P.O.V Emily

Depois da baita bronca que eu levei da Rachel, pude aproveitar melhor dos recursos do castelo, como ter um baita de um tempo somente para mim, e eu poderia fazer o que quiser com ele! Poderia andar pelos jardins infinitos, visitar as praias belíssimas, poderia conhecer mais sobre a história asgardiana. Mas decidi fazer uma coisa que eu não fazia faz um bom tempo: Dormir no meio da tarde!

Após o almoço, eu havia comigo demais, além da comida deliciosa ainda fizeram elaborados sobremesas, e o “pior”, doces que eu adorava e amava! Ou seja, comi até não poder mais. E sempre que eu comia demais, me dava sono, e como me lembrei misteriosamente que eu poderia dormir no meio da tarde sem ninguém me perturbar.

E enquanto Brianna corria pelos castelos com outros adolescentes asgardianos em brincadeiras de não-sei-o-quê, eu dormia. Ah, e como dormia! Essa cama além de macia, era tão gostosa de deitar que mais parecia estar numa nuvem grande e fofa! Assim que pus a cabeça no travesseiro, o sono me levou ao mais profundo sonho.

Quando acordei, já era o pôr-do-sol, meus cabelos bagunçados e olhos sonolentos denunciavam que a soneca foi boa. Mas agradeci a não sei o quê me fez acordar, mas a vista era linda! O sol estava perfeitamente posicionado com as nuvens o acompanhando. Todo o céu com tantas cores que era difícil saber quando começava e terminava uma.

Me apoiei na janela acompanhando o sol se pôr, e quando olhei na outra direção, vi que eram dois sois, os dois se pondo ao mesmo tempo. Foi uma das coisas mais lindas que eu já havia visto. E com um aperto no peito, a saudade se fez presente mais uma vez. O que eu não faria por mais um abraço apertado e repleto de sentimentos? Ou por mais um “eu te amo” saindo da boca dele, pois eu sabia que seria uma das coisas mais sinceras que eu poderia ouvir.

A porta foi aberta com força atrás de mim, e uma sorridente Brianna entrou no quarto se jogando na sua cama com os braços apertos e o vestido espalhado pela cama. Dou um sorriso de lado sentando ao seu lado e arrumando os fios bagunçados do seu cabelo. Ela havia suado muito, pois a respiração era rápida e cansada.

—Como foi o dia? – pergunto curiosa e ela dá um sorriso de lado. Rapidamente, rola até ficar deitada sobre o meu colo com os olhos fechados e um sorriso encantador. Alguma coisa me dizia que permitir que ela pudesse visitar todo o castelo com aqueles garotos e garotas havia valido muito a pena.

—Ah mãe... Foi demais! Incrível! Um dos melhores dias da minha vida! – respondeu e arregalei os olhos surpresa pela resposta. “Um dos melhores dias da minha vida”? Não posso evitar de me sentir curiosa para saber exatamente o que havia acontecido de tão especial assim. E ela percebeu a curiosidade no meu rosto, e com um suspiro quase apaixonado, começou a contar.

Brianna me contou que havia visitado praticamente todo o castelo, e até além dele. Foi a biblioteca, ao jardim leste e oeste, até nos centros de treinamento de soldados asgardianos. Também havia visitado, com algumas garotas, lojas de roupas. E havia se encantado tanto pelas botas que me implorou para dar dinheiro para que ela pudesse comprar. E mesmo depois de toda aquela aventura, não entendi o porquê do dia ter sido tão especial.

E com essa pergunta dita, ela respondeu que quando foi no centro de treinamento, pode assistir Erick e o pai treinando. E pelas palavras dela, com exageros nos detalhes, pode dizer que havia valido a pena cada segundo. E nem precisei perguntar o porquê, pois eu já sabia. Mas ela não contou, apenas deixou em branco.

Apenas sorri com tudo aquilo. Ela estava aproveitando a temporada aqui, e não fazendo como eu, passar uma tarde dormindo enquanto eu poderia fazer coisas fantásticas aqui. Mas afastei aqueles pensamentos e comecei a enche-la de perguntas curiosas, do tipo se trocaram olhares, se ele sorriu para ela, se as outras garotas por causa dele reagiam de alguma forma, ou até mesmo se eles conversaram depois do café da manhã.

Quando percebi, parecia que eu havia voltado no tempo, quase vinte anos. Brianna agora era Rachel, estávamos no meu quarto na torre Stark, nós duas estávamos com roupas mais confortáveis do que apresentáveis, e ela me contava tudo sobre o breve encontro dela com o Thor pela primeira vez na sala da torre. Eu parecia adolescente como ela outra vez.

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Depois daquela conversa longa e divertida, fomos tomar banho. Usamos as banheiras juntas, cada uma na sua, com a intensa espuma pelos produtos usados cobrindo. E enquanto eu relaxava, ela continuava a me contar como o sorriso dele era bonito, ou de como os olhos deles pareciam duas joias, e até de como ele era ágil lutando, e quase conseguindo vencer Thor no combate com lanças. Apenas respirei aliviada por notar que talvez eu tenha feito alguma coisa certa.

Assim que a espuma começou a sumir, saí da banheira afim de terminar de me arrumar para o jantar dessa noite. Brianna decidiu ficar mais um pouco. Arrumei o meu cabelo em quinze minutos, a maquiagem em cinco, o vestido em questão de segundos, e me sentei na cama esperando por Brianna, que percebeu que ainda estava na banheira faltando menos de vinte minutos para o jantar.

E após vários barulhos de coisas caindo dentro do banheiro, ela saiu, e correndo ao guarda-roupa para pegar o seu vestido, e me pedindo ajuda para subir com o zíper. Bateram na porta assim que o fechei. E enquanto Brianna calçava os saltos, fui atender a porta, e tive a boa surpresa por ser Loki na porta.

—Prontas? – perguntou olhando para Brianna e depois para mim, e subindo com o olhar dos pés para o meu rosto e um sorriso no seus lábios – Nossa... Você está... Linda... – ele me elogiou e sorri de lado agradecendo pelo elogio. A morena logo terminou e se pôs ao meu lado. Loki pediu para nos conduzir até o salão, e não neguei o braço dele para enlaça-lo ao meu. Até Brianna havia enlaçado o braço a pedido do moreno.

Andamos até o salão de jantar calmamente, e aposto que Brianna agradeceu pelo ritmo lento pois ainda não sabe muito bem andar de salto, e aqueles eram um pouco mais altos do que ela estava acostumada a usar. E fiquei de olho o tempo todo discretamente se ela estava com dificuldades para andar ou coisa do tipo.

Loki perguntou se estávamos gostando de ficar em Asgard, respondemos que estávamos gostando bastante, e ele sorriu satisfeito. Nos convidou para um passeio amanhã, quando teria uma manhã livre, e aceitamos sem saber ao certo do que se tratava o passeio exatamente. Só o que eu sabia que seria bastante divertido.

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O jantar foi divertido e prazeroso, pois além das várias comidas saborosas, Rachel e Loki conversavam comigo todo o tempo, enquanto Erick fazia Brianna rir até que ela engasgasse com a própria comida várias vezes. Eu segurava o sorriso orgulhoso o máximo que eu podia, e Rachel também, mas a felicidade pelos dois era tão grande que parecia explodir dentro de mim a qualquer momento.

O jantar terminou bem mais rápido do que ontem, provavelmente porque tínhamos muito mais sobre o que conversar ontem, já que tínhamos que colocar muito papo em dia. Me levantei pedindo licença as pessoas na mesa, as que somente eu conhecia e estavam perto de mim, que se despediram rapidamente. Brianna também se despediu de Erick e correndo para me acompanhar de volta ao quarto.

O caminho foi livre de pessoas e bem curto, mas isso só serviu de incentivo para Brianna praticamente saltitar de alegria ao meu lado. Revirei os olhos sorrindo com toda aquela alegria dela, cada vez mais comum durante nossas estadias aqui. E novamente, nem preciso perguntar o porquê de toda aquela felicidade, pois eu sabia que tinha nome e sobrenome o tal motivo.

Abri a porta do nosso quarto e ela entrou ainda saltitando, só parando para se jogar na sua cama com olhos fechados e um sorriso sonhador. Será que eu era assim quando adolescente? Apaixonada a ponto de saltitar pela torre porque eu e Steve havíamos nos beijado no dia anterior? Não, acho que não, ela deve ter puxado isso do pai, e a ideia não é tão absurda, e até me faz sorrir imaginando Steve assim.

A morena solta um alto suspiro lento e encantado, como uma criança vendo o brinquedo dos sonhos na vitrine de uma loja. A comparação é idêntica, e quando digo isso a ela, Brianna diz que é somente amor, e ainda numa voz melosa. Tampo o rosto negando o que ela havia acabado de dizer. Amor? Em dois dias? Aham... Sei!

—O que foi? – pergunta ela se sentando na cama e olhando para mim, disfarço e me viro de costas para procurar uma camisola para dormir.

—O quê? Nada ué – respondo tranquilamente abrindo a mala. Não que eu não gostasse dos pijamas daqui, mas é que eu amo os meus, e por isso não abro a mão por eles, nem os de pura seda.

—Como “nada”? Eu vi a sua reação, como se eu me apaixonar pelo Erick fosse bobagem – ela está irritada, e reclamando, e parece que todo aquele encantando, amor e paixão deram lugar a Brianna de sempre, reclamona, irritada e estressada. Suspiro passando a mão pelo rosto e subindo até os cabelos.

—Vocês se conhecem a somente dois dias, ou menos – respondo calma, tentando demonstrar que eu entendia o seu lado, apenas achava exagerado. E eu esperava que ela captasse a mensagem, mas não, não entendeu, apenas me olhou incrédula e assumindo um sorriso sarcástico.

 -Como se você e o papai tivessem sido diferentes, não é? – pergunta retoricamente, bufo já percebendo que ela queria provocar, e não me seguro em tentar explicar o meu lado.

—Primeiro, desde o início eu já sabia que o Steve era o Capitão América, e por algum motivo, eu já confiava plenamente nele. Segundo, como você, ele foi o meu primeiro namorado sério – tento me explicar, mas ela quase não dá ouvidos – Eu não estou dizendo que você não deve prosseguir com o Erick, apenas para ir devagar, as coisas quando vão muito depressa as vezes perdem a graça cedo, sabia? – pergunto na minha sabedoria de mãe, que Brianna nunca escuta.

—E demorou quinze anos para vocês me contarem esse segredo – ela resmunga baixinho, como se eu não fosse ouvir, mas ouvi, e suspirei irritada. Novamente, Brianna conseguiu o que queria, me irritar.

—Chega! Eu não quero e não vou discutir com você. E você sabe muito bem os motivos que levaram a mim e seu pai de demorar todo esse tempo para te contar. Vou tomar meu banho agora – aviso já pegando o pijama e indo ao banheiro fechando a porta.

E enquanto encho a banheira penso sobre se Brianna e Erick dessem certo mesmo. Será mesmo que ele é a pessoa certa para ela? Mesmo que nem chegassem no casamento, digo na fase de ainda namorar. E outra, ainda mais relevante. Erick é um asgardiano, que mora aqui, e Brianna mora na Terra, como eles se veriam? Acho que nem Loki e nem Thor permitiram que Erick usasse a Bifrost, mesmo que uma vez na semana, só para ver Brianna.

Mas deixo para pensar sobre isso outra hora. Eu sempre pensei que o que fosse para acontecer, que fosse seu destino mesmo, iria acontecer com ou sem a sua ajuda, e por isso, prefiro deixar a decisão para o jovem casal. E mesmo que eu esteja sendo precipitada em pensar assim, uma mãe precavida vale por duas, certo?

Terminei meu banho sem pensar em muita coisa, apenas como uma forma de me limpar, e não relaxar, que depois da breve discussão eu estaria precisando. Mas como amanhã irei fazer alguma coisa com Loki e Brianna, acho que não precisarei. Saí da banheira e logo me vesti com o meu pijama. Dormi assim que minha cabeça tocou o travesseiro praticamente.

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—Loki... – o chamo baixinho perante a surpresa do nosso passeio. Enquanto Brianna praticamente pulava de alegria, e o moreno assistia à comemoração dela satisfeito, eu estava quase tremendo de medo. Acho que ele havia esquecido completamente da minha cena assim que coloquei meus pés aqui, ou esteja fazendo de propósito.

—Sim? – pergunta divertido com um sorriso no rosto se virando para vir falar comigo, e trazendo seu cavalo junto, e recuo vergonhosamente dois passos para trás do animal. E acho que só pela minha demonstração de medo, ele já entendeu o que eu queria falar. Suspira olhando para as botas de couro – Não precisa ir se você não quiser.

Era o que eu queria, não ir nesse passeio maluco, pois cavalos me assustam, mas acho que o moreno sabia disso, deixei praticamente em negrito quando tive que sair da Bifrost rumo ao castelo, ou ele esqueceu, eu não sei.

—Ah, qual é, mãe! – reclama Brianna montada na sua égua branca como papel e a crina loira como milho. É um cavalo bonito, mas que mesmo sendo tão bela, eu não montaria nem que ela tivesse só meio metro ao em vez de quase dois metros – Não precisa ter medo, eles não vão te fazer mal – ela tenta me tranquilizar, mas eu apenas cruzo os braços com vergonha.

—Está tudo bem você não ir – Loki coloca sua mão direita no meu ombro direito, mas continuo a não olhar para ele, não queria ver a pena nos olhos dele – Esqueci completamente da sua rejeição por cavalos, e te entendo, podemos ir a pé se você quiser – sugeriu complacente a minha situação, porém, eu sabia que estragaria todo o passeio para Brianna.

—O problema é ela – aponto aos sussurros para a minha filha, que corria com a égua para todo lado no campo verde, onde só veríamos indícios do começo da floresta só a dois quilômetros, onde seria o nosso passeio – Estragaria todo o passeio, já que ela queria é andar de cavalo, e não andar normalmente – explico baixinho, para que ela não me escutasse.

—Ela vai entender – ele garante, mas nego com a cabeça.

—Você não conhece ela como eu conheço, acredite, sou mãe dela. Brianna irá ficar chateada e irritada depois. Prefiro montar nos cavalos que me assustam de verdade a ver a minha filha chateada por causa de um medo bobo meu – digo convicta que eu estava certa. O moreno apenas assente com a cabeça com um leve sorriso.