Abbie, não tinha nada que você pudesse fazer, tenho certeza. Mas e o que houve com ele? Você sabe?”

“Ele sobreviveu, fraturou uma perna apenas, bem irônico e ia apenas pagar uma multa por dirigir embriagado. Eu tinha uma professora no colégio que era advogada, ela me disse que se eu quisesse, ela podia fazer com que a justiça foi feita. E ela assim o fez. Ela processou o causador do acidente, ele teve que pagar uma indenização, ficou algum tempo preso e pagou o resto da pena em liberdade prestando serviços comunitários. Foi ai que eu decidi o que eu queria fazer da vida.”

“Ser advogada.” Dom sorriu.

“Acho que mais que ser advogada, queria fazer com que pessoas como aquele cara pagassem pelos erros que tivessem cometido de uma forma justa.”

“Incrível Abbie...”

“O que é incrível?”

“Que depois de cinco anos você ainda consiga me surpreender desse jeito.” Dom falou sério.

“Imagina Dom...”

“É sério. Você ter se sentido a vontade pra me contar tudo isso mostra como você confia em mim e você não tem ideia do quão isso é importante.”

“E você ainda tinha alguma duvida de que eu confio em você?” Abbie disse com diversão. “Tem sido um amigo maravilhoso pra mim todos esses anos, não poderia ter feito escolha melhor do que me mudar para cá com você.”

Dom engoliu em seco o ‘amigo’ e apenas sorriu.

“É, nossa amizade também é muito valiosa pra mim, jamais faria algo pra acabar com isso.”

“E nem eu.” Abbie pôs a mão no ombro dele e voltou sua atenção ao jantar.

O quase encontro estava chegando ao fim, Dom pediu a conta e Abbie aproveitou para ir ao banheiro. Ele a avistou saindo do banheiro de longe e ficou observando cada detalhe nela. A forma como os cabelos balançavam quando ela andava, o sorriso educado que ela dava para cada funcionário que passava por ela e até mesmo a simples forma dela andar chamaram sua atenção.

“Senhor?” O garçom repetiu e Dom percebeu que estava no mundo da lua a ponto de não perceber que a conta já havia chegado. Aliás, ele estava no mundo de Abbie.

Dom estacionou na sua vaga de costume e saiu com Abbie a caminho da avenida e foi a acompanhando até o seu prédio.

“Gostou do jantar?” Ele perguntou com as mãos nos bolsos.

“Se eu gostei? Adorei.” Ela disse animada. “A comida estava divina.”

“Estava muito boa mesmo. Mas só tem comentários a fazer da comida? Nada mais chamou a atenção? A ótima companhia, por exemplo?” Dom se fingiu de ofendido.

“Ah, perdoe-me. A companhia foi impecável, como sempre.”

“Obrigado.” Ele sorriu vitorioso e eles entraram no prédio, seguindo para os elevadores. “Posso presumir então que passei no teste do primeiro encontro?”

“Surpreendemente você passou.” Abbie falou com diversão. “Foi um perfeito cavalheiro, o que não acontece com muita frequência, convenhamos.”

“Eu não preciso ser um cavalheiro com você.”

“Não precisa, mas seria bom de vez enquando.” Ela riu.

“Vou pensar no seu caso.” Ele riu também.

As portas abriram e Abbie parou de frente a porta do seu apartamento.

“Obrigada pela noite, eu realmente me diverti.”

“Eu que agradeço.” Dom disse e riu sem graça.

“O que foi?”

“Nada, é só mais uma última dúvida.”

“Sou sua professora de encontros, pode perguntar.”

“Tudo bem após o primeiro encontro eu beijar a minha acompanhante ou é melhor não?” Dom perguntou honestamente e Abbie o olhou surpresa pela pergunta.

“Bom... Se a sua acompanhante te der essa chance, não tem nada de errado, eu acho.” Ela sorriu.

“E você acha melhor um beeeeijo, ou só um beijo?”

“Tem diferença?”

“Claro que tem diferença Abbie.” Dom disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Tá... Então como é seu beijo?”

“Como assim?” Ele franziu a testa.

“Você beija bem?”

“Eu acredito que sim... Nunca recebi reclamações.”

“Sei...” Abbie cerrou os olhos.

“É sério!” Dom riu. “Quer que eu te mostre?”

“O quê?” Ela perguntou incrédula. “Você me dar um beijo? Acho que isso quebra alguma regra nossa.”

“Não exatamente. Não podemos nos ver pelados. Eu estou completamente vestido e você...” Ele a olhou de cima a baixo. “Bom, está semi-vestida.”

“Semi-vestida?” Abbie gargalhou. “Não é um vestido curto.”

“De forma alguma. É uma blusa um pouco longa.” Ele falou debochando e Abbie bateu em seu ombro. “Mas sério, é pelo bem da ciência. Sem interesses pessoais.”

“Tá certo, pelo bem da ciência.” Abbie deu de ombros.

“Isso é loucura.”

“Não é, finge que eu sou uma gatinha que você quer conquistar.” Abbie piscou os olhos docemente e Dom passou a mão na barba, tentando disfarçar o desconforto.

“Ok... Lá vamos nós.” Ele respirou fundo discretamente e encostou o seus lábios no de Abbie.

De inicio ela não deu muita credibilidade, nem se deu ao trabalho de fechar os olhos e aproveitar o momento, até que ela sentiu o que ela não esperava sentir. O coração batendo mais forte, quase como se fosse sair pelo eu peito e um frio na barriga, como se fosse o seu primeiro beijo.

Abbie fechou os olhos e quando levantou a mão para tocar em Dom, ele se afastou.

“Acho que eu devia ter encontros mais vezes.” Ele falou. “Minha acompanhante ia me achar muito abusado se eu quiser beijá-la de novo?” Dom sorriu e Abbie o puxou pelo pescoço para si.

Nem ela sabia direito porque estava fazendo aquilo, Abbie apenas decidiu não pensar em nada no momento. Dom pôs as mãos na cintura de Abbie e em questão de segundos, ela estava imprensada entre a parede e o corpo de Dom. O beijo foi ficando mais intenso e a cada segundo que passava os dois sentiam que precisava de mais, parecia que nada ali estava sendo suficiente. Foi quando Abbie teve um surto de realidade, parou de beijá-lo e o olhou ofegante.

“Isso foi...” Dom falou sem ar também.

“Foi...” Abbie limpou a garganta. “Foi satisfatório, eu diria. Quero dizer... Em um encontro de verdade, a sua acompanhante estaria muito propensa a um segundo encontro.”

“Isso é bom.” Ele esboçou um sorriso.

“É muito bom.” Abbie sorriu sem graça também. “Então tá, eu vou dormir que já está tarde.”

“Claro, eu já vou também. Boa noite Abbie.”

“Boa noite Dom.” Ela disse e entrou em casa fechando a porta.

Abbie apoiou suas costas na parede e sentou no chão ainda sentindo o seu coração batendo bem mais forte do que deveria. Ela colocou as mãos nos lábios e fechou os olhos lembrando do momento que acabara de ter com Dom, quando ela menos percebeu, já estava sorrindo. Foi quando ela ouviu um barulho vindo de dentro do seu apartamento e ficou de pé assustada, ela andou com cuidado e parou em frente ao quarto de Lisa, abrindo a porta devagar, então se deparou com Lisa deitada na cama aos prantos.

“Lisa? O que houve?” Ela perguntou preocupada, sentando ao seu lado.

Do outro lado da avenida, um muito bem humorado Dom saia do elevador indo para dentro de sua cobertura. Ele tirou o casaco e se encostou no balcão por um momento lembrando do beijo de Abbie. Era estranho pensar em Abbie dessa forma, mas a verdade é que fazia tempo que ele não se sentia assim por causa de um simples beijo, ele sequer lembrava se já tinha se sentido assim por causa de um beijo. Ele acendeu as luzes e viu Nick sentado no sofá com uma garrafa de whisky na mão.

“Nick?” Dom franziu a testa sem entender o que tinha acontecido.

 

 


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