P.O.V Steve

Assim que aquele raio de luz se dissipou e foi embora, alguns motoristas saíram de seus carros preocupados, achavam que seria mais uma invasão alienígena igual a de Nova Iorque tantos anos atrás. Apenas suspirei sabendo que fui vencido, eu deveria ter pego um voo mais cedo, mas porque ela foi embora mais cedo? Será que Loki sabendo que eu iria para atrapalhar seus planos, a chamou mais cedo? E Brianna? Foi mesmo?

Enquanto eu dirigia para a mansão, mesmo sabendo que Tony com certeza destruiria todas as armaduras que ainda lhe restam tentando me matar, mas era preciso, eu precisava ter certeza que Brianna havia mesmo ido com ela, o que me deixaria ainda mais preocupado. Porque além da minha esposa estar nas mãos de um psicopata, minha filha mais nova também!

O carro era velho, porém, corria mais rápido do que eu pensava, e assim, cheguei na mansão minutos depois. Nem me dei ao trabalho de estacioná-lo direito no jardim da frente, apenas entrei na mansão e J.A.R.V.I.S me “recepcionou”. Apenas disse que chamaria o senhor Stark, já que era esse o protocolo para visitantes. Eu não era um visitante, eu era esposo da filha dele!

Respirei fundo nervoso, e segundos depois, Tony subiu as escadas que dava para a garagem já com o braço esquerdo com armadura, somente o braço. E o ergueu apontando o canhão para cima de mim!

—Calma Tony! Calma! Abaixa isso! – pedi nervoso recuando vários passos, e pela expressão do moreno, eu sabia que ele estava irredutível, queria me matar pelo o que eu causei na Emily. E continuei a tentar fazê-lo abaixar o braço, e foi preciso Pepper ouvir a minha suplica para fazê-lo abaixar a porcaria do braço.

—Anthony Edward Stark! Abaixa esse canhão de plasma agora! – mandou Pepper aos gritos no topo da escada, e eu sabia que ele abaixaria, e Tony demorou alguns segundos, apenas pensando se não atirava mesmo em mim ou não – O que você pensa que está fazendo?! – pergunta autoritária e o moreno não tira os olhos de cima de mim, enquanto eu me protegia atrás do sofá.

—O que eu penso que estou fazendo? Pepper, olha o que esse canalha fez com a nossa filha? Quebrou a porra do coração dela! – justifica ele bem nervoso, eu diria irado, pois até dava para ver a veia saltando no pescoço dele. Engulo em seco sabendo que ele está certo. Eu merecia aquilo.

—Ela já é uma mulher adulta, Tony, para de bancar o pai protetor! Ela não precisa mais! – Pepper responde e respira fundo se acalmando – Oi Steve, é bom vê-lo de novo – ela me cumprimenta e Tony olha descrente para ela. A cumprimento de volta mais calmo dessa vez. E mais uma vez, sou salvo pela Pepper.

—O que você está fazendo aqui, Picolé? – pergunta o moreno retirando o braço de armadura, e ela se desmonta rapidamente ficando do tamanho de um celular, que Tony guarda no bolso tranquilamente – Se está procurando pela Emily, ela já foi – avisa ele.

—Sim, eu sei – respondo e Pepper começa a descer as escadas com cuidado por causa dos saltos – E o Howard? – pergunto e a ruiva sorri.

—Dormindo – responde ela e estranho. Era quase final da tarde, e ele já estava dormindo? Mas Pepper logo tratou de justificar – Tirando uma soneca, é bom para ele – explica e assinto com a cabeça – Mas você veio porquê? – pergunta curiosa.

Respiro fundo sabendo que era loucura contar, e fico entre contar que Emily foi para Asgard com Loki e Brianna, ou se não conto. Decidi não contar, pois isso complicaria a situação dela com os pais com certeza!

Conto toda a história, tomando cuidado com os detalhes para que eu não me enrolasse depois, e os dois ouvem tudo atentamente. Mas Tony não acredita no início, e aos poucos, com o desenrolar da história, acaba por acreditar em mim. E quando digo que visitei o professor Xavier, Tony suspira se levantando.

—E ele não achou nada? – pergunta descrente e afirmo com a cabeça sentado no sofá, Pepper a minha frente no segundo e Tony em pé – Filho da mãe do Loki...

—Então vocês acreditam em mim? – pergunto sério, e Pepper assente com a cabeça, e Tony dá de ombros, mas eu sei que sim.

—E a Emily não te ouviu em momento algum? – pergunta a ruiva descrente, e afirmo com a cabeça. Ela suspira comentando o quanto a família Stark era orgulhosa. Tony reclama.

—E você não veio para cá mais cedo porque...? – pergunta o moreno andando de um lado para o outro com as mãos na cintura. Respiro fundo e quando tento responder, ele me interrompe – Pepper, querida, você pode subir um instante, preciso conversar com ele de homem para homem – avisa ele e engulo em seco sabendo que alguma coisa vem aí, e provavelmente, não irei gostar.

—

—Você deixou elas escaparem, seu idiota! – Tony grita comigo, e apenas abaixo a cabeça sabendo que ele tinha razão – Você acha mesmo que eu caí nessa história da Emily ir na casa de uma amiga? Eu sei que Loki esteve aqui e que ele queria leva-la para Asgard! – conta ele e passo a mão pelo cabelo exausto.

—O que você queria que eu fizesse?! Para início de conversa, eu não tinha escolha! Era vir para cá ou não pagar as contas que só estão se acumulando em casa! – justifico, mas o moreno não me dá ouvidos, e eu apenas me levanto impaciente – Não está sendo nada fácil esses últimos meses, Tony.

—E você quer que eu faça o quê? Dê tapinhas nas suas costas te abraçando e dizendo que o pior já passou? – ironiza e bufo com raiva – Pois adivinha só, não irei fazer. Se eu fosse você, retirava as saias e virava homem! – “aconselha” e meus punhos acabam se contraindo com força.

—Se Loki esteve aqui, você não impediu essa loucura porquê?! – pergunto tão nervoso quanto ele – Ou você esperava que eu viesse aqui e fizesse isso por você? – pergunto com raiva na voz, e o moreno revira os olhos se sentando na poltrona.

—E correr o risco da Emily não confiar mais em mim por causa da “falta de privacidade”? – pergunta fazendo aspas com os dedos – Não obrigado – responde – E sim, eu esperava que você viesse aqui e impedir você mesmo, mas ela já é uma mulher adulta, provavelmente sabe o que está fazendo.

Respiro bem fundo dessa vez, porque pelo amor de Deus, Tony é pai da Emily! E avó da Brianna! E ele age assim? Achando que só porque ela é uma mulher adulta, ela não vai cometer erros? E ainda quer o meu respeito por ser pai dela? Francamente...

—Ah, como se essa sua atitude iria protege-las de tudo, não é Tony? – pergunto irônico – Porque meus parabéns, elas estão no lugar mais seguro do mundo ao lado do Loki! – ironizo aos berros, e sei que estou errado, sei que estou perdendo a paciência, mas ele tinha a chance de tê-la impedido de ir, e não o fez! – Você poderia tê-la impedido de ir, mas não fez!

—Tá, mas era esse o meu objetivo, era dar a você a oportunidade, a chance de fazer alguma coisa e reparar esse tremendo erro! – justifica e me questiono se aquilo era uma desculpa realmente ou era a verdade – Ou você achava que vindo para cá mesmo contra a vontade dela, ela não iria te perdoar? Porque se você pensa desse jeito, está precisando rever se nasceu mesmo para ficar com mulheres – responde e reviro os olhos com aquelas brincadeiras sem graça dele.

Eu não sabia o que pensar. Eu não sabia se Tony era um tremendo de um irresponsável ou se era um gênio. Sim, nem eu acredito que eu disse aquilo, mas era o que eu pensava, e pela expressão que eu fiz, Tony sabia o que eu achava.

—Olha o que vamos fazer, ou melhor, você vai fazer, e não reclame, você vai estar me devendo uma depois – avisa e concordo com a cabeça atento a qualquer plano que ele tenha em mente, pois era com certeza melhor do que o “nada” na minha cabeça quanto ao que fazer.

—

Esse definitivamente era o pior plano que eu já segui, e o problema é que aceitei sem dizer nada! E agora, corro o risco de acabar caindo a mais de doze mil pés e machucar seriamente alguém. Muito obrigada Tony! Você acaba de ganhar o prêmio de sogro do ano! (Note o tom de ironia da frase).

Essa armadura era difícil de comandar e de voar com ela, ainda bem que J.A.R.V.I.S estava me guiando em tudo, praticamente, era ele que voava, não eu, eu era somente a pessoa dentro de uma armadura com milhões de perigos para mim e as outras pessoas!

Mas talvez eu tivesse que agradecer mesmo ao Tony, pois graças a ele, chegarei bem a tempo para a entrevista na Carolina do Norte. E J.A.R.V.I.S ainda me ajudava a ensaiar o que eu diria lá, e me informava sobre o entrevistador, ou seja, tudo o que eu precisaria.

Tony me deu instruções bem claras, e algumas regras, como não arranhar ou deixa-la aparecer em público, eu tinha que cuidar e mantê-la em segurança, e por isso, ele me deu uma que disfarçava de notebook, assim podendo esconde-la perfeitamente na mochila.

Voei por algumas horas, quase duas horas, e como eu passei a noite na mansão e Tony me enchendo o saco repassando os passos do plano, eu teria algumas horas para relaxar dentro da armadura, mas acho que só me fez ficar mais nervoso.

Por fim, J.A.R.V.I.S pousou a armadura numa floresta, onde não teria ninguém ou nenhum tipo de perigo, e assim que o traje se abriu, um frio bateu no meu corpo, e me encolhi de imediato, ainda bem que tinha levado uma pequena mochila, e ali havia um casaco bem apropriado para a neve.

A armadura se desmontou e a guardei dentro da mochila. Comecei a caminhar sem pressa, teria quase uma hora para chegar e o caminho que levaria ao meu destino era no máximo em dez minutos. Segui as instruções de J.A.R.V.I.S para ir em linha reta para o norte, e em menos de dez minutos, eu já estava de frente para uma grande universidade.

Eu sabia que essa era a minha última chance, pois se eu não conseguisse dessa vez, Tony me colocaria para trabalhar nas Indústrias Stark com a Emily e eu sendo seu secretário ou coisa do tipo, o que para mim estava fora de cogitação. Não que trabalhar para ela seja ruim, mas é que eu gosto da minha profissão e prefiro continuar com ela.

Respirei fundo e puxei a porta de vidro entrando. O ambiente da recepção era calmo e aconchegante e ao mesmo tempo profissional. O clima quente me fez relaxar, até retirei o casaco grosso, já que os ventos frios não poderiam mais me afetar. Uma das duas secretarias gentis me pediu para esperar enquanto chamava o entrevistador.

Me sentei com a mochila sobre o colo, o casaco dobrado dentro da mochila também e repassando tudo o que J.A.R.V.I.S havia me lembrado durante a viagem. Apesar de estar sobre uma imensa pressão e com enormes problemas dentro da minha cabeça, eu consegui me manter calmo e fazer as coisas direito.

Pois quanto o entrevistador chegou, me surpreendi por ser praticamente um adolescente. Ele havia me adorado, rimos e conversamos. Parecia mais uma conversa entre amigos do que uma entrevista de emprego. O rapaz até me deu a oportunidade de explicar sobre a minha tese de doutorado, e ele havia ficado interessado.

No fim, não foi nada diferente do que eu esperava e queira. Consegui o emprego como professor. E já havia turmas para eu dar aula, eram poucas e de calouros, o que não irá me sobrecarregar. E o salário também é bastante convidativo e tranquilizante para mim. E ainda, para fechar com chave de ouro, me deram um adiantamento pelo stress da viagem.

Acho que os riscos valeram a pena no final das contas, pois eu arrisquei praticamente tudo para vir ter essa chance, e agora, consegui. Depois de tantas coisas ruins acontecendo, posso cortar da minha lista de coisas para resolver, porém, uma continuava a me perturbar: Tenho que trazer Brianna e Emily de volta para casa.